Crítica: Os Homens são de Marte… E é pra lá que eu vou!”

os homens sao de marte1Comédias românticas, em sua maioria, tendem a seguir uma narrativa leve, sem grandes reviravoltas e sem arcos muito complexos, o que de certa forma é positivo para o gênero e para o público que busca esse tipo produção. Nesse sentido, Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou! encontra espaço para explorar algumas boas piadas orgânicas (outras nem tanto) de personagens estereotipados que, sim, andam por aí na vida real.

O filme é uma adaptação da peça homônima, que não vi, escrita e estrelada por Mônica Martelli, que interpreta uma mulher bem sucedida no mercado de festas de casamento e que, aos 39 anos, encontra dificuldades de se casar. A partir daí, vemos seus episódios amorosos frustrados por motivos variados até que, em uma narrativa mergulhada em clichês, a protagonista percebe que é a própria causadora das frustrações.

Dirigido por Marcus Baldini (do bom Bruna Surfistinha) e com um roteiro montado por nada menos que cinco pessoas, o longa infelizmente tropeça em alguns pontos que abordarei a seguir. A começar pelas constantes inserções em off da protagonista para explicar coisas que não precisam ser explicadas, afinal, está tudo na tela e nada no filme requer tanta reflexão que justificasse uma ou outra explicação extra. É triste que a mixagem nesses momentos seja pavorosa e faz com que essas inserções pareçam ter sido colocadas de última hora, às pressas e sem o devido polimento (a princípio pensei que seria um problema no áudio do cinema, mas como parecia ser a única coisa muito fora na mixagem, concluo que não era).

Ainda que os atores se divirtam bastante com a produção e com interpretações caricatas, um exagero aqui e ali de quase todo o elenco acaba comprometendo a narrativa. Mônica,  por exemplo, apresenta o mesmo tique nervoso todas as vezes que sua personagem Fernanda flerta com um novo pretendente. Não bastasse isso em close, parece que o montador Marcelo Moraes faz questão de incluir todos os planos disponíveis para ressaltar o estado da protagonista. Coadjuvantes, Daniele Valente está um pouco mais contida no papel de uma atriz frustrada e Paulo Gustavo interpreta Aníbal, sócio de Fernanda, e parece que a qualquer momento vai puxar o texto de uma propaganda de cursos de inglês online - o que é um elogio, pois diverte quando em cena. O elenco de apoio também parece ter carta branca para se entregar ao exagero. Humberto Martins parece estar em um dos três mais fracos papéis da carreira (sim, ele repete essa expressão em tudo o que mostra). Eduardo Moscovis e Marcos Palmeira já levam o projeto mais a sério e entregam boas interpretações, o que salva um pouco do primeiro e terceiro atos, respectivamente.

O uso das marcas patrocinadoras do projeto também incomoda bastante, entra fora de medida nas cenas e tudo fica com aquela cara de novela das nove, como se as cenas fossem construídas para incluir a marca e não para contribuir com a história. Essa necessidade de planos dedicados ao merchandising acaba por criar sequências constrangedoras e mesmo outras cenas de não patrocinadores, como a do celular que aparentemente não tem o recurso de chamada em espera ou uma que envolve uma revista como fonte de cultura instantânea para uma pessoa parecer intelectual ou (bem) informada sobre política, ignoram a inteligência do espectador de tão forçadas.

Ainda com tropeços, a comédia faz rir e aparentemente cumpre sua proposta de fazer com que o seu público saia do cinema com uma boa sensação em um desfecho (óbvio) que traz a maior parte do elenco reunida em uma festa (óbvia). De todos os problemas do filme, porém, a única coisa imperdoável é... Lulu Santos. E isso eu realmente não consigo entender e encontrar motivos para estar ali.

Por José Rodrigo Baldin

Post em parceria com o Central 42

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