Review: The Walking Dead - 3x04 Killer Within

Uma porrada chamada redenção. Acho que esse foi um dos episódios mais difíceis da história de The Walking Dead. Difícil de aceitar, de acreditar ou até mesmo de compreender a extensão dos acontecimentos que culminaram no desfecho mais emblemático e devastador desde a chacina no celeiro. Todos já sabem que o senso de urgência agora é outro, mas a morte de dois personagens que estão na série desde sua estreia foi mais forte do que eu poderia prever apesar deles figurarem entre os mais odiados. Outro fato que contribuiu bastante para a força de tudo o que vimos, foi a renovação que The Walking Dead vem mostrando desde o começo da temporada.

Tentando de tudo para construir um novo lar na prisão, Rick planeja e divide tarefas, consulta seus mais fiéis aliados, mas mantém o receio para com os prisioneiros que ainda se encontram no local. O clima mais ameno, representado pelo resquício da noite que Maggie e Glenn devem ter tido, mascarou um pouco do que estava por vir, porém eu sentia a tensão crescente ao pensar na misteriosa cena que abriu o episódio. Nela, alguém aparentemente estava atraindo walkers para o lado da prisão onde os sobreviventes se encontravam, e se a presença de outra horda se confirmasse, a alegria estampada na cara do grupo de Rick duraria pouco.

Em Woodbury, tivemos poucos acontecimentos. Vimos mais do Governador, tentando seduzir Michonne com garantia de sobrevivência e Andrea com garantia de outra coisa (estamos de olho viu seu danado). Merle também teve certo destaque e não consigo definir o porquê dele estar tão interessado no paradeiro de Daryl. O personagem é tão ambíguo que não dá para acreditar que ele queira a presença do irmão ali apenas por ele ser da família. Michonne continua desconfiada e com razão, temo pelo que pode acontecer a ela (tomando por base a HQ), pois Andrea já caiu no papo manso do Governador e não vai querer sair de Woodbury nem tão cedo.

Na prisão, todos ficam otimistas ao ver Hershel andando com as muletas. Foi nessa pequena cena, que conseguimos pegar tudo o que eles estão sentindo. O sorriso de Maggie, a admiração de Glenn e o orgulho de Rick ao olhar a esposa ajudando o fazendeiro. Aquele olhar valeu mais por um perdão do que qualquer palavra e não fosse o que aconteceu depois, tenho quase certeza que o casal iria se acertar. Enquanto os walkers se aproximaram silenciosamente, o caos se instalou em segundos. Foi rápido, assustador e impressionante. A adrenalina da cena se manteve durante todo o episódio.

Ao desenrolar dos eventos, o medo foi crescente, porque em meio ao ataque todos se separaram. Hershel e Beth se trancam de um lado. Lori, Carl e Maggie correm para o bloco das celas. T-Dog e Carol tentam chegar ao posto de vigilância e Rick e os outros ainda se encontram no corredor de fora do pátio. A primeira baixa vem com a mordida levada por T-Dog. Não gostava do personagem, mas ele cresceu na temporada e seu último ato para salvar Carol foi digno de ser lembrado. Tensa e sangrenta, a cena foi coroada pela expressão de gratidão da mulher. Mas isso seria só o começo.

De repente os alarmes da prisão começam a soar e mais walkers são atraídos. Rick quase suspeita de Axel e Oscar quando Daryl diz que alguém cortou as correntes das grades, mas o fato deles saberem onde se localiza o gerador que está mantendo a energia das sirenes, joga a desconfiança para segundo plano. Enquanto Rick vai atrás do gerador, Lori, Carl e Maggie são perseguidos por inúmeros zumbis. A pressão faz com que a grávida entre em trabalho de parto e, ao se refugiarem na caldeira, a noção do que está para acontecer cai como uma bomba entre os três.

Li spoilers e sabia do destino de Lori, mas a cena foi impactante. Não me emocionei na despedida dela e Carl, mas quando o garoto se lembra do diálogo que teve com Rick na fazenda, eu me arrepiei. A comoção de Maggie e a brutalidade do parto cesariano também foram marcantes, poucos diálogos e mais expressões sempre foram o forte da série. Agradeço por eles terem apostado no silêncio que levou ao tiro final que Carl dá em sua mãe, ao invés de algum mimimi barato. Uma sequência para ser lembrada por muito tempo.

Sem enrolar, descobrimos que o parceiro de Tomas escapou e foi ele que atraiu e liberou a horda na prisão. Oscar, o outro prisioneiro, não pensa duas vezes e prova a Rick que ele é sim de confiança ao meter um balaço na cabeça do outro cara. Geradores desligados, Rick retorna ao pátio em busca de Lori e Carl. E é aqui, meus amigos, que temos uma das cenas mais emocionantes que já vi em um seriado. Ao perceber a ausência de Lori, Rick se desespera e chora como um louco. A atuação de Andrew Lincoln foi marcante, e é impossível não ficar com um nó na garganta quando ele desaba no chão. The Walking Dead fez bonito, um episódio sobre redenção no apocalipse zumbi, e da forma mais dolorosa, ela veio como sacrifício.

P.S.: Menção a filha do Governador, fãs da HQ começam a ficar ansiosos. Será mesmo que os produtores terão coragem para essa trama? O aquário a gente já conseguiu.

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Comentários

9 comments

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    Danilo 5 novembro, 2012 at 23:32 Responder

    Pode comentar em caixa alta? FOI O MELHOR EPISÓDIO DAS TRÊS TEMPORADAS!
    Eu sei que teve muito coisa no episódio e, nossa como eu fiquei com medo de Glenn morrer, mas eu só consigo me lembrar de Lori. Não consegui acreditar que eles tiveram realmente coragem de matar a cobra e mostrar o pau. Mostrou o corte, as mãos de Megie dentro do corte, a frieza de Carl para manter o corte aberto, a despedida entre mãe e filho. Essa sequência mexeu comigo em ordem e de trás pra frente. Não senti nada quando T-Dog foi mordido. Minto, eu gostei. Nem preciso mentir, né? E apois, eu não gostava muito dele, acreito que mais porque ele nunca falava nada e seu destaque era muito baixo. Quanto a Lori, não posso negar o quanto ela foi uma pessoa terrível e achei que ela morreu na hora certa. Acredito piamente que ela tenha se arrependido de seus erros, mas a imagem dela ainda não era 100% e para que não pudessemos mais nos apegarmos com seu personagem, ela foi tirada de nós. Não posso deixar passar nesse comentário o quanto eu detesto Merle. A fala dele me dá gastura. A cidade tem muito a mostrar ainda e Andrea parece realmente está estrando numa cilada. No final do episódio foi atingido o clímax de emoção que eu ainda não tinha sentido nas temporadas anteriores, com respaudo maior para a primeira tempoada. E eu pude sentir toda a emoção do episódio lendo essa review. Minha noite foi ótima com a soma dessas coisas hoje. Muito obrigado!

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      Zé Guilherme 5 novembro, 2012 at 23:50 Responder

      Sabia que tu ia se emocionar Danildo e obrigado por mais um comentário inspirado. Também não sou muito fã do Merle não, a voz dele é mesmo estranha. Acho que o final desse episódio vai ser algo para ser discutido e comentado por muito e muito tempo. Emoção pura …

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    Alynne Carvalho 6 novembro, 2012 at 02:59 Responder

    Quando The Walking Dead acerta, o que eu posso fazer? Levantar e bater palmas lentas.
    Que episódio, meus caros, que episódio! Com quatro episódios seguidos numa qualidade tão alta,
    só posso ficar feliz.
    A maneira como as coisas aconteceram em Killer Within foram pra deixar o coração apertado, e aquela cena final foi capaz de deixar um elefante inteiro pra gente digerir. Impecável, impecável.f

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    John Torres 8 novembro, 2012 at 21:52 Responder

    um dos melhores reviews que li sobre o episódio. Apesar de achar um pouco cedo pra limarem dois personagens de núcleo principal, o episódio foi sensacional. Confesso que queria Tdog vivo para encontrar Merle, mas isso não será mais possível. Pra mim, os destaques do episódio foram a transição de Carl e atuação magistral de Andrew Lincoln no ato final. Perfeito!

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      José Guilherme 9 novembro, 2012 at 01:10 Responder

      Perfeição é a única palavra que define a entrega de Andrew Lincoln na cena final. Também esperava um encontro do Merle com o T-Dog, mas acho que no episódio anterior a gente já teve a dica de que ele tá com mais raiva do Rick, do que do finado T!
      Um embate que também vai ser legal de se ver.

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