Nesta reta final da primeira temporada, Arrow parece ter engatado uma sequência de episódios com todos os elementos esperados de uma adaptação de quadrinhos. Se semana passada o espectador foi apresentado ao plano mirabolante de Malcolm Merlyn, chega a vez do vigilante Oliver Queen colocar em prática a ação para impedir que o vilão destrua o Glades, o bairro mais perigoso de Starling City. Claro que para isso ele precisa saber exatamente o que é o “undertaking” e o caminho mais curto é mesmo perguntar à sua mãe, Moira, levando a um dos momentos mais frios de Oliver em toda a série. Sua ideia para conseguir a informação da Sra. Queen é de uma crueldade que só se iguala ao seu senso de justiça. A sequência também marca o retorno de Diggle como parceiro do Arqueiro. Aliás, o personagem tem ótimas chances para mostrar porque o herói precisa de sua ajuda.
Assim, logo após conseguir a informação sobre o “Markov Device”, aparelho que pode causar um terremoto cujo nome é uma referência ao seu criador, o vilão Geoforça (que aparece brevemente como seu alter-ego, Brion Markov, mas cujo retorno é bem improvável), Oliver parte para a segunda parte de seu plano: descobrir onde se encontra tal ameaça. Para isso, e novamente com a ajuda de Felicity e Diggle, invade a sede da empresa de Merlyn. Embora aposte na suspensão de descrença do espectador, tentando empurrar que o personagem de David Ramsey conseguiria facilmente se passar por um segurança do local, a sequência empolga, criando tensão (auxiliada pela ótima trilha sonora), alternada com uma boa dose de humor e ainda servindo de desculpa para Queen tentar acertar as coisas com Tommy. Aliás, bom trabalho de Stephen Amell quando percebe que o ex-amigo de seu personagem pode se tornar seu inimigo, não apenas dentro de um triângulo amoroso, mas também em sua jornada como Arqueiro. Pena que, mesmo depois de aconselhar Tommy a não abandonar Laurel, Oliver cometa um erro absurdo momentos mais tarde, arriscando não só o futuro de sua ex-namorada como também a já conturbada amizade com o jovem Merlyn.
O episódio também é marcado por outro personagem em uma busca que parece não ter limites. Roy Harper, agora auxiliado por Thea, começa a chegar cada vez mais perto de um encontro com o vigilante e finalmente revela para sua namorada o motivo de sua obsessão pelo herói que o salvou da morte certa. Roy confessa que quer seguir os passos do Arqueiro para impedir que outras pessoas morram (indicando que o rapaz já perdeu alguém próximo). O mistério é se isso irá culminar na parceria (mesmo que temporária) entre o futuro Arsenal (bem melhor que Ricardito) e Oliver já no final desta temporada ou apenas no segundo ano da série. Os fãs com certeza esperam que aconteça o mais breve possível, afinal as chances de ver os dois heróis atuando juntos são grandes.
Darkness on the Edge of Town também mostra os desdobramentos do gancho deixado no flashback do episódio 20. Fyers força Yao Fei à assumir a responsabilidade pela queda de um avião da Ferris Aeronáutica (a empresa em que Hal Jordan é piloto de teste, mas é bom não esperar o Lanterna Verde dando as caras na série), em um plano para desestabilizar a economia da China. Por trás de tudo, uma misteriosa mulher, que deve dar trabalho ao trio formado por Oliver, Shado e Slade na segunda temporada.
Por último, mas não menos importante, o retorno de Walter à série acaba mostrando que o personagem talvez seja a figura mais lúcida de Arrow. O tempo que passou em cativeiro foi suficiente para ponderar sobre a participação de sua esposa em tudo isso e o levou a uma decisão drástica, que deve afetar Moira em suas ações na season finale. É notável o quanto a mãe de Oliver, na tentativa de consertar as coisas, tem perdido o que mais valoriza em sua vida: o amor de seu filho mais velho, a confiança de seu marido e até mesmo sua identidade (quando acaba responsável pela morte do homem que a ajudou na tentiva de assassinato de Malcolm).
Deixando um gancho angustiante para a próxima semana, Arrow mostra que ainda reserva surpresas para seu episódio de fim de temporada, em que todas as subtramas devem se encontrar, alterando o destino desses personagens que fizeram do seriado uma das boas surpresas da fall season 2012. Dessa forma, o programa adota a mais clássica das estruturas em três atos. Semana passada, no primeiro, o espectador é apresentado ao básico da trama. Agora, uma estratégia é colocada em prática apenas para falhar e levar o herói a uma situação ainda mais perigosa, a ser resolvida no terceiro e último ato, representado neste caso pelo que virá na próxima semana. Se cumprir tudo que promete, Arrow deve entregar mais uma hora de muita ação, drama e de, pelo menos por enquanto, uma das mais satisfatórias adaptações que a DC conseguiu fazer, fora das HQs e de seu universo animado.
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