Review: The Flash S03E12 - Untouchable

Depois do retorno do hiato de final de ano, a série do Flash tem focado seus esforços dramáticos na busca, por Barry e seus amigos,  de uma forma para impedir o terrível destino de Iris pelas mãos de Savitar. Esse será, obviamente, o grande objetivo da segunda metade da temporada e, até agora, a adaptação dava indícios de que não tinha, exatamente, algo muito planejado, com subtramas se arrastando mais do que o necessário, e pouca evolução do dilema principal: pode o Flash ser rápido o bastante para evitar a morte de sua namorada? Com Untouchable, o seriado evolui nesse sentido, embora com algumas incoerências, principalmente na abordagem de Iris. Se na semana passada a filha do detetive West mostrava um perigoso desejo pelo perigo, o roteiro essa semana parece ter virado um interruptor na personagem, que agora é abordada como uma mulher assustada necessitando de um salvador, que pode ser tanto Barry, quanto Wally. Apesar dessa mudança brusca de atitude e da caracterização pouco inspirada que isso traz para a moça, faz sentido dentro do episódio que os heróis precisem lutar contra o tempo, algo intocável, para salvar a vida de Iris, enquanto é atingida pelo poder do meta-humano da semana, Clive Yorkin (Matthew Kevin Anderson), um vilão que também não pode ser tocado.

Flash e Kid Flash começam o episódio treinando juntos e durante os 40 minutos da aventura é exatamente isso que fazem. Enquanto Barry tem muito a ensinar, precisa aprender a fazer isso para motivar seu jovem parceiro, algo fundamental para o plano de usar Wally para salvar Iris de Savitar ter alguma chance de funcionar. Em meio a tudo isso, a subtrama mais incômoda desta segunda metade da temporada finalmente tem uma resolução com o Time contando a Joe West toda a verdade sobre o provável destino de sua filha. Além de desenrolar algo que já não fazia mais sentido, o episódio oferece o momento como oportunidade para Jesse L. Martin exercitar o peso dramático que pode trazer para o seriado. O ator certamente tem uma de suas melhores cenas este ano aqui. E todo o papo sobre Iris ser a morte profetizada pelo vilão levanta questões importantes. Barry responde com toda certeza que sim, mas os heróis podem estar entendendo tudo errado e neste sentido, caso a série saiba abordar esse elemento, a virada pode vir de forma ainda mais trágica.

Seria muito corajoso e interessante, do ponto de vista narrativo, se o Time Flash aprendesse da pior maneira possível a investigar melhor as possibilidades da viagem no tempo. Um dos piores desenvolvimentos dessa fase pós-vislumbre do futuro é a conclusão de Barry quanto a alterar eventos aleatórios para também mudar o destino de Iris. Enquanto isso não faz o menor sentido, pois não há comprovação de que uma coisa tem a ver com a outra, pode ser um plano bem elaborado dos realizadores. Tudo para chegar a um certo ponto da história em que Barry e seus amigos entendem que estavam errados o tempo todo. Isso pode funcionar caso esses personagens finalmente aprendam algo. Se for, no entanto, apenas pelo bem do famoso shock value, ou seja, apenas para criar um impacto artificial para depois o elenco continuar cometendo os mesmos erros (como foram as duas temporadas anteriores), aí The Flash pode se consolidar como uma grande decepção.

É chover no molhado dizer que o episódio não soube dar a devida atenção ao seu "vilão especialmente convidado", embora a presença de  Anderson no papel de Yorkin seja interessante. O ator impõe certa ameaça ao antagonista, mesmo com o espectador sabendo tão pouco sobre o personagem. O roteiro trata tudo com muito desdém, de sua motivação até o que poderia, inclusive, ser o mais importante, o envolvimento de Julian na origem de seus destrutivos poderes. Serve, no entanto, para o propósito da trama e traz um senso de perigo bastante convincente.

Outra coisa que Untouchable faz de forma correta é mostrar a extensão absurda dos poderes do Flash, um dos personagens mais fortes da DC, mas que na série acaba sofrendo pela falta de criatividade dos roteiristas e, talvez mais decisivo, pela falta de orçamento. O herói nos quadrinhos é muito mais rápido e poderoso do que a série mostra, mas neste episódio o espectador pôde conferir uma bela amostra de suas capacidades com a cena envolvendo o trem. No entanto, isso traz outra incoerência: o Velocista Escarlate é rápido o suficiente para vibrar um trem repleto de vagões ao ponto de fazê-lo atravessar um obstáculo, mas luta para conseguir a velocidade necessária para salvar Iris?

Enfim, o episódio da semana serve para amarrar algumas pontas soltas, enquanto cria outras (como a dica de que existem mais meta-humanos criados pelo Alquimia), e para preparar o terreno para os eventos futuros envolvendo Savitar. Para o espectador atento, traz também diversas prováveis dicas sobre o futuro. Caitlin seria mesmo uma vilã? O controle demonstrado aqui pode dar indícios de que aquela visão do Cisco no começo deste ano era mesmo um despiste. Por outro lado, Wally também pode acabar sendo um tiro pela culatra: há um elemento competitivo no garoto que pode trazer um conflito bem pesado com Barry. De qualquer forma, é uma aventura relativamente eficiente e já deixa o gancho para o que deve ser uma pequena pausa em todo o drama, com o episódio duplo envolvendo Grodd na Terra-2, que promete uma abordagem muito mais direta e focada na ação.

Alexandre Luiz

Comente pelo Facebook

Comentários

Comente pelo Facebook

Comentários

Deixe uma resposta