
Lobisomem é um dos filme de terror mais esperados do ano. Produção da Blumhouse e da Universal, essa é uma obra que obviamente remonta ao filme clássico de 1941, chamado no Brasil de O Lobisomem e é dirigida por Leigh Whannell.
Filme recém-estreado - A estrear no Brasil, chegou dia 16 de janeiro de 2025 - é classificado também como um reboot da obra de 41, a mesma que se chama The Wolf Man, quase igual a esse filme, com o acréscimo apenas do artigo "the" que não é presente aqui, nem na versão em inglês nem em português.
Anos atrás, houve uma tentativa de estabelecer um universo compartilhado com os personagens clássicos dos filmes de monstro da Universal. Ele se chamaria Dark Universe e reuniria personagens sobre Frankenstein e a sua criatura, Drácula, Lobisomem etc, mas com o fracasso de A Múmia de Alex Kurtzman, a ideia foi sepultada, mesmo que em seu elenco tivesse Tom Cruise, Russell Crowe, Sofia Boutella, além de outras figuras, que eventualmente entraria na baila, comoJohnny Depp.
A partir daí, os direitos de adaptação desses filmes recaíram em Jason Blum, o fundador e dono da Blumhouse, que entregou junto a Whannell o elogiado O Homem Invisível em 2020, que estrelava Elisabeth Moss.
Essa menção abre também a possibilidade de que essa obra de 2025 se passe no mesmo universo do longa de 2020.
Lobisomem é dirigido por Whannell. O roteiro é do próprio e de Corbett Tuck, são produtores Jason Blum, Ryan Gosling, enquanto os produtores executivos são Ken Kao, Beatriz Sequeira, Melanie Turner e Leigh Whannell.
Participação de Ryan Gosling
Até certo ponto do projeto, Ryan Gosling estaria na frente das câmeras e não nos bastidores. Na época de pré-produção, em 2021, Gosling estrelaria o longa, que teria como diretor Derek Cianfrance de O Som do Silêncio.
Essa seria a terceira colaboração entre ator e diretor, depois de Namorados Para Sempre e O Lugar Onde Tudo Termina, todos filmes bastante sentimentais, dramáticos e melancólicos. Apesar desses adjetivos se encaixarem no que Whannell e Corbett pensaram, certamente a abordagem de Cianfrance seria bem diferente.
Ambos deixaram o projeto, antes da entrada de Whannell como realizador, que imediatamente após a retirada, colocou Christopher Abbott no lugar de Gosling como a estrela principal.

Estreia e informações tecnicas
O filme deveria ter sua estreia mundial no icônico TCL Chinese Theatre em 7 de janeiro, no entanto, devido aos incêndios florestais na Califórnia o evento foi cancelado.
O primeiro lugar em que o filme chegou foi na França e na Indonésia, no dia 15 de janeiro de 2025. Na Argentina, Austrália, Itália, Portugal a estreia foi no dia 16, já no Reino Unido e nos Estados Unidos estreia apenas dia 17.
O título original da obra é simplesmente, Wolf Man, sendo assim em diversos países como Índia, Alemanha, França. Já na Itália se escreve junto, Wolfman, enquanto na Argentina e Espanha é Hombre lobo.
No Azerbaijão e Uzbequistão é Vulfmen, no Azerbaijão tem o título alternativo Canavar Adam, no Vietnã Người Sói, já na Hungria é Farkasember, enquanto em Portugal é Lobisomem mesmo.
As filmagens começaram em março de 2024, em Mangaroa, Upper Hutt, na Nova Zelândia. Houveram cenas em Wellington, no país da Oceânia,
Os estúdios por trás da obra são as já citadas Blumhouse Productions, Universal Pictures, também Ground Control, Motel Movies e Waypoint Entertainment.
A distribuição é da Cinemundo em Portugal, da Universal Entertainment no Reino Unido. A mesma Universal lançou em vários países, como na Argentina e no Brasil.
O visual do monstro
Antes de falar do que o diretor levantou de possibilidades sobre o visual do filme e da criatura, é bom lembrar que, diferente do recente Nosferatu de Robert Eggers, esse não conseguiu esconder a configuração visual do seu personagem-título.
Lobisomem de Whannell foi mais uma vítima do péssimo hábito de empresas que fazem o marketing, simplesmente revelando algo que deveria ser uma surpresa como elemento de divulgação, aliás, sem apelo nenhum, já que muita gente reclamou do visual do ser lupino, fato que possivelmente será revertido em bilheteria não tão boa.
Nas primeiras entrevistas sobre a obra, o diretor falou de uma questão que talvez seja um impeditivo para parte do público geral, já que a que a aparência do lobisomem não faria uso de efeitos especiais digitais.
Em fala para a SFX Magazine, revelou que o design da criatura é todo feito com efeito artesanal e não digital. Também falou a respeito do visual singular do "monstro":
Talvez algumas pessoas não gostem do que aparecerá em tela, porque gostam do visual tradicional do lobisomem, mas isso (a forma como o monstro é mostrado) era a abordagem que eu queria.
O realizador confirmou que seu Lobisomem é 100% feito com maquiagem e figurino, sem elementos CGI.
Também desmentiu que a fantasia vista no evento do estúdio no Universal Studios Halloween Horror Nights de 2024 em Orlando fosse igual ao seu filme. Segundo ele, os visuais não batiam, o que foi escolhido para divulgar não tem a ver com a sua criação.
Ele lamentou a propagação dessa fantasia, por que poderia confundir as pessoas e causar expectativas nos espectadores.
A inspiração clara em David Cronenberg

Whannell disse textualmente que se inspirou em A Mosca de quando elaborava a sua versão da história clássica. Segundo ele, a versão de 1986 do filme incentivou muitas obras obras de terror a usar efeitos para representar a tragédia que é a transformação corporal.
Ele destaca que nessa obra, os efeitos não funcionam de maneira cômica, como normalmente era mostrado no cinema e sim para ilustrar como alguém estava morrendo, graças a uma doença ou condição, externando na pele e na parte visível do corpo as mudanças que uma condição transformadora como essa faz.
Em sua ideia, o ideal era utilizar do mesmo artifício para aludir a metamorfose trágica do protagonista. A tragédia do corpo desintegrando é bem semelhante em ambas as obras.
Quem fez:
Leigh Whannell é bem conhecido no gênero de terror como o co-criador das franquias Jogos Mortais e Sobrenatural. Parceiro contumaz de James Wan, se tornou diretor em Sobrenatural: A Origem (onde também escreveu, produziu e atuou) Upgrade: Atualização, O Homem Invisível e um clipe de Deftones: Ceremony.
Ele é lembrado mais por seus roteiros, além dos citados, fez Jogos Mortais II, Gritos Mortais e atuou na série inteira de filmes Insidious, inclusive Sobrenatural: A Origem, Sobrenatural: A Última Chave e Sobrenatural: A Porta Vermelha, Nunca Diga o Seu Nome e Aquaman, além do primeiro Jogos Mortais também.

Ele foi produtor executivo em filmes que dirigiu e em Espiral: O Legado de Jogos Mortais e Jogos Mortais X.
Corbett Tuck é atriz e esposa do diretor e essa é a sua estreia como roteirista. Atuou em obras como Agência de Talentos, Sobrenatural, Lua de Mel Incomum e Sobrenatural: A Origem.
Jason Blum é dono da Blumhouse. Seus filmes produzidos recentemente incluem Telefone Preto, Five Nights at Freddy's: O Pesadelo Sem Fim, O Exorcista: O Devoto, Mergulho Noturno, Imaginário: Brinquedo Diabólico, Diabólica e Não Fale o Mal.
Ryan Gosling é obviamente lembrado por ser ator em obras como Drive, Amor a Toda Prova, Blade Runner 2049, La La Land: Cantando Estações e etc. Foi produtor em ReGeneration, Rio Perdido e O Dublê, também foi produtor executivo em Namorados Para Sempre, Apenas Deus Perdoa e Sombra Branca.
Elenco
Julia Garner faz o papel de Charlotte, a esposa do protagonista do filme. Ela é lembrada por O Último Exorcismo: Parte 2, A Assistente, Amor Moderno, Ozark e Apartamento 7A, a prequela de O Bebê de Rosemary.
O diretor elogiou demais a atuação de Garner. A chamou de "a bússola emocional" do filme e comparou seu trabalho a o de Shelley Duvall em O Iluminado.
Ele afirmou que a sua prioridade era pegar alguém que pudesse causar empatia no público.

Já Christopher Abbott esteve em Ao Cair da Noite, Possessor e Pobres Criaturas. Curiosamente, Abbott e Garner estrelaram Martha Marcy May Marlene de 2011, que foi o primeiro papel profissional de Garner como atriz.
Matilda Firth faz o papel da filha do casal. Ela esteve em Academia de Vampiros, Desencantada, Um Novo Conto de Natal e Submissão/Subservience.
Narrativa
Antes de falar com spoilers sobre a trama, convém lembrar que esse e um filme de terror familiar, tanto que nos materiais de divulgação há um lema ou slogan, que diz: "Cuide dos Seus".
A primeira cena mostra uma vespa sendo atacada por formigas, em um simbolismo da natureza, onde um ser sobrepõe o outro, paradigma esse que daria conta de toda a parte emotiva do filme.
A história apresenta Blake, um menino que é interpretado por Zac Chandler e vive em um lugar isolado no Oregon, com apenas um membro de sua família.
A pessoa que vive com o rapaz é o seu pai, um sujeito rígido, autoritário e de métodos quase militares. É mostrado assim antes mesmo de ser apresentado, já que é tratado por esses adjetivos quando "fala em off", dando ordens ao menino através de uma buzina.
Blake levanta e arruma a cama, tal qual um estudante militarizado faria, apavorado, com pressa, para não ser pego com eventuais imperfeições.
A lenda e o Cara de Lobo
Antes até da apresentação dos personagens, se aborda em um texto inicial, que existe uma lenda local, sobre o desaparecimento de pessoas pela região, graças a uma espécie de besta peluda, popularmente chamada de "cara de lobo".
Boatos cresceram sobre um óbito naquela área florestal e de fato, um sujeito sumiu na mata. A maioria das pessoas considera isso um factoide, um exagero narrativo ou uma história contada para fazer as crianças não dormirem, mas há quem leve fé nisso.
Parte da relação de Grady (Sam Jaeger) com seu filho Blake passa por uma super proteção, um cuidado excessivo, que não permite manifestações físicas ou emocionais de carinho, provavelmente causada por conta dessa história.
O menino passeia com o pai na floresta, munido de uma arma, nervoso para cumprir a demanda pedida por ele de pegar um cervo.
No momento da caça Grady fica com receio, se refugia em uma parte suspensa, uma espécie de casa de árvore, junto a Blake. O ser que os persegue não tem coragem subir, temendo levar um tiro e o momento de prólogo se encerra.
A partir daqui falaremos sobre as partes mais vocais da trama. Portanto, pode ter spoilers.
O aviso está dado.

Trinta anos depois
Trinta anos depois, em outro lugar, em uma cidade grande, Blake vive com sua filha, Ginger (que provavelmente tem esse nome em referência ao filme de lobisomem Possuída, que no original é Ginger Snaps) ele não quer repetir com ela o que ele sentia com o pai.
Seu esforço consiste em fazer diferente de seu pai, construindo com a menina uma relação pautada no carinho e no afeto e não no medo, sensação essa que para ele é traumática, já que era assim que ele tratava com a sua figura paterna.

Ele é tão avesso a conflitos que em vários momentos parece passivo, um mero passageiro em meio a uma rotina comum e banal, mas também entediante e cansativa. Ele age e se sente como uma pessoa que quase não faz diferença por onde vive e passa de tão letárgico e estático que é.
Curiosamente o papel de pai protetor seria tristemente pervertido no final.
Blake é escritor, ou pelo menos era, já que está inativo no momento em que a trama se apresenta.
Na noite imediatamente posterior ao momento em que ele é reapresentado adulto, ele recebe a esposa em casa. Agitada, ela fala ao telefone de maneira áspera e apressada, discute com o seu editor e incomoda o seu par com isso.
Ela é jornalista, vive atarefada, e a rotina dela irrita Blake, que claramente fica nervoso com ela, já que esposa impõe sua rotina para a casa, na visão dele, claro.
Os dois querem o melhor para a filha, mas se permitem brigar na frente da menina. Ele se sente injustiçado, por cuidar de Ginger, por fazer o jantar e ainda ter que aguentar Charlotte sendo expansiva, falando abertamente sobre a sua rotina de trabalho em um ambiente fechado.
Não fica claro se ele se irrita pela paz interrompida ou se é pela lembrança de que ele mesmo está sem profissão além de homem do lar.
Antes que possa haver alguma reflexão a respeito disso, o protagonista recebe uma correspondência, que declara que seu pai está morto, finalmente.
Ele já esperava isso, mas acaba ficando triste, por que ele escolheu não falar com o pai e sabendo que ele morreu, queria poder falar com ele.
Família nada perfeita
O texto consegue variar bem entre a exposição e as sutilezas. Fica um bocado claro que o casal está em crise, que estão tentando reconstruir algo quebrado, mas não é dito exatamente o que aconteceu.
Ainda assim os dois conseguem ser confidentes um do outro, Charlotte inclusive assume que se sente distante da filha, até afirma que ela é muito apegada ao pai.
Curiosamente, Blake fala que a paternidade é o papel dele agora, é o seu trabalho nesse momento e a sua função.
Leitura mental
Ginger tem uma prática com o pai que beira o lúdico. Ela brinca que sabe ler mentes, coloca a mão sobre a testa dele e logo depois diz que ele está pensando.
Isso ocorre algumas vezes ao longo da trama e a resposta sempre se relaciona ao quanto ele ama a menina. Depois dessa "descoberta" ele pontua se fingindo surpreso, por ela sempre acertar.
É obviamente uma piada, da parte dele, mas é singela e bastante sentimental. Dá a dimensão do quanto o que eles vivem é especial.
A ida ao Oregon
Blake sugere que toda a família vá na casa do pai dele, no Oregon, que é um lugar bonito. A ideia é reconectar o sentimento familiar, a fim de resolver as rusgas do casal e a relação de mãe e filha.

No caminho, acabam encontrando Derek (Benedict Hardie) o filho de Dan, uma pessoa do passado não só de Blake, mas também de Grady.
Charlotte suspeita da situação, até pede para eles irem embora, mas Blake é teimoso e incrédulo, não ouve ninguém, se sente autossuficiente.
Derek indica que noites não são boas para estar ali, tanto que passa boa parte do tempo do anoitecer na guarita. Ele também diz que as casas da região não tem eletricidade.
A casa de Grady é uma exceção, tanto que Blake consegue ligar tudo. O treinamento de sobrevivência do pai funcionou com ele, por mais que ele fique em regime de rejeição ao pai.
A esposa também não quer estar, a filha também não, mas em teimosia ele vence todos os personagens.
O acidente (ou seria incidente?!)
O caminhão de mudança que ele leva desvia na estrada, após ver um homem estranho. O carro fica preso na árvore e Derek cai.
A família sai rapidamente, mas veem o recém conhecido ser levado por uma criatura peluda, que obviamente é parte da classe do personagem-título.
Blake retorna machucado, em choque. Luta para não desmaiar. Depois a esposa nota que ele está sangrando, está com o braço cortado. Aos poucos, o ferimento se torna maior e mais grotesco.
O homem perde a razão, tem uma forma de enxergar as pessoas bem singular, em cores e detalhes diferentes. Whannell brinca com a visão e perspectiva deturpada dele e essa ótica aumenta a sensação de paranoia, piorando quando o filme propõe que ele tem uma perspectiva mais escura, com pouca luz e pouca audição.
Lugar sagrado?
Fica a pergunta do motivo do lobisomem não entrar na casa.
A restrição seria parte da maldição? Os ataques em que ele entra são tímidos, inclusive, mas em determinado ponto ele entra de fato.
Talvez o lobisomem faça isso também por lembranças de sua vida enquanto humano. Ele talvez consiga resgatar fragmentos de memória, da época em que "ele" mesmo combatia criaturas lupinas, por isso não entra, em respeito a esse resíduo de lembrança.
Visão e transformação da criatura
Whannell consegue fazer um filme que é ao mesmo tempo é cheio de trevas e psicodelia.
A transformação do lobisomem conversa com a filmografia de Cronenberg, de fato, é nojenta e com horror corporal extremo, tal qual foi em Scanners e A Mosca, mas também referencia um bocado sobre horror cósmico, especialmente no que tange a visão do lobisomem.

Ele gradativamente se torna bestial, lambe as próprias feridas, se morde, canibaliza-se antes de se tornar o monstro.
Quando tem os seus lapsos de razão, assusta bastante, já que Abbott consegue expressar que está consternado, por quebrar a promessa que fez a sua filha, já que sempre se comprometeu com o bem-estar dela e com os sentimentos positivos dela.
Ele consegue expressar tudo isso mesmo com tanta maquiagem em cima de si.
Termina se cortando, tirando o pé, em uma clara rima visual com o primeiro Jogos Mortais, depois que cai em uma armadilha de urso. É tudo muito sangrento, o diretor não poupa o público.
A comparação desse filme com o que Whannell fez em O Homem Invisível pesa contra a obra mais recente, já que os temas na fita protagonizada por Hudson são mais atuais e graves, conversam mais com as pautas da moda, mas Lobisomem não deixa de ter as suas questões abordadas e discutidas.
O medo que Blake tinha de não causar receio na filha vai por água baixo no momento em que se transforma, aliás, antes até de completar a doença e o vírus.

Perto do final se repete a cena de um pai cuidando do filho, com um lobisomem se aproximando do topo da casa na árvore, mas aqui os gêneros são invertidos (saindo o masculino, entrando o feminino) e o lobo toma coragem e põe o rosto na mira.
A atiradora ainda hesita, mas na segunda investida, só atira.
O “golpe de misericórdia” é dada para a garotinha, que acreditando no fato de que lê a mente do pai, afirma que ele prefere morrer, para acabar com aquela agonia, tanto a pessoal quanto a familiar.
Aqui há conflito entre pai e filho, tal qual nas versões da obra clássica com Lon Chaney Jr., incluindo O Lobisomem de Joe Johnton, com Benicio Del Toro, mas dessa vez a solução é menos piega e é uma dupla aposta, já que mostra um conflito paterno de uma geração e de outra, quase de maneira simultânea.
É uma conclusão pesada, ainda mais em se tratando da parte que engloba a personagem infantil. Nesse ponto, não falta maturidade ao filme.
Lobisomem mistura desolação familiar e maldição hereditária em uma obra que consegue ser pontual e divertida. Seus subtextos não inventam não ousam tanto, conversam com o que normalmente se faz nos filmes de lobisomem, embora a questão da paternidade falida e da masculinidade carente seja um tema pouco abordado no cinema, ainda mais da forma inteligente com que é tratado nesse longa-metragem.