Depois de um hiato de quase um mês, ninguém pode culpar os fãs de Flash por esperarem, finalmente neste retorno a episódios inéditos, que a identidade de Savitar fosse revelada. Infelizmente, não foi dessa vez ainda, e o mistério, já arrastado exaustivamente, permanece. Por outro lado, The Once and Future Flash se apresenta como uma boa introdução do último ato da temporada, embora acrescente relativamente pouco para a trama central.
Um dos maiores trunfos aqui é a narrativa, totalmente centrada na viagem de Barry ao distante ano de 2024. Assim, as subtramas exploradas se referem apenas ao futuro. Claro que isso tem a ver com o fato de todo o plano do protagonista envolver retornar ao passado exatamente no ponto de onde viajou para o futuro, o que dá a chance de trabalhar apenas as consequências da futura e fatídica morte de Iris nas vidas dos integrantes do Time Flash. E, claro, a perspectiva é a mais sombria possível. O roteiro também trabalha bem a ideia, já abordada antes na série, de Barry como uma força agregadora, alguém que inspira as pessoas ao bem, fundamental na história de um herói como o Flash. Neste caso, o velocista precisa inspirar ao seu eu futuro, que abandonou totalmente a vida e seus amigos depois de perder a mulher amada.
Toda essa trama é bem desenvolvida e contém momentos bastante marcantes, envolvendo Joe West e Cisco, por exemplo. A direção de Tom Cavanagh se mostra bastante inclinada a valorizar a interação entre esses personagens que os fãs aprenderam a admirar em três anos de seriado. Aliás, o intérprete de HR Wells se sai bem atrás das câmeras e seria ótimo que voltasse a desempenhar essa função em outras oportunidades. Há bastante criatividade no uso dos poderes da dupla de vilões, que apesar da clara inspiração em Doutor Estranho ou A Origem, trazem algo diferente para a série, que parece um tanto fatigada na demonstração de habilidades tanto dos heróis quanto de seus inimigos.
Dito isso, há problemas evidentes na forma como o texto encontra para justificar a existência dessa aventura. É difícil imaginar que Barry, no meio de uma crise envolvendo uma de suas melhores amigas, Caitlin, resolveria subitamente que aquele era o melhor momento para viajar ao futuro. Mesmo que seu plano seja o de voltar no exato momento que partiu, há uma soberba envolvida aí por levar em conta que, em primeiro lugar, ele conseguiria voltar assim, tão facilmente. Aliado ao fato de que o Velocista Escarlate jamais se mostrara tão "frio" ao ponto de tomar uma atitude dessa sem pensar nas consequências.
The Once and Future King também se sabota quando a recompensa para o espectador, no que tange o grande quadro da temporada, ser minúscula, levando em conta todo o esforço do herói para dar seu grande salto para 2024. Tudo que Barry consegue é o contato de uma nova personagem. Algo que qualquer roteirista sabe, inclusive, é que não convém introduzir alguém novo na trama tão próximo dos momentos finais, pois provavelmente pode descambar em um Deus Ex-Machina. Uma coisa que incomoda, até, é que se Barry conseguir sair vitorioso, soará como uma imensa trapaça do herói. Durante todo o tempo que ele teve para investigar uma forma de derrotar Savitar, o máximo que conseguiu foi ter a ideia de ir para o futuro, pulando toda uma fase de aprendizado e crescimento próprio que poderia acompanhar sua jornada como o defensor de Central City.
A manutenção do mistério quanto a identidade do grande vilão da temporada é outro problema a ser observado, por todos os motivos já abordados em outros textos. Mas, também por, neste ponto, soar mais como falta de planejamento, do que algo pensado desde o início. Há uma última cena que parece até brincar, de forma jocosa, com a expectativa dos fãs. Quando Caitlin resolve se unir a Savitar por finalmente descobrir quem é o personagem, sua decisão é súbita, soando involuntariamente cômica quando deveria transmitir o poder que o alter-ego do antagonista deveria exercer sobre seus seguidores.
Enfim, apesar dos pesares, este retorno da série, pelo menos, parece dar o pontapé para o desfecho da temporada, que não tem mais tempo para enrolação. Mesmo que, neste ponto, tenha se tornado difícil que a revelação da identidade de Savitar tenha o impacto que deveria ter, a série ainda tem a chance de dar um desfecho razoável para a temporada, bastando, obviamente, foco da parte dos realizadores.
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