Os Penetras: Cine Alerta entrevista diretor Andrucha Waddington

Chegou aos cinemas a comédia nacional Os Penetras, e o Cine Alerta conversou com o diretor Andrucha Waddington sobre o longa, confira:

CA: Você veio de dois dramas em seus últimos filmes, como foi essa transição agora pra comédia com Os Penetras ?

Andrucha Na verdade eu não venho só de dois dramas, eu vim de um suspense que foi o Gêmeas, depois eu fiz a comédia dramática Eu Tu Eles, que na verdade era mais um drama cômico, ai fiz uma drama de fato, que foi o Casa de Areia. O Lope era um filme biográfico de aventura capa-espada de época, passado na Espanha. Então os quatro filmes eram muito diferentes uns dos outros, o filme mais próximo talvez do meu universo, das historias que ouço falar o tempo todo tenha sido o Penetras, pois é um filme passado no quintal de casa, no Rio de Janeiro e trata dessa historia do malandro carioca. E essa coisa do malandro carioca é algo que você encontra em qualquer lugar do mundo, Espanha, Estados Unidos, China em qualquer lugar , existe um.

 CA: Como surgiu a idéia do filme ?

Andrucha –  É uma historia original que surgiu em 2005, e ficou adormecido por conta do Lope, que foi um projeto que sugou 4 anos da minha vida, ai em dezembro de 2010 eu resolvi fazer os Penetras. Então janeiro e fevereiro de 2011 comecei a trabalhar na historia e em um novo roteiro junto com Marcelo Vindicato. Ai já entrou o Marcelo Adnet e o Eduardo Sterblitch que viraram rapidamente colaboradores no roteiro, porque eles tem essa característica do improviso, e a gente usou  isso como uma ferramenta. Nós fizemos uma série de leituras de mesa por aproximadamente uns 3 meses, onde pegávamos os improvisos que iam surgindo e colocávamos no roteiro, e tudo que era bom ia ficando, o que era fraco e médio ia caindo, e fomos transformado aquilo em algo sólido.

 CAQuando você pegou o projeto da prateleira e falou, agora vou fazer, o Adnet e o Sterblitch já estavam nos planos ?

Andrucha –  Não, primeiro entrou o Adnet, depois comecei a ler com alguns atores, ai falei pro Marcelo, "nós vamos ler com vários atores até acharmos um que bata uma química forte". O Ricardo Della Rosa, que é diretor de fotografia do filme, falou pra eu dar uma olhada na entrevista que o Eduardo tinha feito com em quatro blocos em que ele "chapa" com o Jô e tal. Foi uma entrevista antológica, rolei de rir, porque vi que ele tinha montado um personagem para aquela entrevista, ai eu falei pro Adnet que íamos ler com ele. Ai a gente leu, ficou todo mundo chapado e dali ele entrou e não saiu mais.

CA: Apesar da comédia ser um gênero forte com grande apelo, o publico brasileiro tem uma certa resistência com filmes de gênero, principalmente com ação. O que você acha que falta para que o publico passe a aceitar melhor ?

Andrucha –  Na verdade eu acho que o filme tem que ser bem feito e ter orçamento, se você pega o Tropa de Elite 1 e 2, são filmes de ação e extremamente bem feitos, com temáticas políticas profundas, mas são filmes de ação, e que juntam essas duas coisas, por isso explodiram. Porque o público não é burro, o publico gosta de filme bom. O publico é educado pela televisão, isso não é um defeito, a televisão tem um papel muito importante na dramaturgia brasileira através das novelas. Então é natural que as comédias que tem uma pegada mais televisiva dialoguem tranquilamente com o publico, elas são necessárias e são saudáveis pro cinema brasileiro. Agora isso não quer dizer que outros tipos de comédias não devem ser feitos, pois a comédia não é um gênero menor como costuma às vezes ser considerado.

CA: Você tem vontade de dirigir um filme de ação ?

Andrucha –  Em algum momento sim. No momento eu estou trabalhando na adaptação de duas obras bem distintas. Uma é adaptação do romance Nação Crioula de José Eduardo Agualusa, que é uma historia que começa 15 anos antes da abolição da escravatura em Angola, então ela se passa durante esses 15 anos e termina no dia da abolição da escravatura no Brasil, é um livro lindo do José, que inclusive ele mesmo está fazendo a primeira versão da adaptação. E outro é um filme de terror, chamado Juízo Final, que foi escrito pela Fernanda Torres, ela acabou de entregar um primeiro tratamento, a gente ainda ta trabalhando. Eu nunca quis me repetir, eu acho que se eu for me repetir em comédia, será com Os Penetras 2, isso tudo vai depender da bilheteria e do público, porque foi tão bom fazer que existe um desejo enorme de se fazer um outro.

CA: As ideias para situações do filme, houve alguma inspiração de história real para elas ?

Andrucha –  Muitas, muitas histórias que a gente ouve em bar, de amigos que contavam, histórias que ouvíamos nas leituras, e a gente ia pegando e colocando tudo dentro do roteiro. Eu acho que o roteiro, a melhor definição pra mim de um roteiro é como se escreve em espanhol, um “guión”, um guia, porque o filme parte de um roteiro, mas ele tem os atores, a equipe, o diretor, as locações e vários fatores que vão influenciando e transformando. A gente está respeitando a dramaturgia, e ela é uma coisa viva e vai sendo moldada à medida que você vai construindo ela, então  o último tratamento de um roteiro é dado na verdade na sala de montagem.

Tiago Batista

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