O que esperar do inesperado? A Fringe dessa semana ao mesmo tempo em que presenteia nós fãs, com uma mar de auto referências e sequências que já nascem clássicas, dá um verdadeiro show de sensibilidade ao apostar no maior twist da sua história, nos deixando sem chão e sem nenhuma perspectiva do que poderá acontecer no pouco tempo que ainda resta para série. Talvez tudo o que vimos em The Bullet That Saved The World, seja o estopim para o derradeiro embate da Divisão Fringe com Windmark e seus irmãos carecas.
Já falei várias vezes que é no quesito relações humanas que Fringe se diferencia de qualquer outro sci-fi e por três episódios, vimos a relação entre Etta e Olivia ser construída da forma mais tocante possível, sem nunca forçar sentimentos ou ações que não condissessem com os personagens. Foi com a busca de Peter por um colar novo para filha, que o vimos como um pai coruja, capaz de se arriscar para dar um presente simbólico a sua eterna garotinha. O sentimento de Peter estava forte o suficiente para atrair a atenção do observador que ao tentar ler sua mente, só conseguiu imagens e mais imagens de Etta, gerando uma crescente desconfiança e a posterior perseguição que terminou com Peter ferido, mas de posse do colar.
Em Harvard a hilária busca pelas fitas com a arma laser continua e eu só consigo rir com Walter e Astrif (outro apelido para caixa viu Astrid), ele sempre reclamando da precisão da analista ao livrar as fitas me faz lembrar o quanto os dois já passaram naquele velho laboratório. Novamente o vídeo está todo bichado, mas conseguimos descobrir que se trata do segundo e que Walter tem instruções escritas e guardadas no seu local secreto mais seguro, logo o cientista se lembra que o lugar se trata de uma antiga estação de metrô onde guardava seus quadrinhos quando criança, seria até fácil chegar lá, mas Etta aponta a presença não só de vários legalistas como também de alguns observadores.
Como sempre Walter tem suas surpresas e nos é revelado pela primeira vez e em uma das cenas que já pode ser elencada como clássica, o arquivo morto do cientista, com as informações e digamos principais souvenires dos seus casos Fringe favoritos, me diz aí, qual fã não se arrepiou ao ver o homem porco-espinho, o parasita do navio chinês, os pedaços do cara congelado pela bomba criogênica de David Jones e até o disco rígido dos shapeshifters? Sensacional e um verdadeiro presente, complementados pela frase: “Houve uma época na qual resolvíamos casos Fringe. Agora acho que é hora de criarmos os nossos”, eu aplaudi, simples assim.
Em meio a rosquinhas fungadas, dispositivos de âmbar estáveis e desconfianças do governo, Walter começa a preparar um pequeno arsenal para eles poderem invadir o metrô. Ganhamos também a breve história da bala que Etta carrega desde os 13 anos, pendurada agora, pelo colar que Peter lhe deu. “A bala que salvou o mundo” foi a mesma disparada por Bell e retirada por Walter da cabeça de Olivia. Peter não poderia ter pensado em um nome melhor para ela. Engraçado notar que Etta estava certa ao conferir tanta importância e significado aquele pequeno objeto, afinal ele nos trouxe desespero e logo após a esperança de que teríamos Olivia sã e salva por mais um tempo.
Fiquei feliz por finalmente termos visto Broyles, sendo ele responsável por boa parte da tensão que se construiu na busca empreitada por Windmark, agora totalmente desconfiado de que a resistência se infiltrou nos legalistas. Outra sessão de tortura e ainda sim fiquei desconcertado, pois os atores que a produção escolhe para encarnar os observadores são impressionantes, trabalho auxiliado pela maquiagem que confere uma opacidade ao rosto impassível dos vilões. Acho que a “Pomba” que veio na cabeça do legalista traidor é Etta (qualquer semelhança com o Tordo de Jogos Vorazes não seria coincidência, fãs entenderão), afinal já ficou mais do que claro que ela encabeça a resistência junto com Anil, sendo quase um símbolo por ter a habilidade de ofuscar os pensamentos para os observadores.
Windmark quase chega aos nossos heróis, não fosse o aviso de Broyles, o plano para destruir os observadores teria chagado ao fim naquele instante. Começa então a sequência mais empolgante da temporada até aqui, a invasão ao antigo metrô. Desde as reações, inspiradas, diga-se de passagem, de Walter ao scanner do legalista e ao choque do observador até o momento em que o cientista borrifa o spray com a toxina cicatrizante de Dave Jones, meu sorriso crescia de orelha a orelha. Referências bem vindas em meio a uma verdadeira batalha com direito aos comentários sempre pontuais de Walter.
Com as instruções em mãos, mas totalmente ilegíveis, a família Bishop tem um encontro emocionante com Broyles, responsável por Etta ter entrado na Divisão Fringe atual, o agente não consegue conter as lágrimas ao abraçar Olivia e claro, mas as minhas já estavam rolando desde o momento em que ele desceu do carro. Como se essa comovente cena não fosse o bastante para coroar um dos melhores episódios de toda a série, temos o catártico evento que o encerra. Digam-me, quando vocês pensariam que a despedida da jovem Etta se daria nesse episódio?
No momento em que os observadores chegam à ponte, uma sensação ruim já tomou conta de mim. Dava para perceber que custasse o que custasse Windmark estava disposto a por um fim a tudo aquilo e tenho que elogiar mais uma vez o trabalho de toda a equipe por detrás de Fringe, pois o cerco dos observadores ao balcão foi de um suspense magistral e quando o chefe deles chega até Etta eu sabia que o destino dela estava selado. Os tiros, a lembrança do último dia no parque e a fé no amor dos seus pais, transformaram a cena numa chocante, mas emocionante despedida e por alguns minutos eu achei que Walter pensaria em alguma coisa, ou que Etta teria herdado mais alguma habilidade de sua mãe, mas não, ali foi a despedida, a implosão de anti-matéria diante do olhar devastado de Peter ditou que de agora em diante Fringe nunca mais será a mesma.
O Glyph Code da semana faz referência à ferida nos corações daqueles pais que nunca mais vai cicatrizar mesmo se absorvessem doses cavalares da toxina de Dave Jones. Esse episódio foi o ponto de mutação da série e qualquer esperança de redenção vai ser suplantada única e exclusivamente por vingança, assim deve se desenhar as horas finais de Fringe.
P.S.: A janela para o outro universo me fez sentir um arrepio e algo me diz que depois do que aconteceu com Etta, nossos heróis tentaram algum contato com seus amigos do lado de lá.
Fringe nunca, nunca decepciona.
E que coisa linda foi aquela do Broyles reconhecer imediatamente a filha de Olivia? Levá-la para a Divisão Fringe para protegê-la? E o abraço? E o "Agente Dunham"?
Gosto mais do Peter amoroso. Esse negócio de sair atirando com uma arma em cada mão forçou um pouquinho. Entendo a aparente reação baseada na vingança que se desenha. Mataram sua garotinha.
Mas se ficar só nisso, não dá. Não é Fringe .Acredito mais na redenção do que na vingança. Tem sido assim durante toda a série. Quando nossos amados personagens tentaram agir isoladamente, motivados por vingança, ou envolvidos no ódio de outros (Walternativo é o melhor exemplo,) sempre deu errado. E onde fica o "seja um homem melhor que seu pai"?
Episódio Fantástico!!
Valeu o comentário Andressa.
Eu também acredito que vai chegar um momento em que Peter vai perceber que pautar seus atos apenas na vingança, não trará bons furtos, mas tenho quase certeza que os próximos episódios vaço ser construídos tomando como base esse sentimento.
Fringe sempre foi uma série sobre perdas, não comentei na review, mas achei sensacional o paralelo que se pode fazer quando levamos em conta o fato de que assim como nosso Walter perdeu Peter no passado, aconteceu com Etta nesse presente, por isso creio que tomar decisões como "atravessar a barreira entre univeros" será o mínimo que Peter fará.
Realmente um episódio fantástico.
Valeu o comentário Andressa.
Eu também acredito que vai chegar um momento em que Peter vai perceber que pautar seus atos apenas na vingança, não trará bons furtos, mas tenho quase certeza que os próximos episódios vão ser construídos tomando como base esse sentimento.
Fringe sempre foi uma série sobre perdas, não comentei na review, mas achei sensacional o paralelo que se pode fazer quando levamos em conta o fato de que assim como nosso Walter perdeu Peter no passado, aconteceu com Etta nesse presente, por isso creio que tomar decisões como "atravessar a barreira entre univeros" será o mínimo que Peter fará.
Realmente um episódio fantástico.
É realmente dificil de acreditar, o que aconteceu nesse episódio. Apesar das coisas ja estarem ruins, ainda pode piorar, e dessa vez piorou de vez, nao consigo imaginar o que de pior ainda pode vir. Sem dúvidas tudo pode acontecer agora. Eu espero sinceramente que a fringe division tenha ajuda do pessoal alternativo, para poder exterminar os Observers e caso isso aconteça, que viagens no tempo sejam possiveis, para que nao venhamos a perder nossa querida Etta. Por mais que no final tudo de certo, ficaremos que aquele aperto no coração e sentimento de que esta faltando alguma coisa…A filha do casal sci-fi mais épico de todos !
"A filha do casal sci-fi mais épico de todos." Na lápide de Etta e que as viagens no tempo realmente aconteçam… Saudades dela.