
Acompanhante Perfeita é um dos lançamentos mais esperados de 2025 entre os fãs de filme de gênero. Produção da Warner Bros, tem como diferencial o fato de ter uma grande virada de gênero, que aborda uma discussão existencial e sobre sexismo, que é (infelizmente) revelada nos materiais de divulgação e marketing.
A história acompanha um casal, Iris e Josh, que estão profundamente apaixonados e vão passar um fim de semana entre amigos em uma cabana remota.
Nesse cenário, o cenário e atmosfera se transformam em um caos absurdo, com revelações a respeito do passado e origem de alguns personagens, além de atos criminosos atrozes.
Acompanhante Perfeita também é lembrada também por estrelar Sophie Tatcher, a moça famosa por Yellowjackets e Boogeyman: Seu Medo é Real, além de Jack Quaid, o ator especializado em obras de terror e mainstream, como Pânico 5, The Boys e Oppenheimer que se tornou queridinho de Hollywood e que é filho de Dennis Quaid e Meg Ryan.
Dirigido e escrito por Drew Hancock, a obra é produzida pelo quarteto Roy Lee, Zach Cregger, J.D. Lifshitz e Raphael Margules.
Foram produtores executivos Richard Brener, Jamie Buckner, Pete Chiappetta, Andrew Childs, Andrew Lary, Josh Mack, Adam Ridley, Ryan Ridley, Tracy Rosenblum, Paulina Sussman e Anthony Tittanegro.
Estreia e nomenclatura
A estreia dele foi na Alemanha, no dia 25 de janeiro de 2025 no Fantasy Filmfest. Passou em Hong Kong no dia 28 do mesmo mês, também na Bélgica, Indonésia e França no dia 29 de janeiro.
Em Portugal chegou no dia 30, nos Estados Unidos da América dia 31 de janeiro, já no Brasil estreou em 6 de fevereiro de 2025.
O título original é Companion. Em países de língua espanhola, como Argentina, Chile, Cuba e Colômbia é Compañera perfecta.

Na Áustria é Companion - Die perfekte Begleitung, em Belarus/Bielorrússia é Кампаньён.
A obra foi rodada em Nova York, em Putnam County e no Dutchess County.
Os estúdios por trás da obra foram a BoulderLight Pictures, New Line Cinema e Vertigo Entertainment. A distribuição ficou com a Warner Bros. nos cinemas dos Estados Unidos, com a New Line Cinema no México, Cinemundo em Portugal e Warner Bros. Pictures no Brasil.
Quem fez:
Hancock dirigiu programas de tv, como The Wastelander, segmentos em Jimmy Kimmel Live! e Everything, também fez vídeos musicais como Tenacious D: Time Fixers e Tenacious D: The Complete Masterworks 2.
Ele participou da equipe de roteiros de Fred: O Show e Suburgatório.

Lee produziu Toc Toc Toc: Ecos do Além, A Garota da Vez, Contra o Mundo, Desconhecidos e A Hora do Vampiro.
Ele é produtor executivo em Os Estranhos Capítulo 1 e V/H/S/ Beyond.
Lifshitz produziu Becky, Browse, Filhos da Violência, Chamas da Vingança, Noites Brutais, A Fúria de Becky, A Garota da Vez e Friendship.
Margules produziu Contágio Letal, Contracted: Phase II, Demência, Noites Brutais, A Fúria de Becky, A Garota da Vez. Também foi produtor executivo de Dementia: Part II e O Juramento.
Cregger é mais lembrado por ser o diretor de Noites Brutais, produziu além desse apenas materiais para tv, comoUncle Morty's Dub Shack e The Whitest Kids U'Know. Foi produtor executivo em Sasquatch.
A quase ligação com Noites Brutais
Zach Cregger inicialmente enxergava nesse Acompanhante Perfeita uma continuação na direção de Noites Brutais, seu filme lançado em 2022.
As tramas dos dois longas têm características em comum, especialmente por explorar as chamadas "red flags", que é uma metáfora para algum problema específico que requer atenção, normalmente associado a questões de relacionamento, especialmente no que tange as mulheres.
Mesmo com essa temática semelhante, optaram por desassociar as duas obras, além de terem escolhido promover a estreia de Hancock como diretor.
Narrativa
O início da trama ocorre com um monologo, de Iris. Ela olha para o seu amado, Josh, enquanto elucubra sobre a rotina.
Nesse ponto, aparece Tatcher andando em um supermercado, recolhendo itens diversos, até encontrar o personagem de Quaid, perto de uma prateleira cheia de laranjas.

O visual de Iris
No visual do personagem se nota uma diferença dela para moças de sua idade. Apesar de nova, ela utiliza roupas que são claramente de outra época, de estilo vintage, mais parecidas com a moda dos anos 1950 e 60.
Não é dado o ano em que a história se passa, até se especula que pode ser 2028, 2034, 2045, 2056, 2062, 2067, 2072, 2078, 2089 e 2095, que são os anos do século XXI em que o dia 25 de junho cai em um domingo - essa data aparece em um celular, durante a trama - mas claramente ela está se portando como alguém de outra época.
Em breve isso é explicado, já que a sua idealização mira tempos onde mulheres seriam mais submissas e obediente aos seus maridos e mantenedores.
O discurso da mocinha:
Iris fala de paixões, de tédio, de vida, de morte e até de assassinato.
Ela fala também sobre ter e possuir sonhos, sabe que cometeu um pecado criminoso, mas segue nutrindo todos esses sentimentos tipicamente humanos.
Os dois se conheceram em um supermercado, mas toda a misancene remete a algo engraçado, quase como uma paródia, já que parece ser apenas um número jocoso.
Depois aparecem ambos, em uma viagem, onde ela e seu amado Josh vão até a casa do namorado da melhor amiga do rapaz.
Os indícios do tal "segredo":
Há alguns momentos chave, que indicam previamente a virada que se dá no fim do primeiro terço do filme.
A primeira delas, é que Josh chama Kris de Beep Bop, que é um termo utilizado popularmente para se referir a máquinas.
Outro momento consiste no fato de Kris agradecer o carro de Josh quando sai do mesmo. Ela faz um cumprimento para a inteligência artificial do veículo, antes até de ter noção de quem era, antes de saber que era algo semelhante ao meio de transporte.
O terceiro ponto é que ela tem um receio e um medo quase irracional de ser rejeitada e odiada pelos amigos do seu amado, para além de uma namorada recém-chegada em um grupo de amigos.
Além é claro do fato de ser muito precisa quando deu o relatório do clima, além dela ter apagado imediatamente depois das ordens de "ir dormir", embora a primeira vez que isso ocorra, seja em uma cena com luz baixa, ficando difícil entender isso.
O cenário
O encontro dos amigos é em um lugar isolado, uma pequena casa rústica, no meio do mato.

Eles são recepcionados por Kat (Megan Suri) pelo casal gay Patrick (Lukas Gage) e Eli (Harvey Guillén) e pelo dono da casa, o russo mal-encarado Sergey, de Rupert Friend.
Aos poucos, sua insegurança se dissipa.
Ela vai se familiarizando com as outras pessoas, entrando na intimidade, mesmo que ela sinta ciúmes de Josh.
A prostração dela também é bastante suspeita, tanto que poderia perfeitamente estar dentro das pistas a respeito da virada de roteiro.
A partir daqui falaremos sobre os momentos mais chamativos e dramáticos do filme.
Portanto, falaremos com spoilers aqui. O aviso está dado.

Momento com Sergey
O dono da casa já vinha dando sinais de simpatia excessiva com Kris, de um modo que não parecia normal, especialmente pelo fato de que seu olhar não parecia ser o de alguém bem-intencionado.
Como dito antes, esse filme também sinaliza com os sinais agressivos em relação a mulheres, tal qual ocorreu no início de The Barbarian.
Isso evolui, após a segunda interação do russo com a moça, ela se sente mal, acha que sua aproximação é lasciva, errada e forçada.
O sujeito diz que Josh o autorizou, ou seja, a escolha dela pouco importa, afinal, ela é objetificada, duplamente, por ser mulher e por não ser "orgânica".
Logo depois ela aparece toda ensanguentada.

Iris aparece em um cômodo afirmando que sua atitude foi em legítima defesa e é nesse momento, na frente de todos, que Josh a desliga, para amarrá-la.
Ao fundo, com Iris apagada, se houve o aviso de que ela não é sobre-humana, todos ficam assustados, pelo fato de ter ocorrido um ato tão violento.
A não ciência da identidade
Praticamente não há segredo de que Iris é na verdade um ser autômato, para todos os presentes, exceto claro ela mesma.
Ela não sabe que é um robô acompanhante, programado para apoio emocional. Até demora a acreditar, precisando de uma bateria de demonstrações para enfim entender quem e o que é.
A realidade
Iris é uma máquina, encomendada via aluguel por Josh. É um modelo experimental, da empresa Empathix.
O nome da empresa vem da palavra grega empatheia, que significa "paixão" ou "estado de emoção".
De acordo com a vontade do usuário primário - no caso, Josh - Iris pode mudar de cor, personalidade, estilo e corte de cabelo além de haver a possibilidade bem fácil de retornar a configuração de fábrica.
Na prática, ela seria tão obcecada pelos gostos de seu par, que seria a companhia perfeita - a acompanhante perfeita, como diz no título - ou quase isso, já que sua programação permite fazer ela pensar e tomar decisões, dentro dos limites programados, claro.
Uma vez estabelecido o Link do Amor, ou vínculo do amor, o jogo começaria. Era preciso sincronizar ela com a pessoa que vai usá-la e Josh Breman faz isso.
A cena dela chegando é bem curiosa, pois mostra os entregadores de visual caricato - já que parecem nerds e geeks - levando-a em uma caixa, que ao abrir, lembra a embalagem de uma boneca em loja de brinquedos.
Na prática, é como se ela fosse um assessório personalizável de criança, utilizada claro para fins nada infantis, embora o tal usuário não tenha uma maturidade tão mais avançada que a de um jovem consumidor e brinquedos.
O plano revelado
O roteiro de Hancock tem bons e maus momentos. Entre esses, há a revelação do plano dos humanos.
Fica a impressão primária de que isso foi planejado de maneira tosca, de que havia um plano exposto por Josh e Kat para matar Sergey, já que ele era um sujeito malvado, casado, que namorava a moça de origem indiana e que tinha ligação com a Máfia.
Como ele era rico, o plano dos dois amantes (Kat e Josh) era matar o sujeito para roubar o seu dinheiro. Para se afastar de suspeitas, usaram a moça eletrônica, que foi modificada, hackeada na verdade, por um mod, já que suas funções primárias não incluem agressividade e afins.
Um homem que se superestima
Toda essa celeuma pareceria demasiadamente explicativa e expositiva, mas a forma como é dada faz sentido, já que Breman se sente alguém muito superior, muito esperto, por isso, tem necessidade de falar o que está pensando.
Apesar de ser apenas uma pessoa muito tosca, que se julga bom demais e que é carente ao ponto de precisar ser adulado e louvado por seu mirabolante plano.
A realidade é que todo o seu discurso de garoto mimado que se sente injustiçado é facilmente perceptível. Não é preciso ler muito fundo nas entrelinhas, está tudo no raso, no superficial.
Ele se julga superior, super esperto e acima dos outros, mas na verdade é apenas alguém medíocre, que tendo uma ideia de execução não fácil, precisa explicar tudo em mínimos detalhes, afinal, precisa se mostrar mais esperto do que realmente é.
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A vaidade dele é que o condena, além disso o fato dele expor tudo o que pensou e planejou ajuda a demonstrar que o plano era frágil e fadado ao fracasso.
Basicamente, eles queriam a fortuna que Sergey guardava naquela casa, pegariam tudo e colocariam a culpa em Iris.
Pontas solas de um plano estúpido
No entanto, o crime dela se explicaria apenas no ataque sexual, o o roubo não faz sentido, afinal, ela não conseguiria levar sozinha.
A polícia certamente acharia suspeito que o cofre do dono da casa estivesse vazia.
Tudo bem que a ideia é ligar para a Emphatix, mas com um homicídio ocorrido, certamente, chamariam as autoridades, mesmo que não tivessem acesso a nenhuma gravação de Iris.
Um remendo no plano
Com o tempo, Kat e Josh tem que incluir Eli no acordo, já que Josh é incapaz de manter a sua acompanhante desacordada.
Nesse trecho, o rapaz insiste que a repartição inclua Patrick e é nesse ponto que se nota que esse último também é um autômato, um outro modelo da Empathix, que mais tarde, se revelaria como um robô acompanhante de fabricação antiga, já fora de linha.
O controle
Iris se refugia na floresta, com o telefone do namorado, que pelo tamanho, lembra mais um tablet ou iPad. Nessa realidade os smartphones aumentaram de tamanho consideravelmente.
Por saber sua senha, tem acesso a muita coisa, inclusive as configurações do aplicativo de controle dela, não só os visuais e de voz, mas também de inteligência.
Sabendo disso, ela tem vantagens, fora a programação de ter boa autodefesa e menos sensores de moralidade. No entanto, essa condição é diminuída, de acordo com o tom que o script pede.
Ela até utiliza isso um pouco, quando reprograma sua voz para parecer com a de Josh e acionar o carro elétrico, embora até isso seja facilmente driblado, quando o seu tutor anuncia a polícia que foi roubado.
Ou seja, Josh, mesmo sendo alguém limitado passa por cima da inteligência dela, que mesmo aumentada, não parece ser páreo para ele.
Outra programação
Depois que Eli é atingindo, Josh reprograma Patrick, zera suas lembranças, se coloca no lugar do amigo, torna até momentos ternos em mera repetição de IA, refazendo a cena de encontro entre Patrick e Eli, se colocando no lugar dele.
Como não entende nuances, ele só mata o policial que estava autuando Iris. O seu grau de violência foi alterado, mas o de inteligência não. Josh não conseguiu ser calculista a esse ponto, de identificar que o número de crimes e de óbitos poderia aumentar.
Kat mentiu sobre Sergey ser mafioso. Segundo ela, era só misógino e idiota, fez fortuna vendendo droga.
Quando ela está fugindo, Patrick intervém, a esfaqueia.
Josh fica feliz com isso, mas não percebe que isso pode se voltar contra ele, facilmente, bastando uma palavra de contradição. Ele já foi "traído" por um autômato, teve até um relacionamento terminado. Aqui poderia ser perfeitamente traído por outro também.
Contradições de Kat
Aqui também se nota que o receio com autômatos de Kat se restringe apenas a protagonista eletrônica.
Ela confia em Patrick, inclusive em sua primeira cena, no momento em que é introduzida à trama, parece até íntima dele.
Será que era ciúmes amorosos que tornavam as duas rivais? Será que ela confiava em Patrick por ser de um modelo antigo e com mais restrições? Poderia ser isso também a velha máxima de rivalidade feminina exacerbada? Como o roteiro foi escrito por um homem, todas essas alternativas podem ser válidas.
Os pecados e defeitos dos humanos
Josh é imaturo, inseguro e só pensa em si. Pouco antes de Kat tentar ir embora, ele fala que todas as mulheres próximas dele o abandonaram.
Ele se julga injustiçado, por ser um trabalhador, em um mundo que não se dobra a ele. Tem uma mentalidade que lembra os redpills.
Não à toa, ele mostra que tem domínio sobre seres programados, afinal, é impotente em todos os outros esforços.
A cena em que ele faz Iris colocar a mão sobre o fogo é bem pontual nessa questão, já que ela tem os sensores de dor ativos, precisa obedecer ele, mesmo que isso signifique auto flagelo.

Por outro lado, Kat não é muito melhor que ele.
Apresentada como uma feminista liberal, que julga todos, é na verdade uma moralista de ocasião. Ela acha justo mentir sobre seu namorado, chamando-o de mafioso, imputa crimes a ele como se fosse alguém ruim, só por ser um namorado ruim.
Ao mesmo tempo, ela sabia que ele era casado, por sua régua moral, ela também seria condenada.
A fim de se blindar as óbvias críticas a sua hipocrisia, ela inventa um viés criminoso para o homem que a trata mal, sem perceber o óbvio: ela é uma aproveitadora, que claramente não gosta do sujeito e que provavelmente está com ele apenas por status.
Em condições iguais a de Sergey, provavelmente cairia nos mesmos pecados que ele.
A quebra de expectativa e da ordem
No embate final, após várias quase viradas de roteiro - eventos esses bem cansativos, diga-se - antes de Iris aceitar a ordem de suicídio, ela diz não.
Ela tenta desobedecer uma ordem de não atirar em si própria, mas aperta o gatilho, dando fim a sua existência.
Esse ponto ajuda a deixar claro que há muitas cenas de gore bem feito, como esse tiro e como o fim de Josh, além da cena da mão queimada. Para os fãs de sanguinolência, Acompanhante Perfeita não decepciona.
Mas a trama envolvendo o engenheiro da Empathix, Sid (Matt McCarthy) e Teddy (Jaboukie Young-White) especialmente pelo fato de que o primeiro se condenou, dizendo, desnecessariamente a Josh que o modelo robótico guardou todas as imagens em vídeo.
Quando a mocinha é reinicializada, ela manipula Patrick, justamente com a parcela que lhe coube.
No final há todo um misancene que valoriza um discurso contra a misoginia, associando Josh a um personagem patético e carente, evidenciando na verdade o que ele sempre foi.
No final, Acompanhante Perfeita usa as inteligências artificiais humanizadas para discutir gaslighting e desumanização feminina. Nesse ponto, acerta muito. Poderia ser menos exagerado nas curvas de virada, mas ainda assim tem um belo desempenho de Quaid e Tatcher, que ajuda a compensar as eventuais fragilidades do texto.
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