Review: Fringe – 5x09 Black Blotter

Entre culpa e viagens de ácido. Ao saber que o episódio desta semana traria a segunda experiência (visível) de Walter com ácido, eu esperei algo no nível do sensacional Lysergic Acid Diethylamide, um dos episódios mais reverenciados da série. Felizmente, Black Blotter superou todas as minhas expectativas ao conseguir emocionar e trazer diversas respostas para mistérios que remontam desde a primeira temporada, como o destino de Carla Warren. Eu ficaria feliz só com a retomada de algo tão antigo e mesmo assim cabível a terrível batalha que Walter vem travando em seu interior, mas tivemos um importante avanço no plano contra os Observadores e, também, o prazer de adentrar mais uma vez na mente desse gênio chamado Walter Bishop.

O rádio encontrado no Universo de Bolso, finalmente começou a funcionar e transmitir iterações incompreensíveis até para Astrid. Para piorar a situação, Walter tenta escapar do seu lado negro, utilizando o Black Blotter do título, um ácido ainda mais forte que o costumeiro LSD. Temos a deixa para descobrirmos as maiores aflições do cientista de uma forma genial e impressionante, elogios que quase nunca escapam quando se fala em Fringe.

Por mais que eu quisesse que Walter estivesse bem nessa fase chave da missão final, Peter e Olivia se saíram muito bem ao tentar descobrir a origem do sinal, ou seja, todo mundo teve espaço. Porém, quando algo está nas mãos de John Noble, nada mais importa, e eu estive bem mais interessado no significado de todas as suas visões. Carla Warren é um exemplo disso. Ela foi um dos maiores motivos que levou Walter a dividir as partes do seu cérebro. O incêndio que matou a assistente fez o cientista que se achava um verdadeiro deus, repensar no que estava prestes a se transformar. Utilizar Carla como a ponte para o seu lado negro foi uma saída de mestre, superada apenas pela presença de Nina como a âncora do lado bom.

E nesse jogo cheio de metáforas, fomos descobrindo que mesmo os eventos dessa timeline, sendo levemente diferentes, os atos inescrupulosos de Walter aumentaram gradativamente com a morte definitiva de Peter. Talvez o Dark Walter (assim o chamarei) seja ainda pior que o cientista amargurado da antiga timeline, onde Peter sobreviveu à travessia e passou a servir de porto seguro para ele, apaziguando um pouco suas aspirações. As fadinhas também foram sensacionais, me arrepiei todo ao ver a fada vermelha e aquela montagem da travessia em pleno laboratório.

Como apontei, Peter e Olivia renderam belos momentos de declaração, com conversas sinceras e cheias de sentimento que só eles conseguem reproduzir. A chegada à clareira depois da identificação do sinal nos entregou outra revelação surpreendente: o Sam Weiss da atual linha temporal esteve diretamente ligado ao plano de Walter, September e o ainda misterioso Donald. Infelizmente o “último” Sam Weiss não teve um destino tão agradável, mas morreu combatendo até o fim os invasores que tentavam destruir a antena de transmissão do sinal.

Em Havard, Carla e Nina continuaram falando na cabeça de Walter. A primeira revelou o antigo caderno de anotações do cientista, experimentos e máquinas que talvez fossem ainda mais terríveis que aquelas que rasgaram o tecido do universo. Foi por causa dele que Carla morreu, e o que entendi é que no final ela mesma quem deve ter começado o incêndio que a matou. Nina continuou tentando manter Walter longe das alusões a seus antigos sonhos megalomaníacos, a discussão foi tão surtada, que por diversos momentos viajamos juntos, terminando nas docas e não no QG dos Observadores como Carla tentava dizer a Walter.

As docas eram o porto de saída para a ilha onde estaria a origem do sinal (e talvez Donald), e apesar da aparição dos legalistas, foi bem fácil bater todos eles e conseguir chegar a Cidade das Esmeraldas (na visão de Walter). Minha maior surpresa foi descobrir que todo o plano envolvendo o rádio foi bolado por Donald para proteger Michael, o menino Observador. As cenas que se desenrolaram no encontro de Peter, Olivia, Astrid e Walter com os protetores do menino, nos jogaram diretamente no “como funciona a mente de Walter”. Fiquei pasmo. Ri com a pequena animação, mas ao mesmo tempo me toquei com aquela inspirada peça dessa sensacional sequência.

A reprodução da busca mental de Walter pelo significado da iteração fez outra referência direta ao Mágico de Oz (com direito ao Totó), e alguns Glyph Codes representando os parceiros do cientista na jornada. Mesmo a expressão Black Umbrella tendo sido mencionada numa das conversas de Walter com Carla, não consigo me lembrar de alguma menção a senha na série (me ajudem se souberem). Percebendo que todos ali eram mesmo as pessoas destinadas a buscar Michael, os “pais” do garoto o entregam numa cena que emocionou mais pela expressão nostálgica de Olivia (Etta com certeza estava em sua reação).

Black Blotter poderia figurar como qualquer episódio marco depois de tudo que nos mostrou. Foi quando eu me peguei extasiado com a sequência que encerrou toda a viagem de Walter. Existe um lugar maior onde a culpa daquele homem aquebrantado possa residir do que as paredes, cômodos, objetos e tudo o que compõe o laboratório em Havard? A resposta veio visualmente, e como um soco no nosso estômago ao ver um Walter devastado, revivendo os momentos mais tristes e dramáticos de sua existência. Se o face a face com o Dark Walter está perto, mesmo ele batendo na tecla que o autocontrole auxiliado pela presença das pessoas que ele ama vai evitar esse encontro, eu não sei. A única coisa que desponta como certeza, é a saudade que já bate ao saber que só nos restam 4 episódios.

Fringe

 

O Glyph Codeda semana significa “culpa” e talvez seja o mais fácil de associar com tudo o que vimos. Afinal, esse é o único sentimento  do qual Walter não conseguirá se desvencilhar.

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Comentários

2 comments

  1. Avatar
    Guilherme Max 20 dezembro, 2012 at 17:09 Responder

    Bom, eu gostei do episódio também e tava querendo ver eles voltarem a aprofundar na questão do Walter se tornando sua propria versão maléfica. Esse lance das armas pra destruir os observadores tá acontecendo tão "paulatinamente" que tenho a impressão que dava pra tudo se resolver em bem menos tempo e eles fizeram isso pra ter a oportunidade de colocar coisas que eles quiseram colocar antes, ou mesmo reinventar.

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