Crítica: O Caçador e a Rainha de Gelo

cacador-critica02“Esta é outra história. Uma que você ainda não viu”, diz o narrador deste O Caçador e a Rainha do Gelo logo no início da projeção. Se estabelecendo como prequel e continuação do fraco Branca de Neve e o Caçador, é natural que a produção sinta a necessidade de justificar sua existência, querendo se apresentar como algo relativamente novo ao desenvolver uma trama ao redor do Caçador (Branca de Neve agora é praticamente esquecida, numa possível punição à Kristen Stewart por seu envolvimento com o diretor do filme anterior). No entanto, essa ideia de nada adianta quando se tem em mãos um material tão pouco interessante e que, curiosamente, não tem nada de novo, servindo apenas para render outro longa indigesto envolvendo esse universo.

Escrito por Evan Spiliotopoulos e Craig Mazin, O Caçador e a Rainha do Gelo começa quando a Rainha Freya (Emily Blunt), irmã de Ravenna (Charlize Theron), dá início ao seu reino de gelo e sem amor, o que inclui sequestrar crianças e treiná-las para serem seus Caçadores. Entre elas estão Eric e Sara, que crescem como seus melhores guerreiros (além de ganharem os rostos de Chris Hemsworth e Jessica Chastain, respectivamente) e, claro, acabam sendo separados quando o amor que sentem um pelo outro é descoberto. Anos depois, já tendo ajudado Branca de Neve a derrotar Ravenna, Eric volta a ser colocado no caminho de Freya, que agora cobiça o poder do antigo espelho da irmã, cabendo ao Caçador e seus ajudantes, os anões Nion e Gryff (Nick Frost e Rob Brydon), encontra-lo antes dela.

Ao longo de O Caçador e a Rainha do Gelo, é possível notar que o roteiro busca se concentrar um pouco mais nas relações entre os personagens, mas estes nunca mostram ser realmente cativantes. Nem mesmo o fato de o elenco ter bons nomes compensa esse problema, por mais esforçados que eles sejam. Chris Hemsworth, por exemplo, pode ser um ator carismático, mas não consegue fazer muita coisa diante da unidimensionalidade de Eric, algo que vale também para Jessica Chastain, que tem seu imenso talento desperdiçado em uma personagem que não chega a fazer jus a seu potencial para ser uma grande heroína. Já Charlize Theron surge no piloto automático em sua participação como Ravenna, enquanto Emily Blunt faz de Freya apenas a versão maldosa de Elsa, de Frozen, não tendo muito mais do que isso para compor a vilã.

Conduzindo peças como essas, o estreante Cedric Nicolas-Troyan (membro da equipe de efeitos visuais indicada ao Oscar pelo longa anterior, no qual também foi o diretor de segunda unidade) encontra dificuldades em criar uma narrativa minimamente envolvente ou com alguma urgência. Em determinado momento, é dito que Branca de Neve está doente por conta do espelho, mas esse detalhe é deixado de lado depois de um tempo e não ganha peso algum, até porque a personagem nunca aparece em cena (a tal “punição”de certa forma foi uma grande sorte para Kristen Stewart, que ultimamente tem se destacado em filmes bem melhores que este). Para completar, o diretor também não consegue driblar a obviedade do fraquíssimo roteiro, principalmente no que diz respeito aos arcos dos personagens, além de criar cenas de ação desinteressantes e confusas (por sinal, considerando que o título original inclui uma guerra, é no mínimo estranho que não tenha nada parecido com isso por aqui).

Não funcionando direito nem como prequel, nem como continuação, O Caçador e a Rainha do Gelo revela ser uma daquelas produções puramente comerciais, forçando a continuidade de uma franquia desnecessária. E considerando o que é visto ao final da projeção, essa pode não ser a última vez que entraremos neste universo. Quem dera fosse possível ficar empolgado com isso.

Thomás Boeira

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