Independentemente da qualidade que exibem a cada novo filme, séries longas como Jogos Mortais não morrem com tanta facilidade, sendo formadas por exemplares que custam relativamente pouco para serem feitos e ganham grande fama em meio ao público. Por conta disso, o fato de o pavoroso Jogos Mortais: O Final ter sido lançado com um subtítulo conclusivo soa como ingenuidade, já que era apenas questão de tempo até que outro filme da franquia entrasse em cartaz. Podemos constatar isso agora com este Jogos Mortais: Jigsaw, que é exatamente o que nos acostumamos a ver em um capítulo da série. E isso não é necessariamente um elogio.
Situado dez anos após a morte de John Kramer (Tobin Bell), mais conhecido como o vilão Jigsaw, este novo longa mostra que cinco pessoas foram sequestradas para participar de um jogo tipicamente mortal, seguindo o famoso modus operandi de Kramer. Enquanto isso, o médico forense Logan (Matt Lamore) auxilia a polícia liderada pelos detetives Halloran (Callum Keith Rennie) e Hunt (Clé Bennett) na investigação para descobrir onde essas pessoas estão e quem está por trás do que está acontecendo, por mais que as pistas pareçam apontar para o próprio Jigsaw.
É o ponto de partida para uma trama que não acrescenta absolutamente nada de diferente a série, seguindo a risca sua fórmula e chegando a repetir vários elementos que víamos nos filmes anteriores, o que faz este novo capítulo parecer um produto reciclado. Sendo assim, o roteiro pode tentar enganar o público para que suas reviravoltas sejam surpreendentes, mas a verdade é que elas não causam muito impacto por já surgirem batidas por natureza, ao passo que a história pouco envolve graças à maneira boba como se desenrola, com a incompetência da polícia e a estupidez das vítimas convenientemente ajudando o plano do vilão a dar certo.
No fim, o que os irmãos diretores Michael e Peter Spierig (os mesmos do ótimo O Predestinado, um dos filmes mais malucos lançados nos últimos anos) têm em mãos é um material que só tenta criar uma desculpa para nos apresentar a novas armadilhas insanas, elementos que de certa forma se tornaram a razão de ser da série (algo parecido ocorre com as mortes vistas na franquia Premonição). Nisso, os realizadores obviamente mergulham numa criatividade absurda, concebendo jogos sanguinolentos que até deixam o espectador curioso quanto a como os personagens irão perecer, além de mostrarem o quão sacana o vilão é capaz de ser.
No entanto, devo dizer que seria agradável ter como torcer para que os personagens escapem vivos da situação em que se encontram, o que inclusive tornaria bem sucedidos os esforços dos diretores para criar tensão. Mas isso é difícil tendo em vista que o elenco não tem carisma algum e ainda encarna figuras canalhas que constantemente negam a própria canalhice, detalhe que só piora a situação deles diante do vilão e do espectador, que não poderia se importar menos com seus destinos. Enquanto isso, o astro da franquia, Tobin Bell, volta ao papel de Jigsaw usando sua voz rouca e congelante para impor a ameaça representada por ele, não tendo muito mais a fazer além disso.
Assim como seus antecessores, Jogos Mortais: Jigsaw acaba servindo mais para fazer dinheiro em cima da popularidade da franquia. Até porque, se havia algum objetivo de dar vida nova a ela, isso não deu muito certo, mostrando apenas que existe uma grande escassez de ideias no que diz respeito ao que pode ser feito com esse universo.
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