Alien³ (1992)
O segundo filme da franquia do monstro alienígena, dirigido por James Cameron conseguiu trazer novidades, sem descartar o original. Porém, o que mais poderia ser feito de novo em Alien³? Não muito, como ficou provado na estreia em 1992. Apesar de ter sido sucesso de público, a visão do estreante diretor David Fincher não foi muito bem vista pelos críticos. O resultado final não agradou nem o cineasta, que hoje nem considera a película em sua filmografia. Mas o que poderia ter dado tão errado a esse ponto?
O que provou ser um acerto nas duas primeiras produções não funcionou da forma esperada na terceira vez. Enquanto Ridley Scott e James Cameron, embora tivessem tido problemas com a Fox, conseguiram entregar um produto satisfatório mesmo sendo novatos no cinema, David Fincher, que teve em Alien³ seu primeiro longa-metragem, não equilibrou muito bem as intereferências do estúdio com as ideias que ele tinha para o filme. Talvez por falta de tato ou simplesmente porque os produtores realmente exageraram, a versão “ao cubo” de Alien não chega nem perto do que poderia ter sido.
Foi um processo conturbado, o da produção. A começar pela contratação e demissão de dois cineastas antes de Fincher entrar para o projeto. E durante as filmagens, já sob a batuta do diretor que anos depois faria obras-primas como Se7en e Clube da Luta, os produtores alterarem constantemente o roteiro, que por sinal nem havia sido finalizado. Como conseguir dar um filme, personalidade própria se várias pessoas que entendem mais de ganhar dinheiro do que dirigir uma produção dessas, estão a todo momento dispostos a incluir cenas que não condizem com a visão de quem o está dirigindo? Infelizmente Fincher não conseguiu.
Alien³ não tem nada de novo. Simplesmente mistura o que funcionou nos dois primeiros, e quando tenta acrescentar uma novidade acaba caindo no ridículo. O que dizer da ideia do alienígena usar uma vaca (um cachorro, na versão que foi para o cinema) para procriar? A cena acaba soando como uma paródia ao invés de ser eficiente e em nada acrescenta à história. Os únicos bons momentos do filme estão em cenas não muito relacionadas ao que se espera da franquia, como os diálogos da Ripley com o médico da prisão onde a nave em que ela, Newt e Hicks fugiram em Aliens, caiu. Uma ideia interessante é a inclusão de temas mais religiosos à história mas, infelizmente, a má administração do roteiro acaba levando isso a apenas um descarado exercício de semiótica no sacrifício da personagem de Sigourney Weaver. Quando a trama parte para uma abordagem mais intimista, aliada a bela fotografia de Alex Thomson o filme realmente passa a mostrar uma certa originalidade, mas tudo vai por água abaixo quando o alienígena começa a fazer o que o espectador já sabe o que ele faz pelas outras duas produções. E o pior, de uma forma pouco convincente graças aos piores efeitos de toda a saga.
No final, fica a sensação de que o melhor da franquia já foi feito e não importa muito quem seja o diretor ou o roteirista, Alien não tem mais grandes momentos a oferecer.
Vídeo – Alien³ sofre com a versão em Alta Definição. Tudo porque nunca os efeitos especiais ruins ficaram tão evidentes. Quando a criatura era feita à moda antiga nos antecessores, não parecia tão tosca quanto a versão em computação gráfica mostrada aqui. Ao invés de causar espanto, causa estranheza por parecer tão falsa. Pelo menos nem tudo é efeito ruim e nas cenas que mostram os grandiosos cenários, a qualidade da imagem do Blu-Ray finalmente traz à tona algo que realmente funciona neste filme: a fotografia. O responsável inicialmente era Jordan Cronenweth, cinematógrafo de Blade Runner, mas o estado cada vez mais crítico de sua saúde (ele sofria de Mal de Parkinson) o impossibilitou de completar o trabalho, mas serviu de base para o experiente Alex Thomson seguir o visual depressivo e escuro que Fincher queria para seu filme.
Áudio – O subwoofer do seu Home nunca esteve tão ativo. O som de Alien³ faz bonito, principalmente quando envolve a trilha de Elliot Goldenthal, as vezes retumbante, outras, experimental e quase unida aos efeitos sonoros do filme. Uma curiosidade: a versão para DVD desse filme tinha sérios problemas na faixa de áudio, muito inconstantes quando entravam as cenas novas da Edição Especial. Para o lançamento da Antologia em Blu-Ray, esses defeitos foram corrigidos e envolveram até mesmo Sigourney Weaver redublando algumas cenas.
Extras – Os documentários dirigidos por Charles de Lauzirika para a quadrilogia Alien são todos excelentes. E o do terceiro filme merece destaque no Blu-Ray pois é mais completo do que a versão que saiu em DVD em 2003. Na época, a Fox acabou editando certas partes que considerou ofensivas ao estúdio. Agora está tudo no lugar e dá pra perceber o tratamento que David Fincher teve e o stress pelo qual ele passou durante as filmagens. O diretor não aparece dando depoimentos e suas participações são as que o mostram no processo de produção. Nos comentários em áudio, nada de Fincher também, porém elenco e equipe de produção dão suas opiniões sobre o filme. No disco 6 os já habituais trailers e comerciais de TV, além de um making of da época do lançamento.
Avaliação Final: Alien³ não é nem de longe um clássico como os dois primeiros, e apesar de ter bons momentos, falha ao tentar acrescentar algo novo na franquia. Roteiro sendo escrito enquanto o filme é rodado geralmente não traz bons resultados e aqui não é diferente, terminando com uma enorme mágua do diretor pelo estúdio. Os extras, mesmo explicando o porquê do resultado não ter sido o esperado não salvam o filme. Pelo menos a edição especial com 30 minutos a mais consegue estender as cenas boas, intimistas e mais voltadas a diálogos.
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