Review: Agents of SHIELD S01E08 - The Well

Depois de episódios que lidavam com desdobramentos de Os Vingadores e Homem de Ferro 3, chega a vez de Agents of SHIELD mostrar as repercussões da massiva batalha em Londres no mais recente filme da Marvel, Thor: O Mundo Sombrio. E, embora isso se resuma apenas aos primeiros três minutos de The Well, a aventura da semana ao menos consegue ampliar um pouco o conhecimento do espectador quanto à Asgard, já que lida com o surgimento de um poderoso artefato do mundo de origem do Deus do Trovão.

O grande problema do capítulo foi ter se apresentado, nos materiais de divulgação, como relacionado ao novo longa do Thor quando, na verdade, os eventos cinematográficos são citados brevemente em uma sequência que parece, inclusive, ter sido acrescentada de última hora, com o único propósito de criar essa ligação. Até porque, o cajado mágico encontrado por dois jovens e que confere superforça aos seus portadores, não chegou à Terra graças à luta com Malekith ou algo parecido. No entanto, como o artefato é originário de Asgard, a série se sai bem ao expandir a rica mitologia que faz parte das histórias do filho de Odin. A cena que mostra a descoberta do objeto, inclusive, parece ter saído mesmo das páginas de alguma HQ, com todos aqueles elementos absurdos dos quadrinhos Marvel dos anos 60 que os fãs adoram, e que poderiam estar mais presentes na série.

Por outro lado, se nas duas últimas semanas o programa mostrou que abordar os aspectos mais humanos de seus protagonistas o torna mais interessante, The Well dá um passo para trás e, mesmo tentando mostrar um outro lado do Agente Ward, não consegue manter a qualidade exibida em ambos seus predecessores. O personagem de Brett Dalton é um dos menos aceitos pelo público e, se a ideia era criar uma ligação maior com o espectador e diminuir a antipatia relacionada ao seu caráter, o roteiro falha miseravelmente. Sem jamais dar o peso dramático necessário para desenvolver essa empatia, a subtrama envolvendo seu passado entra sem ter muito a dizer. Talvez ela seja ampliada no futuro, mas sua introdução é totalmente desinteressante. O que não é o caso do coadjuvante da semana, o Dr. Elliot Randolph, interpretado por Peter MacNicol. Não só sua história vai se mostrando cativante conforme a trama se desenrola, como ser vivido por um ator extremamente carismático (e que está no imaginário nerd por sua memorável participação em Os Caça-Fantasmas 2) ajuda, e muito, até mesmo uma torcida por um retorno eventual.

Os vilões da semana também foram um desapontamento. Sem qualquer motivação convincente, ou tempo de tela suficiente para justificar suas presenças, não servem nem como distração e o melhor momento relacionado à eles é a já citada cena em que descobrem o cajado. Os coadjuvantes Fitz, Simmons e Skye também não estão em seus melhores momentos, apesar da Agente May sair um pouco da apatia e até surpreender nos minutos finais do episódio. Na verdade, a insinuação feita no desfecho pode render bons frutos no futuro.

Se há algo realmente positivo em The Well, no entanto, é a discussão de um tema que, por não ser totalmente abordado por diálogos expositivos, acaba deixando o espectador pensando no assunto, o que, por si só, deve ser sempre comemorado. Em várias ocasiões, o episódio joga informações que demonstram a ignorância humana em sempre atribuir à divindades o que não entende. Seja os habitantes de Asgard serem confundidos com deuses pelos nórdicos ou os vilões se apresentarem como seres superiores a partir do momento que desenvolvem os poderes dados pelo cajado, passa até mesmo por um personagem de origem extraterrestre confundido com um santo. Tudo feito com muito cuidado para não ofender ninguém, afinal, antes de ser um produto com o selo Marvel, também é um com o selo Disney.

Com momentos divertidos, principalmente aqueles envolvendo Coulson (que tem os melhores diálogos do episódio) The Well não ajuda Agents of SHIELD mais do que seus primeiros cinco episódios. Soando uma forma gratuita de conseguir audiência, principalmente pelo marketing feito para vendê-lo como “continuação” do segundo Thor, teria sido totalmente dispensável não fosse a presença dos elementos asgardianos (que poderiam ter entrado em qualquer momento da temporada) e do mencionado Dr. Randolph. Talvez seja bom, inclusive, que o próximo filme da Marvel esteja meses distante, uma vez que isso pode deixar a série livre para fazer crescer sua própria mitologia.