O Bom, o Mau e o Feio: Vilões

Bom - Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, O Silêncio dos Inocentes, 1991) - Hannibal, o Canibal, entrou para a história do Cinema graças à interpretação genial de Anthony Hopkins. Mas não foi apenas isso. O personagem é fascinante e a forma como o longa dirigido por Jonathan Demme mostra isso é que o torna tão memorável. Manipulador, inteligente e de uma crueldade digna de sua mente perturbada, Lecter é um "vilão silencioso", que faz muito e interfere em toda a ação da trama apenas com seus diálogos com a agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster). Ao mesmo tempo que a relação de ambos leva a protagonista à prisão do outro vilão do longa, o assassino Buffalo Bill (Ted Levine), também é parte de um elaborado plano de fuga, culminando na demonstração da genialidade do Canibal e também de sua loucura e maldade. A forma como escapa ainda conta com a direção elegante de Demme, que nunca deixa o momento se pautar pela violência gratuita ou "gore", mostrando como a crueldade do personagem pode ser sofisticada.

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Mau - Terl (John Travolta, A Reconquista, 2000) - Claro, um dos piores filmes de todos os tempos tinha de ter o pior vilão. Você que está lendo esta coluna provavelmente nem lembrava o nome da figura. Tudo é muito errado em A Reconquista, que adapta o livro de L. Ron Hubbard, o criador da Cientologia, a "religião" da qual Travolta faz parte e que impulsionou o ator a produzir essa bomba. Dirigido por Roger Christian, cujo maior feito até então foi ter trabalhado com George Lucas na direção de arte de Star Wars - Episódio IV - Uma Nova Esperança, o longa é uma bagunça do início ao fim e a interpretação de John Travolta é um dos piores momentos de sua carreira, que alguns anos antes havia voltado aos holofotes graças à sua participação em Pulp Fiction. Seu plano, originalíssimo, é o de escravizar a humanidade. Pra isso, manda seu "exército" alienígena fazer o serviço pesado enquanto passa o dia se embebedando, cuidando da aparência de seus dreadlocks e atirando em vacas (!?). Travolta ainda foi "agraciado" com uma alteração de voz pra deixá-lo mais ameaçador. O resultado final só conseguiu fazer com que ficasse mais ridículo.

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Feio - Auric Goldfinger (Gert Fröbe, 007 Contra Goldfinger, 1964) - Quando se fala em vilões do 007, a primeira reação é pensar em personagens caricatos, sempre com plano mirabolantes e que falam demais justamente quando conseguem aprisionar James Bond, sempre dando o tempo necessário para o agente secreto conseguir fugir. Mas, Goldfinger, o antagonista do terceiro longa de 007 é um caso à parte. Movido pela simples ganância, ao contrário da dominação mundial ou do repovoamento da Terra, o vilão gordinho que nem mesmo representa um desafio físico para o herói, acaba tendo um dos poucos planos da cinessérie que realmente faria sentido. Sua ideia básica era a de contaminar o ouro do Fort Knox com isótopos radiativos para que a sua reserva pessoal se valorizasse. É brilhante e ele teria se dado bem, se Bond tivesse morrido na mesa de raios laser. E aí Goldfinger cai na armadilha dos vilões da longeva cinessérie. Ao invés de atirar no herói ou posicionar o laser mais próximo à ele, coloca o aparelho cortando lentamente a mesa até chegar no 007. Tempo suficiente para o agente convencer seu algoz de que sua morte seria prejudicial à seus planos. E isso tudo depois de ter replicado à pergunta de Bond, "Você espera que eu fale?", com o clássico: "Não, Sr. Bond, eu espero que você morra!". Um gênio incompreendido!

Alexandre Luiz

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