A Sétima Alma: A última produção escrita por Wes Craven

A Sétima Alma: A última produção escrita por Wes CravenA Sétima Alma é um filme de terror localizado em uma cidade do interior dos Estados Unidos, chamada Riverton, que sofre com séries de assassinatos de tempos em tempos. A localidade teve dois momentos distintos de matança, separados por anos entre eles, e tem no centro disto um sujeito psicopata de múltiplas personalidades, que supostamente teria reencarnado em meninos e meninas que nasceram no mesmo dia em que ele morreu.

O longa dirigido e escrito pelo mestre Wes Craven começa em uma linha do passado, mostrando a família de Abel Plenkov, o tal sujeito com problemas de ordem mental, que tenta viver uma vida pacata, mas é tomado por um desejo assassino incontrolável, uma força tão maligna que faz perguntar se sua origem não era demoníaca.

Já no início se percebe que o cineasta veterano não está afeito a condições politicamente corretas, já que o Plenkov interpretado por Raúl Esparza tem como condição acessória a vontade de matar a condição mental de múltiplas personalidades, uma doença de ordem psíquica. Atualmente a história seria condenada por apelar para um certo capacitismo.

O texto afirma que Plenkov tem sete personalidades diferentes, como se fosse uma versão diminuída (e seis anos mais velha) de Fragmentado, com algumas dessas sendo dóceis e outras violentas. Tal qual ocorreu no longa de M. Night Shyamalan, não são mostradas todas essas distintas versões do vilão, só aparece a face do pai bondoso que tenta se conter, e a besta assassina.

A Sétima Alma: A última produção escrita por Wes Craven

A trama mais longa se passa dezesseis anos depois, onde um grupo de sete jovens se reúnem para comemorar a vida, brincando com a condição de possivelmente que cada um dos sete terem herdado uma das personalidades do assassino, afinal suas mães deram a luz quando Abel faleceu.

Aos poucos, começa uma nova onda de mortes, que inclui especialmente esses meninos. A história brinca com referências a lendas urbanas, entre a possibilidade do retorno dos mortos de um homem mau, possessão demoníaca e é claro o conceito de divisão da alma. O tempo inteiro se alimenta o mistério a respeito dos estranhos eventos da cidade, agravado pela urgência em descobrir o autor desses novos homicídios.

Dentro desse elenco, se destacam dois irmãos, a menina gótica Fang, feita por Emily Meade dos seriados The Deuce e The Lamb, e o caçula Bug, feito por Max Thierot, que é mais conhecido por ser o Dylan Massett de Bates Motel, a prequel de Psicose.

Os dois seguem suas vidas como órfãos, são criados por uma mãe adotiva, e lidam de maneira distinta com o passado, já que sua mãe foi uma das vítimas de Plenkov.

A Sétima Alma: A última produção escrita por Wes Craven

Fica claro desde o começo que o passado dos irmãos é nebuloso, o roteiro é pouco sutil e a revelação de quem era o pai de ambos é algo bem fácil de supor, mas a construção desse núcleo familiar não é ruim, longe disso, é uma das boas coisas do filme.

Esse foi um dos últimos tentos de Craven, mas não chega perto de seus sucessos anteriores.

A obra é derivativa, tem uma dinâmica de parentes semelhante demais a Amaldiçoados, mas sem o charme de filme de lobisomem. Se ao menos o filme fosse uma galhofa autoconsciente como foram Shocker: 1000 Volts de Terror. e A Maldição de Samantha, o longa certamente seria mais memorável, poderia ter em si um pouco de paródia do gênero slasher, mas ao contrário, este se leva bastante a sério, mesmo sendo visualmente derivativo e com atuações medianas.

É fácil perceber que o cineasta estava no ocaso da carreira, com um orçamento baixo, sem grandes recursos, que ajudam a justificar um conjunto de efeitos digitais mal pensado e mal encaixado como é aqui, mas que em momento algum servem de desculpa.

O mesmo pode-se dizer da fotografia de Petra Korner, aspecto que torna a obra genérica e mal iluminada que mal dá para entender boa parte dos assassinatos.

A Sétima Alma: A última produção escrita por Wes Craven

O roteiro também é tratado de forma banal, cortado por um cotidiano adolescente repleto de questões desimportantes para o espectador mais jovem e irrelevantes para o público mais velho.

Os plots são artificiais, com reviravoltas que estão longe de surpreender. Ainda assim, se percebem boas marcas do cinema de Craven, como a ode ao cinema assustador, exemplificada no fato das crianças estarem assistindo o clássico Os Pássaros, do mestre do suspense Alfred Hitchcock.

Algumas mortes são boas, sobretudo as que se dão em meio a pesadelos e sonhos ruins, outra marca do realizador. Lembram um pouco o ideal dos filmes italianos de terror dos anos 1970 e 80, mas voltados para um elenco juvenil típico dos slashers, mas que aqui parecem de fato ter menos de vinte anos cada um.

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Mas até os pontos positivos do texto são sabotados. Os interpretes jovens não conseguem apresentar um espanto digno ou mínimo com os acontecimentos estranhos, não fortalecem a crença de que há uma ação sobrenatural ocorrendo no filme.

Os atores mais veteranos como Danai Gurira, Frank Grillo e John Magaro não fazem feio, mas fora esse último, não há tempo de tela para que qualquer um se destaque minimamente.

Ademais, não há o corriqueiro apelo de Craven a uma América sem esperanças como era no início da carreira do diretor. O cineasta parece já cansado de produzir histórias, o que é uma pena, pois enquanto ele se dedicava, dava para perceber uma visão diferenciada.

O diretor ainda conseguiria em Pânico 4 fazer justiça a ideia de lidar com um elenco mais moço como plot central, mas neste A Sétima Alma o que se vê é uma tentativa de retornar aos bons momentos da carreira de maestro do terror, mas sem as mínimas condições de retoma-la, desprestigiado pela mesma indústria de filmes de gênero que ele ajudou a erguer com suas obras clássicas.

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