Review: Arrow S04E01 - Green Arrow

AR401b"Você agiu como um monstro e atraiu monstros", diz o Capt. Lance para Oliver, em um dos melhores momentos da estreia da quarta temporada de Arrow. Essa linha de diálogo vai de encontro com várias ideias plantadas desde o surgimento do Flash no universo DC da TV. Se o velocista de Central City inspira as pessoas ao bem, que tipo de inspiração o Arqueiro pode ser? A partir daí o espectador é apresentado ao motivo do justiceiro de Star City adotar finalmente a persona de Arqueiro Verde e uma postura diferente.

Quando a audiência é reintroduzida a cidade natal do herói, ela está em frangalhos. Impossível não pensar imediatamente na atual situação de Detroit. Os moradores que podem estão indo embora, as finanças estão comprometidas e ninguém parece louco o bastante para assumir o comando (ser prefeito de Star City não é um bom negócio). Para piorar, constantes ataques de um misterioso grupo assustam a população que, mesmo tendo a proteção do grupo de heróis formado por Laurel, Thea e Diggle, parece totalmente indefesa contra uma ameaça que ninguém sabe de onde veio. Enquanto o caos toma conta, Oliver e Felicity vivem uma vida comum, como um casal de subúrbio.

Começando por este último ponto, a relação entre ambos é muito bem desenvolvida neste primeiro momento. A dinâmica lembra bastante a mostrada na fase de Mike Grell à frente do título mensal do Arqueiro Verde, quando o personagem morava com a Canário Negro. As brincadeiras entre eles, os momentos descontraídos e o romance parece muito mais crível do que qualquer outro relacionamento que Oliver já viveu na série. Stephen Amell finalmente pode se soltar mais e não precisa se comportar como alguém duro e sem sentimentos (algo já prenunciado pelo final da terceira temporada). O texto também acerta na caracterização de Felicity. Parece que finalmente os fãs terão o retorno daquela personagem forte e decidida da segunda temporada e não mais a confusa donzela em perigo do terceiro ano.

É gratificante poder ver, também, a relação criada entre a Canário, Speedy e Diggle e como funcionam bem como os novos heróis de Star, sem a preocupação de se esconder do público. Há duas cenas envolvendo a Canário em que a população reage à personagem de forma natural, como se momentos assim fossem algo corriqueiro na cidade, seja por bem ou por mal. A rusga entre Diggle e Oliver também é bem desenvolvida, afinal seria improvável o ex-segurança aceitar o retorno do amigo depois dos acontecimentos do passado. E muito dessa relação conturbada funciona por conta da química entre os intérpretes, algo construído desde a primeira temporada e que favoreceu muito a empatia do espectador por um personagem original do seriado, que agora já existe até nas HQs. Já Thea demonstra uma instabilidade que pode dar frutos um tanto trágicos no futuro. A passagem da moça pelo Poço de Lázaro não será esquecida pelos roteiristas e deve ser o motivo da explosão de raiva exibida em determinado ponto.

Dos pontos positivos, talvez o mais interessante seja a introdução do vilão da temporada. A decisão de não segurar Damien Darhk e já apresentá-lo nos primeiros minutos do episódio é acertada e confia totalmente na presença que Neal McDonough confere ao antagonista. Ameaçador, com um pouco de "camp", mas sem soar exagerado demais, o personagem está longe de ser o apático Ra's Al Ghul do início do ano 3 (que só ganha força na segunda metade daquela temporada). Levando em conta o que é mostrado aqui, parece que a série finalmente encontrou um vilão à altura de Slade. Aliás, a primeira aparição de Darhk é auxiliada pela boa sacada do diretor Thor Freudenthal em mostrá-lo de ponta cabeça em um reflexo.

Oliver cita, não apenas neste primeiro episódio da temporada, mas em outras ocasiões, que já viu coisas estranhas que a ciência não tem como explicar. Como há introdução de elementos mágicos no presente, o espectador pode esperar para conferir este encontro do protagonista com o sobrenatural nos flashbacks. Aos fãs da DC resta saber quais personagens de seu mundo místico darão as caras, além do já anunciado Constantine. Zatanna? Senhor Destino? Espectro? A lista é longa e abre muitas possibilidades para o deleite dos leitores de quadrinhos, que devem vibrar com o easter egg envolvendo o Lanterna Verde em uma cena entre o protagonista e Amanda Waller.

Arrow -- "Green Arrow" -- Image AR401A_0063b -- Pictured: Stephen Amell as Oliver Queen -- Photo: Dean Buscher /The CW -- © 2015 The CW Network, LLC. All Rights Reserved.

Apesar de uns problemas pontuais, como a suspensão de descrença necessária para o espectador aceitar uma explosão de um trem em alta velocidade ficar contida apenas onde acontece, ou o anúncio do Arqueiro Verde pela TV (necessário para introduzir o conceito, mas um tanto forçado), a estreia da quarta temporada é um dos melhores episódios de Arrow em muito tempo. A série parece ter voltado nos trilhos, equilibrando drama, ação e a química do elenco com grandes reviravoltas nos momentos finais. Existem duas sequências que funcionam como gancho para o futuro que prometem fortes mudanças no status quo do seriado. Tomara que a equipe de roteiristas tenha aprendido com os erros do passado e não se perca, como aconteceu com a temporada anterior.

 

Alexandre Luiz

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8 comments

  1. Avatar
    carla machado 9 outubro, 2015 at 15:26 Responder

    Gostei bastante superou minhas espectativas.
    Acho que não vai ficar na lenga lenda de casalzinho Oliver e Felicity.
    O final foi muito curioso. Acho que foi a Felicity que morreu , não?

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    Mariana Lima 10 outubro, 2015 at 00:05 Responder

    Alexandre, você disse que o anúncio na TV foi forçado, mas pra mim,o pior desse anúncio foi que o rosto dele estava tão iluminado, que não tinha como alguém não reconhecer que era o Oliver. Afinal ele era até não muito tempo atrás, uma figura pública, que estava sempre nas notícias da cidade. Até entendo que quiseram tirar o arqueiro das sombras para passar uma imagem mais colorida, mas o rosto dele tinha que continuar na sobra do capuz, afinal é identidade secreta ou não? Isso foi daquelas coisas que me tiraram da história. Fora isso, gostei bastante desse retorno.

    Eu tb não acho que seja o túmulo da Felicity por causa do Barry, ele estaria mais abalado.

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      Alexandre Luiz 10 outubro, 2015 at 23:05 Responder

      Aí é suspensão de descrença… mesma coisa do Clark de óculos, Superman sem óculos… eu nem levo isso em conta em séries de personagens mascarados… aliás, se tem uma coisa que o filme do Lanterna acerta é a cena que a Carol olha pro herói e saca na hora que é o Hal… Quem é enganado por uma mera mascara cobrindo os olhos? 😛

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    Laura Oliveira 12 outubro, 2015 at 09:03 Responder

    O episódio foi menos ruim do eu achei que seria, até que foi um bom episódio, mas sendo bem sincera, se tem uma coisa que me desanima profundamente em Arrow é ver que em plena quarta temporada o Oliver continua com as mesmas questões, com as mesmas dúvidas, sendo necessário sempre que alguém o incentive a agir como o herói que ele em tese deveria ser. Essa função já foi do Diggle, da Laurel e agora é da Felicity. Desde a decisão de voltar a Star City até a decidão de vestir o traje do Arqueiro Verde, o Oliver só agiu porque a Felicity disse o que ele deveria fazer, que decisão ele deveria tomar, e de verdade essa fragilidade na motivação do Oliver como herói me irrita, pois era algo que já deveria ter sido superado a temporadas atrás. Na primeira temporada de Flash o Barry chamou para si a responsabilidade de proterger central city, e o Oliver depois de quatro anos ainda não desenvolveu essa consciência, precisa sempre que alguém empurre ele para as coisas, isso é frustante! As cenas de Olicity pra mim são sempre desnecessárias, não compro e nunca vou comprar esse romance que surgiu do nada e que só serviu para deixar a Feliciy chata, ela que era uma ótima personagem, e deixar o Oliver ainda mais mimizento. Espero que até o fim da temporada esse romance acabe, pois tenho certeza que enquanto Olicity existir o Oliver jamais será o Arqueiro Verdade das HQs. Para mim o melhor do episódio foi ver Laurel e Thea mandando ver nas cenas de ação, ver que as duas não ficaram de mimimi e assumiram pra valer a função de proteger Star City ao lado do Diggle. Gostei tbm de ver o Damien Darhk em ação, parece que a série encontrou um vilão decente depois do frustrante Ra’s Al Ghul da terceira temporada. E ver o Capitão Lance trabalhando com esse homem tbm foi bem interessante. Sobre quem está no túmulo, não acho que seja Felicity, eu queria muito que fosse ela, mas não acho que seja, e não porque não faça sentido, porque faz, e muito, mas porque eu duvido muito que os produtores de Arrow teriam culhões pra matar uma personagem com uma base de fãs tão grande, por mais coerente e benéfico que isso seja para o roteiro. “Ah, mas o Oliver e o Barry não esão suficientemente emocionados diante do túmulo, não pode ser a Felicity”, bobagem, o fato dos dois estarem mais contidos não significa nada. Temos certeza que a pessoa que está no túmulo é importante para o Oliver e nessa categoria entram Thea, Felicity, Diggle, e, sim, a Laurel, por mais que os produtores tenham esquecido disso, a Laurel é sim importante na vida do Oliver. E sem dúvida ele ficaria extremamente arrasado com a morte de qualquer um desses personagens e demonstraria muito mais emoçâo do que o que vimos na cena, o que significa que esse fato não pode ser levado em consideração e que qualquer um dos nomes citados por mim acima pode estar naquela sepultura. A cena que vimos foi depois do funeral e do enterro, ou seja, depois de momentos extremamente difíceis para quem perde alguém amado e provavelmente foi nesses momentos que o Oliver se permitiu sofrer, chorar e lamentar a morte de quem quer que esteja naquele túmulo. Ali, na conversa com o Barry, o que vimos foi outro estágio do luto, vimos um Oliver mais controlado e tirando daquela morte, daquela dor, força pra fazer o que ele sabe ser responsabilidade dele como herói. Sobre o Barry não estar aos pranto é simples, ele foi ali dar apoio ao Oliver. Por mais que eu ache que ele também conheça e seja amigo da pessoa morta, senão não faria questão de ir visitar a sepultura, fica claro que o motivo da presença dele ali foi antes de qualquer coisa o de dar apoio ao Oliver. Por isso, mesmo sendo amigo da Felicity ele estaria ali antes de mais nada para consolar o amigo que acabou de perder a mulher que ama, e não para chorar no túmulo dela como um viúvo incosolável, sendo assim, o estado do Barry não pode servir de parâmetro para descartar a Felicity. Se ela for a morta da vez ele provavelmente chorou e ficou chocado quando soube da notícia e foi a Star City para se solidarizar com o Oliver. E eu sei que o Barry não conhece Laurel e Thea e mal falou com o Diggle, o que excluíria os três da lista de possíveis mortos, já que como falei, o Barry deve ser amigo, ou pelo menos se importar minimamente com a pessoa que morreu, mas isso poderá mudar ao longo da temporada atráves dos crossovers que haverá entre Arrow e The Flash. Com base nessas considerações vamos analisar os quatro nomes de possíveis candidatos a morrer que foram citados por mim. Não acredito que a Thea seja a ocupante da sepultura porque ela acabou de voltar dos mortos e tem um plot muito interessante em decorrência dos efeitos do poço de Lázaro, acho que ela tem muito o que fazer e por isso não deve morrer de novo. Também não acredito que seja o Diggle porque os produtores disseram que o personagem teria muita história nessa temporada e acho que não desperçariam o plot dele envolvendo a Colméia matando o personagem. Felicity é sem dúvida a morte que mais me agradaria, não só porque colocaria um fim em Olicity, mas também porque seria a morte com maior impacto na série e mudaria substancialmente a forma como as coisas vem acontecendo em Arrow. A morte dela permitiria que a série se aproximasse mais da HQs do Arqueiro Verde, pois os produtores poderiam enfim desenvolver como se deve a relação do Arqueiro Verde e da Canário Negro, que foi abandonada na temporada passada para que fosse desenvolvido Olicity. Justo quando a Laurel se tornou a Canário e nós poderíamos ver a interação dela com o Oliver como heróis, os produtores de Arrow resolveram dar às costas para a personagem e ignorar a importância que ela sempre teve para o Oliver, a morte da Felicity corrigiria isso, e poderiam começar a desenvolver pouco a pouco a reconciliação de Oliver e Laurel, agora como Arqueiro Verde e Canário Negro. Além disso, a morte da Felicity daria ao Oliver finalmente um sentindo para ser um herói, sentindo este que ele vem procurando desde a primeira temporada, mas que parece não ter ainda encontrado, já que a todo instante precisa de alguém para lembrá-lo que ele tem a responsabilidade de proteger a cidade. E como a Felicity parece que vai exercer essa função ao longo da temporada, ou seja, vai exercer o papel de consciência do Oliver e o incentivar a lutar por Star City, a morte dela teria o efeito de deixá-lo com sangue nos olhos e com a certeza de que ele deve proteger as pessoas. A própria Felicity disse ao Oliver no episódio de estreia da quarta temporada que proteger Star City é a responsabilidade dele, após a morte dela ele iria honrar isso e, assim, veríamos finalmente o verdadeiro Arqueiro Verde na série, mas de novo, não acredito que seja ela a eleita dos produtores, pois as fãs shippadoras de Olicity não aceitaria nunca que a Felicity morresse e como estamos falando de uma série cujos produtores são amantes declarados da fan service, duvido muito que eles contrariem as fãs da Felicity e matem a personagem. Sentido tem e seria ótimo para a série, mas eles não o farão! Quanto a Laurel vocês podem me perguntar, “Você acha que os produtores são malucos de matar a Black Canary? “, não eu não, pelo menos não pra valer. Sei que eles disseram que seria uma morte definitiva e não haveria o uso do Poço de Lázaro dessa vez, mas e se eles usassem essa morte para trazer pra série a Black Canary meta-humana? Uma explosão, Laurel se sacrifica pra salvar o Team Arrow, todos acham que ela está morta e como não há corpo fazem um velório simbólico. E depois passa uma cena em que a Laurel está eacondida e sendo tratada por alguém, e quando ela acorda, sem saber quem é, solta um grito e vemos que ela agora tem o canary cry meta-humano. Seria um ótimo gancho para a próxima temporada e já que os produtores não vão mesmo matar a Felicity, essa história de morte serveria ao menos pra trazer para a série a Canário Negro meta-humana, o que seria incrível porque aquela coleirinha que a Laurel usa para dar o Canary Cry é meio tosca. Eu adoaria que acontecesse algo do tipo, pois além da Laurel se tonar meta -humana na série, ela teria um ótimo plot para a próxima temporada, mas é óbvio que os produtores não fariam algo tão bacana assim, especialmente para Laurel, pra quem eles estão cagando na série, o que me faz chegar na última parte desse post. Pra mim toda essa história de morte vai acabar em um desfecho bem tosco através da revelação da morte de um personagem bem insignificante. Isso é cara dos produtores de Arrow, criar nos fãs uma grande expecativa acerca de alguma coisa para no final não dar em nada. E diante das declarações da Wendy de que eles ainda não decidiram sobre quem está na sepultura tenho ainda mais certeza de que no fim não será ninguém que tenha alguma relevância para a série e cuja a morte não mudará nada. Tudo que os produtores querem com essa história é fazer os fãs escreverem textões (Como esse meu. Rs) sobre teorias de quem pode ou não morrer. Arrow não mata definitivamente um personagem significante para a série desde que a Moira morreu e não acho que vá começar agora, não quando a série passa por um momento difícil onde os fãs estão muito desconfiados depois de uma terceira temporada deplorável. Se por um lado matar a Felicity provocaria a ira das fãs da personagem que só assistem a série para shippar ela com o Oliver, por outro matar a Laurel ou mesmo a Thea, também seria um tiro no pé, pois espantaria todos os fãs de quadrinhos que ainda se mantém fiéis a série em sua maioria em vitude das personagens terem finalmente abraçado o vida como as heroínas que todos sabiam que elas estavam destinadas a ser. Desde a primeira sabíamos que Laurel assumiria o manto da Canário Negro e que a Thea seria a Speedy, e perder qualquer uma das duas quando isso finalmente aconteceu seria muito frustrante. As melhores cenas de ação do episódio de estreia da quarta temporada ficaram por conta das duas e ficar sem isso na série seria afugentaria os fãs de quadrinhos que sobreviveram a uma terceira temporada lotada de Olicity e que voltaram para quarta temporada apesar desse casal forçado. Eu compraria uma passagem, iria a Vancouver e daria um beijo na careca do Marc se ele e a Wendy tivessem coragem de matar a Felicity e dar um novo rumo pra série, mas o fato é que eles não vão fazer isso. Felicity está segura, assim como os demais integrantes do Team Arrow, esses produtores de Arrow não vão querer comprar briga com nenhum segmento de fãs da série, motivo pelo qual essa história, que foi claramente jogada em cima dos fãs sem qualquer planejamento, não vai dar em nada!

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      Alexandre Luiz 12 outubro, 2015 at 11:22 Responder

      Adorei seu comentário! Aliás, adoro quando os fãs se engajam pra escrever bastante 🙂

      Sobre a morte e como ela vai funcionar na série, o Marc já declarou que essa será pra valer, ou seja, "dead is dead" pra qualquer que seja o morto, ou morta, naquele túmulo. É esperar pra ver.

      Vamos acompanhar pra ver até onde vai tudo isso. Eu fiquei só preocupado com: no começo da S04 nos levaram a crer que o Oliver finalmente está mudado, mais solto, e querendo ser o herói e não um mero vigilante. O problema é essa morte trazer de volta o Oliver de antes, anulando a evolução demonstrada aqui… isso seria muito tosco…

      Valeu de novo pelo comentário, Laura. Escreva sempre por aqui!

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