Segundo o dicionário pai é um substantivo que se define como a autoridade masculina em relação aos seus filhos, naturais ou adotivos. Como significado secundário, define-se como homem que gerou um ou mais filhos; genitor, progenitor.
Dada a confiança normalmente relegada a esse nível de parentesco, é natural que em núcleos familiares o pai seja a autoridade suprema, algumas religiões delegam a ele o papel de sacerdócio na casa. Dessa forma, é natural que o cinema de horror use a figura de um parente como fonte de susto.
É fácil lembrar de obras aterradoras que usam as mães como vilãs ou que versam sobre maternidade, a exemplo de Psicose, Prelúdio Para Matar e Mamãe é de Morte. Produções que usam pais como figuras marcantes também são muitas. Escolhemos fazer essa lista apontando algumas figuras paternas no cinema de horror, entre monstros, heróis e meros espectadores da desgraça narrativa.
Confira aí.
Papa Jupiter, de Quadrilha dos Sádicos
Esse é um personagem bastante curioso, pois apesar de ter muito poder, quase não possui falas. Na versão de Wes Craven, Papa Jupiter é interpretado por James Whitworth. Ele é o mais forte entre os monstros canibais alterados pelos testes nucleares e age como um chefe do bando.
Dentro do grupo de canibais deformados que habitam as colinas ele é a liderança natural, um sujeito perigoso, sem escrúpulos, forte e capaz de matar qualquer pessoa que queira.
O personagem foi vivido por Billy Drago em Viagem Maldita, e em ambas as versões o papel é bem parecido: um assassino frio, de alma podre, que passa por cima das vítimas, a fim de gerar alimento para os seus.
Não fica claro nessa versão se ele é o pai de todos, literalmente, mas é dado que ele é o lobo alfa da alcateia, mas seu destino é curiosamente tosco e ridículo, já que ele perece contra a família Carter por se considerar mais forte do que realmente é.
David Drayton, de O Nevoeiro
Esse é um outro tipo de exploração paterna. Thomas Jane vive aqui um verdadeiro herói, a despeito até do seu papel mais famoso, como o mercenário de código ético punitivo Frank Castle, do filme O Justiceiro.
Nessa versão baseada na obra de Stephen King, ele é David Drayton, um homem que tenta a todo custo manter a salvo o seu filho Billy.
Ele tenta encapsular o menino, protegendo ele do mundo que está colapsando. Ele coloca a própria vida em perigos inúmeras vezes, diante da calamidade que atormenta a Terra nesse cenário. No caso desse filme, há um plot twist bastante cruel, envolvendo um sacrifício que tem uma retribuição trágica e irônica.
É inegável que a ideia por trás desse filme só funciona graças ao trabalho de direção de Frank Darabont - possivelmente o diretor que melhor imprime Stephen King em tela - mas também depende do desempenho de Jane, que atua miseravelmente bem em todas as exigências que lhe são dadas.
Jerry Blake, de O Padrasto
Essa é uma figura insana e canastrona, presente em alguns filmes, já que essa se tornou uma franquia de produtos divertidos e especulativos. O Padrasto de 1987 é certamente a obra mais famosa em que o personagem aparece.
Jerry Blake é uma das alcunhas do padrasto assassino, que dentro dos filmes, brinca com elementos dos gêneros Slashers e Filmes de Matança. Seu comportamento assassino inclui a emulação de uma paz e tranquilidade familiar, interrompida em dado momento por um desejo assassino, que normalmente resulta em uma chacina familiar.
A figura postiça e maluca foi explorada em alguns filmes, inclusive em um remake de 2009, também chamado O Padrasto, no entanto, a mais famosa obra certamente é a citada acima, que conta com protagonismo de Terry O'Quinn, o Loki de Lost. Sua figura é assustadora, já que é um matador meticuloso, esperto e um estrategista. O'Quinn atua muito bem, mostra uma face implacável, de um matador quase imparável, que se aproveita de ingenuidade alheia para agir.
Xerife Brent Marken, de Medo em Cherry Falls.
Esse é possivelmente o filme menos lembrado da lista. Ainda assim, resolvemos destacar o xerife da cidade de Cherry Falls interpretado por Michael Biehn, que também faz o pai do John Connor na saga O Exterminador do Futuro.
Essa é uma figura de moral aparentemente boa, mas corrompida por uma história antiga triste e infeliz de sua parte, para dizer o mínimo. Fora a grande questão envolvendo o plot twist do filme, há uma estranha sequência de eventos, que envolve tabus incestuosos, uma vez que há algumas cenas bem estranhas entre ele e a sua filha, interpretada por Brittany Murphy.
Polêmicas à parte, toda a trama do filme gira em torno da figura dele como pai, variando bem entre o parente protetor e o homem culpado pelos pecados do seu passado. Seu final é agressivo, porém justo, o sujeito ainda tem chance de se entregar em sacrifício, como aliás é bem comum em papéis de figuras paternas dentro do horror.
Lee Abbott, de Um Lugar Silencioso
Um Lugar Silencioso é comumente associado a ficção científica, mas dada a tensão e o cenário de mundo devastado é possível localizar ele como filme de horror. Dito isso, o personagem de Lee Abbott é curioso, pois é um pai zeloso, preocupado, além de ser uma demonstração de vaidade do diretor.
John Krasinski é um bom cineasta e um ator de trabalhos reconhecidos. Sua veia cômica é valorizada desde The Office e sua figura pública normalmente é muito elogiada. Quando decidiu dirigir esse filme ele escolheu cuidadosamente o elenco, escalou sua esposa Emily Blunt e utilizou a figura de bom moço que vem se desenrolando desde o seu Jim Halpert para fazer o seu personagem aqui. Claramente é um roubo, uma auto propaganda descarada.
Deixando de lado as piadas e questões vaidosas do cineasta, fato é que seu personagem é sim um sujeito que se sacrifica por sua família, tanto que ele abre mão de viver no final, para permitir que sua esposa e seus três filhos sigam vivos, mesmo que estejam nesse cenário triste e desolador. O personagem ainda retornaria em flashbacks no vindouro Um Lugar Silencioso - Parte II, lançado em 2020
Josh Lambert na saga Sobrenatural /Insidious
Esse é um dos mais controversos entre os personagens da lista.
Josh Lambert é interpretado por Patrick Wilson, ator que se tornou um especialista em fazer papel de pais em filmes de horror, especialmente nas parcerias que fez com James Wan, mas diferente do papel de Ed Warren em Invocação do Mal, aqui ele faz um pai culpado, possuído e até assassino.
Wan quis fazer de Sobrenatural a sua versão de Poltergeist: O Fenômeno, para isso, trouxe um elenco de peso, que incluía também Linn Shaye e Rose Byrne. Apesar de Wilson não ser um grande ator, ele funciona bem na maior parte dos filmes da franquia, embora a variação entre a figura zelosa e violenta seja prejudicada pela falta de capacidade dramática dele, sobretudo no primeiro capítulo da saga.
O ator abraçou tanto o personagem que se tornou ponta de lança nessa e na franquia do Invocaverso, e até dirigiu o recente Sobrenatural: A Porta Vermelha. Ao longo dos episódios da cinessérie, ele foi melhorando em matéria de atuação. Seu papel é complexo, pois ao mesmo tempo em que ele se enfia em portais dimensionais atrás do seu filho, também abraça a face do pai assassino, que vai atrás dos filhos para matá-los. Mesmo que ele faça isso ao ser possuído por um espírito maligno, não há como ignorar as versões de pai vilão que faz, assim como não como negar o seu heroísmo também,
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Ano que vem voltamos com mais filmes ligados a essa temática. Um feliz dia dos pais para você leitor, gaste seu tempo com o seu paizão.