Artigo explora algumas das histórias escabrosas em torno do casal Ed e Lorraine Warren
Personagens históricos do cinema de horror mainstream, o casal Ed e Lorraine Warren se tornaram figuras tão louvadas que se aproximam de deidades, se confundindo eventualmente até com o Divino que eles diziam servir.
Isso se deu graças especialmente aos filmes da cinessérie Invocação do Mal e o Invocaverso, que mostrava os dois como figuras benevolentes, de bom caráter, altruístas, respeitáveis, amáveis, crédulas na fé católica cristã e extremamente abnegados, já que viviam de modo simples, viajavam pelos Estados Unidos e até para o estrangeiro para resolver casos que envolviam o sobrenatural.
Pois bem, depois do filme de James Wan, foi estabelecido um universo compartilhado, estilo o UCM da Marvel, chamado originalmente de Conjuringverse, cujo principal figura de exploração era o casal e seus relatos.
Haviam filmes de história original, mas os filmes realmente elogiados eram os da série Invocação do Mal, que era sobre os dois demonólogos e ativistas paranormais.
Baseado em fatos
Toda essa saga é tratada como realista, como baseada em fatos, pela New Line e pela Warner Bros, o que é obviamente discutível.
Profissionais de marketing veem valor em afirmar que certas produções são baseadas em fatos, mas não existem regras explícitas que determinem até onde uma história de cinema podese desviar da verdade e ainda incluir a frase “baseado em uma história real” antes de começar.
Para além de ser discutível todas as problemáticas que envolve afirmar que uma pessoa está possuída por um ser maligno, é dado que até agora nenhuma família atendida por eles diz ter pago qualquer quantia ao casal, ou seja, os atendimentos, eram de graça.
Teoricamente, os dois arrecadavam dinheiro vendendo livro ou prestando palestras, essas sim, pagas.
Esse tipo de exploração também é alvo de discussões, mas nesse artigo elas não são o alvo de análise. Dessa vez falaremos de como Ed e Lorraine se conheceram e como lidavam com uma mulher chamada Judith Penney.
A forma como o casal se conheceu:

Os dois se conheceram bastante jovens, ainda adolescentes em Bridgeport, Connecticut, durante a década de 1940.
Começaram a namorar jovens e o homem serviu na marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de se ferir, ele teve uma licença do serviço, os dois se casaram em 1945.
Ed Warren morreu há alguns anos, em 2006, já sua esposa, morreu em 2019. Lorraine viu os primeiros filmes, foi consultora nos primeiros filmes de James Wan, em Invocação do Mal e Invocação do Mal 2.
A nova função
Ao longo dos anos, passaram a explorar os poderes mediúnicos de Lorraine, que era uma pessoa religiosa que professava a fé cristã. É dado que os dois tiveram outros trabalhos, especialmente o marido, mas há uma tentativa de esconder exatamente quais foram as profissões de Ed.
É fato que nenhum deles teve outra relação matrimonial, mas há um momento que é no mínimo discutível, a respeito de sua biografia perfeita e esse momento atende pelo nome já citado de Judith Penney.
O relato de Penney
Em 2014, Judith Penney alegou de modo juramentado, que morou na casa dos Warren, em Connecticut por aproximadamente 40 anos.

Entre as suas falas, havia a acusação de que mantinha relações sexuais com o chefe da casa, intimidades essas que ocorreram por anos, por toda sua estadia perto do casal.
Segundo Judith tudo ocorria com a supervisão e consciência de Lorraine, que em uma oportunidade, ainda encomendou um aborto para ela, a fim de não causar escândalo para os dois ativistas paranormais.
A conversa junto ao Hollywood Reporter
Algum tempo depois, o veículo TheHollywood Reporter recebeu documentos e gravações judiciais que supostamente desmascaravam o casal, expondo-os como figuras bem distantes da perfeição retratada nos filmes.
Na época o Invocaverso já tinha em suas fileiras os longas Invocação do Mal (de 2013) Annabelle (2014) e Invocação do Mal 2 (2016). Ainda seria lançado em 2017 Annabelle 2: A Criação do Mal.
As acusações
Penney alegou que começou a se relacionar com Ed quando tinha apenas 15 anos, enquanto o homem já estava na casa dos 30.
Diz que desde o início Lorraine convivia bem com o relacionamento extraconjugal, permitindo que ela residisse na mesma casa que os dois.
Sobre a gravidez, Lorraine teria pedido para ela mentir sobre a concepção, alegando que uma pessoa invadiu a casa e a violentou, no meio da noite. Isso ocorreu já na época em que Judith morava no apartamento em cima dos Warren.
Segundo a própria, Ed passava um dia na casa com a esposa e outro com a amante.
Vale dizer que o casal Warren tem uma filha, chamada Judy, que atende pelo nome Judy Spera atualmente.
Segundo Penney, a menina morava com a avó, a mãe de Lorraine e não presenciava os episódios de indiscrições sexuais do pai.
Penney também disse que frequentemente Ed agredia Lorraine, ao ponto de deixar a esposa até inconsciente, em algumas oportunidades.
A gênese dessa relação
Segundo o depoimento de Judith, ela foi morar com os Warren quando Ed trabalhava como motorista de ônibus em Monroe- Connecticut.
Penney era aluna da Central High School, na cidade vizinha de Bridgeport, e usava o ônibus dele. Com o passar do tempo, passou a residir em um quarto do lado do corredor oposto ao lugar onde o casal dormia. Quando ficou um pouco mais velha, se mudou para um apartamento acima da onde Ed e Lorraine moravam.
Além dos abusos já citados, Penney afirmou que foi presa em 1963, após a polícia receber uma denúncia sobre ela e Ed Warren. Esteve então na prisão de North End, em Bridgeport.
Segundo o desabafo da própria, as autoridades tentaram persuadir Penney a assinar uma declaração admitindo o “caso”. Ela se recusou e foi obrigada a se apresentar em um centro de delinquência juvenil por um mês. Quem a levou a esse lugar foi Ed Warren.
Mesmo depois de tudo isso, ela voltou a morar no mesmo local, também por conta de não conseguir se mudar para outro local, mas havia também um componente sentimental, já que Penney afirma que Ed Warren se declarou para ela mais de uma vez, afirmando que ela era o amor de sua vida.
A desculpa
Os Warren, segundo ela, a apresentavam de diferentes formas: ora como sobrinha, ora como uma jovem pobre que haviam acolhido por caridade.
No entanto, seu relato tem um momento que chama a atenção de maneira ainda mais agressiva, que é o episódio do aborto, que aconteceu em maio de 1978. Penney tinha cerca de 30 anos e Lorraine ficou preocupada que a gravidez causasse um escândalo na reputação da família, por isso, sugeriu a intervenção.
Judith ainda afirmou que apesar do casal se apresentar como católicos, o deus a quem eles servia era Mamon, ou seja, dizia que Ed e Lorraine veneravam o dinheiro.
Resposta da Warner
A Warner não tomou providências em relação a essas alegações, pouco mudou, aliás, já que as sequências continuaram retratando o casamento dos Warren como feliz e convencional.
O estúdio e seus responsáveis se recusaram a comentar, mas o advogado de Lorraine Warren, Gary Barkin afirmou em documentos judiciais que um autor descontente e um produtor eram os responsáveis por esse depoimentos de Penney.
O primeiro é Gerald Brittle, que escreveu Ed e Lorraine Warren: Demonologistas e o último é Tony DeRosa-Grund, que produziu o primeiro filme, mas foi excluído dos outros.
Os dois processaram o estúdio por lucros da franquia, e segundo o advogado. promoveram essa história como parte de uma vingança.
Seriam esses os responsáveis por resgatar essas falas de Judith, embora jamais tenha sido dito quem exatamente fez ou inventou tudo isso.
Barkin afirma que a família não tem conhecimento da conduta alegada, enquanto Lorraine ainda era viva - ela morreu nonagenária, com a saúde debilitada e incapaz de responder às acusações em 2016.
A versão que o advogado dava sobre a presença de Judith na casa dos Warren era bastante diferente:
“Os Warren abriram sua casa para a srta. Penney quando ela tinha 18 anos e não tinha para onde ir após uma infância conturbada. Durante grande parte de sua carreira, Ed e Lorraine estavam na estrada, trabalhando em casos e ministrando palestras — e a srta. Penney morava na casa e cuidava dela na ausência dos dois.
A questão jurídica e os direitos autorais
O estúdio argumenta que seus filmes estão protegidos de reivindicações de direitos autorais porque, já que não existe monopólio para contar histórias ou fazer filmes sobre figuras e eventos da vida real.
Brittle rebate dizendo que o estúdio sabe que a representação dos Warren em seu livro está longe da verdade e que foi essa que usaram nos filmes. Vera Farmiga inclusive assume que leu o livro, para compor a personagem.
Já Brittle se defende, dizendo que acreditava nas histórias que os Warren lhe contavam, descobrindo só depois que eram inventadas.
O advogado da New Line, Benjamin Rottenborn, disse em ações judiciais que as alegações de Brittle era parte de uma tentativa de sabotar a franquia Invocação do Mal, em conluio com DeRosa-Grund.
Por anos, Brittle e seu cúmplice, Tony DeRosa-Grund, conspiraram para retirar os direitos da New Line, constantemente mudando de posição e inventando novas teorias sem qualquer consideração pela verdade
Clásulas de contrato:
Havia uma grande preocupação de Lorraine Warren em retratar a si e ao finado marido de maneira muito correta, tão idealizada que beirava o irreal.
Qualquer aspecto escandaloso de sua vida não podia ser retratado nas telas e isso estava em contrato.
Para atuar como consultora a New Line atendeu a uma série de exigências, que incluía restrições incomuns. Os filmes não poderiam mostrar nem ela nem o marido cometendo crimes, incluindo relações sexuais com menores, pornografia infantil, prostituição ou agressão sexual.
Nem Ed nem Lorraine poderiam ser retratados em relacionamentos extraconjugais também.

Parecem eventos muito específicos para estar em uma lista de exigências.
A advogada Jill Smith, especialista em contratos de artistas, afirmou ao THR nunca ter visto cláusulas tão específicas, embora pessoas que vendem os direitos de suas histórias às vezes restrinjam certas representações.
Casos com Penney
Judith Penney afirmou que ajudou Ed a manter sua reputação como caçador de fantasmas.
Ele dizia ter capturado em vídeo a tal “dama branca” — um fantasma que assombrava o Cemitério Union, em Easton, Connecticut. Isso ocorreu no verão de 1990, após acampar no local por uma semana.
Penney disse que Ed queria produzir um vídeo mostrando como seria vista uma aparição espiritual em VHS, então ela recorreu a um truque básico de Dia das Bruxas e vestiu um lençol branco para a filmagem e filmou, para exemplificar o ponto dele.
Brittle recusou-se a comentar sobre o assunto quando a matéria saiu, mas ele mencionou Judith em seu livro, em um capítulo sobre uma assombração de 1974 na casa da família de Peter Beckford, em Vermont.
Segundo a história, a filha de 19 anos de Beckford, Vicky, teria convidado um espírito demoníaco para a vida da família através de um tabuleiro Ouija, e ele foi encaminhado aos caçadores de fantasmas locais.
Pete telefonou para os Warren e falou com Judy Penney, uma jovem que trabalhava como intermediária quando Ed e Lorraine estavam fora.
Atualmente
Agora com mais de 70 anos, Judith Penney não recebeu nada dos filmes. Não é mencionada, creditada, tampouco teve remuneração.
Ela guarda rancor em relação a Lorraine, mas até a data da entrevista, nutria sentimentos positivos sobre Ed, com quem manteve laços até a morte dele, em 2006.
Nas gravações é possível verificar um conflito interno, ela diz que não conseguiu refletir direito sobre as escolhas da juventude e sobre por que Lorraine a manteve naquela situação, mas não enxerga Ed como errado, mesmo ao falar das surras que ele ministrava na esposa.
Opinião
Ora, os Warren se tornaram figuras famosas e celebradas, especialmente depois da iniciativa de James Wan e seus minions, que fizeram os filmes de Annabelle, Invocação do Mal, A Freira etc, que se baseavam nas histórias contadas por Ed e Lorraine Warren.
O fato deles serem tão celebrados torna toda a exploração de imagens dele em algo confuso, especialmente se considerar a forma como arrecadavam dinheiro.
A origem da forma de sustento deles é no mínimo nebulosa, visto que Ed trabalhava em serviços diversos, não tinha uma formação tão profunda e nem uma profissão cuja remuneração fosse garantia de conforto.
Há quem diga que eles exploravam as histórias dos casos contados para incrementar seus livros, que eram sensacionalistas ao extremo. O público alvo era a população que guardava fé no cristianismo, mas que ainda assim acreditava em forças ocultas de outras matrizes religiosas.
Não é à toa que os filmes do Conjuringverse miram exploração da fé alheia, do misticismo, credulidade das pessoas e uma cultura ecumênica, que mistura diversos tipos de fé.
Só por isso os dois já deveriam ser encarados como pessoas pouco confiáveis, quando muito, como gente ingênua, bem-intencionada, que mexia com credos e simpatias que só possuem sentido se a pessoa que participa do culto for muito carente e ignorante.
Se o caso que Judith sugere for verdade, mesmo que exagerada, é apenas uma mostra do quanto pessoas que se valem da fé podem ser tão falhos quanto qualquer um.
Semelhanças entre abusadores...ou supostos praticantes desse mal
Se não houver exageros, é fácil enxergar Ed Warren como um sujeito parecido com pastores ou sacerdotes que abusavam de fiéis, como foi também com dezenas de padres pedófilos, com a pastora Flordelis e o médium João de Deus.
Também é bom destacar que não foi feita uma investigação acurada a respeito dessa fala, que aliás, não foi uma denúncia formal, mesmo que tenha sido juramentada.
Até o presente momento, não foi liberada ao público nada que meramente passe por isso.
Quando figuras famosas morrem, é natural que apareçam esqueletos escondidos, seja por gente oportunista que tenta surfar no hype oriundo da fama do recém-falecido ou por conta da pessoa que sofreu abuso se sentir segura para enfim falar a verdade, já que seu algoz não existe mais.
Qual é o caso com Judith? Não se sabe, certo é que não há como descartar suas falas como se fossem apenas devaneios ou delírios de alguém inoportuna, com possibilidade de sofrer de algum mal, como Síndrome de Estocolmo, visto que guarda boas lembranças de uma pessoa que supostamente a explorou sexualmente ainda menor de idade.
Em breve retornaremos com mais discussões a respeito da carreira e obra de Ed e Lorraine Warren, além de análises dos filmes derivados de sua história.
Confira outros textos sobre Ed e Lorraine Warren:
2013- Invocação do Mal
2025- Invocação do Mal 4, primeiras impressões
Invocaverso e a Ordem Cronológica dos filmes Invocação do Mal
Os Minions de James Wan, autor de Conjuring









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