Review: Arrow S05E09 - What We Leave Behind

O texto abaixo contém spoilers do episódio de Arrow

O mid-season finale de Arrow é um episódio com dois lados. No primeiro, se apresenta como um dos melhores da temporada, o que não é dizer pouco, uma vez que este ano a série finalmente encontrou seu rumo novamente. Este, talvez, seja um dos episódios mais completos em termos de drama, caracterização e narrativa que a série apresenta desde a excelente segunda temporada. Isso fica muito claro quando se analisa What We Leave Behind de forma isolada do restante da trama central. Quando é levado em conta o conflito principal do quinto ano, envolvendo tudo que o espectador sabe sobre Prometheus, muitas das respostas apresentadas aqui surgem um tanto forçadas.

Estava claro desde o início que o vilão tinha suas origens no passado de Oliver como o Arqueiro. No entanto, mesmo com 23 episódios na primeira temporada, a série opta por ligar a criação de Prometheus a um fato desconhecido do passado, surgindo de forma desonesta para o público. Não há, assim, o sentimento de recompensa que poderia vir de uma revelação envolvendo uma das inúmeras mortes que os fãs viram o protagonista ser responsável no início da série. No entanto, isoladamente, o episódio funciona por amarrar as pontas soltas, ao mesmo tempo que discute as relações entre o legado do personagem principal e as consequências de sua abordagem violenta no começo de sua jornada como justiceiro mascarado.

O roteiro traz várias surpresas, e talvez a mais envolvente seja o desfecho de Billy Malone, o namorado de Felicity. Prometheus se mostra tão sádico quanto Slade Wilson, fazendo Oliver cometer um assassinato por acidente e trazendo à série uma consequência bastante dramática para seus personagens. Apesar de Stephen Amell ser limitado em transmitir os sentimentos necessários para tornar o trágico destino do policial algo ainda mais dramático, a direção de Antonio Negret consegue dar à situação a carga que pede para engajar o espectador na dor do protagonista.

Quase todas as subtramas exploradas em What We Leave Behind são satisfatórias, incluindo aquelas que trazem os relacionamentos entre certos personagens à tona. Apesar de um tanto clichê, é interessante ver que o casamento de Curtis pode ter ido por água abaixo, trazendo outra consequência para as noites de combate ao crime do Time Arqueiro. A ideia de que tudo tocado por Oliver está fadado a destruição, dá ao personagem central algo a mais por que lutar: sua própria consciência. Como continuar fazendo o que faz se isso pode trazer apenas morte para aqueles à sua volta? É um questionamento que, se bem explorado no futuro, pode trazer mudanças mais definitivas para o modus operandi dos heróis de Star City. O ponto fraco das tramas paralelas está naquela envolvendo Evelyn, por conta de sua motivação. Não faz muito sentido a moça justificar seus atos dizendo que o Arqueiro é um assassino, quando une forças com um notório serial killer.

Apesar de não revelar a real identidade de Prometheus, o episódio oferece dicas. Algumas um tanto óbvias, que podem ou não ser mero despiste, outras mais sutis que necessitam um entendimento maior de alguns coadjuvantes. Entre as mais evidentes destaca-se aquela sobre a jornalista Susan Williams. Em determinado ponto, Oliver reconhece um movimento de Prometheus como algo que viu na Rússia. Em uma das cenas finais do episódio, há um close bem demorado de uma garrafa de vodka no apartamento da moça que não é por acaso. Já entre as possibilidades mais sutis está o promotor Adrian Chase. Quem conhece os quadrinhos sabe que se trata da identidade secreta do Vigilante, que já apareceu na temporada. No entanto, este personagem nas HQs não é exatamente um exemplo de sanidade mental. Sendo assim, não deve ser descartada a ideia de que Chase pode ter um dupla personalidade, em que assume diferentes papéis como vingadores mascarados totalmente opostos. Isso traria a tona uma óbvia inspiração em O Longo Dia das Bruxas, uma das histórias mais importantes do Batman dos últimos 20 anos que parece, sim ser uma das bases da quinta temporada de Arrow. A ideia de um serial killer atacando na cidade é remanescente dessa HQ e os roteiristas podem ter tomado a liberdade de trazer alguns plot twists inspirados por ela, unindo Chase ao papel de Harvey Dent e de sua esposa.

O uso dos flashbacks desta vez é feito de forma bastante eficiente, apesar de ser a segunda semana consecutiva em que a subtrama na Rússia é negligenciada (e a forma como isso se apresenta até diminui um pouco a ideia do movimento que Oliver reconhece, algo que já poderia ter sido apresentado). Mas, a trama do episódio pedia essa pausa e os roteiristas aproveitaram muito bem uma estrutura que já parecia desgastada, em favor da narrativa.

Depois de 40 e poucos minutos de uma trama, na maior parte do tempo, muito bem amarrada, What We Leave Behind, no entanto, apresenta um cliffhanger, no mínimo, bizarro. Sem qualquer tipo de preparação de terreno, a série traz de volta uma personagem morta. O retorno de Laurel no último minuto pode ser visto como algo inesperado, mas da forma como é conduzido se torna um elemento aleatório. A montagem é desconexa, levando em conta a sequência anterior entre Oliver e Susan e não há qualquer ligação aparente com a trama central, que poderia trazer, aí sim, um choque genuíno por parte do evento. De tão bagunçada, a cena parece ter sido colocada às pressas e a questão que levanta, sobre como é possível a Canário Negro estar viva, não dá abertura para respostas convincentes. Além de diminuir todo o peso alcançado no começo da temporada, com o discurso de honrar o nome de Laurel e tudo mais. Alteração no tempo ou versão de outro universo? Em uma temporada que se apresenta a mais "pé no chão" desde a primeira, isso seria extremamente incoerente. Além do que, uma alteração temporal não só traria a moça de volta, mas mudaria toda a timeline, tal qual aconteceu com o Flashpoint. Enfim, os realizadores terminam o episódio e parte da temporada exibida em 2016 criando um problema gigantesco para o futuro, em que terão de suar muito para dar uma explicação satisfatória para uma nova e desnecessária subtrama. Será que este é o ponto em que tudo sai dos trilhos, citado no primeiro texto sobre esta temporada de Arrow? Tomara que não.

Alexandre Luiz

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