Review: Arrow S01E23 - Sacrifice (Season Finale)

Para entender o êxito de Arrow é preciso ir a fundo à proposta da adaptação do Arqueiro Verde para a TV. A influência mais óbvia sempre foi a trilogia do Batman dirigida por Christopher Nolan mas, à despeito do que possam dizer sobre a abordagem realista do programa, é importante ressaltar que a série nunca teve medo de se assumir absurda (o protagonista é um vigilante que derrota um batalhão de inimigos usando arco e flecha, oras) ou ainda, mesmo que à doses homeopáticas, aceitar riscos quanto ao desenvolvimento dúbio de alguns personagens. Unindo as duas coisas é que a season finale se apresenta de forma correta, mais preocupada em fechar um capítulo na vida de Oliver Queen do que deixar espaço para o que ainda irá acontecer.

O episódio pode ser dividido ao meio, com cerca de 20 minutos preparando terreno para tudo que o anterior havia prometido. O “undertaking”, as ramificações das ações de Moira Queen e Malcolm Merlyn, o triângulo amoroso formado por Tommy, Laurel e Oliver. A metade que resta é a da ação, com a esperada luta entre os dois Arqueiros, a mais do que atrasada união entre personagens incomuns e o grande momento de Roy Harper, enfim mostrando sua inclinação para fazer o bem, agindo ao invés de se preocupar em encontrar seu salvador de capuz (notem o bom figurino do garoto, indicando seu destino ao lado do herói). Aliado à isso, os flashbacks na ilha entram em total acordo com a atual situação dos personagens, recorrendo também ao tema central do episódio, o sacrifício do título.

O clímax encontra na ideia improvável de um aparelho que pode causar um terremoto, a chance de lembrar o espectador quanto à origem destes personagens que, durante 23 episódios, conseguiram chamar atenção e garantir uma segunda temporada logo nas primeiras semanas de exibição. É impossível não se pegar torcendo pelo sucesso dos heróis, que buscam desativar o dispositivo que pode dar um fim ao Glades. Assim, nessa corrida contra o tempo, paira na trama a aura da imprevisibilidade. Junto à torcida, vem a apreensão se este ou aquele personagem conseguirá se safar, caso a “bomba” dispare. E quando um coadjuvante em específico decide fazer um telefonema para alguém importante em sua vida, essa impressão é ainda maior. Algo vai dar errado a qualquer momento. Mostrando que a ideia é deixar o espectador na beirada do sofá e roendo as unhas, o roteiro imediatamente corta para outros personagens importantes que também estão correndo risco. Claro que quando o CW divulgou a contratação de Colton Haynes (o jovem Roy) para o elenco fixo na segunda temporada, estragou um pouco esse suspense, mas mesmo assim ainda existia a possibilidade de Thea Queen sofrer as conseqüências. Apostando as fichas nessa situação tensa, a narrativa segue fluida intercalando com o violento embate entre Oliver e Merlyn. É tanta coisa acontecendo que o seriado merece destaque por não soar apressado demais em seus minutos finais.

E é quando a situação está aparentemente resolvida que os roteiristas se arriscam em estabelecer um cenário para o que virá apenas na fall season de 2013, além de trabalharem melhor a ideia do “encerramento de um capítulo”, mostrando que a série estará aberta à novos vilões, já que uma certa morte vai contra o que muitos fãs esperavam para o futuro. Assim, Arrow evita a comparação óbvia com Smallville e aposta em uma situação drástica para a cidade de Starling e outra para a família Queen.

Quando anunciado que Oliver seria órfão apenas de pai na série, muitos leitores de quadrinhos torceram o nariz. Com este final de temporada fica a impressão de que esta alteração na origem do personagem realmente serviu à história, principalmente para o que irá acontecer de agora em diante.

As referências ao universo DC, as ótimas cenas de ação e os personagens carismáticos são apenas elementos de um todo que, no geral, se mostrou competente em bons roteiros, apesar de um ou outro tropeço aqui e ali, surpreendendo até o espectador mais “calejado” com seriados que costumam desapontar logo no começo ou, ainda, que não mantém a mesma qualidade de forma constante. Assim, não é só o fã de quadrinhos que ganha, com uma adaptação à altura de um personagem que poucos levavam à sério. Quem está interessado em uma hora de diversão de qualidade também pode contar com Arrow. E, tomara, continuará contando por um bom tempo.

2 comments

  1. Shannon Souza 16 maio, 2013 at 23:31 Responder

    Não tenho nem como descrever Arrow.
    Essa Season Finale realmente nos proporciona um misto de sentimentos, de euforia á angustia.
    Nos faz pensar em o que virá depois, nos faz dizer WOOW, nos faz realmente viver esse magnífico universo de Arrow.

  2. José Guilherme 17 maio, 2013 at 10:54 Responder

    Confesso que por um momento, lá pra metade da temporada, quando a trama dos flashbacks soava desinteressante, os plots nos dias atuais pareciam não ter um foco definido, eu pensei em desistir de Arrow. Agradeço a você Alexandre, pelas reviews que semana após semana me instigavam a fazer o contrário e claro agradeço a entrada de Felicity para o Team Arrow (que já era bom só com o Dig e o Ollie) e a aparição do Slade e da Shado na ilha.
    Mas falando da finale, que reta essa Tríade final conseguiu ser!! O episódio 21 e 22 desenharam e esclareceram o que moveria a finale, sendo essa tão épica quanto eu esperei que fosse. Me surpreendi, me emocionei, vibrei, soltei uns "PQP!" e isso é sinal de bom entretenimento. Estarei aqui acompanhando as reviews na próxima fall, pois é a única que destrincha as referências ao universo da DC e ressalta o que mais importante tem na série. Abraços cara.

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