Annabelle de John R. Leonetti: Um filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

Spin Off de Invocação do Mal explora uma das histórias da boneca possuído Annabelle

Annabelle de John R. Leonetti: Uma mistura de filme de boneca do mal e O Bebê de Rosemary

Annabelle é um filme de terror, lançado em 2014, que faz parte do universo compartilhado baseado no filme Invocação do Mal de James Wan.

Dita como prequela desse, foi lançado um ano depois de Conjuring, como segundo parte do que se costumou chamar de Invocaverso, ou Conjuringvese.

Com direção de John R. Leonetti – o diretor de fotografia do primeiro filme da saga – esse conta com roteiro de Gary Dauberman e mira mostrar a história da boneca macabra antes de chegar até as mãos da enfermeira que convocou os demonólogos Ed e Lorraine Warren.

Produzido por Peter Safran e James Wan. São produtores executivos Richard Brener, Walter Hamada, Steven Mnuchin, Dave Neustadter e Hans Ritter.

Não é uma história real

Ao contrário do que se pode pensar, o texto que Dauberman escreveu não se baseia nem em livro e nem em nenhuma obra pregressa, tampouco se afirma que é baseado em fatos, pecha essa que recai (apenas) sobre as obras da saga Invocação do Mal.

Essa é uma narrativa completamente fictícia, mas ao final, se referencia a história que envolve as enfermeiras que obtiveram Annabelle na cronologia do filme anterior da franquia.

Suposta base real

O fator mais aproximado de realidade sobre a origem de Annabelle vem de uma estudante mediúnica, uma mulher que se declarava médium e que teria sido contratada pelas enfermeiras que apareceram nos relatos dos Warren.

Supostamente, a história tem elementos do discurso dessa senhora. Essa alegou que Annabelle Higgins havia sido uma criança na década de 1860, cujo corpo foi encontrado em um campo, perto da casa que as duas ocupavam.

Como visto nesse e em Annabelle 2: A Criação do Mal e Annabelle 3: De Volta Para Casa, praticamente nada disso é utilizado, exceto que a uma criança que veio a ter esse nome é bem anterior ao presente da cronologia desse Invocaverso, embora as datas não batam - vale lembrar que as versões fictícias dos Warren são mais novos que o casal real, o mesmo se pode falar de Judy Spera, a única filha deles.

Raggedy Ann

O filme retrata a boneca Annabelle como um brinquedo de porcelana, mas a boneca verdadeira é uma do modelo "Raggedy Ann".

Annabelle de John R. Leonetti: Uma mistura de filme de boneca do mal e O Bebê de Rosemary
As duas Annabelle, lado a lado, a dos filmes e a real, respectivamente

Os Warren mandaram construir uma caixa especial para o artefato, que ficava dentro do Museu Oculto, no porão da velha casa da família. Ela está lá até hoje.

A boneca real

Vale lembrar que a boneca que aparece aqui, é a mesmíssima do filme Invocação do Mal.

A boneca verdadeira foi dada a Donna, que era uma estudante universitária, por sua mãe em 1970.

Ela e sua colega de quarto Angie notaram que o "brinquedo" se movia sutilmente e em poucas semanas, passou a se mover de maneira mais brusca, mudando inclusive de cômodo, enquanto elas estavam fora.

Coincidência em Além da Imaginação

Há uma curiosidade com um episódio de Além da Imaginação intitulado Boneca Viva, de 1963. A sinopse desse envolve uma boneca falante dada a uma menina por sua mãe.

Com o tempo, o vocabulário da boneca muda, saindo de algo inocente para assumir um tom sinistro. A mãe da menina, coincidentemente, se chama Annabelle.

Estreia e nomenclatura

A obra teve estreia em uma premiere em seu país de origem, em 29 de setembro de 2014, em Hollywood, Califórnia. Em Hong Kong passou em 1º de outubro, o mesmo ocorreu na Indonésia, Filipinas e Emirados Árabes Unidos.

Na Itália e no resto dos Estados Unidos, chegou no dia 2 de outubro. No Brasil passou no dia 9 de outubro de 2014, mas entre os dias 2 e 8 de outubro passou no Festival do Rio.

O título original é Annabelle e ao redor do mundo se variou pouco a alcunha. Na Albânia é Anabela, na Azerbaijão é Anabel. Na Bulgária é Анабел.

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

Locações e Estúdios

O longa teve poucas locações disponíveis para filmar. O interior dos apartamentos onde se passa quase metade do filme é no The Langham Apartments em 715 S Normandie Ave, Los Angeles, Califórnia.

A maior parte das cenas externas ocorre em Los Angeles também.

As companhias que fizeram o filme foi a New Line Cinema, que faz o presents, em associação com a RatPac-Dune Entertainment. Também participaram a Atomic Monster de James Wan, além da The Safran Company.

Quem distribuiu o longa no Brasil foi a Warner Bros. Pictures. Nos EUA, foi a Warner Bros.

Quem Fez:

Leonetti atualmente é conhecido por ser realizador, mas ele é um diretor de fotografia de mão cheia.

Entre seus trabalhos notórios, estão Brinquedo Assassino 3, que é um filme sobre um boneco assassino que, curiosamente, guarda semelhanças com esse. Depois fez trabalhos em O Máskara, Top Gang 2!: A Missão e Mortal Kombat: O Filme.

No horror, foi cinematógrafo em O Escorpião Rei, Gritos Mortais, Sobrenatural, Sobrenatural: Parte Dois e Invocação do Mal.

Seu primeiro trabalho com regente de produção foi em Mortal Kombat: A Aniquilação no ano de 1997. Fez o mesmo e Efeito Borboleta 2 em 2006. Depois fez O Perigo Bate à Porta, 7 Desejos, O Silêncio e Canção de Ninar.

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

Dauberman escreveu os 3 filmes da saga, ou seja, esse, Annabelle 2: A Criação do Mal e Annabelle 3:De Volta Para Casa, que ele dirigiu também. Além desses, escreveu It: A Coisa e It: Capítulo Dois e foi realizador em A Hora do Vampiro, que também se baseia em uma história de Stephen King.

James Wan dirigiu Jogos MortaisGritos MortaisSentença de Morte, Sobrenatural, Sobrenatural: Capítulo 2Velozes e Furiosos 7Invocação do Mal 2, um episódio de MacGyverAquaman, MalignoAquaman 2: O Reino Perdido.

Produziu recentemente M3GANMergulho Noturno, A Hora do Vampiro, O MacacoM3GAN 2.0 e Invocação do Mal 4:O Último Ritual. Foi produtor executivo em Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Arquivo 81Jogos Mortais X e Teacup.

Peter Safran hoje comanda o DC Studios ao lado de James Gunn.
Seus trabalhos mais notáveis são como produtor em Enterrado Vivo, Os Vampiros que se Mordam, Acampamento do Terror, Martírio, Dia de Trabalho Mortal, Invocação do Mal 3: A Ordem do Diabo.

Narrativa

O início da obra remete a cena de introdução do filme de Wan, mostrando a enfermeira feita por Morganna Bridgers e o personagem de Zach Pappas.

A enfermeira fala que ganhou a boneca da mãe, também cita Annabelle Higgins, o nome do espírito que buscou entrar na boneca.

Além desses dois personagens, Joseph Bishara, o compositor da trilha de Invocação 1 e desse, faz uma participação como uma figura demoníaca não nomeada.

Santa Monica

Em Santa Monica, Califórnia, um ano antes desse epílogo, aparece o padre Perez (Tony Amendola) aparece, ministrando uma missa.

Estão ali, acompanhando também o casal Form, composto por John e Mia, interpretados por Ward Horton e Annabelle Wallis. Eles são os protagonistas da história - na verdade, a segunda que é.

Os dois se aproximam de Sharon (Kerry O'Malley) e Pete (Brian Howe) um casal mais velho, que acabou de "perder a filha".

Curioso que isso é dito de maneira soturna, embora essa moça tenha apenas fugido com amigos, provavelmente hippies.

Já Mia e John estão esperando uma criança, ou seja, estão grávidos. A moça evita falar do bebê perto do casal Higgins, para não invocar lembranças da filha que os magoou.

Apreensão e sustos

John dá a tal boneca para esposa, mas ao contrário do que se pode pensar, ela não se assusta, na verdade, procurava há muito, visto que coleciona itens desse tipo, tem uma série de bonecas raras, em casa.

Na madrugada seguinte, estranhezas começam. Jumpscares permeiam a trama, inundam a casa, junto da trilha sonora que aumenta assustadoramente, quando Mia vai para o lado de fora da rua Gardner.

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

O susto ocorre pelo fato dela ver o marido cheio de sangue, saindo da casa dos vizinhos do lado.

Aparições

Esse é certamente o momento mais inspirado do filme, já que mira refletir um momento histórico, que foi o ataque da Família Manson a casa de Roman Polanski, a mesma que vitimou sua então esposa, Sharon Tate.

Leonetti enfia diversas referências a vida pessoal do diretor polonês, imitando alguns dramas de O Bebê de Rosemary, além de parte de sua iconoclastia.

Também coloca em seus protagonistas, os nomes em homenagem a Mia Farrow e John a John Cassavetes, que são os dois principais atores do filme de 1968. Fora essa questão, em 2016, Leonetti dirigiu O Perigo Bate à Porta, que narra a história de Sharon Tate e seus amigos que foram mortos.

Enquanto Mia liga para a emergência, atrás de si aparecem vultos, logo aparece uma mulher, interpretada por Tree O'Toole segurando a boneca nova.

Ela é ameaçadora, parece estar prestes a atacar, captura a atenção da futura mãe, tornando-a vulnerável. Ela diz gostar das bonecas, por isso, brinca com a que está em sua posse, Mia se distrai e de um dos cômodos, sai um homem, que agarra a mulher.

Fantasmas, espíritos ou um mal terreno?

O que parece ser aparições de fantasmas, na verdade era um ataque de pessoas maléficas, não era, pelo menos até então, uma questão espiritual e sim carnal.

Descontrolado, o sujeito ainda esfaqueia Mia, na barriga, enquanto a moça é atingida por tiros, da polícia.

Ela desmonta, a gravidade a puxa para o chão e seu sangue escorre, caindo no olho da boneca. Ao seu lado, fica marcada a imagem de um A na parede, feita com seu sangue.

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Culto

É dado que os dois eram parte de um culto, um grupo de pessoas religiosas e com intenções que pode ser classificado como no mínimo malvadas.

O responsável pela investigação, o detetive Clarkin (Eric Darin, cujo personagem e ator retornariam em O Perigo Bate a Porta) era Annabelle Higgins, enquanto ele era um namorado sem identidade revelada.

O sobrenome demonstra que aquela era uma tragédia familiar, já que Sharon e Pete também se chamavam Higgins, ou seja, a invasora de casas que abraçou a boneca macabra era a tal filha dos dois.

Esse poderia ser um grande drama a explorar, já que Mia daria a luz a sua filha, enquanto a herdeira do outro casal acabou de matá-los - e de morrer, também, possivelmente passando seu espírito para o objeto inanimado.

No entanto nada disso é explorado, basicamente é mencionado, largado de lado e nunca mais é mencionado. Fica parecendo apenas uma referência gratuita ao que ocorreu no ataque fatal que Sharon Tate sofreu pela Família Manson

Trauma

Mia volta para casa sem problemas físicos. A facada não comprometeu sua gestação, mas os médicos estão atentos, querem supervisionar todo o processo, pois Mia apresentou uma irritação no colo do útero.

Ela deve repousar pelo resto da gravidez e essa preocupação parece maximizar as inseguranças que foram adquiridas já no ataque.

Receio materno

Mia saiu do quarto olhando para a boneca, temendo. Parecia entender que algo horrível aconteceu ou aconteceria com o brinquedo.

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A mulher teme pelo bebê, faz o marido prometer que salvaria o neném e não ela caso houvesse uma questão que colocasse essa escolha em questão. Com medo de contrariar ela, o marido aceita o compromisso, até tenta distrair ela, colocando a televisão no quarto, mas isso não é o suficiente para acalmar Mia.

Incongruências

Essa Annabelle se passa em 1967, mas há referências históricas posteriores a esse ano.

A principal delas é um programa que Mia assiste na TV, sobre os assassinatos de Tate-LaBianca em uma reportagem. O caso é de 1969.

Outra questão é que o giz de cera Crayola, que aparece mais tarde na trada, é envolto de uma capa cuja embalagem é dos anos 80

Poltergeist

Durante a noite, o casal ouve um barulho. John desce com um taco de baseball na mão vê a máquina de costura ligada e a retira da tomada, querendo acreditar que foi apenas uma infeliz coincidência, acreditando que seu cansaço o impediu de perceber que aquilo estava ligado.

Depois vai ao quarto do bebê e vê a boneca estranha no chão. Coloca ela na cadeira e sobe para dormir.

Aparentemente, Annabelle gosta de fazer troça com seus cuidadores. Mal pratica atos ruins.

Casal insosso

Uma das grandes questões do filme é que mesmo que o roteiro diga o contrário, é bastante óbvio que John e Mia não possuem qualquer química juntos.

Até existe um esforço da parte dos personagens, já que o homem traz comidas que ela certamente gostaria de consumir, mas não há nada nada que realmente denote intimidade, nem mesmo quando Mia afirma que quer jogar a boneca fora, já que ela estava na mão de Annabelle Higgins, ou quando recebem o detetive Clarkin, com novas apurações.

Um culto maléfico e manifestações estranhas

O casal Form fica sabendo que o casal era parte de um culto ocultista, possivelmente satanista. Se tenta dar a isso uma dimensão grandiosa, mas na prática, pouca coisa acontece, como pequenos acidentes com a máquina de costura, que corta um dos dedos da grávida, ou um pequeno incêndio na cozinha que ocorre depois que a pipoca colocada no fogão estoura.

Isso faz até perguntar o que tinha dentro da embalagem, se tinha material inflamável ou se o milho era "sabor fogueira". Acidentes domésticos ocorrem, mas dessa forma, é bem improvável.

O drama acaba resultando em uma questão tão estranha, de uma maneira tão peculiar, que a maldição da casa se assemelha na forma como a entidade vista nos filmes de Premonição age, inclusive com a alguém puxando o pé de Mia, enquanto ela tentava fugir, de maneira semelhante ao que ocorreu em algumas das mortes da franquia famosa.

Mudanças 

Mia vai para o hospital e acaba dando a luz a sua bebê, Leah. Seu marido chega desesperado, achando que algo ruim aconteceu e só então descobre que a filha nasceu.

Vale lembrar que a enfermeira que a segura é a futura dona de Annabelle, a mesma que aparece no primeiro Invocação do Mal.

O marido, tão preocupado com a esposa, acabou perdendo o momento mágico do nascimento, uma vez que estava atarefado, fazendo o período de residência, visto que é um médico recém-formado.

Fobias 

Com receio, por sugestão de Mia, eles se mudam para o Palmeri Apartaments em Pasadena, na Califórnia e Mia se torna reclusa, com medo de sair de casa.

O apartamento onde o casal reside, já foi ocupado pela apresentadora Ellen DeGeneres. Ao promover o filme em seu ela explicou que aquele foi o primeiro lugar em que ela morou em Los Angeles.

A vida externa e a proximidade com a igreja

Mia e seu marido congregam a paróquia do Padre Perez, que é super simpático com eles.

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O sujeito tenta se aproximar, mas ela é nervosa, desconfiada e arredia. Sua rejeição a figura episcopal piora quando ele cita que sente saudades dos Higgins, que eram membros dessa comunidade também e que frequentavam o local antes deles.

Ser arisco ao ouvir falar dos invasores de sua casa é até esperado. Faltou ao Padre Perez o mínimo de delicadeza e elegância.

Remontando a coleção 

Quando Mia está tirando suas bonecas das caixas, acaba encontrando a boneca que deveria ir para o lixo - e que foi, visto que a câmera mostra John fazendo isso.

Ela segue o conselho do padre, enfrenta seus medos e resolve recolocar o artefato ali, em destaque, em uma geografia que lembra a atual localização da Raggedy Ann real, no museu o oculto dos Warrens.

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

Após colocar ela no centro de um dos cômodos, estranhas coisas passam a acontecer.

É curioso como além das referências a Bebê de Rosemary, também há paralelos com Brinquedo Assassino, para além do terror de bonecas, mas também pelo fato de um espírito de alguém ter tomado o corpo de um objeto, embora isso seja um despiste, como largamente se sabe.

Como dito, esse poderia ser um bom plot explorado, mas não ocorre, ao invés disso, Leonetti investe tempo (e paciência do público) ao tentar imitar a adaptação para cinema do livro de Ira Levin.

Coadjuvantes estranhos

Mia conhece uma vizinha falante, chamada Evelyn, interpretada por Alfre Woodard.

Simpática, a personagem parece ser alguém agradável, uma pessoa inofensiva, que imediatamente larga sua caracterização inicialmente bem pensada para se aproximar do tropo de negra mística e personagem que expõe toda a trama.

Mia também tem contato com crianças vizinhas, uma que é bastante preocupada e outra que é mais falante.

Elas protagonizam um momento pitoresco, de susto e receio, tão repentino e inesperado que podem ser apenas ilusões da parte da mãe paranoica que Mia se torna.

Sobre Evelyn e sua interprete

Lin Shaye foi considerada para o papel de Evelyn antes de Alfre Woodard ser escalada. Woodard não tinha assistido a Invocação do Mal antes de começar a trabalhar no filme.

Em vez disso, ela se preparou pesquisando a história que inspirou o filme de James Wan.

Desenhos macabros

Retornado ao prédio, Mia pega papéis de desenhos, como ela caminhando, usando o carrinho de bebê e sendo atropelada.

Supostamente foram os dois irmãos, os filhos do vizinho, que fizeram a "arte". Mia se pergunta se deveria mostrar isso aos pais das crianças, até envolve o marido na discussão, mas os sustos falsos aumentam e essa questão jamais retorna, apesar de ter potencial para desenvolver algo a mais.

Arquitetura e cores

A vontade de imitar o cinema de Polanski é tanta que até o elevador, quartos e o porão lembram os vistos no filme de 1968.

Até o símbolo do carrinho de bebê arredondado é utilizado, de maneira bem gratuita, aliás.

Há um simbolismo que não fica tão claro quanto a intenção, que mira o vestuário de Mia, que sempre usa verde quando a casa está infestada pela boneca Annabelle.

Antes do ataque, ela usa azul, enquanto usa marrom/tons neutros após o clímax.

O demônio

É na parte de baixo do prédio que aparece o famigerado espírito do petróleo, o ser que é a forma real da entidade que ronda a boneca em todos os filmes.

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary
Bishara ao lado do ator mirim que vive Leah

Sinal da besta

Quando Mia tenta escapar do demônio no depósito do porão, ela aperta o botão do elevador três vezes para o 6º andar, ou seja, clica 666, que é a representação do "número da besta", associada ao diabo ou Satanás nas crenças cristãs.

Depois de uma perseguição pelas escadarias - que poderia ser tensa, caso a trilha sonora exagerada não esfregasse nas fuças do espectador que é preciso ficar tenso - Mia percebe estar marcada, com um A na pele, o mesmo visto após a morte de Annabelle Higgins, lá atrás.

Seita

O detetive fica incrédulo diante do que Mia fala que Annabelle Higgins era do grupo chama Discípulos do Carneiro, que estaria em Invocação do Mal 3.

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O símbolo da Ordem do Carneiro, presente em Invocação do Mal 3

Pânico Satânico

Na época em que o filme Invocação do Mal 3 de Michael Chaves estreou, houve uma grande reclamação a respeito do chamado Pânico Satânico, que era utilizado.

O conceito de Pânico Satânico advém da sensação que explora uma versão do chamado Pânico Moral, que por sua vez, envolve acusações falsas de abuso em ritual satânico que se originou nos Estados Unidos na década de 1980.

Isso causou um sem número de perseguições infundadas e de demonização de pessoas que nada tinham a ver com ritos pagãos ou com culto a Satanás.

Annabelle passa por isso também, embora arranhe na superfície.

Aqui há até como ver que o roteiro de Dauberman desdenha dessa sensação. O roteirista não teve ingerência em Invocação do Mal 3. A saga discute isso de forma diferenciada.

Aparição, ajuda do personagem místico

Só então, ao conversar com o detetive - que agora não a menospreza mais - é que Mia vê a foto de Annabelle Higgins criança.

A imagem bate com a aparência do espirito, que apareceu em um dos seus vários sustos. O foreshadowing é óbvio, mas é efetivo.

Enfim Evelyn faz algo útil e auxilia Mia a achar livros sobre ocultismo. Ela revela um passado trágico, com a perda da filha Ruby, que tinha a idade de Mia. Também revela que teve uma experiência sobrenatural, depois de quase pôr fim a sua vida.

Depois de pegar os livros sobre o diabo, ocorre um "quase atropelamento" por caminhão, fato que guarda semelhanças com Cemitério Maldito de Stephen King.

Ataques toscos

O modo como a boneca ameaça Mia e Leah é ridícula, basicamente são ou travessuras ou momentos que poderiam ser perigosos, como livros pesados que quase atingem a bebê que está no chão. 

Annabelle de John R. Leonetti: Uma filme de boneca do mal que imita O Bebê de Rosemary

Ela se transporta para frente delas, mas segue estática.

O maior receio que a boneca do mal causa se dá graças a sua coloração, que se torna acinzentada, fazendo ela parecer ainda mais ameaçadora, claro, para uma boneca de porcelana.

Intervenção episcopal

Se nos filmes de Invocação do Mal a igreja pouco faz, aqui há uma questão diferente, já que os Form pedem ajuda e o padre Perez vem. 

O sujeito explica que aquele é um espírito maligno, portanto, ele é mentiroso e indigno de confiança. Além de instruir para que o casal não interaja com o ser, também decide levar o objeto consigo.

Na estrada, eventos estranhos ocorrem, o rádio pifa, aparentemente a estrada vazia não parece segura, mas nesse momento, não hpa nenhuma interferência ou susto.

É na igreja que algo dá errado, com o sacerdote sendo puxado para fora por um espírito malvado, que impede a boneca de entrar no espaço santo.

Na casa em Pasadena

Mia segue sem saber o que ocorreu com Perez, até recebe Evelyn, já seu marido tem ciência, uma vez que é médico e trabalha no hospital onde o sujeito está.

Os personagens parecem estar sempre atrás do planejamento de Annabelle, ou seja, lá qual for a alcunha da entidade, dessa forma, quando a campainha toca e ela vê o padre, não percebe que é um impostor.

Os 15 minutos finais mostram uma sequência que busca ser tensa, com o sumiço de Leah e ataques a Evelyn e Mia, com diversos sustos toscos, quedas de homens fantasiados de preto, quedas de luz, onipresença da boneca - que sai de um cômodo para o outro de maneira oportuna e mágica - além de diversas ilusões, que fazem a protagonista confundir sua bebê com bonecas.

O sacrifício e o epílogo

Evelyn se coloca na posição de assumir o lugar de Mia, como algoz da criatura maligna, tal qual foi com Terry Gionoffrio fez na obra de Ira Levin - em O Bebê de Rosemary. Com isso, cabe aos Form viver em paz, sem grandes consequências.

Depois disso a câmera viaja até uma loja, onde uma senhora compra a boneca, para sua filha enfermeira. Na parte de cima do lugar, há também uma Ragged Ann, em destaque, como um aceno ao espectador mais atento, resumindo assim como a boneca chegou as mãos das enfermeiras que procuraram Ed e Lorraine Warren.

Annabelle carece de bons predicados. Seu texto é raso, a direção é frouxa, enquanto a execução referencial é pretensiosa. É o primeiro dos péssimos filmes do Invocaverso, sendo pouco sutil em suas referências, além de pecar por não explorar bem o potencial das pontas que ele mesmo abre.

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