Review: Arrow S04E10 - Blood Debts

AR410bHá algo em comum entre os retornos de Flash e Arrow depois do hiato. Ambas apostaram forte no drama pessoal dos protagonistas para catapultar a segunda metade de suas respectivas temporadas. Porém, em termos de qualidade e envolvimento com o espectador, apenas a série do Arqueiro consegue se sair bem. Usando a luta de Felicity para sobreviver ao ataque que encerrou o episódio anterior como pano de fundo e as ramificações do incidente no psicológico de Oliver, Blood Debts tem ideias que, embora não sejam inovadoras, convencem por seguirem caminhos que fazem sentido dentro do arco do personagem principal, trabalhado tão bem neste quarto ano.

Apesar de começar com um senso de urgência muito grande, com o justiceiro mascarado partindo com toda força contra os capangas de Darhk na busca pelo vilão, o episódio desacelera bastante para focar muito mais nas consequências das ações de Oliver e como essa recaída em sua recém-adquirida persona mais leve afeta aqueles à sua volta. Para se envolver totalmente com essa subtrama o espectador precisa levar em conta toda a jornada do herói até aqui, desde a primeira temporada. Claramente longe de ser um modelo de sanidade, Oliver só adquiriu confiança e consciência de seus atos no final do terceiro ano e, no início do atual, mostrava ares de tranquilidade graças ao seu envolvimento romântico com Felicity. Com a moça sofrendo um ataque tão brutal, o protagonista é levado a confrontar a fragilidade da vida e o tempo que deixou de passar ao lado da mulher amada para desempenhar sua missão de salvar Star City. Por isso, toda sua evolução é colocada à prova, mas, como dito acima, o personagem central não é psicologicamente estável e a recaída vem como uma ação natural. Longe de ser uma abordagem perfeita, pois ao mesmo tempo que surge natural, também pode anular todo o arco mostrado até aqui, o que não seria bom, o conflito, no entanto é facilmente assimilado pela audiência.

O episódio vem embalado por várias subtramas, algumas interessantes, outras dispensáveis, como o repetitivo destaque romântico para Thea. A série parece não se conter com a necessidade de trazer pares para a moça em todas as temporadas a faz passar por quase as mesmas situações, deixando de lado o que realmente interessa, que é a instabilidade emocional da personagem depois dos eventos mostrados anteriormente. No âmbito das plots que rendem bons momentos, a sobre Diggle se mostra a mais promissora. Todo o relacionamento com o irmão e a crueza como lida com isso refletem, inclusive, a própria jornada de Oliver, mas aqui sendo seguida por alguém com muito mais ciência de seus atos.

Um ponto fraco de Blood Debts é o retorno do Anarquia, um tanto deslocado pelo momento em que a trama se encontra. Tudo soa como uma desculpa para adiar um confronto direto com Darhk, além de oferecer uma dose insuportável de conveniência para levar o protagonista até o vilão da temporada. Talvez fosse melhor lidar com a onipresença do antagonista, mas pelo menos fazer o Time Arqueiro chegar até ele por méritos investigativos próprios e não através de um elemento que parece surgir de última hora. É coincidência demais que justo agora Lonnie Machin tenha decidido ir atrás da HIVE, proporcionando à Oliver o subterfúgio perfeito para chegar até seu principal inimigo.

O reintrodução do Anarquia também indica planos futuros para o personagem. Ao que parece, o seriado está mostrando as transformações graduais em um vilão completo, mais próximo da abordagem atual nos quadrinhos. Os realizadores só não podem se esquecer que a base principal desse personagem está em gerar o descontrole, algo que até agora não ocorreu, uma vez que sua motivação agora é vingança. Mas pode ser um interessante trunfo manter Machin ao longo da temporada crescendo e trazê-lo como uma ameaça mais forte em seguida.

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Os flashbacks também avançaram, apesar de ainda não terem entregue o potencial prometido quando do início dos novos episódios. No entanto, a adaptação novamente apela para o flashforward do enterro misterioso, já revelando no final que, apesar do forte marketing durante o hiato, não é a Felicity que partiu para outro plano de existência. Fica o mistério e é importante dar esse passo a frente, deixando o espectador ainda mais apreensivo.

Arrow novamente faz um episódio à altura de suas capacidades, como ficou claro no excelente segundo ano, provando que existem fôlego para tramas centradas em dilemas palpáveis e coerentes, algo que sua série derivada precisa urgentemente entender.

Alexandre Luiz

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1 comment

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    Jax 24 janeiro, 2016 at 22:01 Responder

    Essa relação do Oliver com a Felicity é muito forçada… Primeiramente: a atriz é péssima, não consegue convencer em nenhuma cena de drama, deixou de ser um bom alívio cômico na 2ª temporada, e graças a ela o Arqueiro, que no começo da 1ª temporada conseguia desviar dinheiro em contas irrastreaveis, se tornou um imbecil completo, que não consegue mexer em um computador… Segundamente: o relacionamento forçado por conta de fãs do tumblr jogou fora toda a relação dele com a Laurel, que durante as 2 primeiras temporadas foi o principal “amor” da vida dele, cuja foto ele carregava durante os 5 anos fora como principal motivo para voltar para casa (além da lista do pai dele), de forma que atualmente os dois já bateram tanto de frente que fica insustentável um futuro relacionamento (lembrando que estamos falando de personagens que se casaram 2 vezes nas HQs e é um dos relacionamentos de melhor dinâmica da DC)… É outro ponto contra a Felicity é essa possível tentativa de transformar ela na Oráculo genérica (mais do que já tentavam fazer anteriormente), o que seria um desrespeito inimaginável com a Barbara Gordon, e todo o background dela é pífio, tanto o passado gótico dela (um dos piores episódios de toda a série) quanto a família dela (a mãe ridícula e desnecessária e o pai super vilão, mais previsível impossível)… A temporada está melhor que a anterior, mas acho que seria impossivel ser pior que aquilo e tá mais próxima de ser uma série da “Felicity e cia” que do “Batman Verde”, que de Arqueiro só tem o nome, mas no começo era bom então dava para relevar isso

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