Review: The Walking Dead – 3x02 Sick

De xerife e pai de família a um impiedoso anti-herói sanguinário. Eu considero Rick Grimes um dos personagens mais fantásticos já criados no mundo dos quadrinhos, são quase 105 edições e a complexidade do personagem só cresce e posso dizer a vocês que em nenhum momento conseguimos montar um julgamento contra ou a favor de tudo pelo que Rick já decidiu. Felizmente só precisamos de duas temporadas para finalmente ver esse gigante em ação e palmas para Andrew Lincoln que acertou o tom desde metade da temporada passada ao conferir uma brutalidade quase psicótica ao seu Rick, sem nunca esquecer de que ele é apenas um humano sobrevivendo ao fim da civilização.

Dando continuidade ao hediondo desfecho de Seed, conhecemos rapidamente os homens que estavam presos naquele refeitório, já que o estado de Hershel era urgente, assim sem muitas explicações, Rick tira seu grupo de lá na tentativa de salvar o fazendeiro. Mais walkers derrubados e os escuros corredores são ultrapassados. O grupo de prisioneiros segue Rick e o verdadeiro embate que permeia boa parte do episódio começa a se desenhar. É incrível como conseguiram achar utilidade até para T-Dog (ou “T” como todos o chamam agora, ui), o rapaz já falou em dois episódios o que não falou em duas temporadas e de quebra está auxiliando muito bem na “limpa” dos corredores.

No inverno que passou, Carol recebeu umas aulas de Hershel, para poder fazer o parto de Lori, caso algo lhe acontecesse e é ela quem luta para salvar a vida dele agora, mais uma vez destaco que a passagem de tempo foi um dos maiores acertos da série, pois em nenhum momento essa segurança demonstrada pelos personagens soa forçado, afinal quem não se lembra daquela Carol insuportável do ano passado? A mulher agora é uma badass de marca maior, a cena em que mata uma walker para poder treinar uma cesariana foi ótima, nem o próprio Glenn estava acreditando no que ela estava disposta a fazer. Ninguém esperaria menos do affair de Daryl.

Foi no tratamento que os roteiristas deram a trama envolvendo os prisioneiros, que The Walking Dead realmente firma o ritmo alucinado que está disposta a assumir. Não vou dar spoilers da HQ, mas tudo foi diferente, de cara percebemos que Tomas o líder do outro grupo, seria difícil de lidar, se bem me lembro na trama original, eles se mostravam bem mais amigáveis e é até compreensível a reação contra Rick, que não mede autoridade ao dizer que a prisão é dele, pois os responsáveis por estar limpando aquilo ali é o seu grupo. Rick é justo e em troca de metade da comida se dispõe a livrar um bloco para os caras, eles aceitam, afinal o xerife não seria bobo de disponibilizar suas armas para empréstimo.

As regras para se matar walkers são explicadas e o primeiro encontro dos prisioneiros com eles é insano, os caras se transformam em animais e massacram os zumbis. Rick, Daryl e T-Dog percebem o quanto eles podem ser perigosos e já passam a ter mais cuidado. Quando Big Tiny, um dos prisioneiros, é mordido, Rick fica indeciso quanto ao que fazer, mas rapidamente Tomas destrói a cabeça do rapaz a marteladas. Ao ser escolhido para abrir o bloco onde querem chegar Tomas libera uma leva de walkers e tem a chance de matar Rick, ele quase decepa o pescoço do xerife e ainda empurra um dos mortos para cima dele, basta essa deixa e sem pensar duas vezes, Rick mata Tomas e ainda larga um dos seus parceiros para os zumbis no pátio. Olha aí moçada, o Rick Fucking Grimes que nós fãs das HQ´s idolatramos.

Ele deixa dois dos prisioneiros vivos, mas com um ultimato: eles não podem se aproximar do bloco de Rick, enquanto isso for mantido, a trégua também permanecerá. No outro lado da prisão, a luta pela vida de Hershel continua e graças a Deus sem enrolação. As cenas da família Greene foram bonitas e eu me emocionei com o desabafo de Maggie, ela já perdeu muito e sabe que o pai tem poucas chances de sobreviver ali. O melhor do “coma” do fazendeirofoi a tensão, eu ficava com o coração acelerado a cada cortada na respiração e quase achei que Lori ia dançar quando tentou ressuscitá-lo, tenho certeza que não foi só eu que pulei de susto quando ele se mexeu.

Felizmente assim como Dale, o fazendeiro sobrevive, ficaria triste se perdêssemos mais um personagem icônico sabendo de seu potencial futuro na série. Ainda mostrando segurança, os diálogos do episódio conferiram a simpatia que sempre faltou ao grupo e foi estranho eu finalmente me importar um pouco mais com Lori depois da cena final. Nem vimos o governador e o choque inicial ainda se mantém, pois é quase certo dizer que estamos diante de outra série, outra história, outros personagens e é por credibilidade que se ganha um espectador. Melhor, é com credibilidade que se ganha um novo fã. É The Walking Dead, você já pode ter o título de melhor.