Subspecies - A Geração Vamp : o início da saga de vampiros da Full Moon

Subspecies - A Geração Vamp : o início da saga de vampiros da Full MoonSubspecies: A Geração Vamp é um filme de vampiros bastante subestimado. Lançado em 1991, sua trama é simples e conversa com diversos clichês do gênero, incluindo a questão de um morto-vivo malvadão, que retorna a sua terra natal em busca de um artefato sagrado.

Esse vampiro é Radu, um ser ancestral, interpretado pelo ator Anders Hove, e para atingir seu objetivo de tomar para si a relíquia Bloodstone - que contém o sangue de todos os santos - ele passará até por cima de seu pai, em seu castelo estilo barroco, no interior da Transilvânia- Romênia.

A direção do filme fica a cargo de Ted Nicolau, um cineasta acostumado a produções de orçamentos pequenos, e que sabe lidar com o cenário "cinematográfico" mambembe que normalmente permeia os filmes produzidos por Charles Band. Vale lembrar que as produções de Band e da Full Moon eram lançadas em home video, mas tinham uma carinha de cinema, mesmo com orçamento irrisório.

Essa é uma história baseada no argumento original de Charles Band, com roteiro de Jackson Barr e David Pabian, e o drama se inicia em um cenário clássico, um castelo gótico, mostrando uma pessoa de maquiagem forte e peruca, que bebe sangue.

Ele é Rei Vladislav, personagem de Angus Scrimm (da cinessérie surreal Fantasma), e é uma liderança iminente entre os mortos vivos chupadores de sangue. Quando seu filho se aproxima, é dito que Radu está banido daquele lugar, e sua prisão é decretada.

Não há muita cerimônia, sutileza ou construção de atmosfera, Radu é apresentado tão somente como um homem malvado e ganancioso, capaz de passar por cima da vida até de seu pai e isso é tudo que o público precisa saber.

O visual do personagem é bastante icônico, ainda mais se considerar que essa é uma produção lançada direto para vídeo. Ele é pálido, cabeludo, com rosto de carranca e unhas enormes.

Para se libertar e também para mostrar o quanto é malvado, Radu se auto mutila e no processo de arrancar os próprios dedos, acaba criando seus servos, através do sangue que cai se transformam nos seus capangas "diabinhos" vermelhos, pequeninos e de stop motion.

Essas criaturas ajudam o filho a se libertar, para então cometer o parricídio.

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A direção de arte é incrivelmente bem conduzida, dado o orçamento precário. O trabalho de Lucian Nicolau. Cenários, figurinos e visual casam bem demais, unidos claro a fotografia de Vlad Paunescu, que valoriza os bons cenários da Romênia.

Após o trecho inicial, a trama segue um trio de amigas, Michelle (Laura Mae Tate) e Lilian (Michelle McBride) chegam de viagem, são recepcionadas por Mara (Irina Movila), e as três vão curtir.

Elas se hospedam na a fortaleza da cidade de Prejmer ao invés de ir para um hotel, fazendo da estadia um evento de imersão, visando entender como é a cultura local, já que elas vieram dos Estados Unidos os mitos, ritos e a cultura do povo da Transilvânia.

São folcloristas, estudam hábitos e mitos estrangeiros, tendo então semelhanças com a personagem central do conto Candyman, de Clive Barker - no filme, foi adaptada para um estudante que pesquisa lendas urbanas, no conto, a personagem central é como Michelle e Lilian.

A primeira coisa que elas observam ao chegar é a celebração de um funeral, e as moças se chocam, uma vez que o processo de velório é bem diferente do que elas estão acostumadas, sendo longo, tal qual uma procissão cristã.

Ao chegar a estalagem, são recebidas por Karl, Ivan J. Rado, o administrador da pensão. Ele é um sujeito fechado, com uma expressão de quem tem poucos amigos.

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Na pouca abertura que dá para as estrangeiras, o iodoso conta a elas histórias da lenda local de Vlad Dracul, de como a estalagem foi uma fortaleza no passado e como as pessoas morreram de fome ali.

A remasterização recente valorizou bastante o trabalho das esculturas stop motion. Com o decorrer do longa se percebe que o efeito foi aperfeiçoado, e dada a condição comum de filmes baratos da Full Moon, não se revisou os momentos anteriores.

Os efeitos especiais ficarem a cargo de Greg Cannom, e seu trabalho é bem empregado, casa bem com todo o estilo barroco que Nicolau estabelece.

Existe todo um cuidado em envelhecer partes específicas dos cenários, deixando essas com um aspecto de surradas e velhas, caindo aos pedaços. Isso se percebe não só no Castelo de Vladislas, mas no entorno inteiro.

Nas primeiras incursões delas, o trio conhece o zoologista Stefan Valesko (Michael Watson),que também está instalado no castelo de Prejmer. Ao encontra-las, ele desperta o interesse de Michele.

Como é de se esperar, há todo um drama com o seu personagem, afinal, ele não poderia ser apenas um rapaz bonito, e sim o supra-sumo do amor impossível. Ele é mei0-irmão de Radu, é metade vampiro, e por ser o filho mais novo, deve algum nível de obediência ao vilão.

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Em suas incursões, Radu morde Lilian, no braço, enquanto ela dorme. Ele desnuda seu seio, mas não faz nada além de expor a quase nudez da moça, atendendo a checklist dos filmes da Full Moon inclusive nas apelações baratas.

Já seu irmão é mais sentimental. Stefan tem a pretensão de ser humano, mas por estar distante de sua cripta, ele sofre. A chave para se tornar um homem, teria a ver com o artefato que Radu procura no castelo, a tal Bloodstone.

Radu é um vilão bufão, e até na hora de atacar as vítimas ele é engraçado. Parece um palhaço, de fato. Quando captura as mulheres, dá a elas vestes rasgadas, que convenientemente mostram seus atributos físicos, como os seios e coxas.

Reúne em si as referências do vampiro dominador vistas no Drácula da Hammer Films, interpretado por Christopher Lee, mas com a aparência mais condizente com o Nosferatu de F.W. Murnau. É uma boa mistura de estilos, por mais galhofa que seja o seu comportamento, especialmente por conta da personalidade sui generis que carrega.

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Para mata-lo seria necessário um grande esforço, e Karl deseja acertar Radu com tiros de balas do rosário, um artefato supostamente sagrado e que seria mais eficiente que os velhos paradigmas de luz do sol, alho ou cruzes.

Segundo Stefan, seu desejo pessoal de ser apenas um homem foi herdado de seu pai, um vampiro antigo que casou com uma humana. Ele então é um mestiço, o que é um fato curioso, pois na mitologia dos vampiros, normalmente os mortos-vivos são inférteis, só podendo se reproduzir quando ainda são humanos.

Com o tempo, cada uma das moças é atacada pelo vilão, e os mocinhos tentam em vão impedir Lilian de se tornar vampira, enterrando ela rapidamente, mas Radu a intercepta.

O que fica difícil de defender é a atuação de Laura Mae Tate. A atriz é linda, mas até para chorar ela tem dificuldade. Michael Watson não fica atrás, e é quase sem expressão quanto o seu par. Tate seria substituída nas sequências, por Denice Duff, que é bem mais icônica que essa, inclusive em termos de beleza.

A dramaturgia do filme é penosa, vale pela canastrice do personagem de Radu, pelos efeitos, cenários e pelo belo registro fotográfico de Paunescu.

Outro bom ponto é a mitologia. Segundo o que é dito, uma gota da relíquia é como uma vida para um vampiro, mas Radu a usa como uma droga, quanto mais ele bebe, mais cresce sua maldade.

Karl então funciona como o elemento expositivo do roteiro, que explica aos personagens e ao público que esse é um argumento sobre excessos e vícios, que Radu simboliza um adicto, um viciado em substâncias tóxicas.

Depois de capturar todos os personagens bondosos, Radu cerca Michelle, e utiliza as duas amigas como capangas. Há uma cena, na cama, onde ele manieta a moça acompanhado das duas recém vampiras, que lembra bastante os momentos clássicos dos filmes de Drácula.

Após essa sequência, Michelle pede ao seu amado que a transforme, pois ela quer ser como ele, e não como Radu. Por mais sem vergonha e descarada que seja essa escolha, visto que só é feita para gerar sequências, casa bem com toda a canastrice do texto.

Subspecies é divertidíssimo, um produto do seu tempo, escapista, descompromissado com subtextos e visualmente audacioso. Ainda tem a cara de pau de terminar com Radu decapitado, abrindo os olhos, e dando um sorriso irônico, assumindo no final a grande galhofa que o filme possui em sua essência.

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