Alerta Trilhas 07 - MONEYBALL

Moneyball

moneyball_ver2Composta por: Mychael Danna

Buscando sempre algo fora do comum para tratar aqui, decidi trazer para a coluna desta semana a humilde trilha de Mychael Danna para o excelente Moneyball (Traduzido aqui por “O homem que mudou o jogo"). Uma trilha que pode não ser a mais genial ou grandiosa, mas que em seus detalhes contém pequenos piques de eficiência e beleza.

Tudo começa com um tom de esperança crescente em meio a violinos e cellos que mantém a mesma ressonância trazendo em sua primeira faixa “One out way” o tom que vai ditar o filme. E já destaco que a trilha de Danna é o tipo ideal de trilha, aquele que acompanha o filme, ao invés de cobri-lo e tomá-lo para si. Essa faixa de abertura é o melhor exemplo disso, traz em tons moderados, uma pincelada de sintilância que vai perpassando durante o restante da peça, como em “It’s a process” ou “More”, que mantêm o mesmo clima que durante algumas cenas é necessário para apontar a grande busca do protagonista para com seu time. Faixas como essas carregam um crescente contínuo que fazem alusão ao crescimento que pode vir a ser e que ao mesmo tempo não é, perfeito para acompanhar as cenas em que são postas.

E pode-se definir a obra de Danna como tendo duas partes, sendo a da esperança a primeira e do mistério a segunda. Defini essa outra parte como “mistério” pois carrega consigo tons mais indefinidos que servem para trazer climas tensos ou menos esperançosos e mais desanimadores. Os instrumentos de corda aqui tomam a forma mais sombria e trazem com eles elementos metálicos distante das demais faixas. Exemplos onde este tipo de som está presente pode ser ouvido em The Offer”, “Game 5” e “Old Ground”. Mais o interessante a se colocar aqui é que mesmo contendo um clima oposto ao esperançoso, algumas dessas faixas contém alguns picos que remetem a esperança proposta durante a película, picos esses definidos por tambores que tocam ao fundo de todos os sons, remetendo ao que estar por vir em tempos mais obscuros.

Mas o destaque da trilha e o porquê de ela estar aqui hoje fica com “The Might Rio Grande”. Que apesar de não ser um tema propriamente dito, acaba sendo usado durante mais da metade da obra, especialmente pela sua beleza contínua que com o mesmo tom crescente e esperançoso das faixas citadas no começo do texto, com uma diferença: É aqui que a esperança passa de desejo e se torna algo concreto, e Danna com maestria conclui sua obra (é a última faixa do álbum) com algo épico, porém com o mesmo tom de todo o disco, sem se sobrepor ao filme ou comandá-lo. O tom crescente é usado durante todo o filme, mas é só ao final que podemos escutar a todas as percussões se unindo a guitarra que finalmente se solta e alça o vôo perfeito para encerrar uma trilha que como dito, não é a mais expressiva ou genial dos últimos tempos, mas que por se encaixar perfeitamente na obra em que foi pensada e por causar um sentimento contínuo de algo que estar por vir e que pode sim se concretizar, entrou para a galeria do Alerta Trilhas.

Uma breve observação: A última faixa, “The Might Rio Grande” é pra mim, um exemplo distinto e não tão fácil de encontrar de faixa perfeita, que traz uma nostalgia rara e comove com facilidade sem nunca se esforçar exageradamente. E não bastando os elementos clássicos usados em sua composição, ainda contém um arranjo de post rock excelente que remete a bandas como “Godspeed You!Black Emperor” e “Sígur Rós” (duas das melhores, se não, as duas melhores bandas do gênero). É simplesmente algo obrigatório de se ouvir e indicação máxima aqui.

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