Crítica: Independence Day: O Ressurgimento

independenceday2criticabConcebido pelo diretor Roland Emmerich e pelo produtor Dean Devlin, Independence Day pode ser um filme bobo, mas o que ele tem disso, ele também tem de divertido. Trazendo um elenco carismático liderado por Will Smith (que na época ainda estava rumo ao estrelato absoluto), Jeff Goldblum e Bill Pullman, aquele longa consegue manter o espectador entretido em meio a suas grandes cenas de destruição e algumas de suas cenas se tornaram clássicas (a destruição da Casa Branca e o monólogo motivacional de Pullman estão entre elas). Vinte anos se passaram e estamos agora diante de uma continuação, sendo até uma surpresa que tenha levado tanto tempo para ser feita, considerando que o primeiro filme foi a maior bilheteria de 1996. Mas Emmerich, Devlin e companhia agora tropeçam feio neste Independence Day: O Ressurgimento.

Independence Day 2 nos reintroduz a um universo que se revela uma continuação lógica de como as coisas ficaram ao final do primeiro filme, preferindo deixar a realidade de lado e apresentar uma visão até otimista com relação à humanidade. Desde o ataque alienígena, o mundo se encontra unido e sem ter vivido qualquer tipo de conflito, além de ter conseguido usar a tecnologia extraterrestre para montar um sistema de defesa e recuperar as cidades que foram destruídas. Mas a rixa entre humanos e alienígenas ressurge (como diz o título) quando estes dão início a um novo ataque, causando destruições ao redor do mundo, e figuras como David Levinson (Goldblum) e o ex-presidente Thomas Whitmore (Pullman) estão entre aqueles dispostos a ajudar a humanidade a sair vitoriosa mais uma vez.

Quando o roteiro inclui logo de cara uma daquelas sequências de sonho reveladoramente clichês, já podemos sentir que Independence Day 2 não seguirá um caminho dos melhores. E o que se vê é realmente um filme que se desenvolve de maneira pobre. Ficamos diante de uma trama tola, mastigada para o público através de diálogos expositivos (mais de uma vez ouvimos que o novo ataque é maior que o último e ainda vemos personagens recitando seus currículos para que saibamos quem eles são) e que nos apresenta a uma série de elementos desinteressantes ou descartáveis. O pai de David, Julius Levinson (Judd Hirsch, outro remanescente do elenco original), por exemplo, cuida de um grupo de jovens que, basicamente, servem apenas para que ele não fique sem ter o que fazer, já que eles não têm importância alguma para a história. Aliás, rever personagens do filme anterior pode até ser capaz de despertar a simpatia que havíamos criado por eles, mas isso infelizmente não compensa o fato de eles perderem espaço para figuras estreantes na história, como os pilotos Jake Morrison e Dylan Hiller, interpretados pelos inexpressivos Liam Hemsworth e Jessie Usher e que, de tão aborrecidos, tornam mais fácil torcer pelos alienígenas do que pelos humanos.

Enquanto isso, Roland Emmerich (que depois de Independence Day praticamente firmou sua carreira em cima de filmes-catástrofes, realizando Godzilla, O Dia Depois de Amanhã e 2012) conduz cenas de ação visualmente confusas, ao passo que as destruições causadas pelos alienígenas pouco impressionam (com exceção talvez da sequência em que vemos Londres ser arrebentada por uma onda gravitacional). Para completar, o diretor não consegue fazer com que esses momentos tenham algum peso, já que não há nenhum elemento humano com o qual o público possa se identificar em meio ao caos. Dessa forma, Emmerich só nos bombardeia com um amontoado de efeitos visuais, o que acaba não sendo o suficiente para sustentar a narrativa, por mais bem feitos que eles sejam.

Pessoas deixando diferenças de lado e se unindo para enfrentar algo maior do que elas certamente é uma visão interessante, e tanto Independence Day quanto essa continuação trazem isso em seu centro para formar o universo que acompanhamos. Mas, é uma pena que dessa vez isso não renda um nível de diversão que possa impedir Independence Day 2 de ser uma obra desnecessária e facilmente esquecível.

Thomás Boeira

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