Um Monstro em Paris é um filme animado que brinca com elementos de drama e com sustos típicos do gênero do horror, embora se localize no ramo de animação infantil mais lúdica. Se passa obviamente na Cidade Luz, a capital francesa conhecida por seu romantismo e pela tradição de abraço às artes.
Longa-metragem feito com animação 3D, ambientado na Paris no começo do século XX, em 1910, tem como mote central o despertar de um monstro animalesco gigante, que anda por Paris e acaba se aliando a uma bela artista.
O longa é uma coprodução franco-belga, dirigida por Bibo Bergeron. Tem roteiro de Stéphane Kazandjian e Bergeron, baseado no argumento do diretor.
O longa tem produção executiva do trio Nadia Khamlichi, Adrian Politowski e Gilles Waterkeyn. Outro nome famoso nos bastidores é Luc Besson, que é coprodutor.
Da parte da equipe técnica, se destacam François Moret de Sing: Quem Canta Seus Males Espanta na direção de arte, música de M & Patrice Renson de A Canção do Mar, Christophe Lourdelet, que co-dirigiu Sing e Sing 2, criou o visual dos personagens principais, Michel Guillemain de Turbo fez os modelos desses, enquanto Fabrice Joubert da série de filmes Meu Malvado Favorito foi o diretor de animação.
O filme estreou no Festival du Film Francophone d'Angoulême em agosto de 2011. Depois chegou ao Canadá em setembro do mesmo ano, no Toronto International Film Festival e na Bélgica em outubro, no Namur Film Festival.
A estreia em circuito tanto na Bélgica quanta na França se deu no dia 12 de outubro de 2011. O título original da obra é simples: Un monstre à Paris. Em países de língua inglesa, como Austrália, Canadá e Estados Unidos é A Monster in Paris, na Colômbia é Un monstruo en París.
Na Finlândia é conhecido como Kaunotar ja Monsteri - Seikkailu Pariisissa, na Alemanha é Ein Monster in Paris, na Suécia é Ett monster i Paris, no Vietnã é Quái Vật Paris, na Itália Un mostro a Parigi e em Portugal também se chama Um Monstro em Paris.
Os estúdios que fizeram o filme foram a EuropaCorp, Bibo Films, France 3 Cinéma, Walking The Dog, em associação com a uFilm. Participaram também a Canal+, France Télévisions, CinéCinéma, Tax Shelter du Gouvernement Fédéral Belge e Umedia.
Foi distribuído pela EuropaCorp. Distribution na França, pela A-Film Distribution na Bélgica, pela Entertainment One no Reino Unido e pela Shout! Factory nos Estados Unidos, tanto no lançamento em DVD como em Blu-ray.
Bibo Bergeron foi o realizador de animações famosas, como O Caminho Para El Dorado e O Espanta Tubarões. Ele trabalhou no setor de animação de filmes como As Aventuras de Pinocchio, Gigante de Ferro, Sinbad: A Lenda dos Sete Mares, Bee Movie: A História de uma Abelha e também em Por Água Abaixo.
Stéphane Kazandjian tinha mais experiência em obras live action. Ela escreveu Sexy Boys, Bloody Mallory, o curta Aprés e o longa Modern Love. Depois de Um Monstro em Paris ela escreveu Saara e Táxi 5.
A narrativa começa mostrando Emile, interpretado por Sébastien Desjours, lidando com sua amada, a bela Maud, dublada por Ludivine Sagnier.
Nesse momento, eles enfrentam um Dragão, que mais parece um crocodilo. Logo é mostrado que aquilo foi um sonho, uma fantasia dele, que é um projecionista, que sonha em ficar com a menina da venda de ingressos.
Ele é muito amigo do indiscreto Raoul, personagem dublado por Gad Elmaleh. Eles dois e o macaco Charles acabam entrando em um laboratório.
Enquanto brincam nesse cenário - que aliás, eles entraram por acaso, graças ao atraso de uma entrega que eles fariam, oriunda do cinema onde trabalham - acabam derrubando materiais químicos, despertando assim um monstro bizarro, que parece uma pulga humanoide, que pula do lugar e vai para as ruas.
A animação passeia pela capital francesa, captura bem o charme da área urbana, sobretudo os topos dos prédios, áreas de chaminé e afins, já que a criatura que dá nome ao filme vive de grandes saltos, por todo o cenário urbano e charmoso da cidade.
Curioso que essas partes mudaram pouco, mesmo passados mais de cem anos entre a trama e a realidade atual.
A vida dos personagens segue dentro do comum, ao menos em partes. Emile é o que nota o óbvio, que eles criaram uma monstruosidade.
A criatura é calma, tenta conviver com a população comum, mas tem algum nível de consciência, sabendo que será perseguida caso apareça em vias comuns. Ele até usa vestes humanas, sobretudo, chapéus e casacos.
O visual que reúne casaco preto, chapéu e o lenço vermelho são baseados no icônico pôster Ambassadeurs do artista parisiense Henri de Toulouse-Lautrec.
O personagem segue em sua jornada rumo ao comum e ao "normal", tanto que se aproxima da bela cantora e atriz Lucille, que é dublada em inglês e em francês por Vanessa Paradis.
Acidentalmente, os dois descobrem que o monstro tem habilidades musicais e acabam se reunindo em um espetáculo musical. Ele toca violão no espetáculo musical da moça, vestido tal qual um ninja, usando o nome de Francoeur e até faz duetos de canto com ela.
Enquanto Lucille tenta disfarçar a cabeça de Fracoeur com chapéus e perucas, ela utiliza um penteado semelhante ao do Drácula que Gary Oldman fez Drácula de Bram Stoker, que lembra o penteado do dublador Matthieu Chedid.
Aqui se notam ainda mais semelhanças com O Fantasma da Ópera. Isso inclui o visual mascarado de Francoeur, o fato dele ser uma figura rejeitada pela sociedade e o interesse amoroso da mocinha, que se chama Raoul.
Ambas as histórias também apresentam uma personagem chamada Carlotta, embora as duas versões tenham funções diferentes em termos de enredo para essas personagens.
Francoeur é perseguido e maltratado pelas autoridades francesas, mesmo que tenha se tornado uma celebridade. Ele é temido só por ter uma aparência diferente.
De certa forma repete o ciclo dos personagens monstruosos clássicos da Universal Pictures, como Frankenstein e O Corcunda de Notre Dame, fora obviamente as versões cinematográficas baseadas no livro de Gaston Leroux.
Próximo do final, casais se formam, carregam uma mensagem de inclusão relacionada a pulga antropomórfica e muita lição de moral. Os heróis e a polícia passeiam de barco pelo Rio Sena, lamentando a perda de Francoeur.
Mas como essa é uma obra infantil, obviamente se cai em um final adocicado, meio tolo, com uma mensagem positivista e chata, que faz com que todos os personagens fiquem bem e tranquilos, retificando até parte do final, já que a pulga volta a ficar grande de novo.
Ou seja, tudo gira e volta ao status quo.
Um Monstro em Paris é divertido, tem uma mensagem de inclusão, que perde força por ser um bocado vazia. Vale pela qualidade da animação, que mistura bonecos em três dimensões com uma imitação de stop motion, que foca em uma figura monstruosa que faz boas menções aos clássicos do cinema de horror.