O Mundo Fantástico de Oz: Um filme de terror infantil da Disney, que mira a estética Dark Fantasy

Adaptação de dois livros de L. Frank Baum, O Mundo Fantástico de Oz apresenta uma versão bucólica do reino mágico

O Mundo Fantástico de Oz é uma produção no mínimo curiosa. Filme infantil feito pelos estúdios Disney, adapta escritos de L. Frank Baum, o autor das aventuras de Dorothy e seus amigos e mira ser uma continuação de O Mágico de Oz da MGM, mesmo sendo lançado décadas depois e ainda tem um caráter menos fantasioso e mais sombrio, tanto que muitos fãs consideram esse um filme de terror infantil.

Para isso, seu diretor e roteirista Walter Murch utiliza não um, mais dois livros de Baum como base de sua história, mostrando a pequena Dorothy seis meses depois da primeira visita dela ao mundo fantástico de Oz.

Curiosamente, tal qual foi com o clássico de 1939, esse também não foi um sucesso de bilheteria, mas tem diversos predicados positivos, como o uso de mecatrônicos e animatrônicos, cenários reais e um desempenho muito bom da atriz estreante em filmes, Fairuza Balk, que anos mais tarde, seria parte do elenco de Jovens Bruxas.

A equipe criativa

A direção é do já citado Walter Murch, que fez o roteiro junto de 
Gill Dennis, baseado nos livros de Oz, A Maravilhosa de Oz e Ozma de Oz (The Marvelous Land of Oz e Ozma of Oz respectivamente) produzido por Paul Maslansky, tem produção executiva de Gary Kurtz, enquanto Colin Michael Kitchens é produtor associado.

Esse é o 119º live-action do estúdio Disney para o cinema.

Tentativas da Disney de traduzir Oz

A Walt Disney Productions adquiriu os direitos cinematográficos da maioria dos romances de Baum em 1954, incluindo alguns que se passam no universo de Oz.

No entanto, até 1985, houve apenas um uso anterior desses direitos, no longa-metragem inacabado A Estrada do Arco-Íris para Oz, do original Rainbow Road to Oz.

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O projeto foi apresentado ao público no especial de TV The Fourth Anniversary Show em 1957, onde exibiram músicas como prévia do longa.

A tradução nesse seria maior sobre o livro A Menina dos Retalhos de Oz (The Patchwork Girl of Oz) o sétimo livro, lançado em 1913, mas teria elementos do primeiro livro.

Havia até músicas já compostas, como Patches para a personagem Patchwork Girl, The Rainbow Road to Oz que seria o número final do especial de TV.

O especial foi engavetado, por ter um preço alto e também graças a queda de audiência do Mickey Mouse Club. Esse poderia ter sido o primeiro grande musical live-action do estúdio, antes de Mary Poppins, que sairia em 1964.

Pela década de 1980, os direitos cinematográficos estavam prestes a expirar, então Walter Murch propôs fazer um e os executivos da Disney concluíram que era sua única chance de usar os direitos antes da data de expiração.

O logo azul e a ideia de Murch

Vale lembrar que esse é o primeiro filme a usar o logotipo da Walt Disney Pictures com o arco-íris sobre o castelo azul.

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Walter Murch manifestou interesse em criar um novo filme de Oz para o chefe de produção da Walt Disney Productions, Thomas L. Wilhite.

Em setembro de 1981, o presidente da Disney, Ron Miller, anunciou à imprensa os planos para esse filme. No entanto, o realizador não pretendia, em um primeiro momento, que este filme fosse visto como uma sequência direta de O Mágico de Oz.

A sua concepção envolvia um filme que poderia ser encarado como sequência, visto que haveriam referências diretas, como os sapatos de rubi - no livro um, é um sapato prateado, foi mudado para a pedra preciosa vermelha para aproveitar as cores do technicolor - além de atores interpretando personagens em Oz e do "mundo tangível".

A ideia de que o filme pretendia emular o musical da MGM provavelmente contribuiu para seu fracasso financeiro.

Uma versão mais escura

A ideia de fazer uma obra mais sombria e assustadora mirava diferenciar esse do filme de 1939.

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A atmosfera escolhe tratar a trama como assustadora, com cores menos gritantes, mesmo que seja ainda muito colorido.

A ideia seria mostrar a vida como algo mais triste e melancólico, para Dorothy e para o público, não à toa a menina beira um estado depressivo, depois de seis meses da primeira aventura.

A realidade da personagem é triste e mesmo ao voltar ao cenário mágico, há crise e escassez, reduzindo até o auxílio de qualquer bruxa boa ou um guia conhecido.

De certa forma, segue a tendência de sequências da década de 1980, como Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca e Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan.


Outras sequências

Além desse, há outras obras que dão sequência ao filme de 1939. São eles The Wonderful Land of Oz, de 1969 e a animação, Regresso ao Mundo Maravilhoso de Oz, lançado em 1972.

Esse segundo tem como dubladora de Dorothy a cantora Liza Minelli, que é filha de Judy Garland, a primeira interprete da menina protagonista.

Retrato da Sociedade

Além da questão de modificar a atmosfera para algo mais sombrio do que colorido, o script também mostra uma versão da sociedade estadunidense pouco otimista.

A vida americana na década de 1890 é mostrada como difícil, no Meio-Oeste rural, mostrando efeitos do avanço do crime, da peste e das doenças mentais e da urbanização. Murch usou o livro Winconsin Death Trip, de Michael Lesy, lançado em 1973.

Estreia

A primeira exibição do filme foi em 21 de junho de 1985, nos Estados Unidos. O filme estreou em 1.300 cinemas nos Estados Unidos, incluindo o Radio City Music Hall, em Nova York.

Já no Reino Unido, estreou 10 de julho de 1985 em uma premiere londrina. Na Grã-Bretanha, o longa foi lançado junto ao curta-metragem Follow Us... to Walt Disney World. No resto do país, passou dia 11, na Alemanha Ocidental estreou em setembro, nos Países Baixos chegou em outubro.

No Brasil, estreou em 25 de outubro de 1985, inicialmente em vídeo doméstico em dezembro, nos formatos VHS, Laserdisc e Beta.

Nomenclatura

Houveram dois títulos de trabalho, chamados The Adventures of the Devil in the Sky e Oz.

Seu título original é Return to Oz.

Houve um filme de animação produzido pela Rankin Bass chamado Return to Oz de 1964 cuja história é completamente diferente deste .

Na Argentina é chamado Oz, un mundo fantástico, no Canadá e França é Oz, un monde extraordinaire, na Itália é Nel fantastico mondo di Oz e em Portugal é O Mundo Fantástico de Oz.

Gravações e locações

As filmagens ocorreram entre fevereiro e julho de 1984, com gravações pontuais em outubro do mesmo ano, em refilmagens.

Murch havia pesquisado diversas locações para servirem como cenários para Oz, na Argélia e na Itália, mas os cortes orçamentários de última hora forçaram a produção a filmar quase inteiramente em lugar fechado, nos Estúdios Elstree, em Hertfordshire, com eventuais tomadas em espaços externos.

Nessa área - Watford - gravaram também em Whippendell Wood, o Stage 1 foi a o interior da clínica, Backlot foram a cidade das esmeraldas em ruínas, o Stage 2 do estúdio citado foi o lugar da zona onde Mombi agia, já a Chorleywood Common foi o palco da floresta à noite, enquanto o Stage 8 foi a sala do trono.

O grosso das cenas externas foram na Inglaterra, em Wiltshire. O Kansas foi recriado em Salisbury Plain, com momentos no Down Barn Road (o exterior das fazenda dos tios de Dorothy) Army Cinema em Westdown Camp (interior da fazenda Gale) e Tilshead Lodge, com as cenas de travelling.

Os momentos iniciais do longa foram rodadas em um planalto que foi escolhido por ser plano e próximo a Londres.

Em Salisbury Plain as gravações se mostraram difíceis devido às temperaturas frias e congelantes, tanto que Fairuza Balk teria sofrido bastante com, de frio, embora não tenha reclamado dessas condições adversas.

Return to 'Return to Oz': Why the creepy film is actually a masterpiece –  @jmmcnab on Tumblr

Já as cenas do rio foram filmadas em um estúdio, e a água utilizada era aquecida. Emma Ridley , a menina que contracenou com Balk, comparou a sensação de estar na água com usar uma grande jacuzzi em alta temperatura, ou seja, usando com água quente.

Os Estúdios

O estúdio que fez a função de presents foi a Walt Disney Pictures em associação com a Silver Screen Partners II. Também produziram a BMI (No. 9) Ltd., Oz Productions Ltd. e a Walt Disney Productions.

A distribuição nos EUA foi da Buena Vista Distribution Company, já no Canadá quem lançou foi a Paramount Pictures.

No Brasil duas companhias o fizeram, a United International Pictures nos cinemas e a Abril Vídeo, já em formato VHS.

VHS MANIA: O MUNDO FANTÁSTICO DE OZ

Quem Fez:

Murch não era um diretor com grande experiência na função, ao contrário. Esse foi o seu único filme e além desse, conduziu apenas um episódio de Star Wars: Guerra dos Clones, em 2011, não por acaso em uma animação ligada da saga de seu amigo, George Lucas.

Seus créditos mais famosos são como roteirista, em THX 1138, na animação O Corcel Negro, Coup 53 e Her Name Was Moviola.

Também trabalhou no departamento de som em THX 1138 e Loucuras de Verão, ambos dirigidos por Lucas, nos filmes de Francis Ford Coppolla A Conversação, O Poderoso Chefão Parte II e Tetro, além de O Paciente Inglês e O Talentoso Ripley.

Foi montador de A Marca da Maldade, Apocalypse Now, Tetro, O Lobisomem de 2010 e Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível.

Gill Dennis escreveu O Corcel Negro, Quando é Preciso Crescer e Johnny & June.

Maslansky produziu A Testemunha Ocular, O Metrô da Morte, A Salamandra, Criança Armada: Uma História Real, Loucademia de Polícia e sequências, Um Tira e 1/2, Lembranças de Outra Vida, foi produtor executivo em Lutador de Rua e Loucademia de Polícia: A Série.

Demissão do diretor, mudanças no estúdio e proximidade de Lucas

A condução de Murch foi bastante conturbada, tanto que a Disney chegou a demitir ele, cerca de uma semana após o início da produção devido a problemas de orçamento.

Os executivos do estúdio consideraram as cenas primárias fracas e achava que o ritmo das filmagens era lento e desanimador.

O seu cinegrafista, Freddie Francis abandonou o projeto após as filmagens das cenas no Kansas, frustrado com os atrasos na produção, tanto que os créditos de direção de fotografia ficaram com David Watkin.

Diante dos problemas, Murch então contatou os amigos Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e George Lucas em busca de ajuda, e os três diretores pressionaram a Disney para que o recontratasse.

Lucas chegou a se oferecer para assumir a direção caso Murch atrasasse o cronograma.

O diretor terminou o filme dentro do prazo, mas ainda assim sofreu na pós-produção, houve uma mudança na gestão da divisão de live-action da Disney. Os novos chefões tinham pouca fé no longa e o condenaram ao fracasso com uma promoção limitada e uma curta exibição nos cinemas.

Visita

Murch convidou o George Lucas para visitar o set de filmagem um dia.

Durante essa visita, Lucas vagou por diferentes estúdios de som, onde encontrou o produtor Rick McCallum trabalhando em um pequeno filme. Os dois se tornaram amigos e mais tarde colaboraram na trilogia prequel de Star Wars.

Questão com o produtor

Os atrasos e o receio com orçamento fez ocorrer uma grave mudança.

Após seis meses de pré-produção, Paul Maslansky foi contratado para substituir Gary Kurtz como produtor.

Ele conseguiu reduzir as despesas do projeto de 20 milhões para 16 milhões de dólares e foi por insistência dele que Kurtz recebeu o crédito de produtor executivo por seu trabalho nos estágios iniciais de desenvolvimento.

A participação de Fairuza como Dorothy

Fairuza Balk mencionou em entrevistas as lágrimas de alegria que sentiu quando teve a oportunidade de fazer um teste para o papel de Dorothy.

Ela disse que foi uma grande conquista até mesmo conseguir um teste para um longa-metragem de verdade, visto que ela estava em estágios iniciais da carreira.

Ela foi uma das 600 garotas de Vancouver escolhidas para fazer teste e o fez em novembro de 1983, sendo contratada em dezembro do mesmo ano. Ela era a segunda mais jovem entre as meninas que fizeram teste para o papel de Dorothy.

Ela foi escolhida por sua semelhança física com Judy Garland, que no original, tinha 16 anos quando filmou O Mágico de Oz, enquanto Fairuza tinha apenas 10 anos quando filmou.

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Este é o primeiro longa-metragem de Fairuza Balk. Ela havia participado de alguns filmes para a televisão antes disso, como tinha feito The Best Christmas Pageant Ever e Estranhas Irmãs. 

Depois faria Sonhos Femininos, Assassinato em Nebraska, Pedágio da Morte, Jovens Bruxas, A Outra História Americana, O Rei da Água, Quase Famosos e Ruas Selvagens.

Durante a produção a privacidade de Balk foi cuidadosamente preservada e ela não estava disponível para se encontrar com jornalistas.

Ela tinha permissão para trabalhar no máximo três horas e meia por dia, restritas ao período entre 9h30 e 16h30. Esse período incluiu pausas e aulas particulares de reforço escolar.

Também realizou suas próprias cenas de ação, enquanto sua colega de elenco Emma Ridley, teve permissão para usar uma dublê nas cenas perigosas.

Bilheteria

No lançamento o filme arrecadou apenas 11,1 milhões de dólares nas bilheterias americanas.

O baixo desempenho foi atribuído, em parte, à concorrência de lançamentos de verão de maior destaque, como Cocoon, Os Goonies e Força Sinistra.

Trilha sonora

Vince Cross compôs a música Return to Oz, lançada como single pela gravadora Cherry Lane e interpretada por Victoria Wood. A canção não foi incluída na trilha sonora oficial e não consta no álbum.

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Orçamento para publicidade

A Disney gastou 6 milhões de dólares em impressão e publicidade para promover o filme.

Isso ocorreu depois da redução de orçamento, graças ao seu produtor.

Sequência tardia

O filme recebeu uma menção no Guinness Book of World Records como a sequência produzida com o maior intervalo de tempo após o original, lançada 46 anos depois de O Mágico de Oz, tanto que quando chegou aos cinemas, apenas dois membros do elenco principal de O Mágico de Oz ainda estavam vivos: Ray Bolger, o Espantalho)e Pat Walshe, que era o líder dos macacos voadores. A atriz Margaret Hamilton (Bruxa Má) faleceu em maio de 1985.

O posto foi de certa forma roubado por Bambi 2, sendo lançado em 2006, 64 anos após o Bambi original, de 1942, embora tenha sido um produto apenas para vídeo.

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Inspiração

Este filme inspirou a canção Back To Oz, de Sufjan Stevens e Angelo De Augustine.

Cenas cortadas

Diversas cenas filmadas para a sequência de abertura no Kansas foram descartadas.

Entre essas, há a cena em que Dorothy e Tia Em estão com rosto pintado, também uma onde a galinha Billina corre pela cozinha da fazenda, além de outra onde Tio Henry lê recortes de jornal detalhando o desaparecimento de Dorothy após o ciclone.

Narrativa

A trama inicia na fazenda, durante a madrugada. O relógio marca  uma da manhã e Dorothy ainda está acordada. Seu cão Totó está em outro cômodo, ele não dorme com ela mais.

O papel do cachorro de estimação foi interpretado por Tansy, uma border terrier de olhos castanhos. Ela não tinha nenhuma experiência anterior como atriz e foi escolhida para o papel por meio de um processo de audição, competindo com outros 50 cães.

Preocupação

 Os tios da menina se preocupam muito com ela, especialmente a tia Em (ou Emily) feita por Piper Laurie. Já Henry (Matt Clark) se preocupa com as contas médicas, que estão cada vez mais altas, enquanto os dois não têm dinheiro.

A tia e tutora sugere pedirem dinheiro a Garnet, irmã dela, mas o velho não quer, é irredutível. Vale lembrar que se passaram apenas seis meses depois do tornado, em 1988, o que significa que a partida e o retorno de Dorothy da aventura original de O Mágico de Oz aconteceram em abril de 1899.

Depois de brincar com a galinha Billina, a menina encontra um pingente, escrito Oz. Ela parece perturbada e melancólica, traumatizada mas não de maneira histriônica.

Está cansada de falar das aventuras em Oz e de ser tratada como uma pessoa delirante, já Henry também tem suas questões, com a perna quebrada, ao menos em discurso, já que a tia Em diz que sua perna está boa.

Procurando ajuda

Em quer levar a menina até Cottonwood Falls, a fim de encontrar ajuda. Essa é uma cidade real no Condado de Chase, Kansas e o rio próximo, chamado Rio Cottonwood atravessa a cidade e é conhecido por sofrer inundações durante chuvas fortes.

Enquanto ouve a senhora dizer que suas falas são ilusões e devaneios, ela enxerga uma estrela cadente, no lado de fora.

CLASSICS: Return to Oz (1985) | Keeping It Reel

Enquanto viaja, o cão tenta acompanhar sua tutora, mas Dorothy pede que ele fique. Isso pode parecer um sinal de amadurecimento ou a  morte da sua inocência, recusando seu companheiro de aventuras.

Psicanalista

No consultório do doutor Worley (Nicol Williamson) a menina dá a descrição do livro, aos personagens, fala da transformação do Homem de Lata, parte por parte e não do que é visto no filme de 1939, esquema esse que seria dito apenas em O Homem de Lata de Oz, lançado em 1918, sendo o décimo segundo livro dos 40 famosos.

Ela seria submetida a uma máquina elétrica, do que se chama de eletroterapia, no Brasil chamado especificamente de eletroconvulsoterapia ou o popular eletrochoque, que era uma forma controversa e invasiva de lidar com neurodivergências nos anos pré-1900.

Esse era um método popular no século XIX e seus "usos medicinais" foram popularizados por Golding Bird que utilizava para tratar diversos distúrbios nervosos.

Captive Wild Woman: Movies You May Have Missed - "Return to Oz" 1985

Tanto médicos de verdade quanto charlatães sem escrúpulos foram influenciados por ele e começaram a introduzir novos equipamentos para eletrochoque. 

Internada

A menina é deixada lá, supostamente por conta do tratamento demorar.

Vira interna, uma vez que tia Emily precisa ir para casa, cuidar de Henry. O motivo dado para ela ficar lá é graças apenas a uma insônia, o que parece ser um baita exagero, para uso de eletricidade a fim de calar as supostas vozes em sua cabeça.

Na localidade, ela encontra uma menina, que lhe dá uma abóbora. Isso aparentemente altera as probabilidades, de maneira mágica. 

Quando ela é posta na cama, há uma interferência na energia, que beira o Deus Ex-Machina, embora seja sútil.

O trabalho do roteiro é tão delicado que há como enxergar esse momento na verdade como um delírio da menina, mais um, mas a realidade é que uma forte chuva cai lá fora.

Também é dito que, no meio da tempestade, houve uma sabotagem de pacientes no porão, portanto, é uma feliz coincidência, que permite a Dorothy correr junto a menina que Emma Ridley faz.

Elas fogem, correndo da empregada e matrona Wilson (Jean Marsh) a mesma cujo vestido não só lembra o utilizado pela  Bruxa Má do Oeste em O Mágico de Oz, tendo a peça bastante parecida com o figurino da Nessarose de Marissa Bode, em  Wicked Parte Dois.

O vestido preto da Nessarose me lembra o vestido vitoriano severo usado por Jean  Marsh em "Return to Oz" (1985). ("Amei as ombreiras!") : r/wicked

Na chuva, acabam parando no rio, sendo levadas pela correnteza, enquanto a enfermeira Wilson se desespera, quase caindo também.

Após esse surto de remorso da profissional da saúde, o filme dá de ombros para essa realidade triste e vai até a terra mágica, embora inicie em uma parte perigosa e mortal, quase tão melancólica quanto o Kansas do século XIX. 

Curiosamente esse espírito seguiria boa parte da história.

Acordando no Deserto

Dorothy dorme em uma caixa de madeira, quando acorda, está em uma poça, na areia, não mais no mar. De repente, sua galinha, Billina começa a falar.

Nessa versão falante, ela é uma galinha espirituosa, atrevida e falante, como nos romances de Oz. Ela foi destaque em Ozma de Oz de 1907 e teve um papel secundário nas sequências.

Billina foi interpretado por cerca de 40 galinhas de verdade, cada uma adequada para uma função diferente.

As gaiolas eram etiquetadas com a função de cada galinha, incluindo empoleirar, sentar, carregar e correr, entre outras, além de galinhas que atacavam e outras que corriam em direção aos atores.

Houve também uma galinha mecânica conduzida por Mark Wilson. Parte da equipe teve dificuldade em diferenciá-la das demais. Ela foi dublada por Denise Bryer.

Percepção da localidade

Dorothy estranha e diz que seria comum a ave falar caso estivessem em Oz. O efeito da galinha é bem-feito demais.

Ao olhar para baixo, descobre estar no Deserto de Oz, lugar mortal, se encostar em sua areia.

A velha casa passou por cima dela, na queda que originou o capítulo um da saga.

Os dois precisariam pular pelas pedras, os rochedos tem olhos e comunicam a alguém que ela voltou. Quando "descem", chamam de majestade.

Novos elementos

Há elementos fantásticos legais no filme, antes mesmo da cidade verde. Aparecem árvores cujos frutos são cestas, com sanduíches de presunto, ela ainda acha a velha casa dos Gale, no que era a vila dos munchkins.

No entanto, ela não encontra o povo de pequeninos, além disso, vê a estrada de tijolos amarelas irregular com diversos buracos e pedras soltas.

Quando ela chega até o castelo da Cidade das Esmeraldas, vê destruído, cercado de estátuas, inclusive do Homem de Lata e do Leão.

Nesse ponto há um close de um retrato em baixo-relevo de uma criatura com cabeça de leão, corpo de macaco e asas de águia. Esta é uma reprodução fiel do retrato de John R. Neill da criatura apropriadamente chamada de Li-Mon-Eag, que apareceu na contracapa de A Magia de Oz, um conto de L. Frank Baum, lançado poucas semanas após a morte deste último em 1919.

The Magic of Oz: Chapter 13

O plano inicial era o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde teriam papéis mais proeminentes, mas os cortes no orçamento reduziram suas aparições a meras participações especiais.

Os rodantes/Wheelers

Nesse ponto, Dorothy se depara com vilões sob rodas, os Wheelers, que querem a galinha, por algum motivo - mais tarde, se revelaria que ela tinha uma força contra o soberano malvado.

Eles seriam os principais capangas aqui.

Os efeitos práticos são sensacionais, simples e efetivos, especialmente com esses personagens, que são basicamente homens cujas pernas são esticadas, com rodas nas extremidades.

Eles servem ao rei Nome, o rei gnomo. O personagem criado por Frank Baum teve a grafia mudada de Gnome para Nome porque acreditava que a grafia fonética era mais fácil para as crianças aprenderem.

Arte do rei Nome, por John R. Neill

Também conhecido pelos pseudônimos Roquat e Ruggedo foi apresentado no romance Ozma de Oz como um rei que possui um número enorme de escravos. Ele se tornou o antagonista mais frequente na série de livros, fazendo sua última aparição canônica em 1937.

No universo dos livros, Nome significa "aquele que sabe", pois os Nomes catalogam obsessivamente a localização de todos os locais de mineração do mundo.

O personagem aliás quase foi feito por Christopher Lloyd, mas não foi contratado. Também se cogitou Leo McKern por ter uma forte semelhança com o personagem das ilustrações originais de Oz, mas ele recusou o papel devido a conflitos de agenda.

A forma visual de lidar com o personagem aliás é em Stop Motion, na maior parte dos momentos, fora quando ele encara Dorothy face a face, onde aparece seu interprete com a roupa característica.

Tik-Tok

Antes de ir rumo a aventura, Dorothy encontra um autômato, que no momento do encontro, está inativo.

Trata-se de Tik-Tok, um robô servil, que promete fazer de tudo, menos viver, por mil anos.

O ser tem um baita visual, foi feito pelo ginasta Michael Sundin, que ficou de cabeça para baixo e com as pernas dobradas dentro do corpo, ainda de costas, para movimentar as pernas.

In the Return to Oz, 1985, the character of Tik-Tok was played by gymnast  Michael Sundin who had to spend every shot bent double in order to make the  costume move while

O personagem consegue falar, quando dão corda nele. Assume ser fiel a sua Majestade, o Espantalho, que foi o ser que assumiu o trono após a saída do Mágico de Oz. 

No livros, o robô foi apresentado no romance Ozma de Oz como um homem mecânico com corpo de cobre.

Ele funciona com molas de relógio e opera de forma semelhante a um relógio mecânico. Supostamente, ele não sente emoções nem dor.

Semelhanças com Nárnia

Há quem defenda que elementos da trama podem ser baseados nas histórias de Nárnia de C.S. Lewis.

Quando Dorothy retorna a Oz, encontra a capital em ruínas, assim como Lucy a encontrou em sua segunda viagem a Nárnia.

Ela também encontra um grande número de pessoas transformadas em pedra, muito parecido com o jardim de esculturas da Feiticeira Branca do terceiro livro.

Dorothy retorna ao Kansas aparentemente na manhã seguinte à sua partida, embora sua aventura em Oz provavelmente tenha durado cerca de uma semana, já na série Nárnia, pessoas da Inglaterra passavam dias ou até anos em Nárnia e retornavam à Inglaterra no mesmo instante em que partiam.

Efeitos da música

Ao contrário do filme de 1939, esse não é um musical, mas possui uma trilha sonora sensacional.

A cena em que Tik-Tok expulsa os rodantes é bem pontuada, pela música original de David Shire. O autômota espanta facilmente eles, apenas atacando com giros.

Sobre os wheelers, Pons Maar, que interpreta o líder rodante quanto um dos enfermeiros do asilo - e que dá voz ao Mensageiro Nome - também atuou como preparador de coreografias no filme, trabalhando no desenvolvimento das posturas e movimentos do Espantalho e de Jack Cabeça de Abóbora.

É justamente ele quem afirma que só a princesa Mombi sabe onde está o Espantalho.

Sobre a Princesa Mombi e Langwidere

A personagem da versão cinematográfica é baseada na verdade na Princesa Langwidere, de Ozma de Oz, a mesma que governava a Terra de Ev, do outro lado do Deserto Mortal, em frente a Oz.

Assim como no filme, Langwidere trocava de cabeça regularmente e trancava Dorothy na torre do palácio.

Nos livros, Mombi é a Bruxa Má do Norte deposta e uma das principais inimigas da família real de Oz. Ela foi apresentada por Baum em A Maravilhosa Terra de Oz, o segundo livro, mas nunca mais apareceu na obra de Baum, embora tenha sido mencionada em A Princesa de Oz, o décimo primeiro livro.

Uma princesa decapitada

Ao entrar, Dorothy se depara com uma mulher sem cabeça, que escolhe a sua aparência de uma entre dezenas das que tem a disposição.

Essa é Mombi, que conta a mesma história, que o rei Nome entrou no palácio e roubou todas as esmeraldas.

Disney Movies & Facts — The character of Return to Oz's version of...

Aprisionada

Colocada como prisioneira, a protagonista encontra Jack Cabeça de Abóbora, ou Jack Pumpkinhead no original,

Tim Burton reconheceu o personagem como uma inspiração para o icônico personagem Jack Skellington em O Estranho Mundo de Jack de 1993.

Dorothy precisa remontar o sujeito, encaixando braços e pernas. O personagem tem voz de Brian Henson e atuação de Stewart Harvey-Wilson.

Ele conta que as bailarinas do lado de fora eram as donas das cabeças que a Bruxa usa. A cabeça original dela está na cabine 31. Curiosamente, as duas cabeças roubadas utilizadas são as carcereiros de Mombi depois que ela é derrotada.

Além de Jack, também é apresentado Gump, um alce alado, que os leva para longe.

Montanha

Quando a aventura é encaminhada para a montanha de gelo, encontram um ser de pedra.

Em seu interior há semelhanças com a Caverna de Fingal, que é perto da Escócia, pois é formado por colunas hexagonais de basalto. Esse tipo de coluna de basalto também é encontrado na Calçada dos Gigantes, localizada na Irlanda do Norte.

A GRUTA QUE INSPIROU UM POEMA SINFÔNICO - Revista In The Mine

Nesse ponto, fica claro que esse é sim o antagonista, o tal Rei Nome, que desde que entra em cena, se mostra preocupado com a galinha, que está dentro da abóbora.

Animação Stop-Motion

Para criar os bonecos dos gnomos, Nicol Williamson e Pons Maar foram fotografados contra um fundo quadriculado.

Will Vinton, que era famoso pela animação em massa de modelar, então assistiu à filmagem quadro a quadro e manipulou os bonecos com base nos movimentos e expressões dos atores.

Pedidos de Dorothy

A menina protagonista exige que liberte o seu amigo, mas o vilão a engana, abrindo uma fenda no chão, fazendo-a cair, onde as pedras preciosas são feitas.

Quando repousa no chão, ela tem um vislumbre muito breve do Espantalho. É revelado que ele foi transformado em ornamento.

O rei se transfere para onde há rochedos, ainda transforma pessoas, mas se compadece de Dorothy quando ela chora, ao menos parece ser assim.

O jogo

Nome propõe um game, se os heróis acertarem o objeto, falando Oz ao tocar no correto, libertam o Espantalho, se não, eles também viram ornamentos.

Obviamente que os personagens perdem, um a um eles caem, incluindo Gump, Jack Cabeça de Abóbora e Tik-Tok. Diante disso, o Rei dos Gnomos, muda de aparência, se tornando um ser de aparência mais orgânica.

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Aparentemente, essa mudança fez ele fica mais à vontade, para até mostrar fraqueza, como quando discute com Mombi, sobre o fato de que ninguém se lembrará de Ozma e ele se tornará completamente humano.

Ou seja, ele precisa apagar a memória da monarca a quem o poder é de direito. Se especula que Nome já foi humano e está tentando retornar à sua forma original.

Esse elemento foi criado pelo filme e não aparece em nenhum lugar nas histórias de Oz de L. Frank Baum.

Sacrifício

O movimento dos amigos de Dorothy era o de tentar achar o Espantalho, para poupar a menina, mas obviamente dá errado, já que cada um deles cai, se entregando para que ela escolha da maneira mais sóbria e esperta possível.

Sapatos

Pouco antes de entrar no hall dos objetos, Dorothy repara nos sapatinhos de rubi, que estão com o rei gnomo. Esses foram feitos à mão, sob medida para Fairuza Balk, também foram rotoscopiados na pós-produção para lhes dar uma aparência mágica.

Return to Oz (1985) | unshavedmouse

Os rubis eram, na verdade, contas de vidro importadas da Áustria e fixadas individualmente aos sapatos com um adesivo em spray especial.

Isso foi algo problemático posteriormente, as luzes quentes da gravação derretiam o adesivo e os movimentos da jovem atriz frequentemente faziam as contas se soltarem.

A equipe de figurino ordenou que os sapatos fossem usados ​​apenas quando visíveis em cena, visto que se desfaziam quase sempre. Balk confirmou a um fã que ficou com um par dos sapatos de rubi que usou no filme.

Compra de direitos

A Disney parou direitos autorais à Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) para incluir os calçados vermelhos.

O estúdio poderia optar pela cor original, já que os livros mostram eles prateados, mas quis referenciar o filme, não o romance.

Em Ozma de Oz o Rei dos Gnomos possui um cinto mágico com propriedades semelhantes às dos sapatos de prata e os primeiros rascunhos do roteiro mostram isso, com o Rei dos Gnomos mas optaram por trocar pelos sapatos de rubi para fazer esse papel de material mágico.

Objetos verdes

Mais uma vez a dupla de vilões citam Ozma e essa mera menção ao fato de que não "pode ser descoberta" aparentemente influencia Dorothy enfim acertar o objeto, liberando o homem de palha, quando escolhe uma pedra verde, parecida com uma esmeralda.

Os dois então entendem que é só escolher um objeto ver e então, encontram e liberam Gulp. Após isso, começa um terremto.

As feições do Espantalho

O Espantalho deveria ter um rosto animatrônico bastante articulado, semelhante ao do Gump, mas os cortes no orçamento obrigaram os manipuladores a reduzir seu rosto a uma série de máscaras com expressões fixas.

No meio dos tremores, acham Jack também e eventualmente, escapam dos domínios de Nome, graças a interferência de Ozma, a legítima governante de Oz.

A  personagem foi apresentada no romance A Terra Maravilhosa de Oz" e continuou a desempenhar um papel importante ao longo da série de livros. Baum a fez como uma garota humana comum, mas a transformou em uma fada imortal, possivelmente uma híbrida entre essas raças. 

No filme, Mombi usa seu feitiço para transformar Ozma em um espelho depois que o Rei dos Gnomos prometeu a ela as cabeças das dançarinas se ela mantivesse Ozma em segredo.

Já no livro citado é o próprio mago quem leva a bebê Ozma até Mombi, pedindo que ela seja escondida das outras facções; Mombi disfarça a identidade da menina transformando-a em um menino, que é o protagonista do livro.

Aqui ela é menina que interfere na rotina de Dorothy, a que apareceu no consultório de Worley.

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Juntas elas derrotam Nome quando ele ameaça, graças a interferência de Billina, que assustada, na cabeça de Jack Cabeça de Abóbora, solta um ovo, que cai na garganta do monarca gnomo.

Segundo o animador Douglas Aberle, foram precisas quatro tomadas para animar a morte do Rei dos Gnomos.

O fim

O cenário acaba por ruir, Dorothy pega os sapatinhos e por muito pouco, eles não esqueceram de Tik-Tok, salvando-o por pouco, graças a coincidência de haver uma medalha presa no chifre do alce.

Dorothy deseja que todos tenham a vida restaurada e que possam voltar em segurança para a cidade das esmeraldas 

Nesse ponto, os personagens clássicos e novos andam lado a lado pelo cenário de Oz, todos os populares pedem para ela ser a rainha desse mundo, mas ela afirma que tem que voltar para casa.

Nesse ponto, vários personagens de diferentes livros de Oz fazem participações especiais na cena do desfile, incluindo o Homem Trançado, Button-Bright, Capitão Bill segurando a Flor Mágica, o Palhaço de Porcelana, o Homem-Sapo, Glinda, alguns Munchkins, o Músico, a Menina Retalhos, Polychrome, o Homem Desgrenhado e Tommy Kwikstep.

Ozma é vista no espelho e quando a menina toca no vidro, vê ela com vestes verdes e reais

As cenas da Cidade Esmeralda no final tiveram que ser refilmadas por completo. Na versão original das filmagens, a Princesa Ozma aparecia vestida com um vestido de renda dourada, mas na pós-produção, decidiram que o vestido não combinava com a personagem.

A equipe filmou as cenas novamente, mostrando Ozma com um vestido branco e verde.

Para se preparar, Emma Ridley assistiu a adaptações visuais da história e analisou opiniões da crítica sobre Ozma.

Ridley foi dublada na pós-produção por Beatrice Murch, filha do diretor, já que a voz natural de Ridley foi considerada muito britânica para a personagem.

No Kansas

Quando enfim retorna até o seu lar, Dorothy descobre que raios pegaram a clinica, com consequências pesadas, todos estão aliviados, novamente, que Dorothy voltou. 

Ela aceita ficar em silêncio diante dos indícios de que tem contato com Oz, vence a carência e entende que é melhor guardar certas informações, mas sem se reprimir.

O Mundo Mágico de Oz é um filme curioso, desequilibrado e assustador, ao passo que consegue ser encantador mesmo sendo tão diferente do imaginário relacionado as versões de Frank Baum para a cultura pop. É um filme soturno, de bastidor conturbado, sendo ainda mais admirável justamente por ter sido executado dessa forma.

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