Review: American Horror Story: Coven – 3x01 Bitchcraft

Horror de luxo. Bruxas devem ser as criaturas mais presentes no imaginário cultural por todo o mundo. Elas já assombraram a infância de muita gente (O Mágico de Oz), já conquistaram um lugar no coração de várias gerações (Harry Potter), nos fizeram rir por vários anos (Bewitched), e continuam a fascinar e incomodar por estarem sempre envoltas num véu de mistérios sedutor. Não nego para ninguém que atualmente, American Horror Story é minha série favorita, afinal ela trouxe para um dos gêneros que mais amo uma carga de originalidade, ausente tanto na TV quanto nos cinemas. Quando Coven, o novo seguimento antológico da série foi anunciado pelas pistas em Asylum, como um resgate glamouroso, sombrio e bem humorado (entenda-se por humor, o estilo sempre irônico de (Ryan Murphy) do poder feminino, ficou mais do que explícito que seriam as bruxas o tema do terceiro ano. Sendo assim meus caros, já adianto que essa première de Coven, faz bonito ao trazer na peculiar noção de sobrenatural que os roteiristas já mostraram anteriormente, uma alegoria espetacular para os mistérios do sexo feminino, movida única e exclusivamente por um elenco de mulheres dispostas a nos entregar não menos do que um espetáculo visual e visceral.

cold open que abre Coven nos leva para uma New Orleans de 1834, onde a figura histórica de Delphine LaLaurie (Kathy Bates deixando sua Annie Wilkes orgulhosa), dita o tom grotesco que os produtores sempre trazem para série, ao criar uma impressionante sequência que assusta justo por não ser ficção. A temática da juventude (que move uma das personagens principais mais na frente) é levantada logo aqui, ao mostrar o tratamento de beleza nada auspicioso a que LaLaurie se submete: uma pomada de pâncreas humano, preparada no cru pelas suas filhas. A marca registrada de AHS é criar esses planos sensoriais, e o diretor Alfonso Gomez-Rejon já virou mestre nisto. É impossível não ter o estômago revirado, quando a câmera vai mostrando os horrores do sótão de LaLaurie, ou segurar o arrepio na marcha do garotinho levando a cabeça de boi para coroar o novo “experimento” da maluca. Mas diferente do que se poderia esperar depois de um começo tão arrebatador, o resto do episódio opta por um clima bem mais leve (ou POP, em minha opinião) ao estabelecer o que na verdade é um Coven.

A origem das bruxas segundo a série, remonta de Salem, lugar de onde elas escaparam depois dos julgamentos também históricos, sem nenhum arranhão. Quem serve de fio condutor para pegarmos a trama é a jovem Zoe Benson (Taissa Farmiga), que descobre da pior forma possível sua condição genética, ao matar o namorado na cama durante a primeira vez. Uma das coisas mais geniais em AHS é essa intimidade que já criamos com o elenco, sempre retornando num papel completamente diferente. Assim, ver Frances Conroy, bizarríssima na cena em que Zoe é mandada para a escola especial de bruxas em New Orleans, diverte pelo apelo saudosista. Lá na escola, por exemplo, a sensação se repete no momento em que Sarah Paulson, se apresenta como a diretora Cordelia Foxx. Mesmo assim, as novas atrizes não são ofuscadas pelas nossas antigas conhecidas. As companheiras de Zoe, na Academia para Garotas Especiais da Senhora Robichaux, são mais um ganho. Madison (Emma Roberts), como a estrela de cinema telecinética e Queenie (Gabourey Sidibe), uma boneca voodoo humana, são simplesmente sensacionais. Quem também volta lá da Murder House, junto de Taissa Farmiga, é a sempre fofa Jamie Brewer, como a jovem clarividente Nan, o que fecha de forma espetacular essa versão torta que mais parece o Instituto Xavier dos X-Men.

Jessica Lange é a alma de AHS, então, o que esperar de um papel escrito único e exclusivamente para ela?! Um show, mais é claro. Lange chega a Coven como Fiona Goode, a bruxa suprema do clã, o que é um deleite. Fiona é a bruxa mais clássica de todas, ela busca a beleza eterna (apesar de poder ter tudo aos seus pés), suga a juventude de desavenças por vingança, não perde tempo em diminuir todos ao seu redor e mesmo assim é apaixonante. Ryan Murphy e Brad Falchuk, devem se divertir horrores ao escrever para atriz, por que sinceramente eu não imagino outra pessoa que não ela dizendo frases como “Não me faça demolir uma casa sobre você” com tamanha classe.

Reunindo magistralmente todos os seus personagens em New Orleans, a segunda metade da première dá espaço para começar a desenvolver sua trama. O retorno de Fiona para escola dirigida pela filha (no melhor e mais doloroso diálogo do episódio); a festa desastrosa em que Zoe e Madison se metem, com direito a primeira aparição do galã Evan Peters como Kyle (repetindo a química indiscutível que ele tem com Taissa Farmiga); a apresentação de Fiona as suas alunas (a piadinha com Hogwarts não poderia ser mais bem-vinda) e claro, o ponto chave que casa o enredo de Coven, com os personagens que Murphy e Falchuk trouxeram da realidade, Delphine LaLaurie e a sacerdotisa voodoo Marie Laveau (ligadas intimamente pela questão da juventude eterna). Ainda é cedo para falar sobre o que esperar da temporada, mas desde já podemos eleger Bitchcraft como o prólogo mais emblemático de AHS. Eu já caí no feitiço, e vocês?

P.S.: Temporada das mulheres sim! O mordomo Spalding (Denis O'Hare) nem fala e Kyle já partiu dessa pra melhor.

P.S.2: Sobre as mortes, mais alguém dúvida de que elas não são definitivas? O poder do ressurgimento da jovem Misty Day (Lily Rabe não se mata em première, viu Ryan Murphy?) não deve ser só provocação.

P.S.3: Que trilha sonora sensacional! As músicas estão tocando no player até agora.

P.S.4: Piadinha escrota, mas aí vai. Zoe, a bruxinha Pussycopata! Ryan Murphy é gênio na zueira.

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