
Terror Train 2 é um filme de terror slasher. Lançado em 2022, é uma coprodução entre Estados Unidos e Canadá, que é lembrado por ser um original TUBI.
Filme de Phillipe Gagnon a obra se vale de vários chavões do cinema de horror popular, dos já citados Filmes de Matança, além de resgatar um pouco do espírito dos Carnuxploitation, que são os filmes de terror do Canadá.
Sequência direta de Terror Train, esse acaba sendo também uma refilmagem de O Trem do Terror, o slasher que Jamie Lee Curtis protagonizou em 1980.
Tal qual o filme citado, esse se passa na época do final de ano, mirando o feriado da virada, ou réveillon, enquanto Terror Train se passava no feriado de dia das bruxas, fato que justifica o fato das pessoas utilizarem máscaras e fantasias, que ajudavam a disfarçar o seu vilão matador.
Repetição de cenário
Outra vez a história se passa em um trem, a partir da experiência de vários dos sobreviventes do filme anterior, que fazem uma viagem temática, no mesmo veículo inclusive.
A ideia central é explorar a tragédia, fato que poderia ser encarado até como uma crítica social, embora aqui seja suavizada, graças a falta de qualidade do roteiro.
Há personagens que também tentam usar isso como uma forma de exorcizar demônios, de matar traumas e de superar o receio de viver, ao menos da parte dos que presenciaram os assassinatos e que acabam de novo no mesmo local.
Equipe criativa
Dirigido por Philippe Gagnon, o resto da equipe técnica é muito parecida com a do primeiro longa, já que ambos foram filmados juntos.
O roteiro é de Ian Carpenter e Aaron Martin, são produtores Kaleigh Kavanagh e Graham Ludlow . Esse último também é produtor executivo, ao lado de Brook Peters e Shari Segal.
Estreia e nomenclatura:
A estreia dele foi no dia 31 de dezembro de 2022, em exibições on-line.
A obra não varia muito de nome, sendo conhecido como Terror Train 2 em inglês ou Le train de la terreur 2 em francês, lembrando claro que o Canadá tem os dois idiomas falados em seu território.

As gravações ocorreram entre 28 de março até 22 de abril de 2022 e foi filmado em Montréal, Quebec, no Canadá.
O filme foi feito pelo estúdio Incendo Productions, sendo distribuído pela Incendo Media no Canadá e pela Tubi TV nos Estados Unidos.
Quem fez:
Gagnon dirigiu muita coisa para tv. Fez os telefilmes Numa Noite de Horror, Segredos e Verdades, Popular e Perigosa, Mistérios na Rádio, Sequestro e The Secret Sauce, também conduziu Terror Train.
Ian Carpenter escreveu Terror Train, Marry F*** Kill e também fez 13 episódios de Slasher.
Martin escreveu episódios para Saving Hope, Agentes Espaciais, Outra Vida, Merry F*** Kill, além de ter escrito 29 episódios de Slasher.
Kaleigh Kavanagh produziu Terror Train, foi produtor executivo de The Amityville Curse e produtor associado em Jogos Mortais VI e Jogos Mortais: O Final, O Preço da Ajuda e Entre Quatro Paredes.
Graham Ludlow produziu Terror Train 2, Marry F*** Kill e The Amityville Curse, foi produtor executivo em Os Condenados, participou das equipes de produção em A História Sem Fim 2, Busca Mortal, Face a Face Com o Inimigo e A História Sem Fim III.
Narrativa
A história acompanha a rotina de uma das sobreviventes do massacre, Alana (Robyn Alomar), protagonista da obra anterior. Ela é uma versão renovada da personagem de Jamie Lee Curtis, agora com uma identidade reformulada e com tempero identitário, já que é uma mulher preta.
Durante um teste médico, ao cortar um cadáver, Alana tem uma alucinação e imagina sua melhor amiga, Mitchy (Emma Ella Paterson) que foi uma das vítimas do primeiro filme. Essas aparições tornam-se cada vez mais frequentes.
Alana faz o papel de mulher traumatizada, repetindo, de certa forma, a versão de 2018 de Laurie Strode, no Halloween de David Gordon Green, claro, sem a idade avançada da personagem de Curtis.

Mostrar personagens traumatizados é um grande clichê do movimento chamado de pós-horror, o mesmo que é tão duramente criticado por ser inócuo e mal concebido, coincidindo essa classificação também com o drama desse Terror Train 2.
Depois de provocar um susto em todos ao desaparecer por um tempo, Alana reaparece em casa, lamentando o surto, ao lado de sua nova amiga, Claudia (Nia Roam). Claudia é extremamente compreensiva, mas tem a péssima ideia de comprar ingressos para uma festa de Ano Novo chamada Terror Train, assim como no primeiro filme.
O objetivo dela (assumidamente) é chocar a amiga com a festividade, esperando que essa experiência transforme o medo de Alana em reação. A ideia é que ela recupere o foco a tempo de se preparar para seus testes finais, já que corre o risco de ser reprovada e perder sua bolsa de estudos.
Depois dos créditos, fica claro que essa foi uma ideia do antigo líder de classe, nomeado curiosamente como The Prez, de Dakota Jamal Wellman.
Ele é apresentado ao lado de outro personagem, chamado The Wil (Daniel Gravelle) rapaz esse que é da família fundadora da irmandade, os Kavenlov.
Além do nome com artigo destacado, chama a atenção que ele lembra demais uma versão mais barata e menos talentosa de Timothée Chalamet.
Quem comanda os passageiros do trem é XNDR (Ess Hödlmoser) um personagem estereotipado, que se aproxima da condição de "bicha má". Segue estranha a tradição de colocar nomes sem sentido, com siglas ou artigos na alcunha.
A ideia do script parece mirar uma conexão com a geração Z, usando nicknames genéricos para nomear suas novas figuras.
Entre os antigos elementos, se resgata também Sadie (Nadine Bhabha) a antiga auxiliar de maquinista do primeiro filme.
Ela também estará a bordo, se mostrando ainda muito sentida com tudo que ocorreu no primeiro filme.
Uma ideia de festa inoportuna
Sadie teme que a assassina do primeiro filme retorne, enquanto as pessoas que organizaram a festa e refizeram o trem dão de ombros.
Os carros e vagões tiveram uma mão de tinta a mais, para "descaracterizar" o veículo se comparado ao longa anterior, embora mal dê para notar qualquer diferença.
Além disso, foi colocado uma equipe de segurança à bordo, para evitar uma possível repetição da tragédia. Ainda assim Sadie acha que tudo aquilo não seria capaz de parar Carne, que era a assassina da obra antiga.
Como houve uma sugestão de que a vilã estava viva na cena pós-crédito, o receio não era à toa.
A noite de festas reúne muitas pessoas que estiveram na fatídica noite de terror anterior, incluindo o mágico interpretado por Tim Rozan e vários adolescentes com os hormônios à flor da pele, especialmente a sedutora Pet (Romy Weltman) cujo nome é bastante sugestivo.

Até se brinca com a morte da primeira vítima de Terror Train mostrando o "Chalamet genérico" no lado de fora do trem, mas ele não morre ali e sim dentro de um dos vagões, justamente para um assassino que usa uma máscara de palhaço maligno, a mesma que estampou a capa e pôster do episódio anterior da franquia.
O desespero da protagonista
Alana fica desesperada a bordo. O desempenho de Robyn Alomar não é ruim, sendo até digno de elogios, ainda mais em comparação com os outros personagens.
Os rapazes e meninas que aparecem aqui parecem ser movidos apenas por seus impulsos sexuais e primitivos, sem qualquer profundidade ou dramaticidade além dessa condição.
A situação piora ainda mais quando uma garota surge vestida com a fantasia de Carne, a antiga maquinista e assassina anterior. Além do mal gosto geral, inconveniência e insensibilidade, a moça ainda está armada.

Novos personagens, igualmente chatos
Terror Train é baseado em um filme que já não é um grande clássico, com fama absurda. Entre os fãs de obras de horror, muitos consideram O Trem do Terror algo derivativo e genérico. Nesse ponto, o remake não é muito diferente, sendo até piorado em muitos aspectos, com personagens chatos e insuportáveis em sua maioria.
Entre eles, está Pet, uma garota extremamente vaidosa, preocupada com sua imagem e com a forma como se apresenta nas redes sociais. Ela é insuportável, fútil e vazia. Ainda assim, acusa Alana de ser egocêntrica, dizendo que ela acha que tudo gira em torno dela.
O estranho é que esse discurso casaria perfeitamente com uma classificação a Pet.
O aplicativo
Durante o filme, os personagens utilizam um aplicativo que é difícil de entender sua razão de ser. Ele explora o tema de mortes macabras e simula o possível fim de seus usuários, embora na prática não cause qualquer malefício, fora o culto ao macabro.
Esse se chama Murder Mania. A medida que ocorrem tragédias, o mesmo atualiza o usuário a respeito de casos de ataques psicopatas.
Há uma crítica social?
Fica a dúvida de qual era a intenção do roteiro.
Seria essa uma crítica ao volume de novos aplicativos que chegam para a juventude todos os dias? O Murder Mania seria um apetrecho que deveria ser usado apenas por psicopatas, "doidinhos de bairro" ou por fanáticos por true crime? A ideia é igualar pessoas ávidas por true crime como insanas?
São todas possibilidades válidas, que não são respondidas de modo algum, já que o filme não se propõe a desenvolver tais questões.
Pet ainda diz que a origem do app se deve a um grupo cujos autores são desconhecidos. Até os compara com o QAnoun ou Anonymous, embora não pareça haver nele qualquer motivação política minimamente desenvolvida ou desenrolada.
Outra problemática do longa é que se torna impossível não sentir ódio dos personagens, sejam os antigos ou os novos, como Pet e sua "sidekick", Lucie (Lisa Truong). No meio do show de mágica, Lucie chega a perguntar ao ilusionista como ele sobreviveu a oito facadas.
A reação do homem é emotiva e nervosa, obviamente. Ele é a única pessoa realmente digna de torcida positiva, ainda que haja alguma simpatia natural por Alana também, que ganha pontos por ter mais tempo de tela.
Claudia e o App
O mágico descobre que Claudia é moderadora do site Murder Mania. Ele obtém essa informação ao invadir sua privacidade, forçando a senha de desbloqueio, que, ironicamente, é o nome da amiga. Ela realmente parece obcecada com Alana.
Ela não apenas assume ser moderadora, mas também revela que foi a criadora do site — o mesmo que várias vítimas acessaram antes de serem mortas. Ou seja, além de usar seu enredo para criticar os fãs de true crime, o filme também aborda a rotina de quem vive cronicamente on-line, distraído pelo excesso de tempo diante do "uso de telas", que é uma questão cada vez mais discutida, até em educação parental.
Pouco gore
Em matéria de violência, esse filme perde até para o primeiro episódio dessa encarnação.
As mortes são pouco gráficas, exceção feita a uma ou outra quando o final se aproxima.
Como essa é uma obra feita para streaming, preocupações com classificação indicativa não deveriam ser um grande problema, já que não se cobra ingresso para uma produção feita para vídeo.
A tentativa de Claudia de se desbaratar
Claudia tenta se explicar, mas se embanana toda. Responde rapidamente, contra-atacando o ilusionista usando um machado.
Uma vez que ela é encarada como a culpada, Pet é mais rápida, acertando a menina com um arpão.
Não demora para que a personagem vá até o hall onde estão os outros passageiros, para tentar se vangloriar, tirar onda por ter matado Claudia, mas ninguém ali compra a sua versão, nem mesmo sua auxiliar, Lucie, que é demitida justamente por duvidar dela.
Dificuldade para finalizar
O filme não sabe encerrar seu arco dramático, usa toda a sua força e energia para tentar dar mais um plot twist.
Ele desperdiça as boas ideias e o pânico que Alana tem, como também desdenha da relação do ilusionista com a protagonista, que se tornou algo a mais, com ideais de cumplicidade, mas que não se cumpre.
Pet ainda ataca o mágico, cerca ele, não permitindo que ele conte a Alana o que sabe, mas magicamente a heroína encontra no telefone de Claudia, onde está uma gravação onde aparece o reflexo de Pat na faca que matou Merry.
Desfechos semelhantes
A solução de Terror Train 2 é quase a mesma empregada no primeiro filme, inclusive permitindo que a matadora esfaqueasse o ilusionista.
Todos os golpes de faca são ridículos, exceção feita ao último, que é caprichado, passando a lâmina pelo peito e desce até chegar ao tronco.
Terror Train 2 não ousa nada em comparação com o outro filme, ao contrário, segue a mesma toada e espírito e caráter desse último. Ele tenta apelar para mudanças pontuais na trama, mas não convence, acaba sempre apontando para a obra de 1980, que foi fragmentada em duas partes desnecessariamente, já que poderia ser condensada perfeitamente em uma história com dois atos.