Filme de terror oitentista, Único Sobrevivente surpreende por sua fórmula curiosa e por ter uma atmosfera onírica

O Único Sobrevivente é um filme B de horror e drama obscuro e que apesar disso, se tornou influência para franquias celebres do terror.
Lançado em 1984, é um longa de Thom Eberhardt, é uma obra que brinca com elementos de síndromes neurais e ação espiritual, além de possuir uma estética diferenciada, que mira o fantástico, o contemplativo e onírico, indo na contramão da maior parte dos seus pares dos anos 1980.
A história segue uma sobrevivente de um acidente de avião, que é assombrada por sentimentos de sufocamento e desespero, comuns a quem sofre com stress pós-traumático, além de ter surtos de clarividência espiritual, que flertam até com mediunidade.
Fora as visões, estranhas mortes a rondam, que por sua vez, resultam em outro grande mistério, mostrando ela como uma pessoa provavelmente condenada pela entidade da Morte.
A Equipe Criativa
A redação também é de Thom Eberhardt, são produtores Don Barkemeyer, Caren L. Larkey e Robert D. Larkey. Sal Romeo é o produtor executivo enquanto Dru White é produtor associado.
Inspiração e refilmagem:
O longa reúne elementos do clássico Parque Macabro (do original Carnival Sows) filme lançado em 1962, que inspirou e influenciou inúmeras obras de terror, inclusive, A Noite dos Mortos Vivos.
Essa também é uma refilmagem de um filme de terror, coprodução entre Austrália e Reino Unido, Aterrorizante Confronto Final - ou The Survivor - com direção de David Hemmings.

Eventualmente, o enredo desse O Único Sobrevivente se tornou inspiração para a franquia de sucesso iniciada em 2000, conhecida como Premonição, ou Final Destination.
Estreia, nomenclatura, locações e estúdios
O longa teve lançamento nos Estados Unidos em 27 de janeiro de 1984, em Albuquerque, Novo México. Em março foi lançado de forma limitada no reto dos Estados Unidos.
Em fevereiro de 1987, chegou até a Alemanha Ocidental em uma video premiere.
O título original é Sole Survivor, no Canadá e França é L'Unique Survivante, na Grécia é Ston isto tis arahnis ou Στον ιστό της αράχνης.

Na Itália é Ragnatela di morte, Espanha é chamado é Sole survivor: Único superviviente e Único superviviente, em Portugal é Desafio À Morte.
A obra foi filmada em apenas 28 dias, entre novembro. de 1982 a dezembro desse mesmo ano. Foi rodada em Orange County, Califórnia e arredores, sempre em gravações sem autorização das autoridades.
Houveram gravações em Tustin, Santa Ana (as cenas no centro da cidade) também em 30641 Silverado Canyon Rd em Silverado, que são as áreas exteriores da casa da personagem principal.
Os estúdios por trás da obra são a Grand National Pictures (que é dona dos direitos) a International Film Marketing e Moviestore Entertainment.
A distribuição é da International Film Marketing nos cinemas dos EUA. A BCI Eclipse I distribuiu ele em 2007, em Blu-ray.
Quem fez:
Essa foi a estreia de Thom Eberhardt na direção. Depois ele conduziu A Noite do Cometa, Uma Noite Muito Louca, Sherlock & Eu, Um Médico Irreverente, os telefilmes Duas Vidas, O Anel Mágico e Um Jovem Fausto, além do longa para cinema A Presa Humana.

Também escreveu Um Pedido de Natal e Querida, Estiquei o Bebê, além da maioria dos filmes que dirigiu.
Barkemeyer só produziu esse e foi gerente de produção no curta Better Safe Than Sorry.
Caren L. Larkey produziu apenas esse. É atriz, esteve nos curtas Simon e Violeta, também em Corra!. Robert D. Larkey produziu apenas esse também.
Narrativa
A história inicia com a atriz decadente Karla Davis (Caren Larkey) sonhando com um acidente, na verdade, ela tem uma visão, do acidente que teve como única sobrevivente, uma produtora de TV, chamada Denise, interpretada por Anita Skinner.
As cenas são fortes, aparecem pessoas cortadas ao meio, muitos restos mortais, em cenas com um gore considerável, tão forte que até surpreende e choca.

Na madrugada, ela liga para Blake, seu agente, interpretado por Andrew Boyer.
A ligação ocorre basicamente para perguntar o nome de uma mulher de uma agência de publicidade. Descobre que essa é Denise Lynn Watson.
Karla acreditava que previu a morte da mulher, mas não, Denise sobreviveu, foi resgatada e é a única pessoa que restou do tal acidente.
Roteiro curioso
O texto é bem didático, o que é curioso, por conta desse tentar parecer onírico e bizarro em sua execução em tela.
A cinematografia de Russell Carpenter é curiosa. Esse foi um dos seus primeiros trabalhos e a forma como o trabalho é posto lembra obras noir, já que a forma de contar história também é lenta, gradual, com elementos de sedução e personagens mega misteriosos.
Carpenter foi diretor de fotografia em Criaturas 2, A Dama de Branco, Titanic, True Lies e Avatar: O Caminho da Água.
Já a parte que trada da falência de Karla é carente de sutileza. As linhas de diálogo são tão expositivas que parecem forçadas, resultando em uma dramaticidade barata e tosca..
A doença:
Conversando com um médico, o jovem e belo doutor Brian Richardson (Kurt Johnson) ocorre uma espécie de flerte, mesmo que ele tenha sido designado pelas autoridades para cuidar do caso da protagonista.
No final, ele a chama por um apelido, que é Didi. Na conversa, se levanta a possibilidade de ela estar sofrendo de Síndrome de Sobrevivente, uma condição também conhecida como Culpa do Sobrevivente.
Uma pessoa que sofre desse mal frequentemente declara que as pessoas mortas deveriam estar vivas em vez da própria que sofre desse mal.
Esse sentimento pode ser ampliado quando a pessoa foi salva por outra que morreu. Isso explicaria os devaneios e as visões com mortes, que frequentemente ocorrem com ela.

Provavelmente ela se sente culpada por ter sobrevivido e isso explicaria o fato dela ver pessoas mortas.
Os momentos de quase morte
Denise quase é morta atropelada, pouco antes da vizinha dela Kristy Cutler (Robin Davidson) encontrar a moça. Curioso é que o choque que quase ocorreu se dá um caminhão desgovernado, mal estacionado, sem ninguém pilotando.
Didi tem problemas com sono, recebe Richardson e conversa sobre Karla Davis.
Ao comentar sobre Surf Selvagem, um filme que a atriz fez, a protagonista achava que Karla já tinha até morrido. Dentre os momentos mórbidos do longa, esse é o mais curioso e engraçado.
Momentos de romance
Entre beijos e gracejos, os dois repetem diálogos dos filmes de Karla, falam da tentativa de suicídio da atriz veterana e da obsessão do médico com Denise, relação essa que evoluiu para um momento amoroso, ou algo parecido com isso, já que a relação dos dois é bastante confusa.
Após a despedida, ela ouve vozes, que a chamam pelo nome. Pessoas aleatórias aparecem nas ruas, com roupas que se costuma usar apenas em casa, como pijamas ou vestimentas velhas.
Esses que aparecem, claramente são uma alusão aos mortos, a fantasmas.
Problemas na execução
O filme tem um ritmo lento, as atuações não são boas, fica claro muito cedo que a personagem está sendo perturbada por ações espirituais, mas o roteiro demora a assumir essa condição.
Os encontros com Karla, os embates com Richardson, parecem só enrolação, mesmo quando ele diz que as pessoas que sofrem com a síndrome de sobrevivente tendem a morrer de forma acidental, graças a descuidos, tal qual foi com o caminhão anteriormente.
Esse ponto faz lembrar, obviamente, a maior parte dos plots centrais e das mortes bizarras da saga Final Destination.
Denise aliás é parecida demais com os protagonista Alex Browning de Premonição, com Kimberly Crowen de Premonição 2 ou Wendy Christensen de Premonição 3.
Tal qual todos esses personagens, Didi é subestimada, tratada como louca.
As curvas finais
Perto do final, se abre uma nova gama de mistérios, incluindo assassinatos bizarros, que fazem discutir se Denise delira ao ver espíritos e mortos se levantando, afinal, pode só estar ocorrendo uma série de assassinatos, causados por alguém que quer perturbá-la.
Pode ser que ela mesma seja uma assassina em série. Seria uma possibilidade plausível.
Revelação
No entanto, a trama revela que sim, há um assassino, que esfaqueia pessoas.
Aparentemente é um ser incorpóreo, que toma o espectro de pessoas recentemente mortas e que são próximas da protagonista.
Exemplo disso é que Kristy aparece com a pele acinzentada, ou seja, aparece como uma morta viva, parecida com o que seria visto nos filmes coloridos de George A. Romero, especialmente O Despertar dos Mortos e Dia dos Mortos, além de lembrar Parque Macabro.
A sequência termina com a meça enfiando uma lâmina afiada no peito de Richardson, enquanto Denise grita que não é Cutler que faz aquilo, ao menos, não a verdadeira.
Final ambíguo
Falaremos sobre os últimos instantes. Deixamos um aviso de spoilers.

Denise se refugia com Karla, que ao final, é a única pessoa confiável viva, ao menos no entendimento dela.
Quando aparece a atriz está com os pulsos cortados, apontando uma arma para Didi, que dispara. Denise enfim encontra o seu fim, em um evento que pode ser encarado como um ataque sobrenatural ou apenas como a versão lúdica de um fim auto impingido.
O epílogo
Ainda há uma cena com o legista Artie (William Snare) fala com Patterson (Daniel Cartwell) um policial, com pano de fundo no necrotério, onde se encontra o corpo de Kristy.
O sujeito acha estranho onde aparece o sangue nas vítimas, uma vez que não combina com a descrição que os policiais deram. Antes dos créditos subirem, o cadáver de Kristy, que estava atrás do doutor, se levanta, indo na direção dele, para provavelmente atacar o sujeito.
Último Sobrevivente demora a engrenar, é lento e curto, o que por si só é uma contradição, visto como sua fórmula se desenrola. Não reúne boas atuações, tem um suspense capenga, pouco assusta, mas possui uma atmosfera diferenciada e curiosa, capaz de marcar a memória das pessoas e até influenciar cineastas.









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