Review: The Flash S02E20 - Rupture

Depois de uma temporada bem aquém do que a série havia entregue em seu primeiro ano, parece que The Flash encontrou o tom de sua trama central. Agora, faltando quatro episódios para o fim, não existe mais espaço para o inchaço em que se encontravam os roteiros semanais do programa. Este Rupture representa (assim como o título entrega) um interessante ponto de virada, com resoluções dramáticas e momentos totalmente coerentes com a grande mensagem por trás da adaptação do Velocista da DC: as consequências do heroísmo.

Logo no início deste vigésimo episódio, The Flash apresenta uma de suas melhores ideias, que se torna também uma de suas mais representativas. Impossibilitado de combater o crime com sua velocidade, Barry e Cisco desenvolvem um holograma do herói, que tem ajudado a polícia a capturar bandidos menores. Independente da possibilidade de um holograma ser projetado em qualquer lugar de Central City sem um ponto fixo de luz (suspensão de descrença é forte neste momento), é a ideia por trás do plano que realmente importa. Aqui, o seriado insere seu comentário sobre a força do símbolo. O Flash se tornou a luz (literalmente, no caso do holograma) de esperança que consegue derrotar criminosos mesmo não estando presente. É a figura do herói "imbatível", do paladino da justiça, que importa nos corações supersticiosos de assaltantes de banco (das histórias em quadrinhos, vale destacar).

É este símbolo de justiça que Zoom pretende destruir quando, em um de seus atos mais brutais, comete um assassinato em massa transmitido pela TV. Mais do que nunca, Central City precisa de seu herói e é por isso que, depois de relutar bastante, Barry decide passar pelo experimento de Wells. No episódio passado, a ideia do cientista parecia irresponsável, mas, é claro, ele jamais iria propor a explosão do acelerador de partículas se não tivesse certeza de que poderia controlá-la. O problema é que, como com qualquer gênio, essa certeza é relativa e soa mais como arrogância de alguém que, no fundo, tem preocupações tão pontuais que qualquer outro sentimento mais abrangente é mera distração. Por isso a ideia de "enclausurar" Jesse e Wally: os dois adolescentes representam o máximo de proteção que, tanto Harrison Wells quanto Joe West, podem dar aos seus filhos.

Aliás, a paternidade é outro forte tema abordado em Rupture. Em uma cena, a série coloca Wells, West e Henry Allen para discutir o futuro de Barry. São as três figuras paternas do protagonista que, como dito pelo próprio Barry, se preocupam com ele, cada um de seu próprio jeito. O momento funciona em vários níveis, mas talvez o mais latente seja o que representa para a narrativa, como foreshadowing. Os três pais, caso os planos de Wells funcionem, e caso a série siga pelo caminho pelo qual vem dando tantas pistas, terão seus filhos afetados pela onda causada pelo acelerador de partículas. É um dos melhores exemplos de "pista/recompensa" que a série já trouxe, pois não precisa de exposição para funcionar. O espectador mais atento, ou talvez, aquele mais familiarizado com o universo dos quadrinhos, "pega a referência" sem a necessidade de diálogos chamando atenção para o fato de que o trio de coadjuvantes podem ter, em breve, preocupações ainda mais semelhantes. Há, nesse sentido, um diálogo entre Joe e Wally que também serve como pista, este sim, um tanto expositivo, mas que oferece um fanservice pontual e ajuda a desenvolver ainda mais as boas intenções do rapaz.

O episódio encontra tempo para trazer alguns elementos da subtrama pessoal de Cisco e também funciona nesse sentido, pois traz uma bem representada encarnação do vilão Ruptura, cujo visual, embora limitado pelo orçamento, surge fiel aos quadrinhos. Essa plot secundária, porém, não tem o desenvolvimento que merecia, pois, assim como ocorre na semana anterior, desperdiça a chance de colocar o Vibro em ação. Claro que a série já deixou claro que os poderes do personagem não são os mesmos das HQs e, para isso, teve de "rebaixar" o herói ao ponto de nem mesmo cogitar tentar dar às suas habilidades alguma função no combate ao crime. Nos quadrinhos, Vibro consegue afetar a força de aceleração, poder que viria bem a calhar na ação cruel de Zoom. Obviamente, os roteiros não podem apresentar um coadjuvante com a capacidade de derrotar o principal antagonista da temporada, mas poderia, ao menos, mostrar que o rapaz estaria disposto a tentar alguma coisa mais efetiva.

Mas, o plano estava fadado a falhar para que Barry finalmente tomasse sua decisão. A abordagem em sua relação com todos os personagens do núcleo de heróis é acertada por trazer peso ao angustiante cliffhanger deixado para a resolução na próxima semana. Rupture traz, mesmo que à contragosto de muitos fãs, um momento muito esperado entre o herói e Iris, uma personagem que só cresceu nessa temporada, mesmo com tropeços do roteiro aqui e ali. Tudo é muito bem construído para gerar impacto e choque, e agora a série precisa ter o cuidado para não soar desonesta. Os eventos alardeados pelo gancho criado aqui precisam gerar alguma evolução para o personagem principal. Agora restam apenas três episódios e, com o que a série vem exibindo nas últimas semanas, a expectativa para um desfecho à altura daquele visto na última temporada, certamente aumentaram.

Alexandre Luiz

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1 comment

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    rogerio 25 setembro, 2016 at 11:34 Responder

    A dificuldade de se trabalhar com o Cisco e a Caitlin é que eles são personagens já existentes.Na série são bons personagens, mas os produtores deveriam ter dados nomes inéditos a eles, pois chega um momento que tentam deixá-los dentro do que eles são nos quadrinhos, mas devido a forma como eles inserem esses personagens na trama acaba atrapalhando. Por um lado o desenvolvimento natural do personagem, por outro a própria origem e personalidade do personagem tal qual é nos quadrinhos. Deveriam eles serem os novos ''Chloe Sullivan'', mas pegar nomes de personagens já existentes causa grande confusão depois, a mesma coisa acontece em Supergirl.

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