Review: The Flash S03E15 - The Wrath of Savitar

É tanta coisa errada com essa terceira temporada de The Flash que fica difícil até saber por onde começar. Em primeiro lugar, talvez, colocar o herói novamente enfrentando um velocista é de uma tremenda falta de criatividade, o que gera constantemente a sensação de deja vu a cada embate com o vilão. E, por mais que a série estabeleça habilidades diferentes para Savitar, este é um personagem que não tem muito a oferecer em termos de ameaça que os outros dois antagonistas velozes já não haviam mostrado. Para tentar contornar o fato, os realizadores resolveram investir no drama de Barry perder Iris, reciclando uma subtrama da temporada anterior de Arrow. Como não há substância suficiente nesse imbróglio, e os roteiristas, talvez, não sejam mais tão criativos assim, as situações e soluções encontradas pelo texto para mostrar a luta do Time Flash para impedir o futuro de acontecer parecem, na falta de uma palavra melhor, ridículas.

The Wrath of Savitar (mais sobre o título depois...) é o ápice das decisões absurdas do protagonista. Agora, o espectador descobre que o pedido de casamento no episódio anterior foi motivado pelo fato de, no futuro, Barry não ter visto uma aliança de noivado no dedo de Iris. Seguindo uma "lógica" que não faz o menor sentido, todo o plano é baseado na ideia de que o herói deve tentar mudar qualquer mínimo acontecimento para evitar que Savitar ceife a vida de sua amada. Desde a primeira temporada os personagens do Time Flash são trabalhados como pessoas inteligentes, aliás, gênios em suas próprias capacidades. Então, porque essa ideia pode ter sido sequer cogitada? Para início de conversa, quando se fala em eventos futuros, como não saber se cada tentativa feita para mudá-los não pode ser exatamente o necessário para que aconteçam? E que diferença exatamente Barry imaginou que um pedido de casamento faria? Em vez de focar no certo, Flash prefere se apegar ao duvidoso, evitando até de fazer o herói enfrentar os próprios limites. Barry, Cisco, Wally e qualquer outro herói que aparecer em Central City, deveriam treinar para aprimorar suas habilidades. O roteiro, da forma como está, ainda tem estabelecido o protagonista como alguém preguiçoso e conformado com suas limitações, e que, em determinado ponto, prefere jogar a responsabilidade nas costas de seu parceiro mirim, Wally.

Mas não é só conceitualmente que The Wrath of Savitar falha miseravelmente. Como ponto de virada do terceiro ano também deixa de oferecer ao espectador uma conexão melhor com o vilão. O título do episódio é quase literal: aqui o fã não fica sabendo muito sobre a motivação da "ira de Savitar", só confirma que o personagem está o tempo todo com raiva. Assim como no segundo ano, a revelação da identidade do antagonista está cada vez mais tardia, ao ponto de todo fã já ter desenvolvido sua teoria (e, se a maior parte fez o trabalho direito, já adivinhou quem é o velocista).

Criando dramas artificiais a partir de conflitos que pouco tem a oferecer para a trama central, Flash ainda gera problemas com a postura de certos coadjuvantes. O que dizer do momento em que Joe confronta Barry sobre o motivo de não ter pedido sua permissão para se casar com Iris? Uma distração boba no meio do episódio que ainda por cima transforma o detetive West em um babaca que parece estar vivendo nos anos 50. Suas constantes conversas com o protagonista a respeito de cuidar de sua filha já vinham parecendo muito machistas, mas aqui o roteiro chega no fundo do poço. E isso, em uma temporada que havia entregue uma ótima e relevante origem para Magenta logo em seu início. A não ser que exista um plano traçado para justificar essas atitudes dos personagens masculinos, os realizadores parecem não ter ideia do tamanho da bobagem que estão fazendo. E não adianta nada colocar uma cena com Iris dizendo que não quer ser salva o tempo todo, se há algumas semanas a moça se mostrava totalmente insegura, perguntado ao namorado o que ele estava fazendo para salvá-la do vilão.

A certa altura do episódio, em uma discussão, Barry diz saber o que está fazendo. A postura não vem de um herói que realmente sabe algo, como vive acontecendo com o Arqueiro, que sempre tem um plano B em sua aljava. Mas, sim, de um personagem arrogante que não aceita a própria estupidez. Em três anos de atuação, o Flash parece não ter aprendido com os próprios erros e está fadado a continuamente repeti-los, apenas com pequenas variações temáticas, ano após ano. Isso não soa mais como um plano geral de aprendizado, mas como uma tremenda falta de imaginação dos realizadores. Já ficou mais do que evidente que os responsáveis pela série não sabem o que fazer com um herói tão poderoso. Ele é estabelecido como o homem mais rápido do mundo, mas quando enfrenta seus inimigos, na maioria das vezes, está parado, conversando, sem esboçar qualquer indício de que está prestes a usar sua velocidade para detê-los. Foi assim na semana anterior, quando Grodd assume o comando de Joe West, é assim aqui, com Barry simplesmente olhando enquanto Wally é tragado pela Força de Aceleração. E, por falar em repetição e falta de criatividade, o que dizer de dois momentos com o mesmo conflito, no mesmo episódio, quando Julian está relutante em ser usado como "walkie talkie" e precisa ser convencido por Caitlin? Se continuar como está, a ira de Savitar será a mesma do espectador e a série estará fadada a ter um personagem principal que desperta mais motivos para ser odiado do que o faz para gerar a inspiração que deveria, como herói.

Alexandre Luiz

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