Terrifier 3: O ataque de Art o Palhaço na data do natal

Terrifier 3: O ataque de Art o Palhaço na data do natal

Terrifier 3 é um filme de horror de temática natalina que coloca mais uma vez no centro do seu "picadeiro" o palhaço assassino Art, em mais uma desventura repleta de gore, ultra violência, com um leve avanço na mitologia estabelecida nos filmes anteriores.

Lançamento de 2024, segue mais uma vez sendo escrito, dirigido e montado pelo criador do personagem (e da franquia) o especialista em efeitos especiais Damien Leone. Já o palhaço Art é outra vez feito pelo genial ator e stunt David Howard Thornton.

Mais uma vez a ação segue a trajetória de Art, o Palhaço, que aparentemente, estava morto após os eventos de Terrifier 2, mas conforme foi mostrado nos instantes finais do longa de 2022, ele retorna, basicamente para pintar de vermelho sangue o feriado que comemora o nascimento do menino Jesus.

O papai noel pervertido

O matador toma para si o papel de São Nicolau, o Papai Noel, assustando assim os moradores do Condado de Miles, atacando também o entorno da final girl Siena Miller, mais uma vez interpretada por Lauren LaVera.

Junto a ela também retornam alguns personagens clássicos, gente que permeou o segundo filme e até Terrifier.

O longa tem como produtor Phil Falcone ,o antigo assistente de efeitos especiais do realizador.

São produtores executivos Lisa Falcone, Matthew Helderman, G. Brandon Hill, Yolanda Macias, Brad Miska, Erick Opeka, Priscilla Ross Smith e Luke Taylor.

Inspiração

Em entrevistas, Leone afirmou que se inspirou a fazer desse um filme de natal graças a Contos do Além, filme de 1972 que foi uma das primeiras adaptações de Tales From Crypt, ou Contos da Cripta.

Houveram duas versões, a primeira, no longa-metragem e a outra, na série, que se iniciou em 1989.

Nas duas versões foi apresentada uma história sobre um paciente doente mental vestido de Papai Noel, que comete uma matança.

Ela se chama And All Through The House . Na versão de cinema, é conduzido por Freddie Francis, já o episódio é de Robert Zemeckis (A Morte lhe Cai Bem) com roteiro e Fred Dekker (roteirista de A Casa do Espanto, A Noite dos Arrepios e Deu a Louca nos Monstros) e Steven Dodd.

Terrifier 3: O ataque de Art o Palhaço na data do natal
Cena do seriado Contos da Cripta

As expectativas com o terceiro filme

Essa era uma das obras mais esperadas do ano de 2024, curiosamente, essa foi uma obra que apresentou um desafio temporal ao cineasta.

Em entrevistas, Damien Leone afirmou que demorou 6 anos para fazer Terrifier 2, já que ele e Phil Falcone estavam fazendo todos os trabalhos de produção e subestimaram o quão ambicioso seria concluir o segundo episódio, que obviamente aumentou bastante o escopo, além de ter ficado bem maior, com duração em torno de 140 minutos.

Em Terrifier 3 Damien enfrentou um novo desafio de escrever e concluir a produção em um único ano para cumprir a data de lançamento.

Estreia

A produção mal chegou a tempo para sua estreia em setembro no Fantastic Fest.

A exibição ocorreu em 19 de setembro de 2024 no Fantastic Fest e no Sitges Film Festival da Catalunha, em outubro. Nesse mês chegou também na França, na Austrália, Croácia e nos cinemas comerciais dos EUA,

Na Argentina e Brasil chegou em 31 de outubro de 2024.

O título original é Terrifier 3. No Brasil tem o nome alternativo Aterrorizante 3. Na Argentina, México, Peru é Terrifier 3: Payaso Siniestro, na Hungria é Bohócrém karácsonya, na Lituânia é Keliantis siaubą 3.

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Envolvimento de outros estúdios

O diretor Damien Leone relatou que estava em negociações com estúdios grandes de Hollywood.

Algumas companhias demonstraram interesse em financiar o filme, mas o realizador afirmou que todos desistiram depois de ler as primeiras cinco páginas do script.

Isso parece apenas uma lenda urbana, um chiste, um exagero que mira gerar publicidade, fica bem evidente que essa foi uma jogada de marketing, mas pode de fato ter ocorrido.

Evasão de salas de cinema

Duas fontes de distribuição observaram que a DreamWorks Animation e a The Wild Robot (da Universal) notaram um aumento notável de bilheteria adolescente de seus filmes.

Na primeira exibição oficial do filme, foi dito que tiveram 9 desistências confirmadas ao final da cena de abertura, segundo o veículo LAD Bible.

Se especulou que adolescentes e jovens compraram ingressos para esses filmes e depois entraram sorrateiramente em Terrifier 3, cuja classificação proibia menores de idade.

Os estúdios por trás do longa foram a Bloody Disgusting, Dark Age Cinema, Fuzz on the Lens Productions e The Covenque também foi a representante de vendas pelo mundo inteiro.

A distribuição ficou com a Cineverse Entertainment e com Iconic Events Releasing nos Estados Unidos. No Brasil, a Diamond Films fez.

Quem fez:

Leone dirigiu The 9th Circle, o curta Terrifier, Terrifier O Início (All Hallows' Eve) Frankenstein VS. A Múmia, Terrifier, Terrifier 2 e esse.

Ele trabalhou no setor de efeitos especiais em obra como Laugh Killer Laugh, Joe's War e Stream, além de ter feito maquiagem em Assassino das Sombras, O Dia da Múmia e no já citado Frankenstein VS. A Múmia.

Também trabalhou no curta Eggs and Soldiers, Blood Before Pride: Stress / Cletus from Brooklyn (que é um FanFilm) e Killer Among Us.

Terrifier 3: O ataque de Art o Palhaço na data do natal

Phil Falcone foi produtor em Joe's War (que ele também dirigiu) foi coprodutor em Stream, produtor executivo no video musical Ice Nine Kills: A Work of Art e foi assistente de efeitos especiais em Terrifier e Terrifier 2.

Equipe maior

O diretor afirmou em entrevistas que, dependendo do dia, o seu staff consistia de apenas 5 a 10 pessoas, com gente em todas as funções e posições possíveis.

Isso não acontecia nos outros dois longas-metragens. Nesse terceiro filme, havia pessoas no set sempre, incluindo aí todo um departamentos de equipe dedicados a efeitos práticos.

Entre esses, havia o lendário maquiador John Caglione Jr, famoso por trabalhar na maquiagem do Coringa de Heath Ledger em Cavaleiro das Trevas. Caglione disse a Damien que era fã de Terrifier 1 e 2 e se ofereceu para trabalhar no filme, o diretor aceitou rapidamente.

Esse aliás é o primeiro filme da série que não traz maquiagem especial FX feita por Leone, o supervisor de VFX foi Lincoln Smith, profissional lembrado por Stream e Succubus.

Além disso, há participação de magos dos efeitos visuais, como Tom Savini que tem uma ponta aqui (mas obviamente não trabalha em efeitos, já que há tempos só atua ou produz filmes) além dos grupos Tinsley Studio e Callosum Studios com Jason Baker.

Muito sangue artificial

Em uma entrevista ao NY Post, Christian Tinsley e Jason Baker disseram que usaram 55 galões de sangue no filme, com 20 galões sendo usados ​​apenas para a infame cena do chuveiro, que foi a última a ser filmada.

O uso foi tão constante que houve o cúmulo de a produção ter ficado sem sangue durante as filmagens e teve que ir às lojas locais em busca de suprimentos para fazer mais.

Classificação

Esse foi o primeiro filme de terror desde Jogos Mortais III (2006) a receber a classificação "18" na França, equivalente a NC-17 nos EUA , que é o estágio onde nenhum espectador com menos de 18 anos é admitido.

Esse é o segundo filme sem classificação da MPA a estrear em primeiro lugar nas bilheterias nacionais no século. O primeiro foi Renaissance: A Film by Beyoncé de 2023.

Duração

A distribuidora Cineverse fez um pedido ao diretor, que tinha a haver com o tamanho de exibição. O estúdio havia pedido para que o filme tivesse menos de duas horas de duração.

Segundo Leone, que também foi o editor, ele simplesmente arrancou páginas durante as filmagens para tornar o filme mais curto, percebendo que seria muito longo e não teria tempo para filmar tantos momentos.

O final seria consideravelmente mais longo, mas optaram por cortar até ele, reduzindo o ato.

Ainda assim o longa-metragem acabou com 2 horas e 5 minutos, com aproximadamente vinte minutos a menos que Terrifier 2.

Narrativa

A trama começa em uma casa decorada, repleta de luzes picantes, do lado de fora neve, muita decoração natalina, uma família, pai Mark, interpretado por Alex Ross, a mãe Jen, que é feita por Krsy Fox e a pequena Jules, de Luciana Vandette.

A menina ouviu alguém no telhado e sua mãe acha que ela teve um pesadelo, por comer açúcar demais. Não fica claro se é uma piada ou não, no entanto, ela avisa para que a garota não acorde o seu irmão.

Jen não deixa o marido dormir, fica chamando ele, que obviamente ignora. Já a pequena Jules deixa o irmão caçula Timmy (Kellen Raffaelo) dormir, após também tentar despertar ele, sacudindo-o para descer e ver o Papai Noel chegando.

Jules desce, vê alguém de costas, vestido de Papai Noel.

Seria Art? Evidente que sim.

Métodos violentos e silenciosos

O palhaço sobe, acaba não vendo a menina e a medida que anda, vai trucidando as pessoas com um machado.

Ele é agressivo, claro e quieto, mas acaba sendo quieto o suficiente para matar e não alertar os outros, nisso, parece referenciar o caso dos DeFeo, na chacina de Amityville, conforme visto em Amityville An Origin Story.

Art: o designer de interiores

Art redecora a casa com os pedaços dos antigos moradores.

Mata sem dó, em silêncio e tranquilidade, é particularmente cruel com a mãe da família, muito, muito violento e explícito, mas depois de comer os doces, lava os pratos e pouco antes de sair, encontra a menininha.

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5 anos antes...

Em um retorno ao passado, é mostrado um policial que chega na cena de crime e é atacado pelo corpo decapitado de Art, depois ele pega o metrô e coloca a cabeça do pretão no seu pescoço.

Vai até onde estava Victoria Heyes, a Vicky, personagem perturbada e deformada de Samantha Scaffidi, a mesma que pariu a cabeça de Art na cena final de Terrifier 2.

O longa não tem muita preocupação em explicar absolutamente tudo sobre a mitologia anteriormente mostrado. Leone confia que o seu público entenderia isso, já que aparentemente haveria um apego cronológico por parte dos fãs e espectadores.

O gore absurdo

A violência apresentada é pornográfica. É tudo agressivamente bizarro em tela, mas a exposição de sangue e violência não anula a possibilidade de também ter mortes fora de tela, como do imitador de Art, que se fantasiou de palhaço para o dia das bruxas e acaba selando o seu destino, depois de interagir com o casal que Art e Vicky fizeram, no metrô.

A câmera passeia pelo cenário e covil do palhaço, um lugar sujo, muita coisa abandonada, Vicky se afeiçoa aos ratos que ali habitam, depois grita consigo mesma ao se ver no espelho.

Aqui deixamos um alerta, não só sobre spoilers, mas também sobre o conteúdo violento e descrição de atos violentos.

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Vicky faz todo uma movimentação que mira a não existência, em atos que podem ser encarados como suicid@s. Pratica auto flagelo, mas não parece sentir culpa, remorso ou algo que o valha.

Com os cacos do espelho, ela corta os braços e os pulsos, dentro da banheira, sem alarde.

Só se despede da vida, teoricamente, sem resistência. Dada a entropia, não seria absurdo pensar que ela seguiu viva.

As lentes especiais

Esse foi o primeiro filme Terrifier a ser filmado em lentes anamórficas (2,39:1) fato que permite uma visão ainda mais detalhada do potente design de produção e direção de arte.

Sabendo que Damien Leone sempre gostou de investir em efeitos especiais práticos, o uso dessas lentes valoriza todo o trabalho de design de produção e direção de arte, além dos props e protéticos.

A rotina de Siena

Com pouco mais de vinte minutos, a personagem de LaVera é mostrada, morando com uma parcela da família dela que não havia sido mostrada até então, em Terrifier 2.

Ela reside na casa do seu casal de filhos, o tio Greg (Bryce Johnson) que é o esposo da tia Jess (Margaret Anne Florence). Sienna é mais próxima da filha deles, a pequena Gabbie (Antonella Rose). No entanto, os momentos mais chamativos são as suas lembranças com seu pai, Michael Shaw, interpretado por Jason Patric (o protagonista de Garotos Perdidos) que é desenhista e fazia o quadrinho Blaster Man.

Ela pequena é interpretada pela atriz mirim Luciana Elisa Quinonez.

No covil do vilão

No lar do palhaço, chegam dois homens uniformizados, Dennis (Jon Abrahams) e Jackson (Michael Genet) pessoas essas de funções confusas, não fica claro se são fiscais ou policiais.

Eles encontram Vicky e Art, parados, estáticos, como se estivessem hibernando.

O palhaço inclusive fica parado, em uma cadeira de balanço, imitando a pose famosa do pôster de Black Christmas: A Noite do Terror.

Os dois parecem estar tão inativos que eles mexem, só para despertar ambos, sendo brutalmente mortos.

Fica claro que ambos são capazes de sobreviver a tudo, até a dor auto impingida, Seria preciso algo sagrado para feri-los. Até a forma de sentir prazer é peculiar, como na cena em que Vicky usa um pedaço de espelho para se estimular sexualmente, tanto que até sangra.

Apego a cronologia

Como dito antes, diferente de boa parte dos slashers modernos, esse mostra ser necessário rever os filmes para entender a completude da história, até por ter mitologia. Várias sequências podem ser vista de forma isolada, esse não.

É preciso ver ou rever o segundo filme para lembrar alguns eventos, como o fantasma gore de uma das vítimas, que pede para Siena passar o arroz no meio da ceia.

Há como entender a trama, mas compreender tudo, todo o drama, só entendendo o que aconteceu com ela antes. No entanto, a parte enfadonha do filme é justamente quando desenvolve esse drama humano.

O núcleo da faculdade

O outro sobrevivente do segundo filme, Jonathan (Elliott Fullam) é mostrado na universidade.

Como nos Estados Unidos as faculdades são quase todas pagas, fica a dúvida se a família tinha reservas financeiras, para financiar esse tempo. Talvez ele tenha uma bolsa de estudos, embora seja pouco provável, já que ele não era alguém atlético, ao contrário, era um nerd, CDF.

No campus ele convive com Mia (Alexa Blair Robertson) uma linda menina, viciada em consumir true crime,

Ela faz parte da moda de produzir podcasts sobre o assunto. Ela rapidamente fica obcecada por ele, deixando de lado inclusive o rapaz com quem ela fica, o seu colega de quarto de Jonathan, Cole (Mason Mecartea). Ela chama o menino para fazer um episódio de Graven Image, com ela, sobre o "Massacre de Miles County".

Ela inclusive diz que já fez um, mas queria gravar um extra, com o menino, se possível, com Serena junto.

Participações especiais

Em determinado ponto, aparece um bar, onde há um Papai Noel de shopping, vivido por Daniel Roebuck (de Os Monstros, a versão de Rob Zombie) Eddie, o dono de bar feito por Bradley Stryker e Smokey de Clint Howard, que esteve em Natal Sangrento 4: A Iniciação e Natal Sangrento 5: Terror na Loja de Brinquedos.

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Art aparece, fica feliz de ver "o papai noel" e age infantilmente, como se fosse uma criança. As pessoas ficam preocupadas, mas aos poucos relaxam e normalizam a atitude dele, que claramente é um quarentão, vestido com uma fantasia, sendo provavelmente insano, no entendimento deles.

A sequência obviamente termina mal, especialmente depois que dão bebida para Art. Ele cospe whisky no "bom velhinho", depois se urina e mija nas pessoas, mas basta ele ser contrariado para começar a agir malvadamente, ainda termina fazendo uma traquinagem, roubando a barba real do Papai Noel.

Ocorrem vários tipos de morte, como golpes em corpos congelados, machadadas em jovens transando, pele sendo arrancada. Não falta tipos de morte diferenciadas, mas ainda assim se gasta muito tempo mostrando Sienna e pior, mostra muita cena de discussão tola, que tratam ela como uma mulher tão traumatizada que talvez esteja matando.

Se o público sabe que é Art quem mata, todo essa drama é só perda de tempo.

O fim do casal Cole e Mia é merecido, especialmente pelo fato de Mia tratar mal Sienna quando a encontra no shopping, em um dos poucos momentos em que ela consegue (ou pelo menos tenta) ter um momento de normalidade.

Cospe verdades, os chama de sanguessugas, Jonathan percebe o óbvio, que algo está errado e que ela viu alguma coisa diferente.

O irmão é compreensivo com Sienna, embora esteja em negação, insistindo na situação de tentar seguir em frente. Ele segue negando o que viveu e tem receio de viver tudo de novo.

O roteiro tem isso como o ápice de aprofundamento e de bom investimento em mitologia, mesmo que seja expositivo, quando novo, Jonathan escrevia cartas para ela, sobre demonologia, sobre a entidade infantil, a menininha do segundo filme.

A carta:

O conteúdo no papel que Jonathan escreveu para Sienna é o seguinte:

Sienna, Temos que destruir a menina antes que seja tarde. Destrua-a porque ela é desumana... é um DEMÔNIO. Às vezes os demônios tentam invadir nosso mundo, só que não conseguem sozinhos, têm que escolher um recipiente, alguém falecido recentemente, que funcione como uma ponte entre os mundos. Mas não qualquer um – alguém sinistro, depravado – o pior tipo de MAL, como um serial killer. Se um demônio entra neste mundo em carne e osso, uma contraparte deve ser nomeada para impedir que ele se torne muito poderoso. É você, Sienna, enquanto estiver viva, eles estarão vulneráveis. E eles sabem disso. -Jonathan

Ou seja, a mitologia chama essa versão de Art de Demônio, que antes, era um assassino à sangue frio. Ele morreu no primeiro filme e se tornou algo pior, evoluindo para uma criatura assassina e imortal.

O mesmo pode se falar de Vicky e da assassina infantil de Terrifier 2. Já Sienna é uma espécie de escolhida messiânica, que tem inclusive uma armadura forjada por criaturas monstruosas, ligadas a figura santa de Maria Mãe de Jesus.

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Isso tudo é simplesmente jogado. Não se trabalha, se menciona e fica por isso mesmo.

A maior parte dos fãs entende que o roteiro faz de Sienna uma espécie de escolhida, que pode servir de paralelo sim com Cristo. Dessa forma, Art poderia ser o anticristo, ou um arauto desse.

Os momentos de Art

Art o palhaço volta, já vestido de Papai Noel em um shopping, com um saco vermelho, com brinquedos.

Logo reparam a farsa, que ele está no lugar do funcionário contratado, mas isso não dá certo, já que as crianças consumistas, se avolumam em torno dele, uma delas abre um embrulho fechado, que é uma bomba.

Leone não economiza nas vísceras e miolos, ainda coloca participações mil, como de Tom Savini, na gravação sobre o massacre no shopping, que ativa mais paranoia na mocinha e mais indignação em seu tio.

O Palhaço e seu interprete

David Howard Thornton está sensacional, está fisicamente afiado, causa medo e explora bem seu lado engraçado, é irônico, responde a estímulos, especialmente os ridículos, como de Mia conversando com Cole, sobre Sienna e Art.

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Ele deveria ter mais tempo de tela, em detrimento dos drama juvenis, como os de Mia, que burramente, se permite fazer sexo, mesmo com um assassino slasher à espreita, que obviamente, acertaria ela ao praticar sexo fora do matrimônio.

Sendo Mia uma especialista, não faz sentido que ela se auto condene. não ajuda também o fato dela ser uma megera.

Se ela participasse de um bingo da vítima perfeita, certamente gabaritaria rapidamente o jogo, já que além de cometer todos os pecados citados, também se mostra egoísta e insensível ao extremo, culpando Siena por ter surtado depois de ter a ferida cutucada.

Toda a sequência da motosserra é sensacional, Leone toma todos os cuidados para tornar o momento o mais gráfico possível, fazendo de Art não só um palhaço, mas também um açougueiro.

Ele dilacera Mia, ainda termina fatiando Cole, pelas nádegas, de maneira sexual, imitando o que Leatherface ensaiou fazer com Caroline Williams em O Massacre da Serra Elétrica 2, só que de maneira infinitamente mais explícita, e com um homem.

Art consegue invadir até o seu lugar de segurança, pervertendo os sonhos que ela tem com seu pai, transformando o momento de reflexão em um pesadelo, justamente no momento em que aparece uma criatura ogresca, de máscara de ferro, ao lado da imagem viva da Virgem Maria, que trabalha como ferreira, na forja.

Apesar de ser um momento edificante para Siena, Art faz parte. Como ele vinga a dor da personagem, fica patente que os dois são lados da mesma moeda.

O ato final na casa da família

Art enfim chega a casa da família, com direito uma árvore de natal com a cabeça de Greg e suas vísceras.

Apesar do gore e da exposição, é inegável que o filme é gorduroso. Falta montagem, Leone poderia delegar a função para alguém, a fim de eliminar partes redundantes.

Os absurdos são ótimos, mas mostrar demais os absurdos visuais faz com que momentos impactantes percam importância e fôlego. O excesso de cenas em família tentam ser um doce em meio a uma atmosfera amarga, mas não, só são chatas e repetitivas. Se houvesse menos coisas do tipo, o impacto poderia ser maior e melhor.

O confronto entre o palhaço e a Escolhida tem seus momentos, especialmente nas torturas que ela testemunha.

Terrifier 3: O ataque de Art o Palhaço na data do natal

Os ratos que Vicky criou enfim tem função e serventia, em um dos momentos mais grotescos e nojentos do cinema recente, chocando até quem gosta desse tipo de exploração.

A cena do tubo de rato deixou Thornton enjoado, em entrevista ele disse teve que se conter para não vomitar enquanto filmava. O final é só tortura e revelações de quem morreu no off camera, além da solidificação de Sienna como um Jesus dessa realidade.

Ou seja, é um filme de natal, com o nascimento de um novo Messias, cuja representação e simbolismo jamais é justificado, já que continua sendo enfadonho e moroso em comparação com o resto da violência explícita.

Considerando que Art revive, tal qual Jesus, não é de surpreender que Terrifier 4 ou Terrifier 5 possam eventualmente falar do feriado pascoal.

Mais mitologia desimportante:

No final, Vicky assume a função óbvia de porta voz do palhaço mímico e acaba explanando o motivo dele atacar a garota final.

Isso torna tudo muito óbvio, assim como o presenta na árvore, de formato pouco escondido, que guarda a tal espada sagrada bizarra.

Ainda há novos elementos mitológicos de horror, como o sangue Vicky ser ácido, abrindo um buraco no chão, que vai na direção do inferno ou de outra dimensão, onde Gabbie cai.

Sienna ainda segura a espada pela lâmina, perdendo assim sua principal arma contra seu opositor, se vê sem o pouco que restou de sua família, fica toda machucada, fica inclusive sem o palhaço, que foge e sem as cicatrizes que carregava, já que, provavelmente, roubou as propriedades mística de Vicky, de alguma forma, o trauma e a perda são causadas por Art contaminam vítimas que tiveram muito contato com ele.

Um vilão malvado e deprimido

Em um ônibus, uma mulher lê The 9th Circle,que é o nome do curta de Leon, de autoria de Rosemary Castevet, cujo sobrenome é referência ao Bebê de Rosemary, enquanto a foto é da figurinista Olga Turka.

O veículo pega Art na rua, assusta o motorista e a passageira, aparentemente sem maiores problemas, até que ele toca a buzina e sorri...tudo começa de novo.

A saga Terrifier tem tudo para ser uma série infinita, um evento que retorna ano sim ano não, com mais violência, gore, putrefação, nojeira e depravação. Enquanto tiver os envolvidos nesse junto, tem tudo para dar certo, ao menos do ponto de vista comercial.

Dito isso, Terrifier 3 é mais do mesmo, um avanço na proposta cada vez mais exagerada de Leone. Resulta em um experimento contínuo, de como a violência pode escalar a níveis inimagináveis, colocando em cheque os limites para o público que, por enquanto, abraça essa ideia.

Confira os outros filmes da franquia

2013- Terrifier: O Início (All Hallows' Eve)
2016- Terrifier / Aterrorizante
2022- Terrifier 2
2024- Terrifier 3

TRAILER

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