“Um reencontro divertido, e só.”
Não é de hoje que o mangá e a série animada Dragon Ball, provocam grande euforia por parte dos apreciadores ou adeptos de animes. Publicada por volta de 1984, pela Shonen Jump, seu criador, Akira Toriyama, é cultuado e venerado por vários outros mangakás, que tomaram como referência estrutural, o estilo, para os seus trabalhos. Mesmo que seja algo bastante simplório, em sua plot principal, é impossível negar que Goku e seus amigos têm fácil poder de conquista, justamente por serem personagens humanos, com defeitos e qualidades, mas, acima de tudo, com valores morais que são fundamentais para uma sociedade próspera.
Aqui no Brasil não poderia ser diferente – quando estreou no SBT, em 1996, o desenho foi sucesso absoluto, e mesmo sofrendo diversas alterações de horário, sendo exibido somente aos sábados, o seriado ganhou ainda mais força e conquistou fãs no país inteiro. Eram as primeiras aventuras do pequeno Goku, que crescia, assim como sua popularidade. Mas foi com a chegada de Dragon Ball Z, no início dos anos 2000, que o troço foi revigorado, pois, além de resgatar seu antigo público, arrastou uma nova leva de simpatizantes, que adoraram a pegada mais amadurecida e violenta – sim, nos deparamos com o nosso herói já adulto, casado, com filho e ainda mais poderoso. Talvez, essa tenha sido a primeira animação, em TV aberta, que muitos tiveram a oportunidade de ver os personagens crescendo cronologicamente.
Inúmeros filmes e OVAs (Original Video Animation) foram feitos e difundidos, com a grande maioria deles saindo apenas para home video, por aqui. Outros, até sendo lançados nos cinemas, em sessões especiais. Porém, nada de grandioso e que fizesse jus a obra, como um todo. Mas eis que em 2009, resolveram adaptar o anime para live action, e criaram o pavoroso Dragonball Evolution. Não é apenas um filme ruim, mas uma afronta pontual aos fãs. E que não deixou irritado só estes, como também o senhor Akira Toriyama, que declarou ter odiado o longa, e por vingança faria o seu próprio filme. Claro, numa versão animada, como deve ser.
É aí que chega agora aos cinemas, Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses, com uma produção considerável da Toei, em parceria com a Fox, de  ¥ 50 milhões ($ 636.000 USD), e distribuição em grande circuito. Disso, realmente, não podemos reclamar, pois a qualidade gráfica atingida realça em grande escala o trabalho da equipe de cartunistas. Incrementando até algumas partes em CG. O mesmo diria para os movimentos e a leveza dos personagens, que estão mais vivos do que nunca. Um presente visual e tanto, que deve ser visto em sua qualidade máxima.
Passado após os eventos da batalha contra Majin Boo, a história começa quando o deus da destruição, Bills, desperta do seu sono de anos, e fica surpreso em saber que o seu subordinado Freeza (o vilão mais clássico da série), foi derrotado por um homem chamado Goku, que também é da raça dos Saiyajins. Imediatamente, Bills lembra-se ter sonhado lutando com um ser místico também desta espécie. Então, ele parte para terra no intuito de encontrá-lo e desafiá-lo para um duelo que decidirá o futuro do planeta. Algo que nem preciso dizer que é batido, mas tratando-se de um anime, podemos ignorar, já que, como citei antes, muitos seguiram essa premissa.
Porém, é triste constatar que o roteiro da fita não se equipara, nem de longe, a sua grandiosa fabricação. Não falo apenas do filme tender totalmente para o humor, até porque era preciso, mas me refiro a toda sua linguagem parecer boba e extremamente infantil. Em certo ponto, sustentando-se em cima de gags que apenas os que viram o desenho poderão entrar no clima proposto. Ainda sim tem lá seus momentos realmente hilários – destacaria a presença dos personagens Pilaf, Shu e Mai, que surgem como uma espécie de desfibrilador e reanimam a atmosfera morna –, e é deveras divertido como um especial da série. Entretanto, como se trata de um trabalho que teria amplo potencial, do ponto de vista comercial, somente alguns suspiros não são necessários.
Mas tenha calma, fique tranquilo, o longa não é totalmente isento de cenas de ação. A batalha entre Goku e Bills, e uma menor com Vegeta, foram bem realizadas e traz de volta o impacto nas lutas. Ainda que alguns possam se desapontar e achar um tanto “peculiar”, e nada convincente, a aguardada transformação do Super Saiyajin Deus. Ou mesmo os fãs mais xiitas do Vegeta, sentirão vergonha alheia, num determinado momento descontraído ou desesperado do príncipe dos Saiyajins. Contundo, se você espera por algo sem pretensões, tendo mesmo o intuito de matar as saudades desses personagens que marcaram a infância e adolescência de muitos, este A Batalha dos Deuses poderá sim agradá-lo. Até mesmo porque somos recompensados com uma bela mensagem de aceitação e orgulho, no final. Recomendo que vá de bom humor – como este que vos escreve.
Para os fãs brasileiros mais puristas, o conto traz de volta antiga equipe de dublagem formada por nomes como Wendel Bezerra, Alfredo Rollo, Tânia Gaidarji, Vagner Fagundes e Luiz Antônio Lobue. E que por sinal, fizeram um excelente trabalho.
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