Review: Arrow S02E03 - Broken Dolls

Atenção: Spoilers do episódio no texto abaixo!

Apesar de terminar com um gancho fantástico, o episódio anterior de Arrow havia deixado um gostinho um tanto desagradável para o espectador com relação à Laurel e alguns elementos da trama dos flashbacks. Assim, quando Broken Dolls começa, é gratificante ver que a série, mesmo usando uma solução manjada em programas do gênero, consegue entregar um exemplar tão bom logo no início de temporada.

Quem está acostumado com seriados de TV já havia deduzido que a situação complicada que o Arqueiro se colocou no final do capítulo anterior seria resolvida bem rapidamente. Mas até nisso Arrow se mostrou competente essa semana, aproveitando o momento para marcar um bem sucedido resgate feito pela Canário (Caity Lotz) e a boa adaptação de seu super-poder das HQs, o grito sônico, agora emitido por um aparato tecnológico. Oliver fica intrigado quanto à garota e começa a investigar suas aparições pelo Glades, com ajuda de Roy. Ao mesmo tempo, a polícia de Starling tem de investigar o retorno de um cruel serial killer, Barton Mathis (Michael Eklund), que fugiu da prisão no terremoto da temporada passada. O problema é que o criminoso está com sede de vingança contra Quentin Lance, o detetive responsável por sua prisão há seis anos. Como o policial se encontra rebaixado e  impossibilitado de ajudar nas investigações, pede auxílio do vigilante, marcando a primeira parceria "oficial" de ambos, algo que desde o início da série o espectador imaginou acontecendo, como um espelho da relação Batman/Comissário Gordon.

O episódio, dirigido por Glen Winter, marca um dos melhores momentos de Arrow até aqui, sem medo de soar mais sombrio que o usual, já que os assassinatos cometidos por Mathis são de natureza bastante cruel, mesmo sua versão das HQs sendo ainda mais perturbada. O elemento mais pesado do vilão foi ignorado pelo roteiro, mas isso já era de se esperar. A não ser que fosse de alguma emissora paga, dificilmente o seriado exibiria o antagonista usando uma máscara feita a partir da pele de suas vítimas (daí a origem de seu codinome Dollmaker). De qualquer forma, Eklund surge bastante convincente. O ator está acostumado a interpretar personagens psicologicamente quebrados e aqui pôde se soltar mais do que o habitual, dando inclusive a impressão de ter se divertido com o material. O roteiro também colabora e, pela primeira vez, o vilão tem o tempo de tela ideal e sua motivação melhor trabalhada. Tomara que sirva de base para o futuro, pois este foi um fator que sempre incomodou no seriado. Nenhum herói de quadrinhos é bom o suficiente se não tiver inimigos à altura. O Homem-Morcego está aí para provar.

Quase que totalmente voltado para a corrida contra o tempo de Lance e do Arqueiro para pegar Mathis (e a parceria de ambos é divertida e funcional), Broken Dolls consegue, ainda, encontrar tempo para Oliver Queen. Mas não é nas empresas da família que o jovem milionário é abordado, e sim na audiência de sua mãe perante um juiz. Novamente mostrando que não está no ar para enrolar o espectador, Arrow surpreende ao colocar o promotor Adam Donner (Dylan Bruce) pedindo a pena de morte para Moira. Essa subtrama terá tempo para ser desenvolvida, mas já promete mexer mais um pouco com o status quo dos personagens. Thea está arrasada e deve permanecer assim por um bom tempo, mas é a relação entre Oliver e Laurel que pode sofrer com isso, afinal a moça é assistente de Donner e deve apoiar o promotor na decisão. Há ainda um momento intrigante em que a Sra. Queen praticamente diz para sua advogada que prefere enfrentar o corredor da morte do que ter seus segredos revelados em uma apelação para tentar uma pena menos radical. Que outros mistérios a personagem ainda teria para revelar sobre seu passado?

Nos flashbacks, uma reviravolta. Enquanto Shado analisa o esqueleto encontrado na caverna, Oliver e Slade tentam descobrir de onde os mercenários estão vindo e são atacados por bombas. A cena que o personagem de Manu Bennet parece ter sido gravemente atingido deixa algumas perguntas em relação ao futuro (quanto a sua transformação no Exterminador). Oliver é preso e vai parar em um navio chamado Amazo, porque não existe esse negócio de "muita referência" em Arrow. Por falar em referência, a mais surpreendente do episódio surge no final, em um ataque à Canário. Das sombras, um ninja usando uma roupa muito semelhante à de Malcolm Merlyn em sua identidade de Arqueiro Negro, chega para levar a garota de volta para Ra's Al Ghul. Sim, o vilão do Batman é mencionado e não fiquem surpresos se ele aparecer em episódios futuros. Ironicamente, Glen Winter havia dirigido o episódio Dead to Rights na temporada passada, em que Merlyn revelava ter sido treinado por um homem muito poderoso na fictícia Nanda Parbat. Na época, muito se especulou se o tal homem seria Ra's ou algum outro personagem como Richard Dragon, por exemplo. O diretor, também principal cinematógrafo do programa, se sai muito bem ligando esses dois capítulos que comandou e se mostra um dos mais promissores profissionais a passar por Arrow. Há uma sequência em particular, envolvendo Quentin Lance falando com Mathis pelo telefone, que se destaca, mostrando o forte apreço de Winter pela narrativa (assista aqui). Visualmente, ele também não deixa por menos e carrega na atmosfera pesada quando a dupla formada pelo antigo detetive e pelo Arqueiro interroga o advogado Tony Daniel (nome que faz referência ao desenhista co-criador do Dollmaker). Aliado a direção de arte, cuja criação do cenário o faz parecer ter saído de uma página de quadrinhos policiais, o diretor monta uma das sequências mais sombrias da série.

Marcando também a primeira aparição de Sin (Bex Taylor-Klaus) como uma protegida da Canário, Broken Dolls ainda tem tempo de corrigir a bobagem usada como desculpa por Laurel na semana passada para se voltar contra o Arqueiro. A própria personagem percebeu o quanto estava sendo egoísta ao culpar o herói por uma coisa que não havia como ele controlar e como sua mudança de comportamento não passou de uma válvula de escape para negar sua própria culpa.

Broken Dolls

De volta em excelente forma nesta nova temporada, Arrow tem tudo para se tornar a melhor série live-action que a DC já produziu. Sem parecer forçada ao introduzir uma enorme gama de personagens das HQs e se tornando um entretenimento de qualidade não apenas para os fãs de longa data, mas para os novos, que se interessaram pela trama e por sua narrativa ágil, além, é claro das ótimas cenas de ação, a série mantém um nível de qualidade bem acima da média para os programas do gênero, não deixando episódios filler (que nada acrescentam à trama) atrapalharem o ritmo. Broken Dolls é apenas um exemplo de como o seriado pode entregar ótimos momentos e é só o terceiro episódio do novo ano. Com tudo que está prometendo, em referências e inclusão de novos coadjuvantes, fica difícil segurar a expectativa.

Alexandre Luiz

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