O texto abaixo contém spoilers.
Na primeira temporada, quando os flashbacks ainda não eram totalmente aceitos na narrativa de Arrow, o seriado provou sua crescente qualidade sustentando um episódio inteiro no passado de Oliver Queen e Slade Wilson na ilha. Com uma nova trama ocorrendo no segundo ano, não é surpreendente que os produtores tentem repetir o feito, agora com a missão de mostrar o surgimento do antagonismo de ambos personagens. Surpreendente, no entanto, é a constante capacidade do seriado de superar a si mesmo.
Começando exatamente do ponto em que parou na última semana, este The Promise já demonstra a sensação de perigo iminente que percorrerá durante toda a situação do presente. No entanto, isso deve representar cerca de 20% do episódio, com todo o restante exclusivamente dedicado ao passado. Oliver, Sara e Slade bolam um plano mirabolante para invadir o cargueiro de Ivo, tomar a embarcação e assim, darem um jeito de sair da ilha. Claro, o futuro Exterminador inclui vingança nesta empreitada, sem saber de toda a verdade por trás da morte de Shado. Desta forma, o futuro Arqueiro precisa enfrentar um dilema moral: deveria ele, matar o cientista antes que Slade tenha a chance de descobrir tudo? Como é da personalidade de um futuro herói que o roteiro está falando, não é spoiler revelar que obviamente o motivo de toda a rusga atual entre Queen e Wilson seja resultado da boa índole do primeiro, quando se nega a assassinar Ivo a sangue frio.
O grande destaque do episódio fica no quesito técnico. A rebelião no cargueiro é um dos melhores momentos da série até aqui. Conduzida de forma brilhante pelo diretor Glen Winter e sua gigantesca equipe de figurantes (pra uma série de TV de orçamento limitado) e dublês, a sequência é de tirar o fôlego e não fica devendo nada para produções do gênero que contam com uma emissora maior e com mais dinheiro. É gratificante saber o quanto a produção de Arrow consegue fazer com pouco e como o fazem sem sacrificar a qualidade. Mas, claro, há uma grande carga dramática no desmantelamento de uma amizade como a de Oliver e Slade, ou na constante tensão criada pela visita do Exterminador à mansão Queen. Qual o objetivo do vilão, senão mostrar ao seu adversário a extensão de sua influência? E que maneira melhor pra isso, do que se aproximar tanto da família do herói? A cena que encerra The Promise é a perfeita para ilustrar o risco que os Queen correm nas mãos de Slade, e tudo fica ainda mais assustador com a forma como o personagem é mostrado, sem seu tapa-olho.
Apesar do desfecho um pouco apressado, este é mais um daqueles momentos importantes de Arrow, que deve mudar toda a dinâmica da série. Agora Oliver sabe quem é seu verdadeiro inimigo, com o episódio se saindo bem em fazer a transição para a vilania do Exterminador. E é bom ver o “Time Arqueiro” cada vez mais entrosado, com destaque para Roy, finalmente capaz de controlar seus impulsos, mesmo na cena do aperto de mão. Até demonstrando tranqüilidade, há uma sensação, por parte de Slade, de que naquele momento ele estava encurralado, mesmo totalmente confiante de suas habilidades de combate. O jovem parceiro do Arqueiro acaba sendo importante para isso.
Vale mencionar também que o roteiro evita, em boa parte do tempo, o uso daqueles diálogos expositivos que o seriado já acostumou seus fãs. Na verdade, é até impressionante que em vários momentos, o texto prefere usar o silêncio dos atores para passar os sentimentos dos personagens. É aí que o trabalho de Manu Bennett se sobressai aos demais, com Stephen Amell também fazendo sua parte. Susannah Thompson também divide cenas muito interessantes com o intérprete de Slade, dando indícios de que o relacionamento entre ambos pode se tornar ainda mais próximo no futuro, para desgosto de Oliver.
Enfim, The Promise se lança como um dos pontos altos desta temporada, com tudo que os fãs querem ver no seriado, tanto do ponto de vista técnico, com as tão comentadas cenas de ação, mas também do dramático, com uma trama sólida se desenrolando aos poucos, dando chance para praticamente todo o elenco demonstrar seu talento, independente do quão talentoso é este ou aquele intérprete. Assim como a produção sabe o que pode fazer para impressionar, gastando pouco, os atores em Arrow também não se intimidam com suas próprias limitações, sabendo até onde conseguem ir com seus personagens.
EXCELENTE EPISÓDIO!!! Apesar daquela sensação de frustração no começo quando você percebe que o episódio vai focar mais na ilha, com o tempo você passa a curtir o que ocorre na ilha, e as cenas na mansão são de tirar o fôlego. O que seria de Oliver Queen sem o "Time Arqueiro"?