Demonic Christmas Tree, a Árvore de Natal do Mal: O filme trash do diretor de Ursinho Pooh Sangue e Mel

Demonic Christmas Tree é um filme de terror natalino de premissa curiosa e execução trash. Dirigido por Rhys Frake-Waterfield, é um filme B de orçamento ínfimo, que hoje é mais lembrado pelo fato de seu realizador ser um dos responsáveis pela exploração do Twisted Childhood Universe ou Poohverso.

Produção do Reino Unido, possui uma história cuja ideia inicial parece rocambolesca, cheia de reviravoltas, mas que na realidade é bem retilínea e direta.

Na véspera de Natal uma viúva lança um feitiço para ressuscitar seu marido morto, mas o rito dá errado e o sujeito é trazido de volta como uma Árvore de Natal "viva".

Sendo ele um ex-bandido e assassino à sangue frio, decide utilizar a ironia que foi retornar a vida como um objeto inanimado para simplesmente buscar vingar a sua própria morte.

Dirigido por Rhys Frake-Waterfield, foi escrito por Frake-Waterfield e Craig McLearie, produzido pelo realizador, com Scott Chambers (que assinava as Scott Jeffrey). A dupla ainda assinou como produtor executivo também.

Estreia e nome

O longa-metragem chegou primeiro ao Reino Unido, em novembro de 2022, via internet.

Na Alemanha teve uma premiere em DVD no dia 18 de novembro de 2022 enquanto na Polônia chegou em 23 de dezembro de 2022 via internet.

O título original é Demonic Christmas Tree, no Canadá e Alemanha é conhecido como The Killing Tree. Na Polônia é Mordercza choinka e na Rússia é Ёлка-убийца.

The Killing Tree 2022 Sets Its Eyes On A Demonic Murder Spree - Mother of Movies

Estúdios

As companhias que financiaram e produziram o longa-metragem foram a Production Companies, Uncork'd Entertainment e Dark Abyss Productions. A distribuição foi da Uncork'd Entertainment no mundo inteiro, pela WMM na Alemanha, no lançamento no formato Blu-ray.

Quem Fez

Rhys Frake-Waterfield dirigiu o curta Go Viral, The Area 51 Incident, esse, Ursinnho Pooh: Sangue e Mel, Sky Monster onde ele não foi creditado e claro, Ursinho Pooh 2: Sangue e Mel 2.

Rhys Frake ao lado da máscara do Ursinho Puff no primeiro filme da franquia

Ele produziu todos os filmes que dirigiu, também Dinosaur Hotel 2, Snake Hotel Freedy's Fridays, foi produtor executivo em Tornado de Fogo.

No futuro, produzirá Bambi: O Acerto de Contas e O Pesadelo da Terra do Nunca de Peter Pan que serão lançados em 2025. além de Pinocchio Unstrung ainda sem data lançamento.

Craig McLearie é conhecido por ter escrito filmes qualidade C, com obras de de teor bastante trash. Entre os seus trabalhos, se destacam Hatched, Pterdodactyl, Return of Krampus, Conjuring the Genie 2, Dinosaur Hotel 2, Medusa's Venom, Alien Invasion e Hard Copy.

Scott Chambers produziu o filme de terror Fada dos Dentes e várias continuações da saga Toothfairy. Também foi produtor em produções de nunsploitation como Bad Nun e O Segredo do Convento 2.

Também atuou em filmes de múmias e de espantalhos malvados, de sereias, duendes do mal, cópias de obras de Stephen King como Aterro Maldito.

Outras obras dele bastante "curiosas" são Return of Krampus, Mary Had a Little Lamb (que também é um filme de natal) Tornado de Fogo, Ursinho Pooh, Ursinho Pooh 2 e Castelo Ouija. Foi produtor executivo em A Maldição de Cinderela.

Narrativa

A história começa com uma senhora que fala sozinha, em uma sala com lareira. Apesar de parecer uma cena de devaneio e delírio, há uma lógica no que ela está fazendo.

Do lado de fora, chove muito, trovões povoam o céu, não ficando claro se isso ocorre se é por vias naturais ou se é graças as falas em tom de monólogo dela.

O texto dito é de louvor e tradição a alguém que não existe mais.

Aos poucos são mostrados recortes de jornais, que falam de matanças, também há fotos familiares riscadas, exceto uma. A idosa é Morrigan, personagem de Judy Tcherniak (de H.P. Lovecraft's Monster Portal) passa a mão em um recipiente, que parece uma urna funerária, de cinzas.

Ela ri, dizendo que essa noite vai trazer ele de volta.

Depois do rito

Na parte de cima, a senhora mexe em uma caixa, enquanto diz novamente que ele voltará. O sujeito ganha um nome: é chamado de Clayton.

Aqui se nota uma bela caracterização, valorizada pelo design de produção e direção de arte. O cenário é bem-feito, destaca uma estrela no chão, com sal e velas, no meio, um adereço semelhante a uma guirlanda.

Curiosamente o desenho estelar, mas não um pentagrama e sim um corpo estelar de seis pontas, como a estrela de David. Apesar da personagem parecer uma bruxa, mas há vários motivos católicos pela casa, como cruzes.

Do lado de fora se percebe que o cenário é na verdade um castelo, dado que é uma obra de baixíssimo orçamento, isso é bem feito.

Nesse ponto, o aspecto mambembe é apenas o fato de que Morrigan acidentalmente trouxe Clay como uma árvore, que se movimenta - ou ao menos tenta - por que de resto, o cenário é bonito, há um trabalho bem empregado.

A cena do sujeito descobrindo que voltou como um adereço de decoração é tosco e em sua fúria, ele mata a sua senhora. Depois sai pela janela, promete ir atrás de vingança.

O alvo

Logo depois dessa bela introdução, a qualidade visual de exibição cai muito.

É mostrada Faith, personagem interpretada por Sarah Alexandra Marks.

A personagem não é nada sutil, já conversa com sua amiga Cindy (Sarah T. Cohen) sobre o natal anterior e sobre ter matado Clay, o personagem de Marcus Massey, que fez Bunny the Killer Thing e interpretou a Coruja em Ursinho Pooh 2.

Curiosamente, ele tem o visual semelhante a Charles Lee Ray, que Brad Dourif fez em Brinquedo Assassino.

A dramaticidade de horror desse imita a saga Chucky de Don Mancini, mas rebaixa o discurso para uma premissa natalina digna dos dramas melodramáticos melosos e pobres do canal Lifetime, com atuações abaixo da linha da mediocridade e situações melodramáticas injustificáveis.

Apesar do início promissor, os momentos posteriores são terríveis, incapazes de gerar expectativa positiva no espectador, especialmente graças a sua dramaticidade, que é quase nula.

Os personagens muito mal escritos, as atuações canastronas, a fotografia é mal cuidada, com luz estourada na maior partes das cenas do presente, melhorando ligeiramente nos flashbacks, que ainda possuem um filtro que borra boa parte das imagens.

Há muitos e desnecessários retornos ao passado, que demonstram Morrigan e Clay ainda vivos e agindo juntos. Como as cenas são empalidecidas, a boa personalidade apresentada antes simplesmente se esvai.

As ações da Árvore Maldita

Os momentos em que a Árvore Demoníaca tenta se encontrar são legais.

Ela/ele se perde, ataca gente soltando tentáculos internos do pinheiro, também usa os fios de pisca pisca para enforcar gente, dispara bolinhas decorativas e coloridas, assusta muita as pessoas.

O filme é cretino e autoconsciente

A justificativa para o terror é cretina e o filme sabe disso, não à toa possui apenas 72 minutos de duração, afinal é é difícil montar uma história baseada em uma premissa tão tosca e é preciso muita criatividade para tornar os ataques de um pinheiro decorado com adereços coloridos em momentos de real terror.

Por mais que os personagens achem aquilo tudo uma coisa terrível é impossível ter medo.

Em determinado ponto o roteiro até faz um comentário metalinguístico, já que Clay faz questão de matar Becky (Kelly Rian Sanson) na frente de Faith quando ela avisa para as pessoas o que ocorreu, todos resolvem sair dali.

Ninguém tem a ideia de isolar ela por supostamente estar surtando, não há empatia, as pessoas que ceariam juntas só resolvem ir embora, ficando ali apenas Cindy, Tina (Kelly Rian Sanson) Louisa (Ella Starbuck) e Faith, lá fora, as pessoas obviamente morrem, já que o monstro estava esperando ele.

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Há alguns comentários espertinhos, como o fato da personagem chamada Faith (que em inglês significa fé) ser a única crédula no absurdo de uma árvore malvada estar matando gente. Também há uma esperteza em repetir o cenário trágico, já que foi ali que ocorreu o ataque um ano antes.

Mas a sensação que fica é que o filme tem uma premissa estúpida, que é engraçada até certo ponto, mas que não se justifica diante do fato de que as mortes mostradas aqui são sem graça e nada gráficas, nem minimamente.

Mal se vê as mulheres ocorrendo do monstro, algumas vezes os tentáculos da árvore batem nas vítimas e mancha as lentes que estão gravando, como se fosse uma filmagem em primeira pessoa, sendo que Clayton não tem câmeras em si.

The Killing Tree – Film Review – Set The Tape

Além disso, é comum que a lente embace assim que alguém morre. É muito tosco, Louisa e Tina morrem de maneira nada criativa e como as atrizes são péssimas, não há como sentir qualquer impacto.

Não há muita construção de atmosfera fora a cena inicial, os conceitos são jogados.

Faith chega a entender que a Árvore é o assassino dos seus pais no chute, já que não havia indícios ou pistas disso, quando ela resolve ir para a floresta, Clay usa a frase icônica de Bane em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, sobre pertencimento ao local, diz que a floresta é o seu lugar de origem, que ela nasceu ali (afinal, é uma árvore de natal possuída) mesmo que tenha chegado a essa conclusão segundos antes.

O absurdo de Clay achar que tem propriedades mágicas somente por estar possuindo (ou sendo) uma árvore de natal assassina seria um absurdo, mas não se compara a interferência Deus Ex Machina do final, quando os pais de Faith, que também reencarnam em árvores, para proteger ela.

É muito absurdo, não faz qualquer sentido, mas é a segunda melhor coisa do filme, perde apenas para o inicio.

O absurdo quase faz justificar o fato de que a obra não possui muitos predicados em 70% de sua duração. A briga de árvores é qualquer nota, algo mal pensado e meio tosco.

Fora o meme da premissa estúpida e a sobrevivência de vários personagens desimportantes, não há tanto motivo para apreciar esse Demonic Christmas Tree. É uma obra trash que sabe exatamente o que é, poderia ousar mais e se contenta em ter dois momentos legais em um filme inteiro.

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