O Básico do Cinema - Conhecendo um Clássico: Antes Só do que Mal Acompanhado

Sempre existe aquele filme preferido pra se assistir no Natal, no Halloween ou na Páscoa. Mas e no Dia de Ação de Graças? Bom, como o feriado não é comemorado no Brasil, a maioria nem para muito pra pensar num filme ideal para esta data. Mas, se você leva em conta a comemoração ou simplesmente gosta de uma boa comédia, talvez seja ótimo assistir Antes Só do que Mal Acompanhado, dirigido pelo grande John Hughes, mestre das produções para adolescentes nos anos 80. Este longa, no entanto, tem o público adulto como alvo (o que não impede de ser extremamente divertido também para os mais jovens).

Na trama, um publicitário vivido por Steve Martin está prestes a viajar de Nova York para Chicago para passar o Ação de Graças com sua família. Mas por conta de problemas no voo, seu lugar é transferido da primeira classe para a classe econômica, onde passa boa parte da viagem aturando o chato vendedor de argolas para cortinas vivido pelo saudoso John Candy. Pra piorar a situação, o avião precisa fazer um pouso forçado antes de seu destino, fazendo com que a dupla decida terminar a viagem por terra.

O que é fascinante em Antes Só... é sua estrutura de road movie dentro de uma comédia de situações. Ou seria o contrário? O importante é que as confusões da impagável dupla (e é uma pena Steve Martin desperdiçar seu talento como faz atualmente) não acontecem sem propósito e tudo leva a um desfecho sincero e comovente, sem se render à pieguice. Os momentos cômicos, quase ininterruptos, são criados a partir de situações do cotidiano, sem parecerem forçados. Não há um humor enfiado goela abaixo do espectador. Obviamente, sem uma dose de absurdos não há comédia, mas o importante é a sensação de que aquilo poderia acontecer com qualquer pessoa. E Martin e Candy passam essa impressão a todo momento graças as suas interpretações memoráveis. A química entre ambos é uma das grandes forças do longa. Claro, sem uma dupla convincente de humoristas nada da proposta iria funcionar.

Como a narrativa se utiliza de uma sinceridade incomum à filmes do gênero, a escolha de John Candy é fundamental. Uma das maiores qualidades do ator sempre foi conseguir interpretar personagens com todas as boas intenções do mundo, mesmo que essas intenções o levem a fazer coisas desagradáveis ou inconvenientes. Assim, embora mais atrapalhe do que ajuda seu parceiro de viagem, sua empatia com o espectador é praticamente imediata. Há uma forte conexão do ator com o público justamente por ser tão crível e, porque não, comovente, sua genuína boa vontade. Do outro lado da moeda, Martin é extremamente convincente como o publicitário acostumado à regalias e que agora precisa se virar com pouco durante o pedaço da jornada em que abandona o avião. Mesmo fazendo um personagem mesquinho, é impossível não sentir pena do coitado em alguns momentos (o da "toalha" é um deles).

John Hughes cria aquele que é um de seus melhores filmes por conseguir resumir tão bem o significado do Dia de Ação de Graças a partir de situações hilárias e de uma amizade incomum que surge entre a dupla de protagonistas. Tudo isso de forma convincente, humana e sincera, tornando Antes Só do que Mal Acompanhado uma pedida mais do que perfeita para uma sessão de cinema na data. Outro motivo pra visitar, ou revisitar, esse pequeno clássico dos anos 80 é que em 2012 o filme completa 25 anos. E mesmo assim sua mensagem, e sua sinceridade em transmiti-la, não parecem ter envelhecido um ano sequer.

Alexandre Luiz

Comente pelo Facebook

Comentários

Comente pelo Facebook

Comentários

1 comment

Deixe uma resposta