
Dez Minutos Para Meia Noite é um filme de terror de 2020, que baseia sua exploração na figura famosa da scream queen Caroline Williams, a bela atriz veterana, que é sexy simbol desde O Massacre da Serra Elétrica 2 de 1986.
A história acompanha a rotina de uma radialista, que chega em seu trabalho com a notícia de que vai fazer um de seus últimos programas.
Além de lidar com uma forçada aposentadoria e com a sensação de estar sendo substituída por uma versão mais jovem dela mesma, tem de lidar com acusações sexistas sobre o seu passado e presente, lida com traumas ligados a assédio sexual, além de cair em uma grave paranoia após ter sido mordida por um morcego raivoso.
Por conta de uma tempestade, a radialista fica presa na estação e começa a entrar em uma forte paranoia de que está se transformando em uma monstruosidade, ou está apenas sofrendo com gaslighting e outras questões básicas referentes ao sexismo.
A obra é dirigida por Erik Bloomquist, escrita por ele e por Carson Bloomquist. Foi produzido por Carson, Erik e Adam Weppler. Elizabeth Alan, Jeffrey Fryer, Barbara Horan, Bill Salvatore, Chris Woodward, Emily Woodward, Michael Yanofsky e Victoria Young.
O longa estreou primeiro no Brasil, em 14 de agosto de 2020. Passou também no Popcorn Frights Film Festival nos Estados Unidos no mesmo dia.
Em setembro de 2020 chegou aos cinemas comerciais estadunidense e no Reino Unido é chegou em outubro, no Grimmfest International Festival of Fantastic Film.
O título original é Ten Minutes to Midnight e se chama assim em praticamente todas as praças, menos no Brasil, onde chama Dez Minutos Para a Meia-Noite e na Rússia é 10 минут до полуночи.
Vale lembrar que esse não é o filme de ação com Charles Bronson, 10 to Midnight, que em Portugal é Dez para a Meia-Noite, no Brasil é Dez Minutos para Morrer, obra policial dos EUA, lançada em 1983 com direção de J. Lee Thompson.
O filme se passa praticamente no mesmo local, portanto, é localizado em Willimantic, Connecticut.
O estúdio por trás dele é a Mainframe Pictures, com distribuição de 1091 Pictures nos Estados Unidos e no Canadá e da Danse Macabre no Reino Unido e Austrália. Em Portugal foi lançado pela NOS Audiovisuais.
Quem Fez
Erik Bloomquist dirigiu os curtas Midnigh Brew e Ghot TOur, a série THe Cobblestone Corrido e os longas A Bruxa do Bosque, Uma Noite No Inferno, Intermedium e Celebração Macabra
Carson Bloomquist escreveu Uma Noite no Inferno, A Bruxa do Bosque e Celebração Macabra.
Adam Weppler interpreta Dylan aqui, produziu Long Lost, A Bruxa do Bosque e Celebração Macabra.
Os efeitos visuais ficam por conta de Amanda Pepin, que fez A Bruxa do Bosque, Johny & Clyde: Parceiros no Crime e Por Trás da Verdade.
Para muitos fãs, a personagem de Williams é uma continuação espiritual de Stretch, a rainha do grito na comédia de humor negro que Tobe Hooper fez em 1986, em O Massacre da Serra Elétrica 2.

Impressiona como ela segue tão bonita e atraente, mesmo sendo sexagenária. Para além dos dotes físicos dela, é inegável que ela é carismática e atrai simpatia da parte do público de maneira magnética.
Caroline é conhecida claro pelo filme citado, mas está em diversas obras do cinema B e de terror como em A Volta do Padrasto, O Massacre da Serra Elétrica 3, Dias de Trovão, O Duende Assassino, O Grinch, Halloween II de Rob Zombie, Terror no Pântano 3, Contágio Letal, Tales of Halloween, Sharknado: Corra Para o 4º onde faz uma personagem chamada Stretch, o estranho (e semi erótico) Verotika, Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe e Meteoro: O Fim dos Tempos, além de Megalodon: The Frenzy e He Sees You When You're Sleeping que são os seus últimos créditos.
Ela foi produtora no curta Welcome to the Dauntless Motel e produtora executiva em Blind - Eu Estou Aqui.
Narrativa
A história começa com a chegada de Amy Marlowe na rádio, depois de ter sido atacada no pescoço, enquanto estava na rua.
A mulher foi mordida por um morcego, mas não se interessa em cuidar disso, uma vez que está muito apressada.
Depois de entrar, ela conversa com o porteiro careca, Ernie (Nicholas Tucci, ator que morreu e a quem o filme é dedicado) e se preocupa com ser substituída.
Ela encontra Robert, ou Bob, personagem de William Youmans (Os Muitos Santos de Newark) por uma nova moça que chega ao local, no caso, Sienna Walker, personagem de Nicole Kang (de Batwoman e You) uma estudante de comunicação, que chegou da faculdade de Berkeley.
Essa moça tem uma aparição capciosa, já que é apresentada como uma linda mulher, mais jovem que a protagonista, que em seu momento de introdução é extremamente simpática com o chefe de Amy.
Dessa forma, encaram ela como alguém que está flertando com o chefe dela, embora ela negue isso. Fato é que ela passará a trabalhar lá, justamente na função de radialista, como bom prodígio da comunicação que ela é.
Aqui se estabelece o velho clichê da "competição feminina voraz" estabelecendo Amy como uma pessoa insegura diante de Sienna, com uma diferença grande de idade, de duas décadas entre as personagens, embora Caroline Williams seja na verdade, 30 anos mais velha que Nicole Kang.

Amy sabe que está envelhecendo, que seu tempo está acabando, não nega isso, mas se irrita pelo fato de sempre ter sido extremamente civilizada e profissional, ao passo que é descartada sem aviso prévio, fora que está irritada desde a mordida do morcego.
Ao lado da personagem, há o auxiliar Aaron, personagem do produtor Weppler. Os dois tem uma relação que parece não ser exatamente profissional apenas.
O filme parece um grande episódio de série, colaborando para isso o fato de ter menos de 75 minutos de duração.
O último programa é assistido por Sienna. A relação das duas é curta, mas passa por muitos sentimentos. Primeiro, a moça elogia a veterana, mas não demora a responder com desdém a postura passivo agressiva dela.
Sienna considera ela patética e nega na frente de Amy que esteja transando com Bob.
Ela se diz diferente de Amy, que tem talento e não fez como Amy e desdenha da veterana, diz que convenceu o chefe a dar um último programa.
De repente o longa se transforma em um show de impropérios, com Amy surtando, brigando e afirma que passou trinta anos trabalhando de maneira educada e correta.
O surto e a metamorfose
Para muitos, produções como essa não são grandes coisas, resultando apenas em um exercício de execução com uma ou outra pessoa famosa, em uma obra barata e de premissa tosca, mas só por essa cena de abertura do programa já vale a pena ver, já que o texto está afiado e tanto Williams quanto Kang estão muito bem.
E obviamente Amy está se tornando uma vampira, até tenta morder Walker.
Depois Robert chama ela, diz que havia a programação de uma festa de despedida planejada, um bolo Red Velvet. Só deveria esperar até o amanhecer.
Como erupções solares interromperam as transmissões para boa parte das pessoas, justamente na hora do ataque de ego dela a rádio estava fora do ar, ou seja, não havia grandes vergonhas dela no ar.
Enquanto o chefe é compreensivo com ela, há um devaneio, vê o homem sendo agraciado pelo corpo da menina que acusou de dar para ele. No final, Bob senta ao seu lado e passa a mão nela.
Seria essa outra ilusão?

Ernie, o porteiro talha madeira, tal qual uma adaga, para suspeitar dela, ou seria essa uma outra ilusão. Ele declara que acha que ela está com raiva.
Todos os estranhos eventos parecem fazer parte dos estágios do luto, os mesmos que são ditos por Sienna em determinado ponto, a questão é que a novata fala da carreira de Amy, enquanto ela parece estar lutando para não liberar o seu lado selvagem.
Amy assiste Walker atacando as pessoas, no que provavelmente é mais uma mostra de como ela poderia ser, caso liberasse seu modo animalesco, a maquiagem de Sienna é sensacional e quando a protagonista se libera, é um bom momento.
Se vampiros falam sobre o peso de viver para sempre, 10 Minutos para Meia Noite utiliza o clichê do sugador de sangue imortal para falar de obsolescência.
Afirmar que Wiliams é boa atriz seria exagero, ela sempre foi conhecida por ser bonita e voluptuosa, por ser atraente mesmo com o peso dos anos, mas aqui ela tem chance de mostrar que tem capacidade dramática e para a proposta apresenta, ela consegue fazer bem.
Caroline apela para os seus papéis famosos, é como uma Stretch mais velha e melancólica, ainda consegue representar bem o dilema humano ao se tornar um predador descontrolado em busca de sangue.

Apesar de esse ser um filme B, há um belo cuidado com o visual, os elementos de cenário são bonitos, em especial o telefone antigo preto e a caracterização dos personagens quando mais jovens.
A lisergia ganha ares e contornos bizarros, quando os personagens mudam de interpretes entre si.
O final é um pouco frustrante, por mostrar a possível festinha de despedida, Aaron (com a pele de Bob) se declara e faz um discurso de valorização bem autoajuda, tudo para colocar a mulher em um caixão, típico dormitório dos vampiros.
No dia seguinte, chega alguém na rádio, um homem de meia idade, as paredes estão sujas antes mesmo dele ir entrando. O vislumbre na parte mais interna há corpos e um morcego no teto.
Dez Minutos Para Meia é uma doideira sem fim, uma obra sobre vampiros que não tenta ser maior do que realmente é, embora tenha suas formas de lidar de maneira diferenciada sobre os clichês de mortos vivos sugadores de sangue, utilizando essa pecha para discutir sexismo e etarismo.
TRAILER