Review: Glee – 5x01 Love, Love, Love

Amor que não se mede, não é mesmo gleeks? É difícil explicar para qualquer pessoa que esteja fora desse universo que é Glee, o significado que as piadas inspiradas no cânone da série têm para um fã; o arrepio que passa ao lembrarmos o quão importante a simples visão de uma foto na tela de um celular pode ser, ou mesmo como uma ausência tão triste consegue se fazer sentida, ainda que a série transborde de alegria e esperança nesse retorno. Como vocês sabem, eu não gosto de episódios tributos pelo simples fato de que, em sua maioria, a música sempre é colocada na frente da trama. Assim, a première veio justo com esta escolha temática, e por mais que os Beatles fossem os homenageados da vez, torci o nariz desde o anúncio. Quem não gosta de ter suas expectativas superadas, quando elas são nenhum pouco animadoras? Love, Love, Love usou o quarteto de Liverpool como escape parar criar números musicais mais animados, e o lado positivo é que tivemos plots que se encaixaram de verdade com a proposta apresentada pela banda no início do seu estrelato.

A finale passada deixou um gosto bem agridoce ao nos privar de mais informações sobre o callback de Rachel. Logo, nada mais justo do que começar com a mesma fazendo sua primeira leitura de Funny Girl com o protagonista da nova versão do musical, o astro britânico Paolo. Eu até entendi o fato do diretor da produção ter medo de apostar numa atriz iniciante, mas fica claro que Rachel vai muito bem. A piadinha com o “Claire Danes type” foi divertidíssima, pois Lea Michele tem mesmo os tiques exagerados da queridinha do Emmy. Porém, o que com certeza deve ter pegado todo mundo pelo pé, foi a versão de Yesterday. Carregada de significados, a caminhada da jovem Diva de Lima pelas ruas de Nova York enquanto lembrava-se do ontem tão próximo e contraditoriamente tão distante, foi de cortar o coração, afinal, os versos como “why he had to go? I don´t know, he wouldn’t say”, foram só uma deixa para o episódio que explicará mais sobre essa sensação de solidão que Rachel já aparenta sentir.

No McKinley, nem sob todas as minhas suposições eu encontraria um roteiro tão redondinho e divertido. Brad Falchuck tem a mão boa para criar bullies, e agora é certo: Kitty conseguiu seu lugar definitivo ao ganhar um destaque impressionante e protagonizar diálogos e momentos tão Glee, que eu retiro todas as críticas que fiz a personagem no passado. O relacionamento dela com Artie foi clichezento e por isso mesmo adorável. A cantoria com Drive My Car e You’ve Got to Hide Your Love Away deu força ao casal em poucos minutos e a alegria de Kitty no coral estava tão notável, que eu não a julguei por querer esconder o romance no começo. Quando a gente descobre que o lance da hierarquia era só Kitty com medo de se decepcionar outra vez, a decisão se tornou ainda mais compreensível. Vale salientar o pontual esculacho que a cheerio deu em Tina, insuportável como sempre. Depois desta, Kitty tem toda a minha admiração.

Para vocês entenderem o que é funcionar em Glee, basta dizer que até os momentos Klaine estiveram livres do mimimi costumeiro. Eu sinceramente tenho pavor de números naquela escadaria, e tiraria fácil Got to Get You into My Life da edição final do episódio, mas fora isto, todo o plot da proposta de casamento esteve livre dos milhares de problemas que eu cogitei. Essa de chamar os outros corais e inserir um discurso ativista sobre igualdade (com direito a alfinetada na Rússia) não soou forçado em nenhum momento. Junte tudo com a correria vergonha alheia em Help!, que a relevância da decisão de Blaine ganha força para a cena final do episódio. Ainda no quesito dispensável, Blaine também encontra tempo para tentar levantar o humor de Tina na fantasia sessentista com I Saw Her Standing There, que só vale mesmo pelo trio Ryder, Sam e Jake, além do sotaque britânico ridículo do próprio Blaine.

O que foi Rachel e Santana no novo trabalho? Gostei do clima que a lanchonete da Broadway conseguiu imprimir e sabendo que outros personagens (promissores) estão para surgir daquele meio, eu só tenho mesmo é que comemorar. Rachel tentando impressionar os caras do musical com uma versão sedutora de A Hard Day’s Night também foi bem aleatório e vamos ser justos, ela seria demitida fácil, fácil, mesmo que a clientela tenha aprovado. Pelas bandas de Ohio, quem guardou um retorno triunfal (e mega repetitivo) foi Sue. Vamos ter mais do mesmo, e por enquanto não se tem muita coisa interessante, a não ser a crítica (eu agradeci esta) à comida sebosa que estudantes do ensino público têm de aguentar. Se você sentiu nojo do “saboroso” balde de bife cozinhado, saiba que aquilo acontece aqui mesmo no Brasil, nas universidades públicas. Palavra de quem passou cinco anos sob este regime.

Burt Hummel é a chave para as mensagens mais inspiradas de Glee, e optar por ser ele a última pessoa à aconselhar o filho é a pedida certa para levar os fãs mais moles as lágrimas. Todo o discurso sobre a “hora certa” pode até ir de encontro ao que ele disse para Blaine, porém Burt sabe o que é melhor para Kurt e aquilo foi confiar nos sentimentos dos dois garotos. All You Need Is Love com todo seu apelo piegas é talvez a música mais altruísta dos Beatles, e não poderia ter sido inserida em melhor hora. Foi o fim da primeira semana para banda que mudou a história da música, mas apenas o começo de uma temporada desde já animadora. Bem-vindos de volta gleeks!

Gleeks gonna gleeks: “Memories of a lame geisha”, Kitty tá te superando, Santana.

Haters can be hate: Semana que vem o episódio tem o nome de Tina no título. Torcendo para que eu me surpreenda novamente e o negócio seja bom.

Músicas do Episódio:

Yersterday (The Beatles) – Rachel.
Drive My Car (The Beatles) – Artie e Kitty.
Got to Get You into My Life (The Beatles) – Kurt e Blaine.
You’ve Got to Hide Your Love  Away (The Beatles) – Artie e Kitty.
Help! (The Beatles) – Blaine e Sam.
A Hard Day’s Night (The Beatles) – Rachel e Santana.
I Saw Her Standing There (The Beatles) – New Directions Boys.
All You Need Is Love (The Beatles) – Blaine.

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