Review: Arrow S01E06 - Legacies

Que Arrow traça várias semelhanças com Hamlet, não é surpresa para ninguém e o episódio dessa semana disparou mais uma referência à obra imortal de Shakespeare. Com a aparição do “fantasma” de seu pai, na forma de alucinação, claro, Oliver teve a grande revelação de como consertar os feitos de sua família e de vários outros poderosos de Starling City, que corromperam a cidade até o seu núcleo. Uma das vítimas da ganância da classe rica, é inclusive, o vilão da semana, líder da versão do seriado para a Gangue Royal Flush, que mantém as principais características de sua contraparte das HQs (uma família que se dedicou à vida de crimes e o uso de ícones de cartas de baralho em suas máscaras).

Legacies foi um episódio voltado às conseqüências dos atos de dois pais: o de Oliver e de Derek Reston (Currie Graham), o líder da família criminosa. Em ambos os casos, o Arqueiro tenta arrumar as coisas em determinado ponto, entendendo que pra ajudar sua cidade ele precisa fazer mais do que simplesmente matar os nomes na lista (e finalmente a série revela como foram parar ali). Como já previsto nos textos anteriores, é Diggle que começa a colocar na cabeça do jovem Queen que sua cruzada contra o mal é muito mais ampla do que sua visão limitada consegue ver. Graças a isso, Oliver finalmente começa a traçar o caminho do herói, mesmo dizendo que não é um.

A trama desta semana foi a mais próxima de uma história em quadrinhos até agora, com situações típicas daquela mídia, como o Arqueiro tentando impedir a fuga da Gangue depois de um assalto a banco (usando uma flecha que remete imediatamente ao arsenal do personagem nas HQs) ou quando as lutas se tornam mais intensas entre um dos filhos de Derek e o herói de arco e flecha. A série continua não desapontando no quesito ação. Há todo um desenvolvimento dramático envolvendo os Queen, bem como o relacionamento de Tommy e Laurel, mas o programa não deixa o espectador esquecer que está assistindo uma adaptação da DC Comics. Até nos diálogos, já que menções à Keystone City e Coast City (as fictícias áreas de atuação do Flash Jay Garrick e do Lanterna Verde Hal Jordan) fazem parte das referências da semana, cada vez mais divertidas de serem encontradas pelos fãs.

Se nos episódios anteriores o relacionamento dos três Queen, Oliver, Thea e Moira estava meio forçado, desta vez tudo fluiu melhor e mesmo sendo clichê, toda a história da mãe sentir a falta do filho fez sentido e funcionou, graças à química entre Stephen Amell e Susanna Thompson. Mesmo o intéprete do Arqueiro não sendo nenhum grande ator, a qualidade da atriz que interpreta sua mãe é suficiente para compensar por ambos. Em momentos é até possível esquecer que essa mulher tem planos obscuros por trás e foi provavelmente a responsável pela morte do próprio marido.

Por outro lado, o desenvolvimento do quase casal Merlyn/Laurel ficou ainda mais comprometido (como elemento da história) com a revelação de um amor reprimido de Thea pelo milionário amigo de seu irmão. Não bastasse o triângulo formado por Oliver/Laurel/Merlyn agora a série cria outro formado por Laurel/Merlyn/Thea. Desnecessário é pouco mas, novamente, essa é uma produção do CW e faz parte do canal esse tipo de elemento de folhetim. A única coisa realmente útil de tudo isso é que Tommy parece estar cada vez mais deixado de lado por Oliver e até mesmo tem que encarar o desprezo de Laurel por um momento. Como o personagem é um vilão nos quadrinhos, qualquer um que esteja acostumado com essas histórias sabe que esse é um dos caminhos mais comuns para a mudança de “amigo do herói” para “pior inimigo”. Resta saber quando isso irá acontecer. Se em breve ou se os roteiristas irão desenvolver aos poucos para usar em uma próxima temporada. Seria Merlyn um espelho do Lex Luthor de Smallville? Tudo indica que sim. Pena o ator Colin Donnell estar anos luz do carisma de Michael Rosenbaum.

Apesar da já citada referência a Hamlet, os flashbacks foram novamente um problema para a narrativa. Se semana passada se mostraram essenciais (pela primeira vez, diga-se de passagem), agora tudo voltou à ser como era desde o piloto. Jogados à esmo no meio da história, mesmo que tenham a função de explicar algumas coisas que aconteceram na ilha, se tornam um incômodo, justamente por não deixarem os acontecimentos no presente fluírem como deveriam.

No geral, Arrow está se mostrando um ótimo entretenimento. Tem falhas, óbvias demais, inclusive, mas mesmo assim está bem longe de ser a porcaria que muitos pensaram que seria. Ainda não houve um episódio realmente ruim e quem acompanha a série deve se sentir grato por isso, levando em conta o canal em que é exibida. E mesmo com todas as mudanças em relação aos quadrinhos, faz jus aos bons momentos do Arqueiro Verde, principalmente com toda a motivação contra o sistema para as ações de Oliver, algo que vem de Dennis O’Neil e Mike Grell, responsáveis pelas duas melhores e mais importantes fases do personagem nas HQs.

Alexandre Luiz

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    José Guilherme 18 novembro, 2012 at 13:45 Responder

    O episódio foi um pouco morno para mim e também acho que os flashbacks por mais que tenham dado algumas respostas, foram mal inseridos na tarama da semana. O que mais gostei foram as cenas em que Susanna Thompson partilhou da tristeza de Moira, a atriz é ótima e pela primeira vez eu consegui ver verdade nos seus atos.
    O triângulo foi meio bobo e todo aquele lance da empresa da Laurel perder o patrocínio foi tão avulsa, que eu meio que cochilava quando as cenas passavam para lá. No quesito ação, nada a desejar e Diggle continua se destacando, gosto bastante do personagem. Que continuem as referências e que venha a Caçadora!!

    P.S.: Cena inicial foi tão The Dark Knight que todo que estavam assistindo comigo perceberam! Homenagem legal!

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