Crítica: Alien Anthology em Blu-ray - Parte 2

Aliens (1986)

Qual o segredo de uma boa sequência? A história de Hollywood tem mostrado que, para uma continuação garantir, além de público, boas críticas, precisa ser diferente do filme original. Ir por um caminho completamente oposto é uma opção arriscada e corajosa, e quando feito com competência tem tudo para, até mesmo, superar o que já foi feito. Essa foi basicamente a premissa de James Cameron ao aceitar dirigir o segundo filme da franquia Alien.

Depois da bem sucedida passagem de Ridley Scott, que introduziu ao mundo o monstro, a Fox considerava uma continuação inevitável. O maior apoiador disso, no entanto saiu da empresa e quem ficou em seu lugar não tinha como prioridade dar continuidade à franquia. Os anos se passaram, outras pesssoas assumiram e Aliens finalmente recebeu sinal verde. Cameron entrou na equação quando estava se preparando pra rodar o primeiro Exterminador do Futuro. Porém seu astro principal, Arnold Schwarzennegger, tinha um contrato a cumprir com a cinessérie Conan e fez o projeto entrar em uma pausa de 4 meses. Nesse intervalo, o diretor aproveitou para escrever 90 páginas de roteiro que seriam apenas o primeiro ato do filme. A Fox gostou tanto da ideia de Cameron que resolveu esperar ele terminar O Exterminador pra que ele pudesse trabalhar integralmente em Aliens.

O resultado foi um filme com uma abordagem bem mais voltada a ação do que ao terror. Cameron era fã do filme original e não achava que tinha de refazer tudo aquilo. Enquanto Ridley Scott optou por um clima claustrofóbico e lento, Aliens teria cenários maiores e um ritmo mais acelerado, tendo por base uma história que envolve militares lutando contra uma horda de alienígenas. Ripley (Sigourney Weaver) é encontrada 57 anos depois dos eventos do primeiro filme, hibernando em sua câmara criogênica. Na Terra ela descobre ter perdido tudo: sua filha, seu emprego e seu lugar no mundo. Acaba aceitando participar de uma missão de resgate que envolve as criaturas que ela conhece tão bem.

A primeira hora de Aliens serve para introduzir um a um, todos os personagens. E são vários, já que estamos lidando agora com um grupo de fuzileiros. Mas, Cameron faz isso de forma tão natural e crível que o espectador entende como aquilo faz parte da história e dificilmente se incomoda pela ação demorar tanto a acontecer. Um adendo deve ser feito aqui: Aliens tem duas versões. Na que foi exibida nos cinemas, muito desse desenvolvimento de personagens é cortado pra acelerar a história. A edição especial tem quase 30 minutos adicionados à trama e é muito mais completa. Cameron, inclusive, prefere essa versão longa.

Quando a primeira criatura aparece, porém, a ação é desenfreada. O filme para um pouco pra respirar em alguns momentos e quando menos se espera são mais sustos, correria e tiroteio. Uma verdadeira montanha russa em seu ritmo. Weaver interpreta Ripley em um crescendo que fortalece ainda mais a sequência final, uma luta contra a Rainha Alien que provavelmente está entre as mais marcantes da franquia.

Aliás é bom lembrar que Sigourney Weaver recebeu uma indicação ao Oscar como melhor atriz por seu desempenho em Aliens. Ela está muito mais confortável neste filme, tendo interpretado outras personagens, mais dramáticas depois do primeiro Alien. Suas cenas com a garotinha Newt são até tocantes, levando em conta o histórico de Ripley. Seu instinto maternal é mostrado de forma muito convincente e seu propósito aqui passa a ser algo muito maior do que simplesmente sobreviver.

Merece destaque também a habilidade de James Cameron de trabalhar com efeitos especiais. Na época era tudo feito “à mão” e sem imagens geradas por computador. Por isso, graças ao perfeccionismo do diretor, tudo tinha de ficar o mais “real” ´possível. E, mesmo agora, 24 anos depois do filme ser lançado, algumas cenas são impressionantes por não denunciarem a idade da produção.

Por seu ritmo acelerado, sua abordagem criativa e uma interpretação memorável de Sigourney Weaver, Aliens se não supera o original, pode ser considerada uma sequência de altíssimo nível que conseguiu fazer público e crítica muito contentes. E Cameron, que com seu pequeno Exterminador do Futuro, já havia demonstrado grande competência, evolui e mostra o potencial pra blockbusters que o fazem hoje ser primeiro e segundo lugar em bilheteria na história de Hollywood.

Vídeo – Da mesma forma que o primeiro, Aliens é impressionante em alta definição. Exibindo até mesmo mais granulação que Alien em algumas cenas mais escuras, na continuação temos uma fotografia que privilegia mais os cenários por não ser tão escura e claustrofóbica. Mais uma vez, detalhes de textura estão intactos e a única falha mais ou menos visível é a mudança para as cenas adicionais da edição especial. Há uma ligeira diferença entre a qualidade da edição para cinema e a versão mais longa, mas nada que incomode a experiência.

Áudio – Filmes de James Cameron tem um histórico de edição de som pra fazer cair a sala de cinema. Os efeitos sonoros de Aliens estão limpos e cristalinos assim como o grave do motor dos veículos e espaçonaves. Ao contrário do primeiro filme, este é um bom exemplo pra testar a potência do Home Theater.

Extras – No disco 5, a seção destinada a Aliens contém um documentário, que da mesma forma que o do primeiro filme, é dirigido por Charles de Lauzirika. Mais uma vez, os depoimentos impressionam pela sinceridade. O ponto alto é o momento que os atores e equipe de produção comentam a forma de trabalho de James Cameron, que não se importa se está na hora do almoço, da janta ou, como aconteceu por causa das filmagens na Inglaterra, do chá. Essa postura workaholic de Cameron quase levou a uma paralisação nas filmagens.

Todas as etapas de produção estão muito bem detalhadas pelo documentário, que já havia aparecido na edição dupla do filme em DVD. Vale conferir também os featurettes que cobrem alguns detalhes q não estão no making of.

No disco 6, um vasto material de divulgação da época, além de várias artes conceituais de cenas, cenários, figurino e naves.

Avaliação Final: em termos de imagem e som, Aliens é uma jóia para os fãs. Como cinema funciona tão bem quanto o primeiro e os extras contidos no box garantem horas de uma experiência definitiva quanto a este segundo filme da franquia. Altamente recomendável.

Em breve, a resenha de Alien³ que promete os extras mais interessantes até aqui. Por quê? No próximo post eu conto ;).

Alexandre Luiz

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