Review: The Flash S02E01 - The Man Who Saved Central City

Depois de uma primeira temporada fortemente centrada no drama de seus personagens, The Flash retorna certificando o espectador que essa característica, a mais interessante e envolvente do programa, não será diluída. Começando o episódio seis meses após o incidente com a singularidade que quase engoliu Central City, o episódio trata logo de mostrar ao espectador onde estão cada um dos membros do Time Flash, incluindo, obviamente, o próprio Barry.

Se sentindo culpado por algo (revelado apenas no final do primeiro ato deste retorno), o protagonista não se sente como o herói que agora a sua cidade natal abraçou. O velocista escarlate é visto por todos como o salvador de Central City, mas algo mais aconteceu para fazer Allen afastar seus amigos, na tentativa de protegê-los. E neste momento de incertezas surge a ameaça do Esmaga Átomo, vilão que serve apenas como elemento narrativo para fazer a trama andar. Se há um problema evidente no roteiro da estreia da segunda temporada, é justamente a falta de uma motivação mais palpável para o antagonista (há uma revelação no final, mas aí já é um pouco tarde para haver qualquer tipo de empatia).

Mas são os relacionamentos que movem os conflitos em The Man Who Saved Central City. Novamente acertando em apostar no carisma do elenco, o roteiro dá todo o tempo para Joe, Cisco, Iris e Caitlin e suas interações com o personagem central da adaptação. Tudo funciona muito bem porque o espectador já "conhece" esse time todo  e sabe do que são capazes, tanto no que tange à motivação que desempenham para o herói, como no que diz respeito às possibilidades dramáticas inerentes às suas personas. O relacionamento "pai e filho" entre o Det. West e Barry, como sempre, chama atenção. E Cisco volta com aquela energia de sempre, funcionando como uma extensão do público, fazendo as perguntas "nerds" que este faz ao assistir ao seriado. Há também uma participação mais ampla do Dr. Stein, que funciona tanto na hora de expor a "baboseira científica" quanto no humor em seus diálogos mais soltos. Mesmo Iris, tão odiada pela base de fãs, desempenha uma função, talvez a mais importante para o momento que o Flash se encontra.

Por falar em humor, dois momentos chamam muita atenção. O primeiro se refere à piada interna sobre o nome do vilão, uma vez que sempre coube ao Cisco batizar as ameaças. A outra, novamente envolvendo o cientista, talvez seja um pouco mais complexa do que pode parecer. Lá pelas tantas, o rapaz tem a ideia de criar um "Flash-sinal". Quando perguntado de onde ele havia tirado isso, ele responde "devo ter visto em algum gibi". Claro, pode ser apenas uma alusão inocente e engraçada, mas cabe um adendo: essa temporada envolverá a Terra-2 e o conceito de Multiverso que a DC tanto trabalha em seus quadrinhos, principalmente quando Grant Morrison é o autor. Seu trabalho mais recente na editora, Multiversity, lida justamente com todas as Terras paralelas desse conceito e várias vezes usa da metalinguagem para apresentar as versões "oficiais" dos heróis DC dentro destes mundos alternativos. Ou seja, o Batman é apenas um personagem de quadrinhos nessa história, mas pode ser um personagem "real" em outra Terra.

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Sabiamente o roteiro não introduz o Multiverso logo de cara, dando apenas pistas com o vilão e, finalmente, com a aparição de Jay Garrick (Teddy Sears) no último momento do episódio. As explicações virão apenas na próxima semana, mas a série entrará em território perigoso. A Terra-2, se bem trabalhada, pode se tornar um recurso ousado. Por outro lado, pode se tornar muleta de roteiro para o "meta-humano da semana". Mas, como a primeira temporada já introduz a ideia de uma trama mais "seriada", dificilmente o programa seguirá pelo caminho mais fácil. É esperar para ver.

Focando em relacionamentos e nos dramas totalmente palpáveis de seus personagens, o retorno de Flash termina com um gostinho agridoce, que mistura a aceitação de Barry quanto a sua posição de herói e a conformidade quanto ao relacionamento que terá com seu pai biológico. Há uma belíssima cena envolvendo Henry Allen e seu filho, uma mensagem tão forte quanto o "com grandes poderes..." do Homem-Aranha. Heróis se sacrificam por escolha própria. Dentro dessa questão, todo o elenco principal carrega elementos de heroísmo. Todos sabem muito bem o que querem de suas vidas. Assim como Flash, a série, que parece ter voltado mais certa do que nunca de sua qualidade como adaptação de quadrinhos.

Alexandre Luiz

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4 comments

  1. Avatar
    carla machado 8 outubro, 2015 at 11:14 Responder

    Eu me decepcionei . Espera mais da premiere.
    Achei bobo. Cansativo . Pra ter este vilão era melhor nem ter.
    O mimimi de Barry foi super chato.
    Mas com certeza vai melhorar pra mim, e já mostram isso com o Jay Garrick e a volta de Eddie e Reverso, claro.
    Ótima review.

  2. Avatar
    Mariana Lima 9 outubro, 2015 at 23:50 Responder

    Não gostei do pai do Barry ir embora da cidade no dia seguinte de ter sido solto. Parece que não tinham historias para o personagem ou não queriam pagar o salário do cara…. Entendi o discurso do pai, mas achei apressado demais.

  3. Avatar
    Lukas 10 outubro, 2015 at 16:07 Responder

    Pra mim esse episódio teve muitas falhas iniciadas no final da temporada passada. O Barry, que é um dos super-heróis mais altruístas de todos, decide POR OPÇÃO PRÓPRIA viajar no tempo pra salvar a mãe dele mesmo após TANTOS avisos de que um menor erro poderia criar um buraco negro. Ninguém ia morrer se ele não fizesse isso, mas ele faz, numa decisão extremamente egoísta pra um super-herói.

    Ai nesse episódio, eu achando que ele estava se culpando pela escolha que ele fez, mas no final das contas ele estava se culpando por "não ter conseguido salvar o Ronnie…" cara, ele tinha que se culpar por TUDO o que aconteceu ali.

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