Review: The Flash S03E18 - Abra Kadabra

Expectativa é uma coisa traiçoeira. Quando gerada de forma positiva, permite ao(s) roteirista(s) distorcê-la, brincar com a própria ideia da promessa, para que, quando finalmente seja alcançada, faça jus aos momentos de tensão criados pelo suspense que, geralmente, acompanha a narrativa. Infelizmente, nada disso pode ser dito sobre o que os realizadores de Flash estão fazendo. Em vez da impressão de algo bem amarrado, que é mais que mera armadilha para segurar o espectador, o que a terceira temporada da série está entregando pode vir a se tornar uma das experiências televisivas mais frustrantes dos últimos anos. A insistência em segurar a identidade de Savitar já passou do ponto de se tornar algo positivo há, no mínimo, 6 episódios.

Abra Kadabra introduz um vilão do futuro, cujo nome é o título do episódio, que diz saber quem é Savitar. De fato, o personagem revela que conhece a identidade do Flash também (em um momento patético, em que Barry não se esforça nem para tentar despistar). Vivido com certa energia (que também pode ser confundida com overacting) por David Dastmalchian, o inimigo clássico do Velocista Escarlate está até bem representado, mas toda a expectativa que gera ao prometer revelar a identidade do grande vilão da temporada, acaba resultando em um momento extremamente desapontador. Pior é constatar que, ao término do episódio nada foi revelado e continuará assim por mais um mês (no mínimo), quando a série retornará para mais aventuras inéditas.

Além de encerrar sem entregar o que prometeu, Flash acrescenta outros dois dramas em sua escalada, demonstrando que, ou os realizadores tem tudo muito bem estruturado, ou não fazem ideia de qual caminho seguir. Pela execução dessa temporada, a segunda opção é muito mais provável. A essa altura, há uma incômoda impressão de que, até mais da metade do terceiro ano, produtores e roteiristas não haviam ainda se decidido que personagem é a identidade secreta de Savitar, algo que não é novidade em séries longas, mas que aqui tem prejudicado muito a narrativa.

É frustrante constatar que, em termos de desenvolvimento de personagens, o episódio anterior, um musical descompromissado que parecia deslocado na temporada, teve mais a oferecer do que este Abra Kadabra, inicialmente preocupado em estabelecer melhor a mitologia do grande nêmesis. No final deste 18º capítulo, a grande decisão de Barry envolve viajar no tempo! Não é possível que isso estava nos planos do seriado desde o início. E se estava, tudo que trouxe a esta decisão acaba soando como se o protagonista continuasse em seu eterno looping em que nunca aprende nada. Como viajar para o futuro pode parecer uma ideia melhor do que preparar sua equipe para enfrentar Savitar? Enquanto o herói está "preso" nessa situação repetitiva, Cisco não deveria testar os limites de seus poderes? Wally não poderia fazer algo mais do que servir de adereço de cena? E Barry não deveria, pelo menos, tentar fazer jus ao próprio texto de introdução do seriado?

Assim, soando como total perda de tempo, o episódio ainda encontra espaço para trabalhar o romance entre Caitlin e Julian, uma subtrama tão desinteressante quanto qualquer outra. Também há o desenvolvimento a longo prazo da tensão sexual entre Cisco e Cigana, que não surge mais empolgante que as outras várias subtramas perdidas entre o que, nem de longe, pode ser chamado de narrativa.

O que Flash se tornou em seu terceiro ano já conseguiu o feito de ser algo pior, muito pior, do que Arrow entregou nas temporadas 3 e 4, um "feito" que parecia impossível. Falta muito pouco para o encerramento desse arco e é improvável que qualquer revelação sobre Savitar possa superar ou, pelo menos, satisfazer o que o espectador esperava dessa trama. Que episódios tão medíocres existam neste ponto só denota como a adaptação se tornou desinteressante. O que sobra depois de tudo isso é apenas a esperança de que no ano 4, volte a ser aquele programa divertido que fora em sua exibição inaugural. Por que para essa temporada, não sobrou muita esperança.

Alexandre Luiz

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