O Poderoso Chefão Parte II: A decadência moral de um herói que se aprofunda na própria falência moral

O Poderoso Chefão - Parte II é um espécime tão elogiado quando a obra inicial e não é assim à toa

O Poderoso Chefão Parte II: A decadência moral de um herói que se aprofunda na própria falência

O Poderoso Chefão Parte II é um épico baseado no mesmo romance que inspirou o primeiro tomo da saga, mas que tem partes inéditas no grosso da história, além de retratar a realidade dos Estados Unidos do início do século XX e no pós anos 1950 de maneira crua, sincera e mega agressiva.

Essa se tornou uma obra celebrada e louvada, na época de seu lançamento, em 1974 já era tão elogiado quanto O Poderoso Chefão e segue sendo defendida assim assim até hoje, especialmente pelos aficionados por cinema de temática policial.

O longa é dirigido, escrito e produzido por Francis Ford Coppola e traz consigo parte considerável do elenco e da equipe de produção do primeiro O Poderoso Chefão.

Sinopse e expansão

Como dito, esse segundo volume ainda adapta o livro O Chefão de Mario Puzo, ao menos em parte, já que compreende a maior parte do que foi deixado de lado no primeiro roteiro.

Além disso, traz também uma parte que corresponde a uma história inédita, que reflete sobre as ações dos criminosos ítalo-americanos nos territórios de Nova York, Havana e Nevada, além de mostrar como o crime organizado funciona na Itália, especialmente na Sicília.

Duas cronologias se entrelaçam

A sinopse dá conta de duas linhas temporais, uma mostrando o início da vida e carreira de Vito Andolini em Nova York, interpretado por Robert De Niro, iniciando na vila italiana de Corleone e eventualmente voltando lá.

Já a outra linha se dá no presente, mostrando Michael Corleone, novamente feito por Al Pacino, que sofre tentativas de atentados, para por episódios gravemente corrompidos pela paranoia de estar sendo traído e posto para trás, além de demonstrar em tela toda uma trajetória de descendência moral, que resultam em um apodrecimento de sua família e de sua alma.

A equipe criativa e questões pontuais

Como dito, a produção que na Parte Um coube a Al Ruddy, agora é do realizador Francis Ford Coppola. No roteiro se repetiu a dobradinha entre Francis e Mario Puzo. Foram coprodutores Gray Frederickson e Fred Roos, com Mona Skager como produtora associada.

Uma das condições de Coppola para retornar à direção era que o chefão da Paramount Robert Evans não tivesse nenhum envolvimento com o filme, pois eles frequentemente entraram em conflito durante a produção do primeiro filme.

Liberdades

Além disso, o diretor recebeu controle quase total sobre a produção.

Nos comentários presentes no DVD ele disse que isso resultou em uma filmagem que ocorreu bem, apesar de ter várias locações e narrativas diferenciadas ocorrendo paralelamente.

Parte do drama para estabelecer locações e orçamento foram vistos no seriado de comédia - e supostamente biográfico - chamado de The Offer, produção essa que dramatiza o processo criativo e execução do longa de 1972, baseado em um livro do produtor Al Ruddy.

Ideia e caráter da história

O sucesso de O Poderoso Chefão foi tanto em 1972 que já se anunciou a parte dois logo que ele estreou.

A realidade é que essa fala era mais um desejo, um burburinho, uma fala que parecia ser mais um fofoca do que algo oficial, mas a aposta deu certo e não demorou a se tornar realidade.

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A ideia de Coppola para a sequência seria justificar a ascensão da família Corleone, mostrando a subida financeira pelo qual o núcleo íntimo de Vito Corleone passou, justapondo isso com o declínio moral do clã enquanto "famigla", já sob os cuidados da segunda geração, pós morte de Vito.

Ele disse que sempre quis escrever um roteiro que contasse a história de um pai e um filho na mesma idade e conseguiu fazer isso nesse.

Em O Poderoso Chefão II ele buscou então estrutura dupla, estendendo a história no passado quanto no presente, para se diferenciar e não repetir todos os tropos do outro longa-metragem.

Preferência de Pacino

Em diversas entrevistas Al Pacino declarou preferir este ao original.

Seu argumento passa pela opinião de que foi mais divertido executar esse, especialmente por ser um estudo pessoal sobre o personagem Michael, que deixou de ser um alienígena no grupo familiar e assumiu o papel de chefia no clã, transformando-se em um Padrinho ainda mais implacável que o de seu pai.

Essa nova visão, instaurada claro por Francis Ford consegue ser ainda mais vingativa e violenta do que prometia ser um eventual reinado de seu irmão mais velho, o Santino/Sonny de James Caan.

Claro que não há efeito de comparação prático, afinal, o irmão jamais assumiu oficialmente como Don, foi morto antes, mas o nível de agressividade aqui é maior que o breve período de chefia de Sonny Corleone, temperado ainda com a grande frieza de Michael, que ajudava a esconder esse regime cruel.

No entanto, obviamente há um motivo pessoa para Pacino se sentir assim, afinal, ele não era mais uma dúvida, um ator que precisaria se provar. Dali para frente estrelaria obras com Brian De Palma, em Scarface e O Pagamento Final, também estrelou clássicos de Sidney Lumet um ano antes em Serpico e um ano depois em Um Dia de Cão.

Sendo uma estrela, ficaria tudo mais fácil, poderia fazer exigências, e fez, claro.

O ator destacou que em cena sempre acontecia duas ou três coisas ao mesmo tempo, fato que tornava o momento fílmico em algo imprevisível.

Também afirmou que os eventos buscam linearizar a cronologia de maneira sombria e lenta

Cronologia e o livro

Vale lembrar que o romance de Puzo já mostrava os fatos da vida de Vito quando jovem.

Há um trecho inteiro dedicado a isso, que é basta longo diga-se.

Há inclusive mais momentos que foram descartados, como uma trama com Lucy Mancini e outros trechos, focados na rotina do cantor Johnny Fontaine. Esses plots não foram adaptados em nenhuma das versões audiovisuais do romance.

O filme tem momentos entre os anos 1901, 1917, 1920, 1923, 1941, 1958, 1959 e 1960.

Quase Scorsese

Em algum momento da pré-produção, se decidiu que Coppola seria apenas produtor, com ele cedendo a cadeira da direção para seu amigo Martin Scorsese.

A sugestão seria de Francis, já que ele só imaginava o diretor de Caminhos Perigosos e Taxidriver como alguém capacitado para fazer a sequência de seu épico.

Como a escolha por Scorsese foi rejeitada pelos executivos, Coppola preferiu dirigir ele mesmo, mas apenas se tivesse condições de autonomia maiores.

Presentes

Coppola quase foi demitido várias vezes do primeiro filme, para compensar isso, quando aceitou fazer o volume dois da saga, ganhou uma limusine Mercedes-Benz 600 da Paramount como recompensa pelo sucesso.

Esse seria um incentivo para dirigir a sequência e uma das condições era que essa sequência fosse interconectada com o primeiro filme, ou seja, que tivesse momentos antes e depois da primeira história, para que pudessem exibi-los juntos mais tarde, em novas edições.

Também garantiu a si tempo, para poder dirigir seu roteiro original, em A Conversação, também lançado em 1974.

THE CONVERSATION - Hollywood Authentic
Francis Ford e Gene Hackman, no set de A Conversação


Também garantiu que teria tempo para dirigir uma produção para a Ópera de São Francisco, além de ter tempo para escrever o roteiro de O Grande Gatsby, tudo antes da produção da sequência desse, que só chegaria para um lançamento no Natal.

Ford Coppola ainda brincou que a única sequência que ele faria seria Abbott e Costello Meet The Godfather, brincando com o que se fez nos filmes de horror da Universal.

Estreia

O longa estreou nos Estados Unidos em 12 de dezembro de 1974, numa premiere em Nova York.

Passou no Canadá no dia 18 e no resto dos Estados Unidos nesse mesmo dia. Na Checoslováquia chegou apenas em janeiro de 1975, no Brasil estreou em fevereiro de 1975.

A montagem demorou a ser concluída, terminando perto da data de lançamento do filme.

Nomenclatura

O título original é The Godfather Part II. Na Argentina é El padrino II. No Brasil pôde ser encontrado como O Poderoso Chefão: Parte 2 ou O Poderoso Chefão: Parte II. Na Itália é Il padrino - Parte II, em Portugal é O Padrinho: Parte II.

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As gravações

Coppola rodou o longa em 104 dias, entre outubro de 1973 e junho de 74. As filmagens foram adiadas por um mês depois que Al Pacino desenvolveu pneumonia enquanto filmava na América Central.

Houveram gravações na Califórnia, Miami, em Las Vegas, Nova York, Washingotn, Filadélfia, também na República Dominicana e claro, na Itália.

Na Califórnia filmaram em Kaiser Estate - 4000 W Lake Blvd, em Homewood, no Lake Tahoe. Na Flórida, gravaram em 2045 N. Hibiscus Drive, North Miami, que é a casa de Hyman Roth.

Em Nova York rodaram cenas emEast Village, Greenwich Village, Tompkins Square Park e 6th Street, 538 E. 6th Street (a casa de Fanucci) e Vazac's Bar - 108 Avenue B, East Village, todas em Manhattan.

Na capital, gravaram no Hotel Washington - 515 15th Street NW, enquanto a estação de barco é na 401 S Christopher Columbus Blvd, Filadélfia.

A República Dominicana foi o palco do que deveria ser o cenário de Cuba pré-revolução.

Filmaram em El Embajador Hotel, que é o Hotel Terrace, Calle Duarte, o Palacio Nacional, Avenida Duarte, Avenida Mella, Casa de España, Parque Independencia, Biblioteca Nacional Pedro Henríquez Ureña (que é a embaixada dos Estados Unidos) o Teatro de Agua y Luz, Club Náutico de Santo Domingo em Andrés, que é o cabaré cubano.

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Também gravaram em Santo Domingo Este, Calle Hostos, que é o hospital. Todas essas locações são na cidade de Santo Domingo.

Na Itália, gravaram na Sicília, entre Acireale, Forza d'Agrò - Messina, a Train Station Sparagogna em Regalbuto - Enna que é a estação de trem. A vila de Don Ciccio fica na via Vecchia Pozzillo, Acireale.

Na Venezia Giulia gravaram em Trieste, Friuli e na Riva Nazario Sauro.

Estúdios

Mais uma vez a Paramount Pictures produziu o filme, junto a The Coppola Company e a American Zoetrope.

A distribuição ficou a cargo da Paramount Pictures nos cinemas dos Estados Unidos, da CIC, a Cinema International Corporation no Reino Unido.

No Brasil foi lançado em mídia física pela CIC Video em fita VHS e pela Paramount Home Entertainment em DVD.

Quem Fez

Coppola começou a carreira trabalhando com Roger Corman, o produtor famoso do cinema B, que inclusive, faz uma ponta aqui, como um dos senadores.

Junto a ele fez Sombras do Terror, onde não foi creditado como diretor, além de Demência 13, uma imitação de Psicose mas que possui seus desdobramentos únicos. Antes de O Poderoso Chefão fez Agora Você é um Homem, O Caminho do Arco-Íris, o já citado A Conversação.

Depois fez Apocalypse Now, Vidas Sem Rumo, O Selvagem da Motocicleta, Cotton Club, Tucker: Um Homem e Seu Sonho, O Poderoso Chefão Parte III, Drácula de Bram Stoker, Velha Juventude, Tetro, Virgínia e recentemente, entregou uma nova versão do fim da trilogia, em O Poderoso Chefão de Mario Puzi Coda: A Morte de Michael Corleone e claro, Megalopolis.

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Coppola ao lado de Robert De Niro

Puzo é escritor, fez os livros A Guerra Suja, O Imigrante Feliz, O Chefão, que era a forma como se chamava The Godfather na primeira edição brasileira, Os Tolos Morrem Antes, O Quarto K, Omertá, A Família, Os Bórgias etc.

No cinema escreveu Terremoto, O Poderoso Chefão, Superman: O Filme, Superman II: A Aventura Continua, O Poderoso Chefão: Parte III, Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento e a versão Donner's Cut de Superman II.

Entre obras baseadas em seus livros, foram feitos A Morte Pede Vingança baseado em Six Graves to Munich e O Siciliano baseado no livro homônimo.

O "problema" Pacino

Se Coppola teve problemas em convencer os estúdios a permitir que Al Pacino fizesse Michael, o ator retribuiu o inconveniente, causando o máximo de problemas possíveis em uma mesma produção.

Ele pediu um salário enorme, além de exigir pesadas mudanças no roteiro. Os advogados do ator disseram a Francis Ford que ele tinha sérias dúvidas sobre o script.

O realizador passou uma noite inteira reescrevendo-o antes de entregar a Pacino para uma "revisão". só depois da aprovação a produção seguiu adiante.

Também reclamava frequentemente do ritmo lento de Ford Coppola, afirmando que levou apenas dezenove dias para gravar Serpico. Também ameaçou sair da produção, se não tivesse exigências atendidas.

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O ator recebeu US$ 500.000 como sinal de valorização do seu "passe" mais uma participação de 10% nos lucros. No primeiro, ganhou algo em torno de US$ 25.000 apenas.

Anos mais tarde, Pacino confessou a Coppola que não tinha desgostado tanto do primeiro tratamento do roteiro, mas sabia que poderia ser melhor, por isso incentivou a estabelecer mudanças.

O fator De Niro

Como dissemos na análise do primeiro O Poderoso Chefão, por muito pouco Robert De Niro não esteve no elenco do primeiro capítulo da saga, se especulou inclusive que ele faria o traidor Paulie Gatto.

Foi graças a Quase, Quase Uma Máfia! que ele não fez.

O fiel da balança para Coppola decidir por Robert como o jovem Don foi a participação do ator em Caminhos Perigosos, de Scorsese.

Bigode e o visual

Houve muito debate sobre o visual do personagem, inclusive se o ator deveria deixar crescer um bigode para as cenas em que o jovem Vito está um pouco mais velho, mas o ator não conseguia decidir.

No final do processo, pouco antes de começar as gravações, Robert teria jogado uma moeda para cima, a fim de decidir na sorte.

Para as cenas em que Vito retorna à Sicília, ele ganhou peso e usou uma versão menor do aparelho dentário que Marlon Brando ostentava no primeiro filme.

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O ator passou quatro meses aprendendo a falar o dialeto siciliano e quase todas suas falas no filme eram nesse idioma.

Robert fala apenas 17 palavras em inglês em todo o filme, durante os 46 minutos em que está em tela.

A língua falada pelos atores na parte do flashback é uma combinação de dialetos do sul da Itália, principalmente siciliano, mas não só ele.

O prêmio por um outro tipo de fala

Robert De Niro é um dos oito atores a ganhar um Oscar por um papel executado majoritariamente em uma língua diferente do inglês, junto de Sophia Loren, Christoph Waltz, Roberto Benigni, Benicio Del Toro, Penélope Cruz, Marion Cotillard e Youn Yuh-jung.

Esta é a única vez na carreira em que ele interpretou um personagem que já havia sido retratado por outra pessoa na mesma continuidade

Brando cogitado

Francis Ford Coppola considerou trazer Marlon Brando de volta para interpretar Vito quando jovem.

Enquanto trabalhava no roteiro, ele se lembrou da audição excepcional de Robert De Niro para O Poderoso Chefão e o escalou sem oferecer o papel ao antigo interprete.

Ainda assim, o ator era alguém com talento, mas seguia como uma figura sem grandes garantias, tanto que no dia seguinte ao término das filmagens, ele foi ao escritório de assistência social para assinar o seguro-desemprego.

Oscar recebido pelo diretor

Quando De Niro ganhou seu Oscar, Coppola teve que aceitá-lo em seu nome.

Robert De Niro estava ocupado filmando 1900. onde contracenou com Sterling Hayden, que fez um policial corrupto em O Poderoso Chefão

Cinematografia

A direção de fotografia quase coube a Vittorio Storaro, mas ele recusou, pois sentiu que uma sequência nunca se igualaria ao original.

Gordon Willis retornou e admitiu que foi longe demais às vezes, no uso de fotografia escura. Ele destacou a cena em que Michael pede conselho à mamãe como exemplo.

No esforço de restauração da equipe de Coppola em 2008, para o Blu-Ray, os especialistas tiveram que recorrer a Willis para descobrir como ele pretendia que as cenas fossem mostradas.

Sobre prêmios

O elenco do filme inclui cinco vencedores do Oscar: Al Pacino, Diane Keaton, Robert De Niro, Robert Duvall e Sofia Coppola, além de sete indicados: Talia Shire, Michael V. Gazzo, Lee Strasberg, Danny Aiello, James Caan, Gary Kurtz e Roman Coppola.

Essa foi a primeira sequência a ganhar o Oscar de Melhor Filme.

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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, em 2003, repetiu o feito.

O Poderoso Chefão 2 é também o único filme com uma história prequel a ser indicado para Melhor Filme.

Indicações inéditas

Essa apresenta as únicas atuações indicadas ao Oscar de Lee Strasberg e Michael V. Gazzo.

Das 11 indicações, o filme ganhou 6, sendo essas: Melhor Filme, Diretor, Ator Coadjuvante (De Niro) Roteiro Adaptado, Direção de Arte e Trilha Sonora.

Oscar de roteiro

Francis Coppola e Puzo ganharam o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, embora metade do roteiro fosse adaptado e metade fosse original.

Mesmo que a história de Michael seja criado para esse filme, as regras da WAG decretam que qualquer roteiro para uma sequência é um "roteiro adaptado de outra fonte", ou seja, a classificação do tipo de roteiro não seria encaixado como original independente de ser baseado parcialmente no livro.

Trilha Sonora

Embora a trilha de Nino Rota para O Poderoso Chefão tenha sido retirada de uma indicação ao Oscar porque ele reutilizou o mesmo tema de sua trilha anterior para Fortunella de 1958.

Ele ainda foi premiado com o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original por essa Parte II, embora tenha usado o mesmo tema de amor do primeiro filme.

Elogios

Gary Oldman disse em entrevista ele sempre afirma aos seus alunos que querem ser escritores que o primeiro na lista do que assistir deve ser O Poderoso Chefão: Parte II, porque em termos de câmera, iluminação, cinematografia, composição, design de produção, figurino, narrativa, roteiro e atuação, é impecável.

Segundo ele, é uma aula magistral de cinema do começo ao fim.

O filme está incluído na lista de "Grandes Filmes" de Roger Ebert, embora ele originalmente tenha dado ao filme uma crítica mais mista.

Narrativa

A trama inicia com Michael em uma sala, parecida com a que esteve no final do filme anterior. Ele tem a sua mão beijada, enquanto a cadeira do Don Corleone está vazia.

Logo depois vem o anúncio letrado, já na Sicília, que remonta a 1901 quando o pai de Don Vito, foi assassinado por um chefe da Máfia Local.

Andolini

O "futuro Padrinho" era Vito Andolini, tinha 9 anos, quando seu pai morreu, graças a um insulto ao chefão de Corleone, na Sicília.

Na procissão do velório de seu pai, tiros ocorrem, acertando Paolo Andolini, o irmão mais velho de Vito, que estava foragido nas montanhas, prometendo vingança.

A mãe de Vito, interpretada por Maria Carta pede clemência ao chefão local, Don Francesco Ciccio, de Giuseppe Sillato. Ela explica sua situação, diz que seu filho mais novo é mudo e fraco, que não fara mal a ele.

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Mas o criminoso sabe que quando ele envelhecer, vai querer vendetta, buscará a revanche e decide encerrar ali a vida do menino, mas não sem resistência.

A mãe se sacrifica, manda o pequeno Vito correr, acaba morrendo com um tiro pesado de espingarda, cujo coice afasta a mulher do Don maneira assustadora, como se alguém empurrasse ela para uma grande distância, através de uma agressão em tom de esporro.

A cena é seca e cruel, mesmo sem mostrar sangue.

A fuga

Depois da fuga, Ciccio manda procurar o garoto, mas Vito embarca escondido, em um cesto, tal qual Moisés, para a América, vai para em Ellis Island, diagnosticado com varíola, fica 3 semanas em quarentena.

A cena com Vito escondido no cesto de um burro atravessando a praça e lembra trecho semelhante de O Poderoso Chefão com Michael atravessando a mesma praça, ou seja, ali há um simbolismo atroz, que atravessa gerações, mostrando que pai e filho tiveram o mesmo destino.

A voz da liberdade

Quando está sozinho, na cela, de costas, ele canta.

Aqui ele é um novo homem, decide enfim usar suas cordas vocais e quando cresce, parece não querer ir na direção da violência, que vitimou seu pai e irmão, levando também sua mãe, como efeito colateral.

Curiosamente, mesmo sendo um grande chefe de família - em vários sentidos, diga-se - ele seguiria mais calado do que falante.

Sua voz só seria de fato ouvida em profusão, infelizmente quanto acabou caindo na mesma sina de seu pai e irmão.

Sua vocalização teria liberdade apenas quando adentra o mundo do crime.

O aniversário de Don Vito

A lápide de Vito Corleone afirma que ele nasceu em 29 de abril de 1887 e faleceu em 29 de julho de 1955. Esta data de nascimento declarada entra em conflito com dois elementos desta sequência.

Primeiro, no final deste filme, Sonny sugere que o aniversário de Vito Corleone é 7 de dezembro, mencionando que os japoneses jogaram bombas no aniversário de seu pai.

Além disso, o filme menciona que o pai de Vito foi morto em 1901 e que Vito tinha apenas 9 anos na época do cortejo fúnebre; sugerindo que ele nasceu em 1891 ou 92.

Marcado com X

Quando o pequeno Vito chega a Ellis Island, ele é marcado com um X, circulado em sua roupa.

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Os imigrantes de Ellis Island eram marcados com isso se o inspetor acreditasse que a pessoa tinha um defeito mental/físico. No caso dele, era compreendido como alguém mudo.

De volta ao presente

A trama retorna até 1958, mostra o neto de Vito, Anthony, o mesmo que testemunho o fim do avô. Agora ele está na igreja católica, em sua primeira comunhão.

Coppola repete a fórmula de mostrar um momento de festejo, no início do filme, colocando os personagens em uma celebração pelo rito católico do menino.

A orquestra que toca na concha da banda durante a cena da festa no Lago Tahoe era na verdade a Orquestra Al Tronti que tocava todas as noites para grandes nomes como Elvis Presley e Tom Jones no Sahara Tahoe Casino enquanto este filme estava sendo filmado.

O próprio Al Tronti senta-se na orquestra na sala da frente, visto apenas na sombra, já que não foi autorizado a aparecer como maestro da orquestra porque parecia "muito italiano" e a orquestra no filme deveria ser um grupo da Costa Oeste que não conseguia tocar nenhuma música tradicional do país.

No lado de fora de grande festa, enquanto se toca a música, Connie/ Constanzia de Talia Shire, sai correndo com os braços abertos, efusiva, vai até a Mama Corleone, novamente feita por Morgana King.

Ela está junto a Merle Johnson, que é interpretado por Troy Donahue, cujo nome real é justamente Merle Johnson, ou seja, o personagem foi batizado com seu nome civil do ator.

Sonny Bono foi considerado para o papel, mas perdeu a concorrência para Donahue.

O aumento da participação de Talia Shire

Talia Shire recebeu US$ 1.500 no primeiro filme, para reprisar o papel de Connie nesse, ela recebeu US$ 30.000, com um bônus de US$ 10.000 quando as receitas de bilheteria atingiram US$ 27,5 milhões.

Vale lembrar que a atriz é irmã do diretor Francis Ford Coppola.

A Casa em Tahoe

A casa e os terrenos do Lago Tahoe retratados no filme são Fleur du Lac, a propriedade de verão de Henry J. Kaiser no lado californiano do lago.

As únicas estruturas usadas no filme que ainda permanecem como na filmagem são o complexo de antigas casas de barcos de pedras nativas com seus portões de ferro forjado.

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Embora Fleur du Lac seja uma propriedade privada e ninguém tenha permissão para desembarcar lá, as casas de barcos e condomínios multimilionários podem ser vistos do lago.

O senador poderoso

No meio dos festejos, um político famoso fala. Esse é Pat Geary, senador, de G.D. Spradlin, dá um depoimento, agradece uma doação da Universidade de Nevada.

De acordo com Francis Ford Coppola no comentário do DVD, Spradlin escreveu muitas de suas próprias falas, incluindo seu discurso anti-italiano para Michael.

Ele tenta extorquir Michael. Diz que não gosta de sua raça e até do seu povo. É absolutamente franco em sua xenofobia e mais ainda em sua ganância, já que a parte do dinheiro ele jamais recusa. Termina falando que não é para falar com ele diretamente, só com Turnbull.

No roteiro original, Tom Hagen ganha o apoio do senador Pat Geary pagando suas dívidas de jogo, aqui existe uma virada, mas que tem outros desdobramentos, mais trágicos e constrangedores.

O senador e o desejo de Don Vito

O enredo com o senador é uma referência direta ao lamento de Vito, que queria que Michael fosse um "figurão" que "puxasse os cordões" como comendador ou político.

Michael garantiu a ele que eles chegariam nesse patamar de poder e já na abertura, rejeita as exigências do político, virando a mesa, fazendo suas próprias exigências.

Inspiração de Geary

Uma das fontes de inspiração para Patrick 'Pat' Geary e sua esposa, Patt, seriam o senador John F. Kennedy e sua esposa, Jackie.

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Outra teoria é que o senador Geary é inspirado no senador Pat McCarran, que foi senador dos Estados Unidos por Nevada no início dos anos 1950. O principal aeroporto de Las Vegas é chamado de Aeroporto McCarran em sua homenagem.

Frank Pentangeli, o "novo" Clemenza

Na festa se destaca um bandido que gosta de exibir seu italiano. Esse é Frank Pentangeli, ou Frakie Cinco Anjos, o herdeiro de Pete Clemenza.

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Ao ser introduzido, é mostrado como alguém reclamão, que se posta ao lado do antigo soldado (e matador) Willie Cicci, de Joe Spinell.

Ele fala com Fredo (John Cazale) que fica feliz em vê-lo. O irmão Corleone chega de lancha, pelo rio.

Antes de receber as pessoas, Oferecem laranjas a Michael, fato que lembra os momentos mais trágicos do filme de 1972.

Escalação da Gazzo

Michael V. Gazzo foi escalado como Frankie apenas um dia antes do início das filmagens.

Sua audição foi empolgante, Coppola queria filmar logo depois do teste, mas teve que pausar para o almoço.

No retorno, a performance do ator não foi tão boa quanto no ensaio de sua cena de testemunho, graças ao fato dele ter ficado bêbado.

O outro Johnny

Depois de apresentar Pentangeli, a trama mostra Johnny Ola, o personagem de Dominic Chianese, que é o homem de Hyman Roth, o judeu.

Anos mais tarde, Chianese ganharia o papel de destaque em Família Soprano, como Corrado Jr. Soprano, o tio do protagonista Tony Soprano.

Ele é baseado em Vincent Alo, ou "Jimmy Blue Eyes", bandido delator, associado de Meyer Lansky e Charles "Lucky" Luciano.

Ele forneceu depoimento, cuja história de contrabando da era da Lei Seca se tornou o livro de não ficção A Bloody Business.

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Curiosamente, Tom Hagen sai quando Ola entra. O irmão adotivo e advogado e não participa mais das conversas da família, é excluído, fato que credenciaria mais tarde.

Antes era consiglieri, agora, é apenas o responsável pelas partes legais dos negócios de Michael e cia - ele ainda teria muito trabalho e função na trama, mas não agora.

Além dele, se nota a ausência de Rocco Lamponi (Tom Rosqui) o responsável pela segurança da mansão, que mais tarde, seria alvo de teorias sobre traição.

O núcleo familiar e o controle do Don

Michael segue sendo o chefe da organização secreta, mas é também o mantenedor de toda a família.

Dito isso, ele deixa claro para Connie que não quer que ela se case com Merle. Acha ele alguém inconfiável, mas ela, irritada ainda pela perda de seu marido Carlo, o desafia. 

Na mesa dos Corleone, celebram e falam Cent' A,nni, expressão que evoca os cem anos, um pedido para eles serem felizes por 100 anos, o que é a demonstração mais patética de que os desejos da família de criminosos não se cumpriu, em nenhum nível.

Nesse meio tempo, outras vergonhas ocorrem, como Deanna (Marianna Hill) a mulher de Fredo, dançando bêbada, caindo no chão, pouco antes dela ser retirada da pista de dança por Rocco.

Aparência Fredo

John Cazale recebeu sobrancelhas em uma linha reta, um bigode fino e uma testa larga, possivelmente construída manualmente.

A ideia era para fazê-lo parecer com o Vito Corleone interpretado por Marlon Brando.

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Durante uma cena em que ele reclama com Michael, fica claro o quanto ele se parece com seu pai fisicamente, embora seja o menos parecido com ele no espírito e caráter.

Bebendo demais

Frank também demonstra embriaguez, derruba o vinho na mesma mesa que Michael, depois nega que Clemenza tenha prometido três territórios no Brooklin aos irmãos Rosato, que são os seus atuais rivais.

A saída de Michael e do núcleo mais próximo do exército Corleone deixou rusgas em Nova York. Como é uma cidade central dos EUA, é difícil de controlar.

Não foi à toa a saída deles, mas claramente Clemenza não teve o apoio que merecia, especialmente por ser padrinho do atual Don.

Como Nova York era era um barril de pólvora, prestes a explodir, era conveniente habitar Nevada, onde ele pode arrecadar dinheiro sem graves consequências, sem o glamour novaiorquino, mas ainda com muito dinheiro.

Rosatos com o judeu

Os Rosato tem contatos, são ligados a Miami, a Hyman Roth. Não fica claro se eles são bandidos totalmente independentes, se já tiveram associação com os Corleone ou com qualquer parte das outras famílias, os Stracci, Cuneo, Barzini ou Tattaglia.

Fato é que Pentangeli não gosta deles, pois são vendedores de drogas, empregam latinos e negros - ele é racista, dramático, gesticula, é operístico, tal qual a maior parte dos italianos

Vale lembrar que além desse filme ser de uma época diferente, resgatando uma época ainda mais antiga, ainda se trata de estrangeiros de origem europeia, que carregam consigo uma série de preconceitos que eram comuns na época.

A versão nova de Kay Adams, agora, como Corleone

Kay só tem uma fala aos 33 minutos, ainda na sequência da primeira comunhão.

Parte da linha de diálogo de Adams advém da promessa que Michael fez a ela antes de casar, quando retornou a América, de legalizar toda a operação da família em 5 anos.

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A grande questão é que essa fala ocorreu sete anos depois dessa fala e aparentemente, os Corleone ainda chafurdavam na lama do crime organizado.

Em O Poderoso Chefão III o quadro mudaria, com a aproximação até do clero católico.

Emboscada

Um incidente na casa de Michael deixa todos apreensivos, especialmente o responsável pela segurança, Rocco Lampone. Depois do atentado ao chefe, Rocco quer o atirador vivo, mas não consegue.

É a partir desse ponto que Tom ganha protagonismo novamente, voltando a ter a ciência das coisas da família.

Como Michael acha que foi traído, convida Hagen a ser o Don temporariamente, já que por estar isolado, ele estaria longe de possíveis tramoias.

O Poderoso Chefão Parte II: A decadência moral de um herói que se aprofunda na própria falência

Memória de militar

Na cena da tentativa de assassinato, quando Michael se pergunta por que as cortinas do quarto foram abertas e então rapidamente percebe o porquê.

Sua experiência de combate sob fogo nos fuzileiros navais no Pacífico é reativada, já que instintivamente entra em ação e reage exatamente como deveria ter feito.

Ele instantaneamente cai no chão, rasteja de barriga no chão do quarto, vai para o lado da cama para puxar sua esposa para fora do raio de ação dos tiros e da linha de fogo.

Tom é o Don

Michael se retira, dá a Hagen plenos poderes, para ordenar Neri, Rocco e todos os outros. É instruído a cuidar das famílias dele e de seus irmãos. Michael até antecipa que os homens seriam mortos.

Tom já começa sua ação mandando em Rocco, que se torna um suspeito. Avisa ele para se livrar dos corpos.

Apesar do susto de Lampone, que não sabia da troca de poder, não há conversa, é dada a ordem e ela é cumprida. Rapidamente ele entende que a hierarquia foi trocada.

Michael parte sem se despedir, fala com Anthony, mas não deixa claro que se vai e que está rumo a um lugar longe.

Vito em 1917:

Robert De Niro faz Vito. Ele vê a esposa e o primeiro filho, no berço. Depois, aparece no teatro, com Genco Abbandando (Frank Sivero) seu futuro Consiglieri.

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No teatro, Vito testemunha a total subserviência de Genco a Don Fanucci, o chefe do bairro novai-orquino, interpretado por Gastone Moschin.

Ele pede desculpas, ao se deparar com ele tapando a visão de sua amada, na peça.

A peça

A peça musical apresentada no filme, Senza Mamma, foi um espetáculo real do início do século XX composta pelo avô de Francis Ford Coppola, Francesco Pennino.

O teatro visto se torna algo subalterno, de um subtexto forte, que conversa diretamente com a história explorada ali, especialmente pela ação de Fanucci, chamado de Mão Negra.

A Mão Negra

No romance é dito que antes de haver a Cosa Nostra na América, havia a Mão Negra no início do século XX.

A organização atacava as comunidades ítalo-siciliano-americanas nas principais cidades não era uma gangue, mas um método de extorsão que era frequentemente perpetrado por criminosos autônomos contra ítalo-americanos proeminentes.

Ou seja, era menos organizada que as outras Máfias. Fanucci era a Mão Negra, se ele caísse, quem o matou seria o novo Mão Negra.

Depois, o crime se organizaria em "famílias", que surgiram décadas depois.

A palavra

Se Al Ruddy prometeu que não usariam o terma Máfia ou Cosa Nostra em seu filme, isso não ocorreu nesse segundo capítulo, visto que ele nem era mais produtor.

Durante as cenas em que Michael Corleone enfrenta audiência no Senado, se cita, mas isso não causou problemas com a organização da vida real, como supostamente ocorreu nas filmagens do primeiro.

Sem perspectiva

Vito trabalha em uma padaria, a Abbandando, ou melhor, trabalhava, já na segunda menção a esse trabalho ocorre o momento em que ele é despedido.

Ele foi mandado embora graças a um pedido de Fanucci, que quer colocar um parente seu, para lavar a imagem do sujeito. 

Abandonado, Vito não aceita esmolas, só vai para casa e aceita sua sina, sendo levado a trabalhar com ilegalidades, quando seu vizinho Pete Clemenza, pede a ele um favor.

Kirby e Clemenza

Clemenza é apresentado como alguém muito trambiqueiro. O sujeito é interpretado por Bruno Kirby, ator que havia interpretado o filho de Richard S. Castellano - o Clemenza original - na série Super, em 1972. 

Em alguns anos, faria também Um Novato na Máfia.

Para retribuir o favor - afinal, Vito se arriscou, escondendo uma arma de fogo para ele, diz que há um tapete para pegar, de um amigo, um item que sua esposa gostará.

É na verdade um item para roubar, de alguém que lhe deve. Faz todo um teatrinho para entrar. Ainda aponta uma arma para a porta, nervoso, quando um policial se aproxima.

Eles levam o tapete e colocam no pequeno apartamento. Aqui, se mostra Santino bebê, ele chora quando Clemenza brinca com ele. Ao fundo, parece haver outro choro de criança.

Sobre Clemenza

Originalmente, era para ser Clemenza quem testemunharia no tribunal. De acordo com Coppola, Castellano, que foi o ator mais bem pago em O Poderoso Chefão, queria escrever suas próprias falas e queria um grande aumento de salário.

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Existiam rumores que sua participação no primeiro filme foi diminuída graças a arroubos de vaidade, mas ele seguiu até o final da produção. Para a parte dois foi consequentemente substituído por Frankie Pentangeli, que recebeu uma indicação ao Oscar pela performance.

De acordo com Ardell Sheridan, atriz que era esposa de Castellano. o sujeito se recusou a engordar novamente para o papel.

Coppola então decidiu substituí-lo em vez de ter um Clemenza mais magro do que era alguns anos antes. Curiosamente, Castallano e Peter Clemenza morreram de um ataque cardíaco, com o primeiro falecendo em 1988.

Linha atual

Quando a trama retorna a 1960, Tom Hagen diz que ninguém poderia matar o Presidente dos Estados Unidos, mas Michael Corleone discorda e responde que qualquer um poderia ser morto.

Esse é um outro aceno aos Kennedy, já que três anos depois, o Presidente John F. Kennedy foi morto, inclusive com teorias de que a Máfia estava envolvida nesse assassinato.

O chefe da família viaja de trem. Michael toma um comprimido, ao seu lado, um homem velho, com roupas pretas e chapéu fedora o acompanha, um guarda-costas, interpretado por Amerigo Tot .

O sujeito não é identificado por nome algum, aliás, praticamente não tem falas. Nos créditos, é chamado de "guarda-costas de Michael", mas nos rascunhos de roteiro, é chamado de Bussetta.

Com Hyman

Na ensolarada Miami de tons pastéis, se nota uma desconfiança quase tangível. Michael até dirige o próprio carro, mantendo o misterioso sujeito no banco de trás.

Ele busca se disfarçar, não parecer o chefe e encontra Roth, que o recebe em seus aposentos, enquanto vê futebol americano. Até aumenta o volume, para abafar as vozes dessa conversa.

Roth diz que está velho e Michael é jovem, ainda afirma que o que está prestes a ser feito nos próximos dias seria algo histórico.

Para Hyman, Michael diz que a armadilha foi feita por Pentangeli. Depois, Michael pára em Staten Island, para conversar com Cinco Anjos.

No início, parece estar irritado, parece que vai acusar ele, mas não. Grita, indignado, mas pede a ele que faça as pazes com os Irmãos Rosato, para acalmar Hyman Roth e conseguir descobrir quem o traiu.

Sobre Roth e a inspiração:

Lee Strasberg saiu da aposentadoria para interpretar Hyman Roth após um pedido de Al Pacino, ele não estava disposto a princípio, mas concordou em fazer o papel após uma reunião de quarenta e cinco minutos com o pai de Francis Ford Coppola, Carmine Coppola.

O personagem é vagamente baseado no mafioso da vida real Meyer Lansky, o mesmo que protagonizou Lansky: A Mente do Crime.

Na época do lançamento do O Poderoso Chefão 2, Meyer estava morando em Miami, teria telefonado para Lee Strasberg e perguntou:

Por que você não me tornou mais simpático? Hoje eu sou até avô...

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Strasberg era na apenas cinco meses mais velho que Meyer Lansky. O ator morreu em 1982, enquanto Lansky faleceu em 1983. Ambos tinham 80 anos.

Improviso e planos originais

Strasberg ficou doente durante as filmagens, mas em vez de atrasar a produção, o personagem de Roth foi reescrito para ser um velho doente.

Originalmente, Coppola desejava que o colega diretor Elia Kazan interpretasse Hyman Roth, mas o realizador deixou passar a oportunidade.

Coppola visitou o amigo, lembra que Kazan estava sem camisa, por isso há uma cena em que Roth está sem camisa quando Michael Corleone o visita.

Peter Sellers foi considerado para o papel.

O telefonema da discórdia

Depois do tiroteio na casa de Michael, é mostrado Fredo dormindo, recebendo ligação de Johnny Ola.

O irmão dos Corleones diz que "eles" mentiram para ele. De fato parecia não saber de tudo, fica claro que ele sabia de algo, mas foi enganado, seja lá por quem foi.

Atentado:

Frank é levado a se encontrar com os Irmãos Rosato, em Nova York.

Carmine (Carmine Caridi, que quase fez Sonny, no primeiro filme) e Tony (Danny Aiello) encontram Pentangeli e dão a ele uma nota de 100 dólares, numa alusão simbólica, claramente ofensiva.

Logo depois, usam um garrote contra ele, mal colocado, que culmina na invasão de um policial no bar de Richie.

A impressão que fica é que aquilo foi tudo armado, inclusive o atentado que deu errado, além da mensagem de "Michael Corleone mandou lembranças", fala essa que foi improvisada por Aiello.

Coppola adorou a atitude e pediu que ele a repetisse nas tomadas feitas depois.

Aiello afirmou, anos depois, que estava nervoso sobre trabalhar com Coppola e que nem percebeu quando ele elogiou o seu improviso.

Ligação com Joe Gallo

Assim como no primeiro filme, há elementos da história baseados nas vidas do gangster de Nova York "Crazy" Joe Gallo e seus homens.

O atentado a Frank Pantangelli foi baseado em um ataque de Carmine "the Snake" Persico contra o irmão de Crazy Joe, Larry Gallo.

Como no filme, Larry foi atraído para o bar para uma reunião com Persico, que era seu amigo. Larry recebeu uma nota de C da sorte, mas Gallo ficou feliz quando recebeu o presente.

Larry foi então estrangulado por membros da família Profaci, da qual Gallo e Persico faziam parte. Isso ocorreu em retaliação por Crazy Joe tentar instigar um motim dentro da família.

Como no filme, Gallo foi salvo por um policial que entrou no bar, interrompendo a execução.

Outra armação?

Depois desse momento, é mostrado o destino do senador Geary, que estava em um prostíbulo, onde está ao lado de uma garota de programa morta.

Hagen aparece para socorrê-la, o político diz não lembrar de nada, até que aparece Al Neri (Richard Bright) o matador de confiança de Michael.

Fica claro que ele interferiu nessa questão e o álibi utilizado tem a ver com o fato de ter passado uma noite na casa de Michael, em Tahoe.

Enquanto isso, na casa Corleone em Nevada, Hagen não permite que Kay saia, tranca tudo. Diz que queria ter explicado isso, mas esteve em Carson City e não conseguiu. A mulher se sente prisioneira em sua própria casa.

Havana:

Em Cuba, antes dos embargos e do levante de Fidel Castro, há uma reunião de grandes poderosos, inclusive com gente do crime. Lembra a mesa dos Dons de Nova York, em O Poderoso Chefão Parte Um.

Entre esses há William Shaw, da Companhia Geral de Frutas, General Fruit Company, os senhores Corngold e Dant da companhia americana de telégrafos, o sr. Petty, Vice-presidente regional da Cia. Pan-americana de Mineração, Robert Allen da Fábrica de Açúcar Sul-Americana, além de Michael de Nevada, representando os associados nas atividades de turismo e lazer e o "velho amigo da Flórida", Hyman Roth.

Na conversa, recebem um telefone de ouro maciço, que por sua vez, é baseado em um objeto real.

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O telefone real banhado a ouro - e não de ouro maciço, como no filme - está no Museu da Revolução de Havana, que é o antigo palácio presidencial de Fulgencio Batista. A réplica feita para o filme parece muito com o original.

Nas falas do presidente, fica evidente que eles não tolerarão guerrilhas, ainda mais perto dos cassinos. Nesse ponto, todos riem, o que é no mínimo curioso, dado o que ocorre, na noite da virada do ano.

Promessas

Roth afirma que vai dividir os negócios entre os seus amigos, mas Michael não manda o seu dinheiro, os 2 milhões de dólares, já que tinha receio de acontecer algo com os rebeldes.

Michael joga sempre a frente dos seus pares, mas aceita trazer o dinheiro, sabendo que provavelmente vai perdê-lo. Para isso, manda Fredo vir até Havana.

Seu irmão mais velho chega, inseguro, com os milhões na mala ao lado. O homem de preto o cumprimenta e ele vai falar com o chefe da família, já com privacidade restabelecida.

Melancolia

Quando conversa com Michael, Fredo se entrega burramente. É inseguro demais.

Até relembra algo que sua mãe dizia com raiva. A Mama dizia que ele não era seu filho e que foi largado lá, por ciganos, que teriam abandonado ele por ser inútil desde bebê.

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Sua postura é de alguém frágil, cheio de inseguranças e incertezas. Até respostas simples, como a mentira que tenta bancar, de que não conhecia as pessoas que estavam na ilha, fracassam sozinhas, sem esforço de ninguém.

Fredo lamenta que eles tivessem mais momentos como esse. Michael inclusive confia a ele a informação de que será assassinado, no carro militar.

O dinheiro é a garantia de sua vida.

O motivo da discórdia de Roth com Michael

Curioso que Michael fala de Hyman com respeito, o judeu faz o mesmo com ele, trocam gracejos.

Nesse momento é exibido o motivo para Roth ter mágoa com Michael, já que ele conta toda a história da criação de Las Vegas, em Nevada, de um jovem idealista, que o via como pai e que fundou a cidade nova, no deserto, para recepcionar soldados.

A referência era a Moe Green, um dos homens que Michael matou, que aliás, era próximo de Freddy também.

Segundo Hyman, Moe sabia dos perigos que vivia, uma vez que esse era o ramo que eles escolheram, com todas as bençãos e maldições do ofício.

Roth e Vito

Hyman diz que contrabandeava melado junto do pai de Michael, mas as cenas dele jovem ficaram de fora do corte do cinema.

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O jovem Hyman, ao lado de Pete Clemenza, na parte pretérita da história



Ele foi interpretado por John Megna, aparece na versão para televisão, que condensa as partes um e dois da saga.

Exibição

Antes do réveillon, os personagens vão até uma casa de shows, onde Fredo apresenta os poderosos, o senador já conhecido, bem mais sorridente do que antes, também o senador Payton, da Flórida, o Juiz DeMalco de Nova York, o senador Rean de Maryland e Fred Corngold da UTT.

Depois disso, Freddy leva os magnatas a um lugar exótico, onde está o bem dotado, o tal Superman, deixa escapar que foi Johnny Ola que o levou lá.

Sem perceber, condena o amigo - que morre em seguida - e ele mesmo , já que Michael percebe que seu irmão mentiu para ele, por isso, se incriminaria.

Busetta

O homem de preto é silencioso, estrangula Ola e só não mata Hyman pq ele esta cercado de gente, inclusive médicos.

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O senador fala na festa que Eisenhower não vai abandonar Havana, já que há mais de um bilhão de dólares investidos. Michael tenta se aproximar de Fredo, conta o que sabe.

Fredo foge para jamais dizer onde está, enquanto em Nevada, Tom diz que Kay perdeu a criança. Não sabe sequer dizer se era menino ou menina.

O Confronto com Fanucci

A trama de Vito retorna, mostrando o filho doente, no caso, Fredo, em uma rima narrativa dupla, que mostra a questão dos filhos em perigo, já que Michael perdeu o seu e Vito se preocupa com o dele, além de mostrar a fragilidade de Fredo também.

Fanucci o interpela, pede 200 de dólares de cada um no crime que cometeram, ou seja, um terço do que lhes rendeu.

Inspiração de Don Fanucci

O personagem Don Fanucci foi baseado em um gângster e extorsionário siciliano-americano de Nova York do início do século XX chamado Ignazio Lupo, a quem a comunidade ítalo-americana chamava de "Lupo, o Lobo".

Conforme retratado no filme, o primeiro antecessor da Cosa Nostra na América foi a Mão Negra, que não era um método de extorsão perpetrado por criminosos autônomos em comunidades ítalo-americanas nas principais cidades da época.

A casa do bandido

Apesar da riqueza e posição social no bairro, o criminoso mora no mesmo tipo de cortiço que o resto de seus vizinhos. Ele faz isso por várias razões primeiro, ele quer viver entre seus conterrâneos que falam sua língua nativa e compartilham sua cultura.

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Segundo, este é o "seu" bairro, como ele disse ao jovem Vito, precisa morar lá para manter o controle de seus negócios e manter os jovens criminosos em ascensão na linha, o que é curioso, visto que no auge dos Corleone, Vito e seus filhos moravam em Staten Island, longe do bairro conhecido como Little Italy, que era a base dos Corleone, segundo a mitologia do romance de Puzo.

A Cosa Nostra era mais autônoma que a Mão Negra, de fato. Por fim, foi mencionado que o antigo líder da máfia, Salvatore Maranzano, fez de Fanucci seu "homem" naquele bairro, o que jamais é posto à prova, visto que pode ser apenas um boato.

Após o desfecho do arco de Fanucci, fica claro que não houve grande repercussão sobre a sua queda.

Outro interprete

Timothy Carey, que recusou a oferta para interpretar Luca Brasi no original, recebeu a oferta do papel de Don Fanucci neste.

Ele fez um teste na Paramount, diante de Coppola e Martin Scorsese, o ator sacou uma arma de brinquedo, carregada com balas de festim de uma caixa de doces e atirou em Coppola, antes de fingir cometer suicídio.

Os relatos divergem sobre se Coppola imediatamente ofereceu o papel a Carey ou se o ator foi removido pela segurança. Além disso, o ator fez várias exigências monetárias que o fizeram ser preterido.

Molhar o bico

Don Fanucci diz que, para mostrar o devido respeito a ele, Vito e seus amigos deveriam permitir que ele "molhasse um pouco o bico", dando a ele uma parte de seus lucros.

Essa é uma gíria siciliana, que significa "pegar um pedaço da torta", uma expressão usada para indicar as atividades de extorsão cometidas por membros da Máfia.

Vito fala em pagar só 100 dólares, 50 de cada um, banca sua coragem e percebe fraqueza no Don, depois que ele aceita a proposta, sem ameaçar Tessio, Pete ou ele mesmo.

A festa

Na festa de São Genaro, Fanucci bate no rosto de Vito pela audácia, o trata como criança e ofende.

Ele anda pelos telhados, observa tudo, acompanha o homem elegante, que traja branco. Fanucci pega uma laranja, pouco antes de ter seus últimos momentos.

Telhado

Neste filme e em Caminhos Perigosos, Robert De Niro é visto correndo sobre os telhados de Little Italy durante o festival anual Feast of San Rocco.

Pelo alto, se movimenta com leveza, pega um pacote, com uma toalha, igual ao que Clemenza lhe deu para esconder a arma.

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Robert De Niro foi quem sugeriu a ideia de Vito Corleone embrulhar sua arma com uma toalha antes de atirar em Don Fanucci.

No topo do prédio, ocorrem muitos simbolismos, a lâmpada quebrada, a escuridão, a arrogância de Fanucci, que sequer olha para o lado e que não malda que Vito lhe aponta algo mortal.

Também o tiro no peito e no rosto, um de misericórdia na boca, por que fala demais. Ainda quebra a arma, a joga nos canos de chaminé, para ninguém encontrar.

Termina dizendo para o bebê Michael que ele, seu pai, o ama muito.

Cicci no tribunal

Após o início da segunda hora, Michael chega a uma casa vazia, em uma preparação para a averiguação do caso criminoso da Máfia.

Depois Willie Cicci fala que "apertava botões" para a família, diante de senadores, em um julgamento.

Os políticos perguntam se é da Genco ou se e da família Corleone e ele diz que sim.

Quando Francis Ford Coppola decidiu substituir Richard S. Castellano, Cicci foi planejado para ser o único testemunha contra os Corleone antes da criação do personagem Pentangeli.

Nesse ponto, as idas e vindas no tempo são mais frequentes, com Michael se preocupando em perguntar-se como Vito lidava com tudo, com a pressão...logo depois Vito reaparece, com outra postura, agora sem chapéu, com mais óleo no cabelo, com um bigode.

A sra. Colombo (Saveria Mazzola) reclama que seu senhorio, Roberto (Leopoldo Trieste) aumentou o aluguel e quer que ela se livre do cachorro.

Notas fidedignas

O papel-moeda que Vito entrega ao Signor Roberto é historicamente preciso. As notas usadas são notas grandes de dez dólares da Reserva Federal da série 1914.

As notas grandes medem 7-3/8 por 3-1/8 polegadas, em comparação com as notas pequenas, impressas de 1928 até o presente, que medem 6-1/8 por 2-5/8 polegadas.

Aliás, há apenas três tomadas de dinheiro real ao longo deste filme, a cena de Frank e os Rosatos, a segunda é com o senhorio Roberto e a terceira é quando o homem devolve as mesmas seis notas de $ 5.

Acredita-se que isso tenha sido feito para mostrar a natureza secreta e a ênfase privada na família Corleone, ao contrário de outros filmes de máfia que sempre apresentam muitas tomadas de grandes quantias de dinheiro sendo realmente mostradas.

Colombo parente

Embora nunca fique explicito no filme, Anita Colombo é a avó de Sandra Corleone, esposa de Sonny.

Já a cena da loja de azeite emperrando foi armada, para que não abrisse, graças a um prego fosse inserido na fechadura.

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Coppola manteve isso em segredo de Trieste, sua dificuldade em abrir a porta era real e o nervosismo colaborou para a situação ficar mais grave.

O diretor queria filmar Trieste, por ele ser um conhecido comediante italiano. Genco Abbandando abre a porta, com seu interprete Frank Sivero furtivamente puxando o prego para fora, desfazendo assim a pegadinha.

Tribunal

No julgamento, Colombo é citado, também se dá destaque a Questadt (Peter Donat) um dos políticos mais proeminentes, além de Geary.

Os senadores não identificados no comitê foram interpretados por pessoas que eram próximos de Coppola, há William Bowers, Roger Corman, Phil Feldman e o escritor Richard Matheson de Eu Sou A Lenda.

Este foi o primeiro papel de Corman em um filme que ele não dirigiu. Mais tarde, ele apareceu em mais dois filmes (O Silêncio dos Inocentes e Apollo 13, ambas obras de pupilos seus, já que Jonathan Demme e Ron Howard foram produzidos por ele, em iníuco de carreira.

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Michael diz que tem negócios com cassinos, mas não é majoritário ou algo que o valha. Tem ações da IBM e IT and T. Ele lê uma declaração no tribunal.

O acordo de Pentangeli e reencontro com Fredo

Frank aparece, fez um acordo, mas assim que está diante das câmeras, mostra que não está feliz. Não quer aquela proposta, considera que sua vida não vale um centavo mais.

Michael encontra Fredo, quer tentar entender o que Frank Pentangeli faria. O irmão mais velho tenta jogar a responsabilidade de seus atos em terceiros, diz que confiou em Ola, basicamente por que daria algo para Fredo.

Freddy cansou de ser tratado como nada. Reclama que não tinha atenção, que é subestimado, tratado como lixo.

Sua postura é de auto confiança zerada, não consegue nada, até a forma como está com Michael é de vergonha, deitado numa cadeira reclinável, como se não possuísse coluna.

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É tão patético que parece ser mais bicho do que humano.

Michael também não colabora. Só conversa com ele por protocolo e por conta do julgamento.

Tem receio que ele traia a família de novo e que colabore com Frank, mesmo que ele diga que não sabe de nada. Ainda pede que ele sempre avise quando for ver a mãe deles, para evitar se reencontrarem.

Tal qual o primeiro filme, esse não tem um vilão. O antagonista, mais uma vez, é a consciência de Michael, é o seu espírito.

Depois desse ultimato, deixa claro, fala para Al Neri para não tocar nele, enquanto sua mãe estiver viva.

Condenado...

Frank usa farda do exército, para não ser baleado.

No tribunal diz que mora em um quartel, com homens do FBI, mas pouco antes de fechar sua participação, ele muda o seu discurso.

Questadt diz que ele fez um depoimento, uma declaração juramentada, depois de ver uma pessoa, ao lado de Michael.

Tom cita, que é Vincenzo Pentangeli e grita que a comissão deve desculpas a Michael.

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Há uma fala de Robert Duvall ao irmão de Frank em italiano. O que é: "L'onore della famiglia è tutto a posto" ou "A honra da família está salva".

Inspiração

Coppola mencionou que as cenas que retratam o interrogatório do comitê do Senado de Michael e Frank são baseadas nas audiências federais de Joseph Valachi e que Pentangeli é como uma figura de Valachi.

Essa história está registrada no clássico do cinema B, O Segredo da Cosa Nostra, estrelado por Marlon Brando.

Encontros com Kay

Na defesa que o advogado faz de Michael, se afirma que ele ganhou a Cruz da Marinha durante a Segunda Guerra, mas quando ele veste seu uniforme no início de O Poderoso Chefão, sua maior condecoração é a Estrela de Prata, na cena em que ele e sua futura esposa são introduzidos.

Depois disso, Kay Adams quer ir embora. Michael quer acreditar que é depressão pós parto, após o aborto espontâneo. Fala em permitir ou não sair, não percebe que não a ama.

Ele está afundando na própria crise mental que fica cego para eventos óbvios.

Não percebe que ela abortou, que cometeu o único pecado que ele não perdoaria, cumprindo assim um ato pior que uma traição conjugal.

A ideia de ser um aborto por escolha foi de Talia Shire, que achava essa que seria a melhor maneira de machucar Michael.

Para agradecê-la por essa ideia, Coppola (que era irmão de Shire) escreveu na cena em que ela pede em lágrimas a Michael para perdoar Fredo.

Sequência na Sicília

A famigerada Vendetta ganha sua vez, no fim da linha do flashback. Vito e sua família vão para Corleone, retornando a cidade que se tornou nome do clã.

Chegam ao lugar de trem, tratam a mãe de Tommasino como se fosse uma parente, uma avó. Em um primeiro momento, até se pensa que ela era a vó Andolini, mas não, existe ali muita gratidão pelo envolvimento da família com Vito, no início do século XX.

Vito vai até a mansão de Don Ciccio, com Tommasino o mesmo que manda azeite para ele, para a Genco Oil Company.

Mario Cotone era o gerente de produção siciliano do filme, foi escalado como Tommasino devido à sua semelhança com Corrado Gaipa, que interpretou o mesmo personagem já mais velho em O Poderoso Chefão.

Sobre Don Ciccio

No roteiro original, o antagonista siciliano era chamado Don Francesco. "Ciccio" é um apelido siciliano para Francesco. Ele ainda é listado como Don Francesco nos créditos finais.

Quando chega o momento de sua reaparição, ele Ciccio está muito velho, já não enxerga direito, não ouve bem, dorme muito, na parte externa da mesma mansão onde a mãe de Vito morreu.

Vito se apresenta, assume ser filho de Antonio Andolini, depois passa a faca no bucho do senhor, em uma sequência lenta e muito agressiva.

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Essa é uma das cenas mais simples e mais efetivas de todo o filme, especialmente no que tange o gore. De Niro passa lentamente a lâmina pela pança do senhor, causando dor naquele que já é um senhor de muita idade. 

É cruel e ironicamente justo, mas essa vingança não ocorre sem efeitos colaterais. Tommasino leva tiros, quase na saída, um disparo de um capanga, que acerta o seu pé.

Despedida da Mama:

Enfim a Mama Corleone se vai. No velório, Michael não olha para Fredo e nem fica no mesmo ambiente que ele, ao menos não no início da cerimônia.

Só então Connie vai ate ele, fazer um pedido, na tal cena improvisada, que Coppola separou para a irmã.

Curioso que também é no final do filme, como foi no primeiro capítulo, ela mais uma vez está emocionada.

Pede a ele que perdoe o irmão de sangue que resta e dado o destino do pobre Fredo, mais uma vez Michael nega o que ela pede, embora sinalize o inverso.

Italia Coppola

As cenas da Mama Corleone no caixão tem duas interpretes. Morgana King só apareceu no caixão para a tomada onde seu rosto é claramente visível.

Em todas as outras tomadas, ela é feita pela mãe do diretor, Italia Coppola, já que ela King inicialmente se recusou a estar dentro do caixão.

Reconciliados

Michael aceita retomar uma relação com seu irmão, quando abraça Fredo, sobe a bela música de Nino Rota, com acordes levemente diferenciados.

Al Neri observa tudo. Chega a ficar ruborizado, fosse um pouco mais sensível, até choraria.

Não demora até que os dois se encontram, já que Fredo planejava pescar com Anthony, o mesmo menino que tinha um problema e que Kay queria contar, mas Michael negava - essa trama é alvo de diversas teorias, a mais aceita é que ele estava deprimido.

Enquanto isso, Tom ouve que Hoth está em fase terminal, tem mais seis meses de vida. Também avisa que Israel tirou seu visto, que ele tentou morar em Buenos Aires, tentaria o Panamá...tentaria qualquer lugar que aceitasse ele.

Nesse ponto, Michael está insensível, é passivo agressivo com o irmão adotivo e indaga por que ele não o avisou da proposta de ser vice-presidente dos hotéis Houstan, em Vegas.

A amante de Tom

Tom se sente agredido. Talvez Michael faça isso só pela dor do luto. De qualquer forma, nos rascunhos, havia uma outra trama para o advogado.

Em uma versão do script, Tom Hagen teria um caso com Sandra (Julie Gregg) a viúva de Sonny Corleone. Isso foi descartado, mas a fala em que Michael Corleone diz a Hagen que ele pode levar sua "esposa, filhos e amante para Las Vegas" foi mantida.

Além disso, a cena em que os dois estão no mesmo recinto, é filmada de uma forma que ambos parecem envergonhados. Essa foi excluída da versão de cinema, mas pode ser vista no compilado para tv.

O peixe, a Ave Maria e os três óbitos:

Nos últimos instantes, Fredo diz a Anthony que sempre que vai pescar, reza Ave Maria, para conseguir fisgar algum peixe.

Como há a desculpa de que o filho de Michael iria para Reno, acaba que Freddy encomenda a sua alma, fazendo a sua oração antes de ser executado pelo homem de confiança de Michael.

Dessa vez, não há batismo, mas há três encomendas de falecimento.

Frank e o fim

Tom encomenda a de Frank, indo a prisão, recomendar um causo ligado aos romanos, ele diz que quando havia uma conspiração contra os imperadores, era comum que os pobres se matassem, para preservar as posses de suas famílias.

Iam para uma banheira quente, cortavam os pulsos e sangravam até morrer. Às vezes, faziam até uma festa, antes, fato que conversa com todo o circo jurídico que Pentangeli viveu, antes de desistir da delação.

Kay e a morte para a família

Uma das mortes desse trio de óbitos é simbólica, de Kay, quando Michael fecha a porta para ela, na visita que Connie encobriu, que ocorre depois que ela assumiu que abortou o terceiro filho do casal.

Cronologicamente, essa é a primeira das mortes e curiosamente, essa é uma cena mais calada, bem menos espirituosa do que foi a briga do casal anteriormente mostrada, a até então última interação deles, que resultou até em um tapa de Michael nela.

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Toda a emoção foi gasta naquele momento triste e patético, nesse, resta apenas o desprezo. Michael não reage, só a ignora, fecha a porta.

Coppola e Puzo investem emoção e sobriedade, mostrando os três atos concomitantemente, de maneira paciente.

Sobre matar Fredo

Mario Puzo e Francis Ford Coppola discordaram sobre se Michael deveria mandar matar Fredo. O escritor só concordou com a condição de que Michael esperasse até que sua mãe morresse. Isso se tornou um elemento na trama, inclusive.

O Poderoso Chefão Parte II: A decadência moral de um herói que se aprofunda na própria falência

O Destino de Roth

Hyman Roth é baleado por Rocco, depois que dá entrevista para imprensa, ainda no aeroporto.

Lampone morre em seguida, contando assim a terceira morte física nesse final, justo do homem que falhou em proteger o seio familiar de Michael, lá no início do segundo capítulo.

O assassinato de Hyman lembra muito o de Lee Harvey Oswald por Jack Ruby, o matador de JFK. Coincidenemente, Danny Aiellointerpretou Jack Ruby em Caso Kennedy, uma Conspiração.

Já Frank se suicida e é encontrado pelos homens do FBI, sangrando, depois Al atira em Fredo, off screen.

Willis filma Michael abaixando a cabeça, depois desses três fins, embora sua vergonha seja por assassinar o fraterno, claro.

Epilogo

Os instantes finais se passavam na fase presente, mas depois do trio de mortes, Coppola retorna ao passado, mostrando um epílogo, onde Marlon Brando deveria retornar como Don Vito.

Nele, todos os personagens importantes aparecem, até os fantasmas.

Estão Connie, Tom e Michael, mas também o recém-falecido Fredo, o Caporegime Tessio, feito novamente por Abe Vigoda, Sonny de James Caan, além de Carlo Rizzi, de Gianni Russo.

A reunião é para celebrar o aniversário do pai deles. Tessio veio com o bolo e Michael acaba de afirmar seu segredo, de que iria para a guerra, justo quando o ataque a Pearl Harbor ocorre. Santino até brincou que os japoneses foram corajosos, atacando o Havaí no aniversário do Padrinho.

Cache de Caan

Para interpretar Santino nessa cena James Caan pediu que lhe pagassem a mesma quantia de dinheiro entregue a si pelo primeiro filme e como houve um aumento de orçamento, ele conseguiu seu desejo.

Aqui há rimas visuais, como Santino brincando com Fredo de brigar, tal qual faziam quando crianças, na Sicília, mas uma briga real quase ocorre quando Michael assume que se alistou.

As filhas de Sonny dizem que o pai está brigando de novo, já que Sonny ameaça bater em Michael.

Tom explica que eles tinham planos para ele, que deveria ter consultado a família...isso faz perguntar se Michael, frio e calculista que é, guardou essas palavras, transformando em rancor.

Possivelmente, sim.

Segundo Sonny, ele teria magoado seu pai, justo em seu aniversário, ainda disse que o velho tinha planos para si. Termina a cena sozinho, como também no final da sua vida em Nevada. Ele é triste, solitário, essa é a sua sina.

A ausência

Marlon Brando estava programado para retornar para uma ponta no flashback, mas, por causa da forma como a Paramount Pictures o tratou durante O Poderoso Chefão, ele não apareceu para as filmagens no dia em que a cena foi rodada.

Ao menos, essa foi uma das desculpas alegadas. Coppola reescreveu a cena sem Vito, e ela foi filmada no dia seguinte, sendo ainda melhor.

Em 1968

De acordo com o roteiro, a última cena do filme centrada em Michael Corleone enquanto ele olha para o lago, ocorre em 1968. Isso explica as rugas adicionais de Al Pacino e a linha do cabelo ligeiramente recuada e grisalha.

É sabido que haveria uma cena maior, que resultaria em uma conversa com seu filho, Anthony Corleone, que declara que não seguirá os passos de pai.

Não há registros, cenas excluídas, ou algo que o valha, se especula que isso seja resultado do que Kay queria avisar ao então marido durante todo o filme, mas a realidade é que isso faz pouco sentido.

Don Vito não queria que Michael fosse bandido, ao contrário, achava que poderia ser um grande figurão. Mesmo no terceiro filme, Michael não escolheu alguém da sua linhagem direta, mas sim um sobrinho bastardo, o filho de Lucy Mancini, para suceder, ainda brigou com a filha, que se envolvia com esse primo.

Provavelmente, Coppola mesmo notou que seria uma ideia ruim esse trecho e por isso, abriu mão do momento.

Nessa sequência, Anthony seria interpretado por um ator de cerca de dezoito anos, segundo consta a cena foi filmada pela metade, mas a equipe "perdeu a luz" antes de encerrar o dia e não conseguiu retornar para completar a cena.

Parte desse plot foi reaproveitado em O Poderoso Chefão Parte III, incluindo uma cena em que Connie lamentaria que Fredo morreu afogado.

Sobre a reflexão final

Esse é um capítulo forte, de um épico que mostra o declínio da América rumo a depressão, mostrando as consequências mais sujas da busca desenfreada por dinheiro, que perverte até os parâmetros familiares.

Dada a qualidade dramática, é natural que hajam fãs que consideram esse O Poderoso Chefão Parte II superior ao primeiro, já que há personagens fortes, a ascensão de Michael e Pacino à ribalta de seus universos, ao passo que entrelaça os movimentos de ópera há desdobramentos políticos e históricos, bastante acertados na sua forma de contar o drama.

1 comment

  1. Amparo Marquardt 13 novembro, 2025 at 00:08 Responder

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