Em sua primeira temporada, The Flash mostrou-se uma série capaz de unir ficção científica, drama, desenvolvimento de personagens e boas sequências de ação, adaptando um dos heróis mais queridos da DC Comics com muita competência. Não é segredo para ninguém que, em seu segundo ano, o programa não tem conseguido repetir o feito, com apenas um grande momento até agora, o episódio Enter Zoom, digno da prática anterior. Com acertos pontuais ali (a ação continua excelente), erros bobos e quase amadores acolá (com subtramas descartáveis e desenvolvimento repleto de clichês), a adaptação se tornou aquém de tudo aquilo que chamou atenção dos espectadores. Porém, com Welcome to Earth-2, The Flash volta à boa forma. Não é apenas o melhor episódio da temporada por conta dos problemas encontrados em seus antecessores, mas sim porque resgata tudo que os fãs aprenderam a admirar no seriado de forma eficiente e, mais do que isso, extremamente envolvente.
A trama dá conta, como o título entrega, da viagem de Barry, Cisco e Wells até a Terra-2 para resolver de uma vez por todas o problema com Zoom e tentar resgatar Jesse Quick das garras do vilão. Claro que os planos são atrapalhados pelo deslumbramento do protagonista com as diferenças existentes entre as versões de seus amigos e pela intromissão da dupla de vilões formada por Nevasca e Morte Nuclear. Boa parte do roteiro é focada justamente na inversão de papéis e é dada a chance para o ótimo elenco da série se divertir com isso. O destaque fica para Danielle Panabaker, que realmente parece abraçar sua contraparte malvada e surpreende entregando uma Caitlin totalmente diferente da que o espectador está acostumado. Também é divertido acompanhar a versão artista de Joe West. Jesse L. Martin tem a oportunidade de exibir seus dotes como cantor ao mesmo tempo que comprova simpatia até vivendo uma versão babaca de seu personagem regular. Repleta de easter eggs (incluindo uma alusão rápida a um futuro crossover), a visita a Terra-2 certamente entra para o rol de grandes momentos da série por entregar aos fãs tudo aquilo que queriam: referências inúmeras aos quadrinhos, uma direção de arte criativa para diferenciar os dois universos e aquela sensação de descoberta que tanto fazia falta nesta temporada.
Ainda no mundo paralelo, a série consegue trabalhar boas doses de drama, com Barry ouvindo a voz de sua mãe. Mais uma vez Grant Gustin traz aquele tom quase infantil responsável por ter agradado tanto como a versão televisiva do Flash. E suas reações acerca dos personagens que ama, independente de qual Terra pertencem, também figura entre os destaques. Assim como visto inúmeras vezes nos quadrinhos, e no primeiro ano do programa, o protagonista justifica sua vocação para herói em um texto singelo e humanista, graças a competência dos roteiristas Greg Berlanti e Andrew Kreisberg, não à toa, dois dos criadores da adaptação.
Mas, a Terra-1 também tem sua dose de ação, com um bom desenvolvimento da subtrama envolvendo Jay Garrick. O personagem já estava começando a "sobrar" nos episódios, mas com seu recente retorno e agora com todo o conflito envolvendo sua doença, finalmente existe um motivo para que exista em The Flash. E também funciona como fan service, trazendo o Joel Ciclone em ação, mesmo que por breves momentos.
No terceiro ato, contudo, é que Welcome to Earth-2 diz totalmente a que veio. O embate entre heróis e vilões, com uma resolução inesperada e a situação em que o Flash se encontra retoma aquela sensação de ameaça promovida por Zoom no início da temporada e que se perdeu um pouco ao longo dos episódios. A identidade do vilão ainda é mantida em segredo, aumentando a expectativa quanto a sua origem, mas sua capacidade de subjugar o protagonista é ainda evidenciada. É esperado da série que abrace totalmente sua trama principal daqui para frente, evitando ao máximo as distrações que vinham permeando as aventuras semanais e, por isso, também é esperado um desenvolvimento melhor do antagonista para que não fique apenas para os últimos episódios. É importante lembrar que nesse ponto do primeiro ano, o espectador já tinha muito mais informações sobre o Reverso, o que ajudou a manter a atenção da audiência. Depois de um episódio tão certo de suas ambições e tão competente em reproduzi-las, The Flash não pode "se dar ao luxo" de não superar essas expectativas.
Divertido e avançando a história, sabendo trabalhar com o elenco que tem em mãos, Welcome to Earth-2 certamente será lembrado com um dos grandes momentos da série no futuro. E as ramificações que deixa em aberto para a exploração do Multiverso deixam os fãs ainda mais esperançosos quanto ao desenvolvimento de ideias que a DC pouco explorou em suas adaptações televisivas, mas que fazem parte da editora tanto quanto fazem seus próprios heróis e vilões. Mais importante que isso, este é o momento do público voltar a confiar na série que aprendeu a admirar pela qualidade e não apenas pelas características técnicas ou por referências gratuitas.
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