Ainda me lembro das reprises de O Poderoso Chefão nas madrugadas. A primeira vez que se assiste um clássico como a saga da Família Corleone, acaba ficando marcada. A gente se lembra de detalhes que dependem da experiência. Por exemplo, o que mais me vinha à memória, tirando as cenas clássicas, eram como elas pareciam escuras. O único momento iluminado de que me lembrava era o casamento de Connie, no início do primeiro filme.
Até que agora, finalmente, graças ao que há de mais moderno em restauração de películas e transferência digital, a trilogia é lançada aos novos formatos (DVD e Blu-ray), com nova remasterização, supervisionada pelo diretor em pessoa, Francis Ford Coppola.
Como o “raio azul” ainda não chegou ao conforto da minha casa (atenção: este texto é de 2008, nesta época eu ainda não tinha o Blu-ray), essa resenha diz respeito a versão em DVD. E isso me deixa ainda mais confiante em dizer: O Poderoso Chefão – The Coppola Restoration é uma coleção indispensável. Pois se no disco de 8 Gigabytes a imagem é tão nítida, imagine na mídia azul de 50. Sério, ainda estou tentando descobrir como conseguiram chegar em tamanha qualidade, pois são filmes de 3 horas com duas faixas de áudio Dolby 5.1, mais uma faixa de comentários do diretor.
Vale destacar que a maior diferença em termos de imagem está mesmo na primeira parte da saga. E se existe uma sequência que resume isso é justamente a inicial. Enquanto no escritório de Don Vito (Marlon Brando), predominam o amarelo e o preto, no casamento de Connie as cores saltam aos olhos. A diferença é gritante em comparação com as cópias anteriores. Toda a cor que se perdeu com o tempo, está de volta, tal qual diretor e diretor de fotografia idealizaram em 1971. A maneira com que Gordon Willis trabalha com a cor preta pode ser finalmente contemplada. Reparem em como a cor é sólida, sem variações ou quadriculados (coisa rara em DVD). Existe uma granulação natural da película em cenas noturnas que só adiciona mais realismo à trama.
No segundo filme, destaco as cenas iniciais na Sicilia. São de uma plástica incrível. E no terceiro, a sequência do tiroteio do helicóptero, mais pelos efeitos sonoros que quase colocaram minha sala a baixo.
Assistir essa nova edição da trilogia é como assistir aos filmes pela primeira vez. E, se os detalhes que mais ficam na memória se devem à experiência proporcionada, desta vez estou com o filme todo na cabeça, cena por cena, diálogo por diálogo, tiro por tiro.
Este texto foi originalmente publicado em meu blog em 2008 e também pode ser encontrado aqui
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