Crítica: Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

“Tão bizarro quanto a sua ideia, filme entra pra lista dos piores do ano.”

O estranho título causa certamente a curiosidade de querer saber qual seria a possível ligação do ex-presidente americano e republicano Lincoln, em relação às lendas dos seres místicos e sugadores de sangue, conhecidos como vampiros. O escritor e roteirista Seth Grahame-Smith, criador do produto aqui referido, já tinha o costume de abancar personagens da literatura pop e sobrepor a temas históricos. Assim como o seu também romance ‘Orgulho e Preconceito e Zumbis’ que transformou o clássico de Jane Austen em uma divertida aventura. Onde Elizabeth Bennet vivia uma heroína que enfrentava os mortos vivos em meio a todo contexto daquela época. Deste modo, acreditando no potencial do seu novo livro, a Fox trouxe pros cinemas a adaptação de ‘Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros’, que poderia, ou poderá, ser um grande sucesso. Isso por todo seu apelo jovial estampado em sua linguagem. Porém, quando partimos para uma avaliação, mesmo que rasteira, percebemos os constantes problemas em todo seu decorrer.

Para melhor estabelecer sua compreensão, a estória começa quando Nancy Lincoln (Robin McLeavy), mãe de Abraham Lincoln, é assassinada por uma criatura sobre-humana. Fazendo com que o jovem Abraham fique inconformado com a situação e declare guerra contra os seres das trevas. Começando a destruir todos os vampiros e os escravos ajudantes. Pra isso, ele conta com a ajuda de Henry Sturgess (Dominic Cooper), um experiente caçador de monstros, que vive a procura de um novo discípulo, para combater seus inimigos. O grande intuito de tudo isso, é mostrar o desconhecido e possível passado, que um dos mais respeitados presidentes dos Estados Unidos, teve em sua trajetória. Interligando personalidades que fizeram parte da vida do mesmo, como sua esposa Mary Todd Lincoln e seu fiel amigo Joshua Speed. Mas que no fim das contas tende a não funcionar.

Dirigido por Timur Bekmambetov, que vinha do interessante ‘O Procurado’, o filme apresenta falhas na construção dos seus personagens e, principalmente, nas motivações de ambos. Com uma narrativa pedestre, que teima em não se identificar, Timur aloca uma narração em off, por não acreditar nas ligeiras aclarações mostradas em tela. Ou mesmo em seu suspense, que utiliza o suplantado artificio do efeito sonoro, como impacto para o susto no espectador. Decaindo ainda mais, ao despontar deslocados flashbacks que pouco se encaixam no momento ocorrido. Talvez seu maior lampejo de sucesso, venha nas tomadas das lutas de Abraham, interpretado por Benjamin Walker, que não compromete. Proporcionando bons movimentos marciais e com vários Slow Motions. Técnica já utilizada nos anteriores trabalhos do diretor. Em outros aspectos, as cenas tornam-se exageradas e esdruxulas. Fazendo com que o personagem tenha-se como invulnerável, perdendo interesse da plateia.

Outro ponto mal explorado e mal desenvolvido é o romance de Lincoln com Marry Todd. Vivada por Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim Contra o Mundo) que é o maior destaque do cast. Onde uma linda dama da alta sociedade, quase noiva, se ver encantada, espontaneamente, por um sujeito de má aparência, observado sem grandes atrativos, diante dos conhecimentos da garota. Ou mais ainda, quando não a tempo de explicar como ela veio a se separar do seu namorado tão facilmente, e casado com o vendedor de um velho armazém. Mais adventício ainda, é o interesse de Abraham pela política e de lutar pelos direitos do povo. Mesmo ele presenciando tristes cenas com os servos, sua vivencia dentre a sociedade foi muito curta, para que tal fato pudesse acontecer. Pensamos então que a partir daí, iriam empreender um pouco mais de toda história e importância do presidente, em relação à guerra civil e a libertação dos escravos. Mas não vemos um mínimo de cuidado do roteirista em inclusão ao período. Deixando a sensação que tudo aquilo, em nenhum momento, quer se levar a sério. Mesmo que sendo como uma referência.

Assim como outros tópicos já citados, a trilha sonora de Henry Jackman (X-Men: Primeira Clase) passa quase que despercebida. Visto que ela se molda a cada aventura dos personagens. Sem manter uma identidade. A maquiagem também é algo vergonhoso. Por outro lado, a mediana direção de arte de Beat Frutiger (Star Trek), é extremamente ajudada pela ótima fotografia de Caleb Deschanel (A Paixão de Cristo). Que imprime a sensação fria de neblina e opacidade, quando as figuras fenecidas são destacadas. Fazendo também um contra ponto, de brilho e intensidade, quando Mary aparece em quadro. Porém, tal elemento de nada adianta, quando toda trama torna-se enfadonha e infantil, no mal sentido da palavra. Um exemplo claro do descaso com sua fábula, é quando uma guerra entre vampiros e homens está acontecendo, e após a morte de vários humanos, o exímio caçador percebe que somente a prata é capaz de matar as criaturas. É bom ressaltar que essa foi uma das primeiras informações que Lincoln teve em seu treinamento. Deste modo, com um final tenebroso, quase que beirando o ridículo, a película é encerrada. Se encaixado entre a lista dos piores filmes do ano de 2012.

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